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    Mensaje por Maria Lua Mar 04 Abr 2023, 07:23

    AMIGO NÃO É VISITA


    Amigo não é visita. Não entra pela porta da frente de sua casa, mas pela porta lateral. Aquela que toda família usa.
    Ele não se acomoda no sofá da sala, e sim na mesinha de canto da cozinha. Se possível, encosta-se na parede para enxergar todo o ambiente, para ver em perspectiva como você se encontra, para analisar suas dores e alegrias se movimentando.
    Antes de perguntar qualquer coisa, amigo lê o seu rosto, a sua linguagem corporal, a sua ansiedade, ou calma.
    Talvez comece a conversa dizendo: “hoje você não está bem”, ou “hoje você está feliz”. Em ambas as perguntas, completará: “o que aconteceu?”
    Dá um sinal para que possa se abrir com ele e não esconder nada tanto de suas descobertas positivas quanto negativas.
    Pois amigo de verdade papeia com você na cozinha. Na informalidade. Na intimidade. Entre a louça suja da noite anterior e as palavras limpas da claridade surgindo pelas frestas da janela.
    Amigo do coração não é o que divide o trago, não é o que bebe ao seu lado, porém o que partilha o café saindo aos goles do coador, quem reparte a sobriedade dos dias úteis, quem recebe a primeira xícara com o grão mais forte.
    As confidências surgirão espontâneas no rascunho do pensamento. Como se estivessem encontrando uma solução juntos, ou preparando um prato a dois, misturando os ingredientes um do outro.
    O amigo não terá solenidade para atender às suas próprias necessidades. Não ficará passivo esperando uma licença.
    Levantará para beber água filtrada do barro, ou abrirá a geladeira para buscar a manteiga, ou colocará o seu celular para carregar exatamente na única tomada que funciona.
    Quem aparecer por ali, de dentro da residência, do fundo dos quartos, não estranhará a presença dele. É uma figura dócil e recorrente nas manhãs e tardes de sua rotina doméstica. Para os seus filhos, tornou-se um tio adotado pelos conselhos. Para a sua esposa, tornou-se um exemplo de lealdade. Às vezes, é ele que orienta seu filho como agir na escola ou desfaz uma birra da esposa com o seu temperamento teimoso.
    Você pode até fazer um teste de antiguidade da amizade.
    O amigo sabe qual é a sua gaveta dos panos de prato, da toalha de mesa, dos talheres, dos utensílios?  Qual a prateleira no armário em que você pega o açúcar, o sal, o mate, o pão de sanduíche?
    Amigo mesmo conhece a sua casa tanto quanto você, de tanto que está presente em sua vida, de tanto que você pede:
    — Me passa um paninho, por gentileza?
    — Me passa uma faca, por favor?
    —  Me passa uma concha na segunda gaveta?
    Ele vira seu ajudante de cozinha. Amigo raiz é seu braço direito na receita da vida.




    Minha coluna no jornal Zero Hora, GZH, última página, Porto Alegre (RS), 31/3/2023:
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    Mensaje por Maria Lua Sáb 15 Abr 2023, 15:27

    DEZ MANDAMENTOS DO FILHO COM A VELHICE DOS PAIS



    1) Não permita nunca que os seus velhos pais sejam mendigos de seu afeto. Que não demore dias para retornar a ligação.
    2) Que não marque e desmarque encontros, que não dê desculpas do excesso de trabalho. Não torture com a esperança. Não prometa para mudar de ideia em cima da hora. Cumpra aquilo que foi agendado.
    3) Que não compre brigas tolas com os irmãos - porque sobrará sempre para os pais aguentar as lamúrias dos dois lados, resolver as diferenças e encontrar a paz.
    4) Não minta sob o pretexto de poupá-los do sofrimento. Divida a dúvida.
    5) Que confie na destreza dos pais em realizar as suas tarefas, não confunda lentidão com incapacidade.
    6) Que mostre algo que aprendeu com eles, exercitando a saudade na presença.
    7) Que não fique irritado ao ouvir as mesmas histórias, que ofereça paciência para descobrir novos detalhes das lembranças.
    Cool Que aceite conselhos, por mais divergentes que sejam da sua opinião. Não corte a conversa porque já imagina onde vai parar.
    9) Que peça a benção. Que diga eu te amo.
    10) Que, de longe, acene para a janela.


