Amigo não é visita. Não entra pela porta da frente de sua casa, mas pela porta lateral. Aquela que toda família usa.
Ele não se acomoda no sofá da sala, e sim na mesinha de canto da cozinha. Se possível, encosta-se na parede para enxergar todo o ambiente, para ver em perspectiva como você se encontra, para analisar suas dores e alegrias se movimentando.
Antes de perguntar qualquer coisa, amigo lê o seu rosto, a sua linguagem corporal, a sua ansiedade, ou calma.
Talvez comece a conversa dizendo: “hoje você não está bem”, ou “hoje você está feliz”. Em ambas as perguntas, completará: “o que aconteceu?”
Dá um sinal para que possa se abrir com ele e não esconder nada tanto de suas descobertas positivas quanto negativas.
Pois amigo de verdade papeia com você na cozinha. Na informalidade. Na intimidade. Entre a louça suja da noite anterior e as palavras limpas da claridade surgindo pelas frestas da janela.
Amigo do coração não é o que divide o trago, não é o que bebe ao seu lado, porém o que partilha o café saindo aos goles do coador, quem reparte a sobriedade dos dias úteis, quem recebe a primeira xícara com o grão mais forte.
As confidências surgirão espontâneas no rascunho do pensamento. Como se estivessem encontrando uma solução juntos, ou preparando um prato a dois, misturando os ingredientes um do outro.
O amigo não terá solenidade para atender às suas próprias necessidades. Não ficará passivo esperando uma licença.
Levantará para beber água filtrada do barro, ou abrirá a geladeira para buscar a manteiga, ou colocará o seu celular para carregar exatamente na única tomada que funciona.
Quem aparecer por ali, de dentro da residência, do fundo dos quartos, não estranhará a presença dele. É uma figura dócil e recorrente nas manhãs e tardes de sua rotina doméstica. Para os seus filhos, tornou-se um tio adotado pelos conselhos. Para a sua esposa, tornou-se um exemplo de lealdade. Às vezes, é ele que orienta seu filho como agir na escola ou desfaz uma birra da esposa com o seu temperamento teimoso.
Você pode até fazer um teste de antiguidade da amizade.
O amigo sabe qual é a sua gaveta dos panos de prato, da toalha de mesa, dos talheres, dos utensílios? Qual a prateleira no armário em que você pega o açúcar, o sal, o mate, o pão de sanduíche?
Amigo mesmo conhece a sua casa tanto quanto você, de tanto que está presente em sua vida, de tanto que você pede:
— Me passa um paninho, por gentileza?
— Me passa uma faca, por favor?
— Me passa uma concha na segunda gaveta?
Ele vira seu ajudante de cozinha. Amigo raiz é seu braço direito na receita da vida.
Minha coluna no jornal Zero Hora, GZH, última página, Porto Alegre (RS), 31/3/2023:
Fabrício Carpinejar
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