Aires de Libertad

¿Quieres reaccionar a este mensaje? Regístrate en el foro con unos pocos clics o inicia sesión para continuar.

https://www.airesdelibertad.com

Leer, responder, comentar, asegura la integridad del espacio que compartes, gracias por elegirnos y participar

Estadísticas

Nuestros miembros han publicado un total de 1023955 mensajes en 46947 argumentos.

Tenemos 1556 miembros registrados

El último usuario registrado es Mariam Quintero

¿Quién está en línea?

En total hay 49 usuarios en línea: 1 Registrado, 0 Ocultos y 48 Invitados :: 3 Motores de búsqueda

Amalia Lateano


El record de usuarios en línea fue de 360 durante el Sáb 02 Nov 2019, 06:25

Últimos temas

» 2005-11-11 LAS PALABRAS
CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE - Página 27 EmptyHoy a las 22:51 por Amalia Lateano

» En este tiempo.... Gazal
CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE - Página 27 EmptyHoy a las 16:40 por Amalia Lateano

» CLARICE LISPECTOR II
CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE - Página 27 EmptyHoy a las 15:49 por Maria Lua

» MARIO QUINTANA ( 30/07/1906... 05/05/1994)
CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE - Página 27 EmptyHoy a las 15:46 por Maria Lua

» CECILIA MEIRELES (7 de noviembre de 1901, Río de Janeiro/9 de noviembre de 1964, Río de Janeiro/Brasil
CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE - Página 27 EmptyHoy a las 15:42 por Maria Lua

» CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE
CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE - Página 27 EmptyHoy a las 15:41 por Maria Lua

» VINICIUS DE MORAES
CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE - Página 27 EmptyHoy a las 15:39 por Maria Lua

» Dragana Mladenovic (1977-
CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE - Página 27 EmptyHoy a las 15:33 por Pedro Casas Serra

» MAIACOVSKI (1893-1930) Y OTROS POETAS RUSOS
CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE - Página 27 EmptyHoy a las 15:14 por Pascual Lopez Sanchez

» Ana Ristovic (1972-
CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE - Página 27 EmptyHoy a las 15:02 por Pedro Casas Serra

Noviembre 2023

LunMarMiérJueVieSábDom
  12345
6789101112
13141516171819
20212223242526
27282930   

Calendario Calendario

Conectarse

Recuperar mi contraseña

Galería


CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE - Página 27 Empty

+15
Juan Martín
Samara Acosta
cecilia gargantini
Ligia Rafaela Gómez Deroy
helena
JuanPablo
Pedro Casas Serra
José Antonio Carmona
Ann Louise Gordon
Carmen Parra
MARI CRUZ VEGA
Elen Lackner
Pascual Lopez Sanchez
claudieta cabanyal
Andrea Diaz
19 participantes

    CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE

    Maria Lua
    Maria Lua
    Administrador-Moderador
    Administrador-Moderador


    Cantidad de envíos : 64878
    Fecha de inscripción : 12/04/2009
    Localización : Nova Friburgo / RJ / Brasil

    CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE - Página 27 Empty Re: CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE

    Mensaje por Maria Lua Sáb 07 Oct 2023, 17:58

    ESSAS COISAS- Poema de Carlos Drummond de Andrade



    “Você não está na idade
    de sofrer por essas coisas.”

    Há então a idade de sofrer
    e a de não sofrer mais
    por essas, essas coisas ?

    As coisas só deviam acontecer
    para fazer sofrer
    na idade própria de sofrer ?

    Ou não se devia sofrer
    pelas coisas que causam sofrimento
    pois vieram fora de hora, e a hora é calma ?

    E se não estou mais na idade de sofrer
    é porque estou morto, e morto
    é a idade de não sentir as coisas, essas coisas?





    ********************



    Esas cosas



    “Usted no está más en la edad de sufrir por esas cosas”.

    Hay entonces la edad de sufrir
    ¿es la de no sufrir más por esas, esas cosas?

    ¿Las cosas sólo debían acontecer
    para hacer sufrir
    en la edad propia de sufrir?

    ¿O no se debía sufrir
    por las cosas que causan sufrimiento
    pues venían fuera de hora, y la hora es calma?

    ¿Y si no estoy más en la edad de sufrir
    es porque estoy muerto, y muerto
    es la edad de no sentir las cosas, esas cosas?

    (De Las impurezas del blanco; 1973)





    [Tienes que estar registrado y conectado para ver este vínculo]


    _________________



    [Tienes que estar registrado y conectado para ver esa imagen]


    "Ser como un verso volando
    o un ciego soñando
    y en ese vuelo y en ese sueño
    compartir contigo sol y luna,
    siendo guardián en tu cielo
    y tren de tus ilusiones."
    (Hánjel)





    [Tienes que estar registrado y conectado para ver esa imagen]
    Maria Lua
    Maria Lua
    Administrador-Moderador
    Administrador-Moderador


    Cantidad de envíos : 64878
    Fecha de inscripción : 12/04/2009
    Localización : Nova Friburgo / RJ / Brasil

    CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE - Página 27 Empty Re: CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE

    Mensaje por Maria Lua Lun 09 Oct 2023, 20:02

    O último dia do tempo
    não é o último dia de tudo.
    Fica sempre uma franja de vida
    onde se sentam dois homens.
    Um homem e seu contrário,
    uma mulher e seu pé,
    um corpo e sua memória,
    um olho e seu brilho,
    uma voz e seu eco,
    e quem sabe até se Deus...



    *************




    El último día de tiempo
    no es el último día de todo.
    Siempre hay un margen de vida
    donde se sientan dos hombres.
    Un hombre y su contrario,
    una mujer y su pie,
    un cuerpo y su memoria,
    un ojo y su resplandor,
    una voz y su eco,
    y quién sabe si Dios...


    _________________



    [Tienes que estar registrado y conectado para ver esa imagen]


    "Ser como un verso volando
    o un ciego soñando
    y en ese vuelo y en ese sueño
    compartir contigo sol y luna,
    siendo guardián en tu cielo
    y tren de tus ilusiones."
    (Hánjel)





    [Tienes que estar registrado y conectado para ver esa imagen]
    Maria Lua
    Maria Lua
    Administrador-Moderador
    Administrador-Moderador


    Cantidad de envíos : 64878
    Fecha de inscripción : 12/04/2009
    Localización : Nova Friburgo / RJ / Brasil

    CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE - Página 27 Empty Re: CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE

    Mensaje por Maria Lua Jue 12 Oct 2023, 19:19

    FRAGILIDADE



    Este verso, apenas um arabesco
    em torno do elemento essencial - inatingível.
    Fogem nuvens de verão, passam ares, navios, ondas,
    e teu rosto é quase um espelho onde brinca o incerto movimento,
    ai! já brincou, e tudo se fez imóvel, quantidades e quantidades
    de sono se depositam sobre a terra esfacelada.

    Não mais o desejo de explicar, e múltiplas palavras em feixe
    subindo, e o espírito que escolhe, o olho que visita, a música
    feita de depurações e depurações, a delicada modelagem
    de um cristal de mil suspiros límpidos e frígidos: não mais
    que um arabesco, apenas um arabesco
    abraça as coisas, sem reduzi-las.


    _________________



    [Tienes que estar registrado y conectado para ver esa imagen]


    "Ser como un verso volando
    o un ciego soñando
    y en ese vuelo y en ese sueño
    compartir contigo sol y luna,
    siendo guardián en tu cielo
    y tren de tus ilusiones."
    (Hánjel)





    [Tienes que estar registrado y conectado para ver esa imagen]
    Maria Lua
    Maria Lua
    Administrador-Moderador
    Administrador-Moderador


    Cantidad de envíos : 64878
    Fecha de inscripción : 12/04/2009
    Localización : Nova Friburgo / RJ / Brasil

    CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE - Página 27 Empty Re: CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE

    Mensaje por Maria Lua Jue 12 Oct 2023, 19:21

    Procura da Poesia




    Não faças versos sobre acontecimentos.
    Não há criação nem morte perante a poesia.
    Diante dela, a vida é um sol estático,
    não aquece nem ilumina.
    As afinidades, os aniversários, os incidentes pessoais não contam.
    Não faças poesia com o corpo,
    esse excelente, completo e confortável corpo, tão infenso à efusão lírica.

    Tua gota de bile, tua careta de gozo ou dor no escuro
    são indiferentes.
    Não me reveles teus sentimentos,
    que se prevalecem de equívoco e tentam a longa viagem.
    O que pensas e sentes, isso ainda não é poesia.

    Não cantes tua cidade, deixa-a em paz.
    O canto não é o movimento das máquinas nem o segredo das casas.
    Não é música ouvida de passagem, rumor do mar nas ruas junto à linha de espuma.