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    Fabricio Carpinejar (1972- - Página 3 Empty Re: Fabricio Carpinejar (1972-

    Mensaje por Maria Lua Dom 23 Abr 2023, 18:29

    ATÉ O ANOITECER

    No final de semana, mineiro tem uma missão: sair de casa.
    Eu já sei como deixar minha esposa feliz: partindo com ela do nosso lar de manhã cedo e voltando de noite.
    É necessário bater perna. Para ter a convicção de que o dia foi aproveitado até o último minuto, que a luz foi descascada como uma tangerina até o último gomo.
    Você vai para o almoço, e não retorna mais. Só tem como certeza o primeiro destino, aquela mesa com os amigos no cantinho gastronômico de sua preferência. Depois, começa a improvisar. Pode visitar alguém, pode ir a um parque, pode decidir-se por um cinema, pode assistir a algum show. Depende de quem vai encontrar ao longo do roteiro. Sempre tem um conhecido que é uma espécie de cambista do entretenimento, que traz uma barbada, com convites para uma festa de última hora ou a uma roda de samba num bar que recém foi inaugurado.
    Eu aprendi a me soltar. Antes, estava formatado a programas certos e previamente agendados. Realizava apenas o que havia me proposto com antecedência, jamais mudava de rota. Preferia a minha segurança tacanha e confortável à felicidade de não saber aonde ia.
    Sofria de coração preso. Como aquela pessoa que unicamente conseguia se sentir à vontade em casa.
    Mineiro é desgarrado no descanso, disposto a cumprir o impossível em 24 horas, experimentar várias encarnações em um sábado ou domingo.
    Com a companhia de Beatriz, fui me acostumando a esquecer o relógio, a despistar a ansiedade trocando de esquina e me escondendo na multidão.
    Quem mora em Belo Horizonte viaja pela cidade a pé nas folgas do trabalho, como se fosse visitar Tiradentes ou Ouro Preto. Vira um turista com domicílio, um turista com IPTU pago.
    A bolsa pesada de Beatriz já entrega a sua intenção. Tem lá dentro material para um acampamento. É uma bagagem disfarçada para enfrentar os mais diferentes climas e situações. Ela não está para brincadeira, munida de casaquinho, garrafinha de água e frutas. Se chover, tem capa de chuva. Se quisermos beber uma cervejinha na grama, tem abridor de garrafa. Se bater a enxaqueca, tem cartela de comprimido. Não há espaço para o desespero.
    A composição psicodélica de Lô Borges passou a produzir sentido para mim: “Você pega o trem azul, o Sol na cabeça/ O Sol pega o trem azul, você na cabeça”.
    No início de minha estada por aqui, eu ficava angustiado quando ouvia a canção. Todos cantavam a letra de cor e salteado, entendendo o que ela dizia, e eu não compreendia bulhufas. Como gaúcho, amargava sérias dificuldades para definir aquela metáfora.
    Até que me amineirei nos passeios, e as palavras se abriram com a experiência.
    Trem azul é a vida. Tudo é trem. O compositor do Clube da Esquina estava se referindo às andanças pelo céu claro e anil, pelas possibilidades de se entregar para o desconhecido.
    Não há como descrever o contentamento de Beatriz quando regressamos ao nosso apartamento de noite, exaustos, com a roupa da manhã, sem ter tomado banho para emendar programas, na coragem de nos adaptar ao que encontramos no caminho.
    Ela ri, satisfeita com a maratona, tira os sapatos apertados, deita no sofá e me diz:
    — Amanhã descansamos. Não faltou mais nada para fazer.
    Mineiro odeia perder o sol na cabeça.
    Leia a minha coluna no Jornal O Tempo dessa sexta (14/4/23):





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    Mensaje por Maria Lua Sáb 29 Abr 2023, 21:03

    SEGREDOS DE UMA VIDA



    Meu pai tinha um cofre. Ficava no escritório, atrás de um quadro do Vasco Prado, em nossa antiga casa na rua Coronel Corte Real, em Porto Alegre.
    Ninguém conhecia a senha, a não ser ele.
    Ninguém enxergava o que ele colocava lá.
    Eu imaginava maços de dólares e sacos de cruzeiros. Imaginava que ele o alimentava com uma montanha de moedas do Tio Patinhas, com que daria para comprar todas as balas Xaxá no armazém da esquina.
    Quando ele mexia no esconderijo, eu não podia permanecer por perto. Ele chamava a mãe para me levar embora.
    O mistério durou até nossa residência ser assaltada enquanto veraneávamos em Pinhal (RS).
    Assaltantes entraram pela janela do banheiro.
    Ao voltarmos da praia, meu pai — percebendo a casa revirada — correu em direção ao escritório. Aproveitei o desespero para ir atrás dele.
    O cofre estava escancarado.
    O pai pôs, com extremo cuidado, sua mão no interior do quadrado na parede. Lembro o suspense, a minha respiração parou.
    E trouxe do fundo do buraco seis espirais, seis cadernos amarelados.
    — Ufa, não levaram!
    Eu perguntei o que era aquilo que não parecia dinheiro.
    — Meus livros de poesia! — o pai respondeu.
    Ele usou o cofre para guardar o que possuía de mais precioso: sua obra inédita.
    Presumo a decepção dos ladrões ao puxar um amontoado de versos. Não esperavam que, no esconderijo mais recôndito e blindado daquela residência, não houvesse nada de útil para tirar proveito financeiro.
    Eu perguntei a meu pai:
    — E cadê o nosso dinheiro?
    Ele me respondeu, rindo:
    — Ora bolas, no banco.
    Cada um tem a sua fortuna enigmática, que tem valor sentimental, não monetário.
    Por isso, existe o costume de conservar, como se fosse um tesouro, um relógio antigo do avô que nem mais funciona, um livro de receitas da avó, um escapulário quebrado da mãe, um álbum de figurinhas feito em parceria com um irmão, uma caneta tinteiro da formatura.
    Não tem como menosprezar os badulaques dos outros. Não tem como jogar fora algo que não é seu. Toda biografia se concentra em pequenos fragmentos do passado. Na verdade, objetos lembram pessoas importantes na nossa vida. Então, você não guarda objetos, mas pessoas dentro dos objetos, pessoas dentro da saudade.
    Da mesma forma, você só se torna quem você é pelo cuidado disciplinado com os seus segredos. A vocação é um segredo, uma missão que deve ser levada a sério.
    Meu pai só se tornou autor de 100 livros, único gaúcho na Academia Brasileira de Letras, com 63 anos de literatura, porque priorizou tudo o que escrevia como se fosse sagrado. Jamais brincou com a inspiração.
    Minha coluna no jornal Zero Hora, GZH, última página, ilustração de Fragadesenhos, Porto Alegre (RS), 15 e 16/4/2023:






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    Mensaje por Maria Lua Sáb 29 Abr 2023, 21:04

    UM MINUTINHO DE UMA VIDA INTEIRA





    Antes mesmo de limitar o horário do celular das crianças, vejo como imprescindível restringir o tempo de uso do aparelho pelos pais.
    O celular virou babá dos adultos, cardápio de pessoas e lugares. Você se julga onipresente na virtualidade e comete uma ausência irreparável diante dos seus entes mais próximos na vida real.
    Os filhos podem fiscalizar o vício, já que os pais extrapolam o senso do aceitável.
    Não são as crianças que ficam o tempo todo no celular, elas apenas seguem os exemplos paterno e materno.
    Recebem o celular de presente para não incomodar seus pais entretidos com os seus celulares. É uma distração inventada pelos responsáveis sempre ocupados.
    Os pais tomam café com o celular, almoçam com ele, jantam com ele, interrompem passeios para atender chamadas, numa disponibilidade integral aos estímulos externos.
    E jamais relatam o que de tão importante estão fazendo, porque nem eles sabem.
    Você abre as redes sociais sem um objetivo definido, para descobrir o que você procura enquanto desliza os dedos. De tela a tela, acaba em lugar nenhum, a ponto de não entender como parou no perfil daquela pessoa.
    Vê a postagem de um amigo, entra na página da namorada dele, daí passa para a página do amigo da namorada, daí segue para a página da mãe do amigo da namorada , daí migra para a página da amiga da mãe do amigo da namorada.
    Trata-se de uma quadrilha digital jamais imaginada por Carlos Drummond de Andrade.
    É mentira que exista o hábito de navegar na internet para estar bem informado. Depois de horas zapeando, você não se lembra de coisa alguma. A memória se desintegra automaticamente. Como lapsos de uma bebedeira feita de imagens e links.
    A pressa é um embuste. Se você responder alguém no minuto em que recebeu a mensagem ou após duas horas, não fará diferença. O destinatário vai ler quando quiser. Experimenta-se uma noção falsa de importância pessoal e profissional pela simultaneidade dos contatos.
    Não há mais rotina offline: acariciar as costas do outro, olhar nos olhos, abraçar na chegada ou despedida de casa, fazer algum gracejo aproveitando o gancho de uma conversa, dar uma caminhada com os ouvidos livres e o rosto voltado para o céu.
    A exigência de música no fone para qualquer percurso roubou a nossa escuta. A inclinação em torno da luz azulada brilhando na mão roubou a nossa visão e a nossa postura.
    Surgirá uma mensagem mais urgente do que a família. Surgirá uma ligação mais inadiável do que o seu lar. Porque sua prioridade é o celular, mais ninguém. Como se todos os seus afetos morassem dentro dele, não fora dele.
    Só um minutinho hoje pode durar uma vida inteira.
    Qualquer um pode acessar o tempo que dedica ao telefone por dia, no
    símbolo da ampulheta de Ajustes (iOS) ou no símbolo do coração de Configurações (Android).
    Não estranhe que a estatística resulte em dezoito horas diárias.
    Representa uma intoxicação. O único momento em que não vem empregando o aparelho é na hora do sono: as seis solitárias horas de sono.
    Se o filho quiser falar com o pai e com a mãe, terá que ser apenas quando eles estiverem dormindo, e ainda precisará torcer para que sejam sonâmbulos.
    Minha coluna no jornal Zero Hora, GZH, última página, ilustração de Gilmar Fraga, Porto Alegre (RS), 18 e 19/2/2023::