    O canto não é a natureza
    nem os homens em sociedade.
    Para ele, chuva e noite, fadiga e esperança nada significam.
    A poesia (não tires poesia das coisas)
    elide sujeito e objeto.

    Não dramatizes, não invoques,
    não indagues. Não percas tempo em mentir.
    Não te aborreças.
    Teu iate de marfim, teu sapato de diamante,
    vossas mazurcas e abusões, vossos esqueletos de família
    desaparecem na curva do tempo, é algo imprestável.

    Não recomponhas
    tua sepultada e merencória infância.
    Não osciles entre o espelho e a
    memória em dissipação.
    Que se dissipou, não era poesia.
    Que se partiu, cristal não era.

    Penetra surdamente no reino das palavras.
    Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
    Estão paralisados, mas não há desespero,
    há calma e frescura na superfície intata.
    Ei-los sós e mudos, em estado de dicionário.

    Convive com teus poemas, antes de escrevê-los.
    Tem paciência, se obscuros. Calma, se te provocam.
    Espera que cada um se realize e consume
    com seu poder de palavra
    e seu poder de silêncio.
    Não forces o poema a desprender-se do limbo.
    Não colhas no chão o poema que se perdeu.
    Não adules o poema. Aceita-o
    como ele aceitará sua forma definitiva e concentrada
    no espaço.

    Chega mais perto e contempla as palavras.
    Cada uma
    tem mil faces secretas sob a face neutra
    e te pergunta, sem interesse pela resposta,
    pobre ou terrível que lhe deres:
    Trouxeste a chave?

    Repara:
    ermas de melodia e conceito
    elas se refugiaram na noite, as palavras.
    Ainda úmidas e impregnadas de sono,
    rolam num rio difícil e se transformam em desprezo.




    [A rosa do povo]






    *****************



    Procura de poesía



    No hagas versos sobre acontecimientos.
    No hay creación ni muerte frente a la poesía.
    Ante ella la vida es un sol estático:
    no calienta ni ilumina.
    Las afinidades, los aniversarios, los incidentes personales
    no cuentan.
    No hagas poesía con el cuerpo:
    ese excelente, completo y confortable cuerpo tan indefenso
    a la efusión lírica.
    Tu gota de bilis, tu máscara de gozo o de dolor en lo oscuro
    son indiferentes.
    No me reveles tus sentimientos
    que se aprovechan de lo equívoco e inducen al largo viaje.
    Lo que piensas y sientes, eso todavía no es poesía.
    No cantes tu ciudad, déjala en paz.
    El canto no es el movimiento de las máquinas ni es el
    secreto de las casas.
    No es música oída de paso; rumor del mar en las calles
    junto a la línea de espuma.
    El canto no es la naturaleza
    ni los hombres en sociedad.
    Para él, lluvia y noche, fatiga y esperanza nada significan.
    La poesía (no saques poesía de las cosas)
    elude sujeto y objeto.

    No dramatices, no invoques,
    no indagues. No pierdas tiempo en mentir.
    No te aborrezcas.
    Tu yate de marfil, tu zapato de diamante,
    vuestras mazurcas y supersticiones, esqueletos de familia
    desaparecen en la curva del tiempo: es algo fútil.
    No reconstruyas
    tu sepulta y melancólica infancia.
    No osciles entre el espejo y la
    memoria en desaparición.
    Se disipó: no era poesía.
    Se partió: cristal no era.

    Penetra sordamente en el reino de las palabras.
    Allí están los poemas que esperan ser escritos.
    Están paralizados, pero no hay desesperación,
    hay calma y frescura en su superficie intacta.
    Helos solos y mudos, en estado de diccionario.
    Convive con tus poemas antes de escribirlos.
    Ten paciencia, si oscuros. Calma, si te provocan.
    Espera que cada uno se realice y consuma
    con su poder de palabra
    y su poder de silencio.
    No fuerces al poema a desprenderse del limbo.
    No recojas del suelo el poema que se perdió.
    No adules al poema. Acéptalo,
    como él aceptará su forma definitiva y concentrada
    en el espacio.

    Inclínate y contempla las palabras.
    Cada una
    tiene mil fases secretas bajo la faz neutra,
    y te pregunta, sin interés por la respuesta
    pobre o terrible que le des:
    ¿Trajiste la llave?

    Observa:
    Yermas de melodía y sentido
    ellas se refugian en la noche, las palabras.
    Todavía húmedas e impregnadas de sueño,
    fluyen en un río difícil y se transforman en desprecio.



    _________________



    [Tienes que estar registrado y conectado para ver esa imagen]


    "Ser como un verso volando
    o un ciego soñando
    y en ese vuelo y en ese sueño
    compartir contigo sol y luna,
    siendo guardián en tu cielo
    y tren de tus ilusiones."
    (Hánjel)





    [Tienes que estar registrado y conectado para ver esa imagen]
    Maria Lua
    Maria Lua
    Administrador-Moderador
    Administrador-Moderador


    Cantidad de envíos : 64878
    Fecha de inscripción : 12/04/2009
    Localización : Nova Friburgo / RJ / Brasil

    CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE - Página 27 Empty Re: CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE

    Mensaje por Maria Lua Dom 15 Oct 2023, 20:57

    os últimos dias



    Que a terra há de comer.
    Mas não coma já.
    Ainda se mova,
    para o ofício e a posse.
    E veja alguns sítios
    antigos, outros inéditos.
    Sinta frio, calor, cansaço;
    pare um momento; continue.
    Descubra em seu movimento
    forças não sabidas, contatos.
    O prazer de estender-se; o de
    enrolar-se, ficar inerte.
    Prazer de balanço, prazer de voo.
    Prazer de ouvir música;
    sobre papel deixar que a mão deslize.
    Irredutível prazer dos olhos;
    certas cores: como se desfazem, como aderem;
    certos objetos, diferentes a uma luz nova.
    Que ainda sinta cheiro de fruta,
    de terra na chuva, que pegue,
    que imagine e grave, que lembre.
    O tempo de conhecer mais algumas pessoas,
    de aprender como vivem, de ajudá-las.
    De ver passar este conto: o vento
    balançando a folha; a sombra
    da árvore, parada um instante,
    alongando-se com o sol, e desfazendo-se
    numa sombra maior, de estrada sem trânsito.
    E de olhar esta folha, se cai.
    Na queda retê-la. Tão seca, tão morna.
    Tem na certa um cheiro, particular entre mil.
    Um desenho, que se produzirá ao infinito,
    e cada folha é uma diferente.
    E cada instante é diferente, e cada
    homem é diferente, e somos todos iguais.
    No mesmo ventre o escuro inicial, na mesma terra
    o silêncio global, mas não seja logo.
    Antes dele outros silêncios penetrem,
    outras solidões derrubem ou acalentem
    meu peito; ficar parado em frente desta estátua: é um torso
    de mil anos, recebe minha visita, prolonga
    para trás meu sopro, igual a mim
    na calma, não importa o mármore, completa-me.
    O tempo de saber que alguns erros caíram, e a raiz
    da vida ficou mais forte, e os naufrágios
    não cortaram essa ligação subterrânea entre homens e coisas:
    que os objetos continuam, e a trepidação incessante
    não desfigurou o rosto dos homens;
    que somos todos irmãos, insisto.
    Em minha falta de recursos para dominar o fim,
    entretanto me sinta grande, tamanho de criança, tamanho de torre,
    tamanho da hora, que se vai acumulando século após século
    [e causa vertigem,
    tamanho de qualquer João, pois somos todos irmãos.
    E a tristeza de deixar os irmãos me faça desejar
    partida menos imediata. Ah, podeis rir também,
    não da dissolução, mas do fato de alguém resistir-lhe,
    de outros virem depois, de todos sermos irmãos,
    no ódio, no amor, na incompreensão e no sublime
    cotidiano, tudo, mas tudo é nosso irmão.
    O tempo de despedir-me e contar
    que não espero outra luz além da que nos envolveu
    dia após dia, noite em seguida a noite, fraco pavio,
    pequena ampola fulgurante, facho, lanterna, faísca,
    estrelas reunidas, fogo na mata, sol no mar,
    mas que essa luz basta, a vida é bastante, que o tempo
    é boa medida, irmãos, vivamos o tempo.
    A doença não me intimide, que ela não possa
    chegar até aquele ponto do homem onde tudo se explica.
    Uma parte de mim sofre, outra pede amor,
    outra viaja, outra discute, uma última trabalha,
    sou todas as comunicações, como posso ser triste?
    A tristeza não me liquide, mas venha também
    na noite de chuva, na estrada lamacenta, no bar fechando-se,
    que lute lealmente com sua presa,
    e reconheça o dia entrando em explosões de confiança, esquecimento, amor,
    ao fim da batalha perdida.
    Este tempo, e não outro, sature a sala, banhe os livros,
    nos bolsos, nos pratos se insinue: com sórdido ou potente clarão.
    E todo o mel dos domingos se tire;
    o diamante dos sábados, a rosa
    de terça, a luz de quinta, a mágica
    de horas matinais, que nós mesmos elegemos
    para nossa pessoal despesa, essa parte secreta
    de cada um de nós, no tempo.
    E que a hora esperada não seja vil, manchada de medo,
    submissão ou cálculo. Bem sei, um elemento de dor
    rói sua base. Será rígida, sinistra, deserta,
    mas não a quero negando as outras horas nem as palavras
    ditas antes com voz firme, os pensamentos
    maduramente pensados, os atos
    que atrás de si deixaram situações.
    Que o riso sem boca não a aterrorize
    e a sombra da cama calcária não a encha de súplicas,
    dedos torcidos, lívido
    suor de remorso.
    E a matéria se veja acabar: adeus, composição
    que um dia se chamou Carlos Drummond de Andrade.
    Adeus, minha presença, meu olhar e minhas veias grossas,
    meus sulcos no travesseiro, minha sombra no muro,
    sinal meu no rosto, olhos míopes, objetos de uso pessoal, ideia
    [de justiça, revolta e sono, adeus,
    vida aos outros legada.



    [Tienes que estar registrado y conectado para ver este vínculo]


    _________________



    [Tienes que estar registrado y conectado para ver esa imagen]


    "Ser como un verso volando
    o un ciego soñando
    y en ese vuelo y en ese sueño
    compartir contigo sol y luna,
    siendo guardián en tu cielo
    y tren de tus ilusiones."
    (Hánjel)





    [Tienes que estar registrado y conectado para ver esa imagen]
    Maria Lua
    Maria Lua
    Administrador-Moderador
    Administrador-Moderador


    Cantidad de envíos : 64878
    Fecha de inscripción : 12/04/2009
    Localización : Nova Friburgo / RJ / Brasil

    CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE - Página 27 Empty Re: CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE

    Mensaje por Maria Lua Mar 17 Oct 2023, 20:07

    Quiero



    Quiero que todos los días del año

    todos los días de la vida

    cada media hora

    cada cinco minutos

    me digas: Te amo.



    Oyéndote decir: Te amo,

    creo, en el momento, que soy amado.

    En el momento anterior

    y en el siguiente,

    ¿cómo saberlo?



    Quiero que me repitas hasta el hartazgo

    que me amas que me amas que me amas.

    De lo contrario, se evapora el acto de amar

    pues al no decir: Te amo,

    desmientes

    apagas

    tu amor por mí.



    Exijo de ti el constante comunicado.

    No exijo sino esto,

    esto siempre, esto cada vez más.

    Quiero ser amado por y en tu palabra

    no sé otra manera que no sea ésta

    de reconocer el acto amoroso,

    la perfecta manera de saberse amado:

    amor en la raíz de la palabra

    y en su emisión,

    amor

    saltando de la lengua nacional,

    amor

    hecho sonido

    vibración espacial.



    En el momento en el que no me dices:

    Te amo,

    inexorablemente sé

    que dejaste de amarme,

    que nunca antes me amaste.



    Si no me dices urgente y repetidamente

    Te amoamoamoamoamo,

    verdad fulminante que acabas de desentrañar,

    me precipito en el caos,

    esa colección de objetos sin amor.



    ****************



    Quero



    Quero que todos os dias do ano

    todos os dias da vida

    de meia em meia hora

    de 5 em 5 minutos

    me digas: Eu te amo.



    Ouvindo-te dizer: Eu te amo,

    creio, no momento, que sou amado.

    No momento anterior

    e no seguinte,

    como sabê-lo?



    Quero que me repitas até a exaustão

    que me amas que me amas que me amas.

    Do contrário evapora-se a amação

    pois ao não dizer: Eu te amo,

    desmentes

    apagas

    teu amor por mim.



    Exijo de ti o perene comunicado.

    Não exijo senão isto,

    isto sempre, isto cada vez mais.

    Quero ser amado por e em tua palavra

    nem sei de outra maneira a não ser esta

    de reconhecer o dom amoroso,

    a perfeita maneira de saber-se amado:

    amor na raiz da palavra

    e na sua emissão,

    amor

    saltando da língua nacional,

    amor

    feito som

    vibração espacial.



    No momento em que não me dizes:

    Eu te amo,

    inexoravelmente sei

    que deixaste de amar-me,

    que nunca me amastes antes.



    Se não me disseres urgente repetido

    Eu te amoamoamoamoamo,

    verdade fulminante que acabas de desentranhar,

    eu me precipito no caos,

    essa coleção de objetos de não-amor.



    _________________



    [Tienes que estar registrado y conectado para ver esa imagen]


    "Ser como un verso volando
    o un ciego soñando
    y en ese vuelo y en ese sueño
    compartir contigo sol y luna,
    siendo guardián en tu cielo
    y tren de tus ilusiones."
    (Hánjel)





    [Tienes que estar registrado y conectado para ver esa imagen]
    Maria Lua
    Maria Lua
    Administrador-Moderador
    Administrador-Moderador


    Cantidad de envíos : 64878
    Fecha de inscripción : 12/04/2009
    Localización : Nova Friburgo / RJ / Brasil

    CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE - Página 27 Empty Re: CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE

    Mensaje por Maria Lua Jue 19 Oct 2023, 18:06

    .
    Poema de siete caras




    Cuando nací, un ángel chueco
    de esos que viven en la sombra
    dijo: Anda, ¡Carlos! a ser gauche en la vida.

    Las casas espían a los hombres
    que corren detrás de mujeres.
    La tarde tal vez fuese azul,
    si no hubiese tantos deseos.

    El tranvía pasa lleno de piernas:
    piernas blancas negras amarillas.
    Para qué tanta pierna, Dios mío, pregunta mi corazón.
    Sin embargo mis ojos no preguntan nada.

    El hombre detrás del bigote
    es serio, simple y fuerte. Casi no conversa.
    Tiene pocos, raros amigos
    el hombre detrás de los anteojos y el bigote.

    Dios mío, por qué me abandonaste
    si sabías que yo no era Dios
    si sabías que yo era débil.

    Mundo mundo vasto mundo, si me llamase Raimundo
    sería una rima, no sería una solución.
    Mundo mundo vasto mundo, más vasto es mi corazón.

    Yo no debía decírtelo
    pero esa luna
    pero ese coñac
    lo dejan a uno más conmovido que el diablo



    ******************


    Poema de Sete Faces


    Quando nasci, um anjo torto
    desses que vivem na sombra
    disse: Vai, Carlos! ser gauche na vida.

    As casas espiam os homens
    que correm atrás de mulheres.
    A tarde talvez fosse azul,
    não houvesse tantos desejos.

    O bonde passa cheio de pernas:
    pernas brancas pretas amarelas.
    Para que tanta perna, meu Deus, pergunta meu coração.
    Porém meus olhos
    não perguntam nada.

    O homem atrás do bigode
    é sério, simples e forte.
    Quase não conversa.
    Tem poucos, raros amigos
    o homem atrás dos óculos e do bigode,

    Meu Deus, por que me abandonaste
    se sabias que eu não era Deus
    se sabias que eu era fraco.

    Mundo mundo vasto mundo,
    se eu me chamasse Raimundo
    seria uma rima, não seria uma solução.
    Mundo mundo vasto mundo,
    mais vasto é meu coração.

    Eu não devia te dizer
    mas essa lua
    mas esse conhaque
    botam a gente comovido como o diabo.


    _________________



    [Tienes que estar registrado y conectado para ver esa imagen]


    "Ser como un verso volando
    o un ciego soñando
    y en ese vuelo y en ese sueño
    compartir contigo sol y luna,
    siendo guardián en tu cielo
    y tren de tus ilusiones."
    (Hánjel)





    [Tienes que estar registrado y conectado para ver esa imagen]
    Maria Lua
    Maria Lua
    Administrador-Moderador
    Administrador-Moderador


    Cantidad de envíos : 64878
    Fecha de inscripción : 12/04/2009
    Localización : Nova Friburgo / RJ / Brasil

    CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE - Página 27 Empty Re: CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE

    Mensaje por Maria Lua Dom 22 Oct 2023, 17:04

    Elegia 1938


    Trabalhas sem alegria para um mundo caduco,
    onde as formas e as ações não encerram nenhum exemplo.
    Praticas laboriosamente os gestos universais,
    sentes calor e frio, falta de dinheiro, fome e desejo sexual.
    Heróis enchem os parques da cidade em que te arrastas,
    e preconizam a virtude, a renúncia, o sangue-frio, a concepção.
    À noite, se neblina, abrem guarda-chuvas de bronze
    ou se recolhem aos volumes de sinistras bibliotecas.
    Amas a noite pelo poder de aniquilamento que encerra
    e sabes que, dormindo, os problemas te dispensam de morrer.
    Mas o terrível despertar prova a existência da Grande Máquina
    e te repõe, pequenino, em face de indecifráveis palmeiras.
    Caminhas entre mortos e com eles conversas
    sobre coisas do tempo futuro e negócios do espírito.
    A literatura estragou tuas melhores horas de amor.
    Ao telefone perdeste muito, muitíssimo tempo de semear.
    Coração orgulhoso, tens pressa de confessar tua derrota
    e adiar para outro século a felicidade coletiva.
    Aceitas a chuva, a guerra, o desemprego e a injusta distribuição
    porque não podes, sozinho, dinamitar a ilha de Manhattan.