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    Mensaje por Maria Lua Mar 02 Mayo 2023, 13:04

    PROFECIAS DO CAFÉ


    Há quem leia o futuro na borra do café. Eu leio pessoas.
    Quem toma café com leite é mais tradicional, conservador, com opiniões contundentes e polêmicas. Segue essa mistura desde a infância e jamais mudou. Anda em linha reta na sua atitude, honrando pai e mãe. Defende a disciplina e o rigor como degraus da realização pessoal. É orgulhoso de poucas palavras. Só acredita nas conquistas feitas pelo suor e trabalho pesado. Odeia desculpas e adiamentos.
    Quem toma café com leite, mas mergulha o pão ou a bolacha na xícara, é saudosista. Amolece diante de uma declaração de amor. Seu coração é de farinha. Sempre sente falta de alguém do passado que já morreu ou não está mais aqui. Tem um carinho predileto por detalhes, como os desenhos na toalha de mesa ou na louça. Sofre de apego. Não joga nada fora. Até uma caixinha de fósforos antiga é lembrança sagrada de um momento.
    Quem toma café pingado, um tapa de leite no café, para fazer um telhado nevado, para não deixar a cafeína agir sozinha, tem uma postura mediadora. Resolve conflitos, busca o contraponto, tem vocação para a diplomacia familiar e empatia para entender o outro lado nas discussões. É um porta-voz da serenidade.
    Quem toma café com açúcar mantém o espírito brincalhão da infância. Quer ser aceito, amado e vive fazendo brincadeiras. É carente, preocupado com as amizades, aflito com o que as pessoas próximas pensam a seu respeito. Brigar com um afeto é o equivalente ao fim do mundo, a um apocalipse de remorsos. Sente-se completo quando está com toda a família. Vai tirar fotos, na maior parte das vezes, acompanhado.
    Quem toma café com adoçante já sofreu demais na vida. É pessimista, gloriosamente rabugento. Reclama de tudo com sua inteligência desencantada e sua ironia de poucos adeptos. Compara o ontem e o hoje pontualmente, lembrando o quanto já foi feliz antes. Até porque usa o adoçante no lugar do açúcar, como uma readaptação de costumes por exigência médica ou dieta. Existe uma renúncia implícita na escolha.
    Quem toma café com bastante água — um “cháfé”! —, em que é possível enxergar o fundo da porcelana, mostra-se temperamental, genioso, determinado, duro de se convencer. Precisa diluir a sua personalidade de tão concentrada que ela é. Compõe uma maioria cafeística descendente da térmica do escritório.
    Quem toma café puro e forte é despojado, viajante, livre. Essencializou a sua existência ao mínimo, ao pó mais rarefeito. Pode ter sido um dia todos os exemplos anteriores, porém remodelou a sua conduta para o despojamento. Seu ideal é ser leve e não acumular mais culpa por aquilo que não aconteceu ou deixou de fazer. Experimenta o presente de modo crucial, sem grandes projeções e expectativas. O shot curto é uma demonstração de sua mobilidade. Não fica preso excessivamente a nenhum lugar fixo. Não pretende depender de ninguém, muito menos de uma colherzinha.
    Por último, numa definição emprestada do poeta Mario Quintana, existe o tipo que exige o café pelando para beber unicamente quando ele estiver frio de vento e de espera. O que é um sinal evidente de esnobe arrogância.
    Minha coluna no jornal Zero Hora, GZH, última página, Porto Alegre (RS), 21/3//2023
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    Mensaje por Maria Lua Miér 10 Mayo 2023, 08:51