    **************


    Elegía



    Trabajas sin alegría para un mundo caduco,
    donde las formas y las acciones no encierran ejemplo alguno.
    Practicas laboriosamente los gestos universales,
    sientes calor y frío, falta de dinero, hambre y deseo sexual.

    Los héroes llenan los parques de la ciudad en que te arrastras,
    y preconizan la virtud, la renuncia, la sangre fría, la concepción.
    Por las noches, si llovizna, abren paraguas de bronce
    o se recogen entre los volúmenes de siniestras bibliotecas.

    Amas la noche por el poder aniquilador que encierra
    y sabes que, dormido. los problemas te exoneran de morir.
    Pero el terrible despertar prueba la existencia de la Gran Máquina
    y te repone, diminuto, ante indescifrables palmeras.

    Caminas entre muertos y con ellos conversas
    sobre cosas del futuro y asuntos del espíritu.
    La literatura arruinó tus mejores horas de amor.
    Al teléfono perdiste mucho, muchísimo tiempo de sembrar.

    Corazón orgulloso, tienes prisa en confesar tu derrota
    y aplazar para otro siglo la felicidad colectiva.
    Aceptas la lluvia, la guerra, el desempleo y la distribución injusta
    porque no puedas, tú solo, dinamitar la isla de Manhattan.





    Del poemario «Sentimento do Mundo» (1940)
    Carlos Drummond de Andrade (1902-1987) Brasil
    Traducción: Juan Martín.




    _________________



    [Tienes que estar registrado y conectado para ver esa imagen]


    "Ser como un verso volando
    o un ciego soñando
    y en ese vuelo y en ese sueño
    compartir contigo sol y luna,
    siendo guardián en tu cielo
    y tren de tus ilusiones."
    (Hánjel)





    [Tienes que estar registrado y conectado para ver esa imagen]
    Maria Lua
    Maria Lua
    Administrador-Moderador
    Administrador-Moderador


    Cantidad de envíos : 64878
    Fecha de inscripción : 12/04/2009
    Localización : Nova Friburgo / RJ / Brasil

    CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE - Página 27 Empty Re: CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE

    Mensaje por Maria Lua Mar 24 Oct 2023, 20:35


    La obra poética de Carlos Drummond de Andrade1
    representa una de las concreciones más
    importantes del Modernismo en Brasil, vanguardia que tuvo su origen en la Semana de Arte
    Moderna en São Paulo y que proyectó una nueva forma de hacer poesía desvinculándose de
    la estética simbolista que dominaba el ambiente cultural. El Modernismo recupera el carnaval
    de Río de Janeiro por ser uno de los ejes definitorios de su cultura. Sin embargo, esta
    festividad cambia de forma como consecuencia de los hechos históricos de Brasil. Con
    respecto al origen de esta celebración, Mónica Rector (1998) en “El código y el mensaje del
    carnaval: Escolas-de-samba”, afirma que:

    El carnaval brasileño se origina en el “entrudo” portugués, que se llevó a cabo en
    Brasil desde la época colonial hasta la Primera República (1889). Consistía en
    juegos violentos, en que la gente se aventaba todo tipo de objetos. Era una
    festividad popular dionisíaca (1998: 51).

    A partir de la estructura del baile, el vestuario, los temas a representar, los ritmos y las
    letras de samba, esta autora estudia los códigos de las “escolas” en el carnaval de Río de
    Janeiro. En su trabajo, sostiene que el carnaval carioca se fue transformando paulatinamente
    en el despliegue de las “escolas”, en detrimento de otras formas más populares como los
    “tríos eléctricos y las asociaciones carnavalescas





    continuará

    [Tienes que estar registrado y conectado para ver este vínculo]


    _________________



    [Tienes que estar registrado y conectado para ver esa imagen]


    "Ser como un verso volando
    o un ciego soñando
    y en ese vuelo y en ese sueño
    compartir contigo sol y luna,
    siendo guardián en tu cielo
    y tren de tus ilusiones."
    (Hánjel)





    [Tienes que estar registrado y conectado para ver esa imagen]
    Maria Lua
    Maria Lua
    Administrador-Moderador
    Administrador-Moderador


    Cantidad de envíos : 64878
    Fecha de inscripción : 12/04/2009
    Localización : Nova Friburgo / RJ / Brasil

    CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE - Página 27 Empty Re: CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE

    Mensaje por Maria Lua Mar 24 Oct 2023, 20:36

    ***


    Este cambio en la concepción del carnaval está presente en los poemas de Drummond de
    Andrade desde mediados de siglo XX. Si bien en los primeros textos poéticos de 1930, el
    carnaval es representado como un acto dionisíaco, luego se transforma en una mercancía
    consumida por un gran público que sirve para desviar la atención de los hechos de violencia
    presentes en la época de dictaduras en Brasil. En la poesía póstuma, la imagen del carnaval
    toma otra perspectiva en la que se retoma, a partir del recuerdo, la estética modernista de
    principios de siglo pero con una escritura que representa las nuevas condiciones culturales.
    Pese a estos cambios históricos y estéticos el carnaval sigue formando parte de la identidad
    brasileña, tal como presenta en “A festa” (“Fiesta”):


    O carnaval é sempre o mesmo e sempre novo
    com turista ou sem turista
    com dinheiro ou sem dinheiro
    com máscara proibida e sonho censurado
    máquina de alegria montada desmontada,
    sempre o mesmo, sempre novo
    no infantasiado coração do povo.

    12-2-1970

    ***************

    El carnaval es siempre el mismo y siempre
    nuevo/
    con turista o sin turista
    con dinero o sin dinero
    con máscara prohibida y sueño censurado
    máquina de alegría montada desmontada,
    siempre el mismo, siempre nuevo
    en el nunca disfrazado corazón del pueblo.
    12-2-1970





    continuará

    [Tienes que estar registrado y conectado para ver este vínculo]


    _________________



    [Tienes que estar registrado y conectado para ver esa imagen]


    "Ser como un verso volando
    o un ciego soñando
    y en ese vuelo y en ese sueño
    compartir contigo sol y luna,
    siendo guardián en tu cielo
    y tren de tus ilusiones."
    (Hánjel)





    [Tienes que estar registrado y conectado para ver esa imagen]
    Maria Lua
    Maria Lua
    Administrador-Moderador
    Administrador-Moderador


    Cantidad de envíos : 64878
    Fecha de inscripción : 12/04/2009
    Localización : Nova Friburgo / RJ / Brasil

    CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE - Página 27 Empty Re: CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE

    Mensaje por Maria Lua Mar 24 Oct 2023, 20:39

    ***


    El sujeto imaginario3

    del poema que participa del carnaval muestra las tensiones entre
    diferentes culturas y entre las clases sociales de Brasil a partir de imágenes ligadas a la
    antropofagia4
    , la violencia y el influjo de los medios de comunicación masiva. Por último, la
    relación de Drummond con el carnaval va más allá del ámbito literario. La Escola Mangueira
    le dedica el samba “O reino das palavras: Carlos Drummond de Andrade” que gana el primer
    premio de la competencia en 1987. Meses después, el poeta muere. Drummond fue un
    escritor popular que, sin dejar de lado la vanguardia modernista y los temas nacionales, supo
    representar al hombre brasileño del siglo XX. Rodolfo Alonso, uno de sus principales
    traductores en habla hispana, afirma:


    …Drummond fue siempre (envidiable privilegio) un poeta no sólo admirado sino
    querido en su país, un poeta cuyas ediciones se agotaban una tras otra, y que
    estuvo en contacto con su pueblo casi cotidianamente ejerciendo el poema, el
    relato, la crítica, la crónica, el comentario periodístico, a través de los medios
    masivos de difusión. Por eso en 1944 publica su Búsqueda de la poesía, una
    magistral y auténtica arte poética, que vuelve a poner los puntos sobre la íes y
    reencauza a tanto poeta extraviado en su legítima tarea: el lenguaje. Por eso,
    también, supo renunciar con discretísima elegancia, en su momento, a un
    importante premio de carácter nacional, otorgado por el entonces gobierno militar
    de su país, y al que acompañaba una importante cifra en dólares (1987:5).