    PROFECÍAS DEL CAFÉ


    Hay quiens lee el futuro en los posos del café. Yo leo a la gente.
    Quien toma café con leche es más tradicional, conservador, con opiniones contundentes y controvertidas. Sigue esta mezcla desde niño y nunca cambió. Camina en línea recta en su actitud, honrando al padre y a la madre. Defiende la disciplina y el rigor como pasos de superación personal. Se enorgullece de pocas palabras. Solo cree en los logros obtenidos a través del sudor y el trabajo duro. Odia las excusas y los aplazamientos.
    Quien bebe café con leche, pero sumerje pan o galletas en la taza, es nostálgico. Suaviza ante una declaración de amor. Su corazón es harina. Siempre extraña a alguien del pasado que ha muerto o ya no está. Tiene predilección por los detalles, como los dibujos en el mantel o la vajilla. Sufre de apego. No tira nada. Incluso una vieja caja de fósforos es un recuerdo sagrado de un momento.
    Quien toma café chorreado, un chorrito de leche en su café, para hacer un techo de nieve, para no dejar actuar sola a la cafeína, tiene una postura mediadora. Resuelve conflictos, busca el contrapunto, tiene vocación por la diplomacia familiar y empatía para entender al otro lado en las discusiones. Es un portavoz de la serenidad.
    Quien bebe café con azúcar mantiene el espíritu lúdico de la infancia. Quiere ser aceptado, amado y siempre está jugando. Está necesitado, preocupado por las amistades, preocupado por lo que las personas cercanas a él piensan de él. Luchar con un afecto es el equivalente al fin del mundo, un apocalipsis de remordimiento. Se siente completo cuando está con toda la familia. Hará fotografías, la mayor parte del tiempo, acompañado.
    Quien bebe café con edulcorante ya ha sufrido demasiado en su vida. Es pesimista, gloriosamente gruñón. Se queja de todo con su inteligencia desencantada y su ironía de pocos partidarios. Compara ayer y hoy puntualmente, recordando lo feliz que era antes. También porque utiliza el edulcorante en lugar del azúcar, como una readaptación de costumbres por requerimientos médicos o dietéticos. Hay una renuncia implícita en la elección.
    Quien bebe café con mucha agua — ¡un “té”! —, en el que se puede ver el fondo de la porcelana, es temperamental, temperamental, decidido, difícil de convencer. Necesita diluir su personalidad por lo concentrada que está. Lo compone una mayoría de cafeistas que descienden de la térmica de la oficina.
    Quien bebe café puro y fuerte es relajado, viajero, libre. Esencializa su existencia al mínimo, al polvo más enrarecido. Un día pudo haber sido todos los ejemplos anteriores, pero remodeló su conducta hacia el despojo. Su ideal es ser ligero y no acumular más culpa por lo que no pasó o dejó de hacer. Vive el presente de manera crucial, sin grandes proyecciones y expectativas. El tiro corto es una demostración de su movilidad. No se apega demasiado a ningún lugar fijo. No pretende depender de nadie y mucho menos de una cucharita.
    Por último, en una definición tomada del poeta Mario Quintana, está el tipo que requiere café humeante para beber sólo cuando está frío por el viento y la espera. Lo cual es una clara señal de arrogancia snob.

    Zero Hora, GZH, última página, Porto Alegre (RS), 21/3//2023:

    ( versión encontrada en facebooK0


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    "Ser como un verso volando
    o un ciego soñando
    y en ese vuelo y en ese sueño
    compartir contigo sol y luna,
    siendo guardián en tu cielo
    y tren de tus ilusiones."
    (Hánjel)





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    Mensaje por Maria Lua Jue 25 Mayo 2023, 14:53

    Obedecías únicamente

    Obedecías únicamente
    al instinto de resucitar,
    resplandeciendo

    una ensenada a lo lejos.
    Entrelazabas con misterio
    versículos y frases,

    las cuerdas de la embarcación
    en el interior del frasco.
    Transparente del combate,

    viril en su fragilidad,
    recogido en el exilio
    de estar pleno de si.