    ************************************
    3
    En “Mirada e imaginario poético” perteneciente a La poética de la mirada (2004), Jorge Monteleone afirma:
    “La mirada imaginaria puede ser atribuida, entonces, al sujeto imaginario de una enunciación lírica. Es una
    facultad por la cual el sujeto imaginario realiza sus elecciones objetivas y, en consecuencia, su proyección en el
    espacio. El mirar establece así un vínculo con un objeto mirado o con otro al que se mira y nos mira. Funda
    tanto una objetividad como una intersubjetividad. Es una facultad a partir de la cual el sujeto imaginario
    establece todas las fantasías respecto de lo que se halla fuera del campo visible” (2004:30). A partir de esta
    noción, el sujeto imaginario en el poema construye su experiencia particular del carnaval.
    4
    Oswald de Andrade introduce el término antropofagia en el “Manifiesto Antropófago”, según el cual la cultura
    europea es “devorada” por la cultura brasilera, a partir del gesto de traducción, apropiación y reescritura sobre
    “lo otro” europeo (Cfr. 1981: 67-69).



    continuará

    [Tienes que estar registrado y conectado para ver este vínculo]


    6


    _________________



    [Tienes que estar registrado y conectado para ver esa imagen]


    "Ser como un verso volando
    o un ciego soñando
    y en ese vuelo y en ese sueño
    compartir contigo sol y luna,
    siendo guardián en tu cielo
    y tren de tus ilusiones."
    (Hánjel)





    [Tienes que estar registrado y conectado para ver esa imagen]
    Maria Lua
    Maria Lua
    Administrador-Moderador
    Administrador-Moderador


    Cantidad de envíos : 64878
    Fecha de inscripción : 12/04/2009
    Localización : Nova Friburgo / RJ / Brasil

    CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE - Página 27 Empty Re: CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE

    Mensaje por Maria Lua Miér 25 Oct 2023, 14:52

    Carlos Drummond de Andrade (Brasil): Traducción y nota de Francisco Cobo-Reyes (España)

    Contextualizado en la etapa posmodernista de la poesía brasileña, que siguió al furor modernista —vanguardia, iconoclastia, libertad— de la Semana de Arte Moderno de 1922, Carlos Drummond de Andrade (Itabira, 1902 - Río de Janeiro, 1987) es, lejos de toda duda, uno de los poetas más señalados del siglo XX en Brasil. Su obra, extensa y rica en matices, es el lugar donde la desesperanza y la claudicación deben ceder, en ocasiones, a la tímida luz de la ilusión. Desengañado por los desastres de su siglo, el itabirano visita todos los lugares del desaliento y regresa convencido de que al menos la palabra puede salvarnos: incluso en medio del ruido, la incomunicación que ahoga al poeta llega a ser comunicada a través del poema. Por eso ensayará múltiples formas poéticas, desde el endecasílabo y el soneto, al verso libre, del que es considerado uno de los grandes maestros en la poesía lusófona. Los poemas que ofrecemos en esta ocasión proceden de la antología que Pablo del Barco editó bajo el nombre de Itabira para la Colección Visor de Poesía (Madrid, 1990).

    Este libro reúne en poco más de trescientas páginas la obra esencial del poeta brasileño y selecciona poemas de sus poemarios más destacados. El volumen da cuenta de una labor poética sorprendentemente coherente, pues, a pesar del transcurso de los años, el tono de los primeros poemas no se distingue demasiado del de los últimos. Y no se trata de que la poesía de Drummond de Andrade no haya sabido reinventarse o adaptarse a las exigencias estéticas (y morales) de cada momento: ocurre que en él la palabra surge radicalmente, brota como por esa necesidad de la que nos habla Rilke en sus Cartas a un joven poeta y se levanta para acercarse al eterno problema del amor, los dilemas del pueblo brasileño o los terribles vacíos de la existencia. El itabirano, aun en sus versos más nihilistas, sabe por qué escribe poesía y qué quiere hacer con ella. Conscientes de que toda selección es una limitación (y esta tan breve aún más, sobre todo cuando proviene de otra selección previa), los siguientes poemas prefieren ser, más que parte de un compendio riguroso, una amable invitación.





    [Tienes que estar registrado y conectado para ver este vínculo]


    _________________



    [Tienes que estar registrado y conectado para ver esa imagen]


    "Ser como un verso volando
    o un ciego soñando
    y en ese vuelo y en ese sueño
    compartir contigo sol y luna,
    siendo guardián en tu cielo
    y tren de tus ilusiones."
    (Hánjel)





    [Tienes que estar registrado y conectado para ver esa imagen]
    Maria Lua
    Maria Lua
    Administrador-Moderador
    Administrador-Moderador


    Cantidad de envíos : 64878
    Fecha de inscripción : 12/04/2009
    Localización : Nova Friburgo / RJ / Brasil

    CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE - Página 27 Empty Re: CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE

    Mensaje por Maria Lua Miér 25 Oct 2023, 14:53

    Poesia



    Gastei uma hora pensando um verso

    que a pena não quer escrever.

    No entanto ele está cá dentro

    inquieto, vivo.

    Ele está cá dentro

    e não quer sair.

    Mas a poesia deste momento

    inunda minha vida inteira.


    ******************



    Poesía



    Gasté una hora pensando un verso

    que no quiere escribir mi pluma.

    Entretanto, él está aquí dentro

    inquieto, vivo.

    Él está aquí dentro

    y no quiere salir.

    Pero la poesía de este momento

    inunda mi vida entera.



    _________________



    [Tienes que estar registrado y conectado para ver esa imagen]


    "Ser como un verso volando
    o un ciego soñando
    y en ese vuelo y en ese sueño
    compartir contigo sol y luna,
    siendo guardián en tu cielo
    y tren de tus ilusiones."
    (Hánjel)





    [Tienes que estar registrado y conectado para ver esa imagen]
    Maria Lua
    Maria Lua
    Administrador-Moderador
    Administrador-Moderador


    Cantidad de envíos : 64878
    Fecha de inscripción : 12/04/2009
    Localización : Nova Friburgo / RJ / Brasil

    CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE - Página 27 Empty Re: CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE

    Mensaje por Maria Lua Miér 25 Oct 2023, 14:55

    Segredo



    A poesia é incomunicável.

    Fique torto no seu canto.

    Não ame.



    Ouço dizer que há tiroteio

    ao alcance do nosso corpo.

    É a revolução? O amor?

    Não diga nada.



    Tudo é possível, só eu impossível.

    O mar transborda de peixes.

    Há homens que andam no mar

    como se andassem na rua.

    Não conte.



    Suponha que um anjo de fogo

    varresse a face da terra

    e os homens sacrificados

    pedissem perdão.

    Não peça.



    Brejo das almas, 1934



    ******************




    Secreto



    La poesía es incomunicable.

    Quédate torcido en el canto.

    No ames.



    Oigo decir que hay un tiroteo

    al alcance de nuestro cuerpo.

    ¿Es la revolución? ¿El amor?

    No digas nada.



    Todo es posible, solo yo soy imposible.

    El mar rebosa de peces.

    Hay hombres que andan por el mar

    como si anduvieran por la calle.

    No lo cuentes.



    Suponte que un ángel de fuego

    barriera la faz de la tierra

    y los hombres sacrificados

    pidieran perdón.

    No lo pidas.


    _________________



    [Tienes que estar registrado y conectado para ver esa imagen]


    "Ser como un verso volando
    o un ciego soñando
    y en ese vuelo y en ese sueño
    compartir contigo sol y luna,
    siendo guardián en tu cielo
    y tren de tus ilusiones."
    (Hánjel)





    [Tienes que estar registrado y conectado para ver esa imagen]
    Maria Lua
    Maria Lua
    Administrador-Moderador
    Administrador-Moderador


    Cantidad de envíos : 64878
    Fecha de inscripción : 12/04/2009
    Localización : Nova Friburgo / RJ / Brasil

    CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE - Página 27 Empty Re: CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE

    Mensaje por Maria Lua Miér 25 Oct 2023, 14:56

    Confissão



    Não amei bastante meu semelhante,

    não catei o verme nem curei a sarna.

    Só proferi algumas palavras,

    melodiosas, tarde, ao voltar da festa.



    Dei sem dar e beijei sem beijo.

    (Cego é talvez quem esconde os olhos

    embaixo do catre.) E na meia-luz

    tesouros fanam-se, os mais excelentes.



    Do que restou, como compor um homem

    e tudo que ele implica de suave,

    de concordâncias vegetais, murmúrios

    de riso, entrega, amor e piedade?



    Não amei bastante sequer a mim mesmo,

    contudo próximo. Não amei ninguém.

    Salvo aquele pássaro —vinha azul e doido—

    que se esfacelou na asa do avião.



    Claro enigma, 1951




    **************



    Confesión



    No amé lo suficiente a mi semejante,

    no acabé con el gusano ni me libré de la sarna.

    Solo proferí algunas palabras,

    melodiosas, tarde, al regresar de la fiesta.



    Di sin dar y besé sin beso.

    (Quizás el ciego es el que esconde los ojos

    debajo del catre). Y a media luz

    se van pudriendo tesoros, los más excelentes.



    De aquello que quedó, ¿cómo encarnar a un hombre

    y todo lo que este implica de suave,

    de concordancias vegetales, susurros

    de risas, entrega, amor y piedad?



    No amé lo suficiente ni siquiera a mí mismo,

    y sin embargo tan cercano. No amé a nadie.

    Solamente a aquel pájaro —venía azul y enajenado—

    que se desintegró en el ala del avión.






    _________________



    [Tienes que estar registrado y conectado para ver esa imagen]


    "Ser como un verso volando
    o un ciego soñando
    y en ese vuelo y en ese sueño
    compartir contigo sol y luna,
    siendo guardián en tu cielo
    y tren de tus ilusiones."
    (Hánjel)





    [Tienes que estar registrado y conectado para ver esa imagen]
    Maria Lua
    Maria Lua
    Administrador-Moderador
    Administrador-Moderador


    Cantidad de envíos : 64878
    Fecha de inscripción : 12/04/2009
    Localización : Nova Friburgo / RJ / Brasil

    CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE - Página 27 Empty Re: CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE

    Mensaje por Maria Lua Miér 25 Oct 2023, 14:57

    Retrato de uma cidade



    III



    Cada cidade tem sua linguagem

    nas dobras da linguagem transparente.

    Pula

    do cofre da gíria uma riqueza,

    do Rio apenas, de mais nenhum Brasil.

    Diamantes-minutos, palavras

    cintilam por toda parte, num relâmpago,

    e se apagam. Morre na rua a ondulação

    do signo irônico.

    Já outros vêm saltando em profusão.



    Este Rio...

    Este fingir que nada é sério, nada, nada,

    e no fundo guardar o religioso

    terror, sacro fervor

    que vai de Ogum e Iemanjá ao Menino Jesus de Praga,

    e no altar barroco ou no terreiro

    consagra a mesma vela acesa,

    a mesma rosa branca, a mesma palma à Divindade [longe.



    Este Rio peralta!

    Rio dengoso, erótico, fraterno,

    aberto ao mundo, laranja

    de cinquenta sabores diferentes

    (alguns amargos, por que não?),

    laranja toda em chama, sumarenta

    de amor.



    Repara, repara nas nuvens: vão desatando

    bandeiras de púrpura e violeta

    sobre os montes e o mar.

    Anoitece no Rio. A noite é luz sonhando.



    Discurso de primavera e algumas sombras, 1977




    ****************************



    Retrato de una ciudad



    III



    Cada ciudad tiene su lenguaje

    en los pliegues del lenguaje transparente.

    Bulle

    en el cofre de la jerga una riqueza

    de Río tan solo, de ningún otro Brasil.

    Diamantes-minutos, palabras

    centellean por todas partes, en un relámpago,

    y se apagan. Muere en la calle la ondulación

    del signo irónico.

    Ya vienen más saltando en profusión.



    Este Río…

    Este fingir que nada es serio, nada, nada,

    y guardar en el fondo el religioso

    terror, sacro fervor

    que va de Ogun y Yemanyá al Niño Jesús de Praga,

    y en el altar barroco o en el «terreiro»

    consagra la misma vela prendida,

    la misma rosa blanca, la misma palma a la divinidad [lejana.



    ¡Este Río pícaro!

    Río melindroso, erótico, fraterno,

    abierto al mundo, naranja

    de cincuenta sabores diferentes

    (algunos amargos, ¿por qué no?),

    naranja ardiendo toda, suculenta

    de amor.



    Fíjate, fíjate en las nubes: van desatando

    banderas de púrpura y violeta

    sobre los montes y el mar.

    Anochece en Río. La noche es luz soñando.



    _________________



    [Tienes que estar registrado y conectado para ver esa imagen]


    "Ser como un verso volando
    o un ciego soñando
    y en ese vuelo y en ese sueño
    compartir contigo sol y luna,
    siendo guardián en tu cielo
    y tren de tus ilusiones."
    (Hánjel)





    [Tienes que estar registrado y conectado para ver esa imagen]
    Maria Lua
    Maria Lua
    Administrador-Moderador
    Administrador-Moderador


    Cantidad de envíos : 64878
    Fecha de inscripción : 12/04/2009
    Localización : Nova Friburgo / RJ / Brasil

    CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE - Página 27 Empty Re: CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE

    Mensaje por Maria Lua Miér 25 Oct 2023, 14:59

    A metafísica do corpo



    A Sonia von Brusky



    A metafísica do corpo se entremostra

    nas imagens. A alma do corpo

    modula em cada fragmento sua música

    de esferas e de essências

    além da simples carne e simples unhas.



    Em cada silêncio do corpo identifica-se

    a linha do sentido universal

    que à forma breve e transitiva imprime

    a solene marca dos deuses

    e do sonho.



    Entre folhas, surpreende-se

    na última ninfa

    o que na mulher ainda é ramo e orvalho

    e, mais que natureza, pensamento

    da unidade inicial do mundo:

    mulher pranta brisa mar,

    o ser telúrico, espontâneo,

    como se um galho fosse da infinita

    árvore que condensa

    o mel, o sol, o sal, o sopro acre da vida.



    De êxtase e tremor banha-se a vista

    ante a luminosa nádega opalescente,

    a coxa, o sacro ventre, prometido

    ao ofício de existir, e tudo mais que o corpo

    resume de outra vida, mais florente,

    em que todos fomos terra, seiva e amor.



    Eis que se revela o ser, na transparência

    do invólucro perfeito.



    Corpo, 1984




    ***************



    La metafísica del cuerpo



    A Sonia von Brusky



    La metafísica del cuerpo se entremuestra

    en las imágenes. El alma del cuerpo

    modula en cada fragmento su música

    de esferas y de esencias

    además de la simple carne y las simples uñas.



    En cada silencio del cuerpo se identifica

    la línea del sentido universal

    que en la forma breve y transitiva imprime

    la solemne marca de los dioses

    y del sueño.



    Entre hojas, se sorprende

    en la última ninfa

    lo que aún es rama y rocío en la mujer

    y, más que naturaleza, pensamiento

    de la unidad inicial del mundo:

    mujer planta brisa mar,

    el ser telúrico, espontáneo,

    como si fuera un ramo del infinito

    árbol que condensa

    la miel, el sol, la sal, el soplo acre de la vida.



    De éxtasis y temblor se baña la vista

    ante la luminosa nalga opalescente,

    el muslo, el vientre sacro, prometido

    al oficio de existir, y todo lo demás que el cuerpo

    resume de otra vida, más florida,

    en la que todos fuimos tierra, savia y amor.



    He aquí que se revela el ser, en la transparencia

    del envoltorio perfecto


    _________________



    [Tienes que estar registrado y conectado para ver esa imagen]


    "Ser como un verso volando
    o un ciego soñando
    y en ese vuelo y en ese sueño
    compartir contigo sol y luna,
    siendo guardián en tu cielo
    y tren de tus ilusiones."
    (Hánjel)





    [Tienes que estar registrado y conectado para ver esa imagen]
    Maria Lua
    Maria Lua
    Administrador-Moderador
    Administrador-Moderador


    Cantidad de envíos : 64878
    Fecha de inscripción : 12/04/2009
    Localización : Nova Friburgo / RJ / Brasil

    CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE - Página 27 Empty Re: CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE

    Mensaje por Maria Lua Miér 25 Oct 2023, 15:01

    ­Carlos drummond de Andrade. Poeta y periodista y brasileño nacido en Itabira do Mato. Dentro en el Estado de Minas Gerais en 1902. Hijo de un rico hacendado, estudió farmacia y fue funcionario público durante la mayor parte de la vida. Es considerado como uno de los principales poetas del modernismo brasileño debido a la repercusión y alcance de su obra. Autor de una amplia obra literaria que abarcó también el cuento, la crónica y la novela, publicó en 1930 su primer trabajo poético bajo el nombre de "Alguma poesia", seguido entre otros de "Sentimento do Mundo" en 1940, "Dopo A rosa do povo" en 1945, y "Viola de Bolso"en 1955. Posteriormente exploró el verso experimental y la sátira con "Boitempo" en 1968, y su propia biografía en 1985. Falleció en Rio de Janeiro en agosto de 1987.