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    o un ciego soñando
    y en ese vuelo y en ese sueño
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    siendo guardián en tu cielo
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    (Hánjel)





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    Mensaje por Maria Lua Vie 26 Mayo 2023, 15:17

    Tu carcajada denuncia
    la desesperación.
    Las respuestas llegaron

    antes que las preguntas.
    Si, la cicatriz del Alba
    influye en la inclinación

    de las ramas.
    Si, desate la cabellera de la guitarra
    y el entorno del instrumento

    parecia la pupila
    de un homicida.
    Si, el día del regreso.


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    Mensaje por Maria Lua Dom 28 Mayo 2023, 16:51

    A queda


    A queda atalha a subida,
    o homem permanece
    uma pronúncia inacabada.

    Tantas vezes caí
    em teu lugar,
    que descobri o inferno

    ao repetir a salvação.
    Tantas vezes caíste
    em meu lugar,

    que descobriste a salvação
    ao repetir o inferno.


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    Mensaje por Maria Lua Miér 31 Mayo 2023, 15:35

    Adega do sono – poema 5


    Dividias os gomos da fruta
    em aposentos da casa.
    A cortina do sumo
    leveda o sol levantado.
    O zodíaco do molde
    supre o gérmen do quarto.
    E o bafio estala
    a lareira das esferas
    na sala de estar
    da semente.


    “As Solas do Sol”
    (Editora Bertrand Brasil, 1998)


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    Mensaje por Maria Lua Miér 31 Mayo 2023, 15:36

    Neve da Chama – poema 8


    Enraizado no canto,
    o cortejo de galos
    separava a safra de corais.
    Das quilhas coradas
    das canoas.


    “As Solas do Sol”
    (Editora Bertrand Brasil, 1998)




    http://www.jornaldepoesia.jor.br/carpinejar.html


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    Mensaje por Maria Lua Lun 05 Jun 2023, 08:21

    Solidão a duas vozes – poema 8


    Obedecia a rapidez do sangue.
    Antes de apodrecer a luz,
    engolia a altura da árvore.



    “As Solas do Sol”
    (Editora Bertrand Brasil, 1998)


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    Mensaje por Maria Lua Lun 05 Jun 2023, 08:22

    Salmos do fogo – poema 9


    O céu esférico,
    cinzento.
    Aves copiando o traçado
    da migração,
    o caule da borrasca.


    “As Solas do Sol”
    (Editora Bertrand Brasil, 1998)


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    Mensaje por Maria Lua Lun 05 Jun 2023, 08:23

    Domingo


    As garças capinavam
    as águas.

    A saliva das aves
    movia o motor
    do riacho.


    “As Solas do Sol”
    (Editora Bertrand Brasil, 1998)


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    Mensaje por Maria Lua Lun 05 Jun 2023, 08:24


    Suicídio – poema 3 e 5


    A vida amou a morte
    mais do que havia
    para morrer.

    Apaguei os pensamentos
    na espuma da pele.

    Abandonar o paraíso,
    a única forma
    de não esquecê-lo.


    “As Solas do Sol”
    (Editora Bertrand Brasil, 1998)





    http://www.jornaldepoesia.jor.br/carpinejar.html


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    Fabricio Carpinejar (1972- - Página 3 Empty Re: Fabricio Carpinejar (1972-

    Mensaje por Maria Lua Mar 06 Jun 2023, 18:27

    Pronúncia


    A palavra é falível
    posta em outra boca:
    o horizonte deitou

    o fuzil dos pássaros.
    Volta, pai, que a fundura
    não está nos passos,

    a tapera dispersa
    a caça e o paradeiro
    das pegadas.

    A queda atalha a subida,
    o homem permanece
    uma pronúncia inacabada.

    Tantas vezes caí
    em teu lugar,
    que descobri o inferno

    ao repetir a salvação.
    Tantas vezes caíste
    em meu lugar,

    que descobriste a salvação
    ao repetir o inferno.



    “Um Terno de Pássaros ao Sul” (Escrituras, 2000)



    http://www.jornaldepoesia.jor.br/carpinejar.html#poemas


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    Mensaje por Maria Lua Mar 13 Jun 2023, 20:00

    Testamento


    Sou também um livro
    que levantou
    dos teus olhos deitados.

    Em tudo o que riscavas,
    queria um testamento.
    Assim recolhia os insetos

    de tua matança,
    o alfabeto abatido
    nas margens.