    Traductor


    Francisco A. Cobo-Reyes Lendínez (Jaén, España, 2000). Comienza a escribir algunos poemas desde la temprana adolescencia, pero no será hasta que se acerque a los 18 cuando descubra su verdadera vocación literaria. Va en 2018 a Salamanca, donde se matricula en el grado de Filología Hispánica y afianza afinidades literarias: cada vez más entusiasmado por la literatura latinoamericana, encontrará en ella su inspiración más profunda. Con el corazón a ambos lados del Atlántico, escribe, sinceramente, por amor al arte.



    [Tienes que estar registrado y conectado para ver este vínculo]


    _________________



    [Tienes que estar registrado y conectado para ver esa imagen]


    "Ser como un verso volando
    o un ciego soñando
    y en ese vuelo y en ese sueño
    compartir contigo sol y luna,
    siendo guardián en tu cielo
    y tren de tus ilusiones."
    (Hánjel)





    [Tienes que estar registrado y conectado para ver esa imagen]
    Maria Lua
    Maria Lua
    Administrador-Moderador
    Administrador-Moderador


    Cantidad de envíos : 64878
    Fecha de inscripción : 12/04/2009
    Localización : Nova Friburgo / RJ / Brasil

    CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE - Página 27 Empty Re: CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE

    Mensaje por Maria Lua Miér 25 Oct 2023, 15:05

    En la escuela
    [Minicuento - Texto completo.]

    Carlos Drummond de Andrade



    Es democrática doña Amarilis, maestra de una escuela pública situada en una calle que no voy a nombrar; también el nombre de doña Amarilis es inventado, pero el hecho aconteció.

    La maestra se dirigió a los alumnos, al comienzo de la clase, y dijo:

    -Hoy quiero que ustedes resuelvan algo muy importante. ¿Puede ser?

    -¡Sí! -respondió la chiquilinada en coro.

    -Muy bien. Será una especie de plebiscito. La palabra es complicada, pero la cosa es simple. Cada uno da su opinión, sumamos y la mayoría decide. Cuando den su opinión no hablen todos a la vez, porque así va a ser muy difícil que yo sepa lo que cada uno piensa. ¿Está bien?

    -¡Muy bien! -respondió el coro, interesadísimo.

    -Excelente. Entonces, vamos al grano. Ha surgido un movimiento para que las maestras puedan usar pantalones en las escuelas. El gobierno ya dijo que lo permite, la directora también, pero yo, personalmente, no quiero decidir por mí misma. En el aula todo debe hacerse de acuerdo con los alumnos, para que todos queden satisfechos y nadie pueda decir que no le gusta. Así no hay problemas. Bien, voy a empezar por Renato Carlos. Renato Carlos: ¿crees que tu maestra debe o no usar pantalón en la escuela?

    -Creo que no debe -respondió bajando los ojos.

    -¿Por qué?

    -Porque es mejor no usar pantalones.

    -¿Y por qué es mejor?

    -Porque la minifalda es mucho más linda.

    -¡Perfecto! Un voto en contra. Marilena, por favor, anota en tu cuaderno los votos en contra. Y tú, Leonardo, anota los votos a favor, si los hay. Ahora va a responder Inesita.

    -Claro que debe, señorita. Usted usa pantalones fuera de la escuela. ¿Por qué no los va a usar aquí dentro?

    -Pero aquí es otro lugar.

    -Es lo mismo. El otro día la vi en la calle con uno rojo que estaba bárbaro.

    -Uno a favor. ¿Y tú, Aparecida?

    -¿Puedo ser sincera, señorita?

    -No puedes, tienes que ser sincera.

    -Yo, si fuese usted, no usaría pantalones.

    -¿Por qué?

    -Y… por las caderas, ¿sabe? Como las tiene medio anchas…

    -Muchas gracias, Aparecida. ¿Anotaste, Marilena? Ahora tú, Edmundo.

    -Yo creo que Aparecida no tiene razón, señorita. Usted debe quedar fenómeno de pantalones. Sus caderas son muy lindas.

    -No estamos votando a favor o en contra de mis caderas sino de los pantalones. ¿Estás a favor o en contra?

    -A favor, ciento por ciento.

    -¿Y tú, Peter?

    -A mí me da lo mismo.

    -¿No tienes preferencia?

    -No sé. En cosas de mujeres yo no me meto, señorita.

    -Una abstención. Mónica, tú quedas encargada de tomar nota de los votos como el de Peter: ni a favor ni en contra.

    Y seguían votando como si estuviesen eligiendo al presidente de la República, tarea que tal vez ¿quién sabe? sean llamados a desempeñar en el futuro. Votaban con la mayor seriedad. Le tocó el turno a Rinalda.

    -¡Ah! Cada uno en la suya.

    -¿Cómo en la suya?

    -Yo en la mía, usted en la suya, cada uno en la propia. ¿Estamos?

    -Explicáte mejor.

    -La cosa es así: si usted quiere venir con pantalones, viene. Yo quiero venir de midi, de maxi, de pantalón corto, vengo. El uniforme es una estupidez.

    -Fuiste más allá de la pregunta, Rinalda. ¿Entonces estás a favor?

    -Evidente. Cada cual se copa como quiere.

    -¡Mil! -exclamó Jorgito-. El uniforme está superado, señorita. Usted viene de pantalones y nosotros aparecemos como se nos dé la gana.

    -¡Ah, no! -refutó Gilberto-. Ahí se arma un lío. En mi casa nadie anda en pijama o con la camisa abierta en el sala. Hay que respetar el uniforme.

    Que hay que respetar, que no hay que respetar, la discusión subía de tono. Doña Amarilis pedía orden, orden, así no se puede, pero los grupos asumían posiciones extremas, hablaban todos al mismo tiempo, nadie conseguía hacerse oír, por lo cual, con cuatro votos a favor de los pantalones, dos en contra y una abstención, y antes de que se decretara por mayoría absoluta la abolición del uniforme escolar, la maestra consideró prudente dar por terminado el plebiscito y pasó a la lección de historia de Brasil.

    FIN




    [Tienes que estar registrado y conectado para ver este vínculo]


    _________________



    [Tienes que estar registrado y conectado para ver esa imagen]


    "Ser como un verso volando
    o un ciego soñando
    y en ese vuelo y en ese sueño
    compartir contigo sol y luna,
    siendo guardián en tu cielo
    y tren de tus ilusiones."
    (Hánjel)





    [Tienes que estar registrado y conectado para ver esa imagen]
    Maria Lua
    Maria Lua
    Administrador-Moderador
    Administrador-Moderador


    Cantidad de envíos : 64878
    Fecha de inscripción : 12/04/2009
    Localización : Nova Friburgo / RJ / Brasil

    CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE - Página 27 Empty Re: CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE

    Mensaje por Maria Lua Vie 27 Oct 2023, 19:14



    Os mortos de sobrecasaca



    Havia a um canto da sala um álbum de fotografias intoleráveis,

    alto de muitos metros e velho de infinitos minutos,

    em que todos se debruçavam

    na alegria de zombar dos mortos de sobrecasaca.





    Um verme principiou a roer as sobrecasacas indiferentes

    e roeu as páginas, as dedicatórias e mesmo a poeira dos retratos.

    Só não roeu o imortal soluço de vida que rebentava

    que rebentava daquelas páginas.


    _________________



    [Tienes que estar registrado y conectado para ver esa imagen]


    "Ser como un verso volando
    o un ciego soñando
    y en ese vuelo y en ese sueño
    compartir contigo sol y luna,
    siendo guardián en tu cielo
    y tren de tus ilusiones."
    (Hánjel)





    [Tienes que estar registrado y conectado para ver esa imagen]
    Maria Lua
    Maria Lua
    Administrador-Moderador
    Administrador-Moderador


    Cantidad de envíos : 64878
    Fecha de inscripción : 12/04/2009
    Localización : Nova Friburgo / RJ / Brasil

    CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE - Página 27 Empty Re: CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE

    Mensaje por Maria Lua Vie 27 Oct 2023, 19:15

    Oficina irritada



    Eu quero escrever um soneto duro

    como poeta algum ousara escrever.

    Eu quero pintar um soneto escuro,

    seco, abafado, difícil de ler.



    Quero que o meu soneto, no futuro,

    não desperte em ninguém nenhum prazer.

    E que no seu maligno ar imaturo,

    ao mesmo tempo saiba ser, não ser.



    Este meu verbo antipático e impuro

    há de pungir, há de fazer sofrer,

    tendão de Vênus sob o pedicuro.



    Ninguém o lembrará: tiro no muro,

    cão mijando no caos, enquanto Arcturo,

    claro enigma, se deixa surpreender.


    _________________



    [Tienes que estar registrado y conectado para ver esa imagen]


    "Ser como un verso volando
    o un ciego soñando
    y en ese vuelo y en ese sueño
    compartir contigo sol y luna,
    siendo guardián en tu cielo
    y tren de tus ilusiones."
    (Hánjel)





    [Tienes que estar registrado y conectado para ver esa imagen]
    Maria Lua
    Maria Lua
    Administrador-Moderador
    Administrador-Moderador


    Cantidad de envíos : 64878
    Fecha de inscripción : 12/04/2009
    Localización : Nova Friburgo / RJ / Brasil

    CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE - Página 27 Empty Re: CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE

    Mensaje por Maria Lua Vie 27 Oct 2023, 19:29

    Documentário



    No Hotel dos Viajantes se hospeda

    incógnito.