    Folheava os textos,
    contornando as pedras
    de tuas anotações.

    Retraído,
    como um arquipélago
    nas fronteiras azuis.

    Desnorteado,
    como um cão
    entre a velocidade

    e os carros.
    Descia o barranco úmido
    de tua letra,

    premeditando
    os tropeços.
    Sublinhavas de caneta,

    visceral,
    impaciente com o orvalho,
    a fúria em devorar as idéias,

    cortar as linhas em estacas da cruz,
    marcá-las com a estada.
    Tua pontuação delgada,

    um oceano
    na fruta branca.
    Pretendias impressionar

    o futuro com a precocidade.
    A mãe remava
    em tua devastação,

    percorria os parágrafos a lápis.
    O grafite dela, fino,
    uma agulha cerzindo

    a moldura marfim.
    Calma e cordata,
    sentava no meio-fio da tinta,

    descansando a fogueira
    das folhas e grilos.
    Cheguei tarde

    para a ceia.
    Preparava o jantar
    com as sobras do almoço.

    Lia o que lias,
    lia o que a mãe lia.
    Era o último a sair da luz.


    “Um Terno de Pássaros ao Sul” (Escrituras, 2000)


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    Mensaje por Maria Lua Lun 19 Jun 2023, 14:57

    Nenhuma ferida


    Nenhuma ferida
    separava teus pesadelos.
    Quando vagaste em meia-idade

    pela selva escura, fiquei
    a conversar com tuas camisas,
    aprumando boinas

    que afogavam os cabelos.
    Tinha sete anos ao certo
    e uma lua vadia disputando

    corridas comigo.
    Fiquei a entreter
    os tecidos alinhados,

    como um exército em revista,
    procurando convencer
    uma peça ao menos

    a delatar tua deserção.
    Quando vagaste em meia-idade
    pela selva escura, fiquei

    alimentando o aquário
    das gravatas.
    Pedia privacidade às traças.

    Vestia tua camisa,
    copiando o ritmo
    dos teus traços,

    a respiração copiosa,
    sendo meu próprio
    e definitivo pai.


    “Um Terno de Pássaros ao Sul” (Escrituras, 2000)


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    Mensaje por Maria Lua Lun 19 Jun 2023, 14:58

    Sem dono


    (...)
    Nossa coerência

    é estar mudando.
    A chama desmaiou
    e a levamos nos braços.

    Tivemos a coragem
    de superar o começo,
    não transformar a filiação

    em mapa de guerra,
    imitação da treva.
    O percurso tem sentido

    quando percorrido.
    Do resumo das veredas,
    reverdece o sumo

    de ter colhido
    o sabor da vertente.
    Nossa amizade

    é mais um gole da gaita,
    um golpe no tambor.
    Nossa amizade

    é estar névoas adiante
    do que somos.
    Só é mortal

    o que não vimos.
    Despeço-me do passado
    como um cavalo sem dono.

    Não devo conselhos,
    não devo a franqueza
    das pausas,

    a serenidade dos escolhos,
    não devo a força
    de minha fraqueza.

    Mergulho os calcanhares
    a empurrar
    a barca do ventre

    e circundas o vazio,
    os ciclos do som,
    conciliado com a verdade,

    pai maduro de minha escolha,
    navegando
    a paternidade das águas.


    “Um Terno de Pássaros ao Sul” (Escrituras, 2000)


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    Mensaje por Maria Lua Lun 19 Jun 2023, 15:01

    No cemitério,
    cuidava para não pisar
    nos mortos dos outros.

    Não há como renunciar a mortalidade,
    ainda que o pensamento seja infinito.
    Assim como os demônios
    jamais cortarão as suas unhas.
    Assim como os anjos
    jamais podarão as suas asas.

    Os cabelos de muitos meses,
    cultivados com vaidade,
    serão arrastados com pressa
    pela vassoura da barbearia.

    Postos na pá sem distinção,
    como mechas de um único homem.

    No chão, nada mais nos pertence.

    Judas: o Cristo de Cristo,
    o crucificado do crucificado.

    Desejo que a minha morte
    coincida
    com a minha morte.

    Que eu não seja levado
    para o fundo das mágoas
    antes de ser levado
    para o fundo da terra.

    Que a minha morte
    não seja mera confirmação,
    banal espera.
    Que o meu fim seja
    realmente inédito.


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    Mensaje por Maria Lua Lun 19 Jun 2023, 15:01

    O poeta é oportunista
    das tragédias incompreensíveis.
    Nomeia acidentes inomináveis,
    chora com lágrimas emprestadas,
    agarra-se às fatalidades e aos lutos.
    Tem o seu caderninho de fiado,
    a sua máquina de fiar comoções,
    como quem apanha o grito no ar
    e o converte em tecido do próprio sangue.

    O poeta é o último carpideiro.
    Psicografa vivos, coleciona mortos.
    Só na alegria é analfabeto.


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    Mensaje por Maria Lua Lun 19 Jun 2023, 15:04

    O mundo aparece demasiado explicado.

    Teu jeito calado indica esperança,

    mas quem diz que não é remorso?



    Sou fiel aos hábitos; tu, aos mistérios.

    Não coincidimos nossa lealdade.

    Suporto, sobrevives.



    O que adianta transbordar

    se não dás conta do mínimo?

    O que adianta me retrair

    se não percebo o invisível?


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    Fabricio Carpinejar (1972- - Página 3 Empty Re: Fabricio Carpinejar (1972-

    Mensaje por Maria Lua Lun 19 Jun 2023, 15:04

    Não ter sido compreendido

    condenou-me a assumir verdades

    que desconhecia, filhos que

    não eram de minha boca,

    compromissos que não quis ir.



    Ao longo da fala,

    abri correspondências alheias.

    A ausência de clareza

    me perturbou a viver de favor

    em meu corpo.


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    o un ciego soñando
    y en ese vuelo y en ese sueño
    compartir contigo sol y luna,
    siendo guardián en tu cielo
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    Fabricio Carpinejar (1972- - Página 3 Empty Re: Fabricio Carpinejar (1972-

    Mensaje por Maria Lua Lun 19 Jun 2023, 15:05

    Não me inquieto

    quando não recebo as respostas

    das perguntas que não fiz.

    Eu me conformei

    em reservar alguma coisa

    de ti para saber depois.

    Um pouco de nosso amor

    será póstumo.

    É recomendável

    não descobrir todos os segredos.





    * * *





    Para a morte, sofre de um problema.

    Não estou todo em um único lugar.





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    Fabricio Carpinejar (1972- - Página 3 Empty Re: Fabricio Carpinejar (1972-

    Mensaje por Maria Lua Lun 19 Jun 2023, 15:07

    Tua risada denuncia

    o desespero.

    As respostas vieram



    antes das perguntas.

    Sim, a cicatriz da alvorada

    influencia a inclinação



    dos galhos.

    Sim, desatei a cabeleira da guitarra

    e o bojo do instrumento



    parecia a pupila

    de um homicida.

    Sim, o dia do regresso.




    *********************




    Tu carcajada denuncia

    la desesperación.

    Las respuestas llegaron



    antes que las preguntas.

    Si, la cicatriz del Alba

    influye en la inclinación



    de las ramas.

    Si, desate la cabellera de la guitarra

    y el entorno del instrumento



    parecia la pupila

    de un homicida.

    Si, el día del regreso.




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    Mensaje por Maria Lua Miér 21 Jun 2023, 09:36

    Obedecias unicamente

    ao instinto de ressuscitar,

    cintilando



    uma enseada ao longe.

    Traçavas com mistério

    versículos e frases,



    as cordas da embarcação

    no interior do frasco.

    Transparente do combate,



    viril em sua fragilidade,

    recolhido no exílio

    de estar pleno de si.




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    Mensaje por Amalia Lateano Miér 21 Jun 2023, 13:29

    Amiga Ma Lua:

    Todos los poemas son siempre estéticamente perfectos y precisos
    en los puntos de reflexión que producen.

    Un fuerte abrazo Gracias por tus aportes
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    Mensaje por cecilia gargantini Miér 21 Jun 2023, 15:19

    Hay quienes lee el futuro en los posos del café. Yo leo a la gente.

    "Profecías del café" GENIAL, con un abordaje novedoso e interesante, que me gustó leer.
    Graciassssssssssss Lua!!!!!!!!!! Besossssssssss
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    Fabricio Carpinejar (1972- - Página 3 Empty Re: Fabricio Carpinejar (1972-

    Mensaje por Maria Lua Miér 21 Jun 2023, 21:58

    Gracias, Amalia y Cecilia!!!
    Fabricio Carpinejar es un escritor/poeta
    muy famoso en Brasil por su presencia
    en la televisión y en las redes sociales.
    Besos para ambas!


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