    Já não é ele, é um mais-tarde

    sem direito de usar a semelhança.

    Não sai para rever , sai para ver

    o tempo futuro

    que secou as esponjeiras

    e ergueu pirâmides de ferro em pó

    onde uma serra, um clã, um menino,

    literalmente desapareceram

    e surgem equipamentos eletrônicos.

    Está filmando

    seu depois.

    O perfil de pedra

    sem eco.

    Os sobrados sem linguagem.

    O pensamento descarnado.

    A nova humanidade deslizando

    isenta de raízes.

    Entre códigos vindouros

    a nebulosa de letras

    indecifráveis nas escolas:

    seu nome familiar

    é um chiar de rato

    sem paiol

    na nitidez do cenário

    solunar.

    Tudo registra em preto-e-branco

    afasta o adjetivo da cor

    a cançoneta da memória

    o enternecimento disponível na maleta.

    A câmera

    olha muito olha mais

    e capta

    a inexistência abismal

    definitiva/infinita.


    _________________



    [Tienes que estar registrado y conectado para ver esa imagen]


    "Ser como un verso volando
    o un ciego soñando
    y en ese vuelo y en ese sueño
    compartir contigo sol y luna,
    siendo guardián en tu cielo
    y tren de tus ilusiones."
    (Hánjel)





    [Tienes que estar registrado y conectado para ver esa imagen]
    Maria Lua
    Maria Lua
    Administrador-Moderador
    Administrador-Moderador


    Cantidad de envíos : 64878
    Fecha de inscripción : 12/04/2009
    Localización : Nova Friburgo / RJ / Brasil

    CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE - Página 27 Empty Re: CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE

    Mensaje por Maria Lua Vie 27 Oct 2023, 19:30

    POEMA QUE ACONTECEU



    Nenhum desejo neste domingo

    nenhum problema nesta vida

    o mundo parou de repente

    os homens ficaram calados

    domingo sem fim nem começo.

    A mão que escreve este poema

    não sabe que está escrevendo

    mas é possível que se soubesse

    nem ligasse.


    _________________



    [Tienes que estar registrado y conectado para ver esa imagen]


    "Ser como un verso volando
    o un ciego soñando
    y en ese vuelo y en ese sueño
    compartir contigo sol y luna,
    siendo guardián en tu cielo
    y tren de tus ilusiones."
    (Hánjel)





    [Tienes que estar registrado y conectado para ver esa imagen]
    Maria Lua
    Maria Lua
    Administrador-Moderador
    Administrador-Moderador


    Cantidad de envíos : 64878
    Fecha de inscripción : 12/04/2009
    Localización : Nova Friburgo / RJ / Brasil

    CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE - Página 27 Empty Re: CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE

    Mensaje por Maria Lua Vie 27 Oct 2023, 19:31

    SEGREDO



    A poesia é incomunicável.

    Fique torto no seu canto.

    Não ame.



    Ouço dizer que há tiroteio

    ao alcance de nosso corpo.

    E´ a revolução? o amor?

    Não diga nada.



    Tudo é possível, só eu impossível.

    O mar transborda de peixes.

    Há homens que andam no mar

    como se andassem na rua.

    Não conte.



    Suponha que um anjo de fogo

    varresse a face da terra

    e os homens sacrificados

    pedissem perdão.

    Não peça.


    ***********

    en francés


    SECRET



    (Trad. Ilma Mendes dos Santos)



    La poésie est incommunicable.

    Reste tort dan ton coin.

    N’ aime pas.



    J’ entends dire qu’il y a une fusillade

    à la portée de notre corps.

    Est-ce la révolution? l’ amour?

    Ne dis rien.



    Tout est possible, moi seul impossible.

    La mer déborde de poissons.

    Il y a des hommes qui marchent dans la mer

    comme s’ils marchaient dans la rue.

    Ne reconte pas.



    Suppose qu’ un ange de feu

    ait balayé la face de la terre

    et que les hommes sacrifiés

    aient demandé pardon.

    Ne demande rien.



    [Tienes que estar registrado y conectado para ver este vínculo]


    _________________



    [Tienes que estar registrado y conectado para ver esa imagen]


    "Ser como un verso volando
    o un ciego soñando
    y en ese vuelo y en ese sueño
    compartir contigo sol y luna,
    siendo guardián en tu cielo
    y tren de tus ilusiones."
    (Hánjel)





    [Tienes que estar registrado y conectado para ver esa imagen]
    Maria Lua
    Maria Lua
    Administrador-Moderador
    Administrador-Moderador


    Cantidad de envíos : 64878
    Fecha de inscripción : 12/04/2009
    Localización : Nova Friburgo / RJ / Brasil

    CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE - Página 27 Empty Re: CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE

    Mensaje por Maria Lua Sáb 28 Oct 2023, 21:44


    Un son de vida resonando



    De los héroes que cantaste, ¿qué quedó sino la melodía de tu canto?
    Las armas en herrumbre se deshacen, los barones en la sepultura dicen nada.
    Y tu verso, tu rudo y tu suave balance de consonantes y vocales,
    tu ritmo de océano sufriendo que los recordará aún y siempre recordará.
    Tú eres la historia que narraste, no el simple narrador.
    Ella persiste más en tu poema que el tiempo neutro,
    universal sepulcro de la memoria.
    Bardo, fuiste de los dioses más que de las ninfas, las ondas en furor,
    cielos en delirio, astucias, plagas, guerras y codicias,
    lodoso material fundido en oro.
    Multisexual germinador de asombros, en la hoja blanca
    viniste demostrando lo que a los hombres,
    en la lucha contra el destino, cabe tentar, cabe vencer,
    perder, y en esto se resume la irresumible condición
    humana en el eterno juego sin sentido mayor que el de jugar.
    Y cuando de altos hechos te entendías y volvías al común
    sufrir pedestre del desamado, no te veo
    a ti perdido de nostalgias y desdenes.
    Luis, hombre extraño, que por el verbo es, más
    que un amador del propio amor palpitante, olvidado,
    revoltoso, sumiso, renaciente, refloreciendo
    en cien mil corazones multiplicado.
    Es el lenguaje. Dolor particular que deja existir
    para hacerse dolor de todos los hombres, musical,
    en la voz de órfico acento, peregrina.
    ¿Qué pájaro lascivo se intercala en la quejumbre
    sutil de tu estrofa y no sabe más si es dolor,
    delicia y espina, halago, y muerte, renacimiento?
    ¿Voluptuosidad y gemir, y del gemido destilar
    la canción consoladora a cuantos de consuelo carecían
    y jamás la harían por sí mismos?
    (¡Maldito día de nacer que en bendiciones para
    nosotros se convirtió!)
    Ya tengo una palabra preescrita que todo
    expresa cuanto en mí se turba.
    Por los antiguos y por los venideros, fuiste discurso
    de general amor.
    Camões —¡oh son de vida resonando en cada
    sílaba tuya trémula de amor y guerra
    y sueño entrelazados!



    (De La rosa del pueblo; 1941)


    _________________



    [Tienes que estar registrado y conectado para ver esa imagen]


    "Ser como un verso volando
    o un ciego soñando
    y en ese vuelo y en ese sueño
    compartir contigo sol y luna,
    siendo guardián en tu cielo
    y tren de tus ilusiones."
    (Hánjel)





    [Tienes que estar registrado y conectado para ver esa imagen]
    Maria Lua
    Maria Lua
    Administrador-Moderador
    Administrador-Moderador


    Cantidad de envíos : 64878
    Fecha de inscripción : 12/04/2009
    Localización : Nova Friburgo / RJ / Brasil

    CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE - Página 27 Empty Re: CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE

    Mensaje por Maria Lua Lun 30 Oct 2023, 19:48

    Reconocimiento del amor



    Amiga, cómo carecen de norte
    los caminos de la amistad.
    Apareciste para ser el hombro suave
    donde se reclina la inquietud del fuerte
    (o que ingenuamente se pensaba fuerte).
    Traías en los ojos pensativos
    la bruma de la renuncia:
    no querías la vida plena,
    tenías el previo desencanto de las uniones para toda la vida,
    no pedías nada,
    no reclamabas tu cota de luz.
    Y te deslizabas en ritmo gratuito de ronda.
    Descansé en ti mi fajo de desencuentros
    y de encuentros funestos.
    Quería tal vez -sin percibirlo, lo juro-
    sádicamente masacrarte
    bajo el hierro de culpas y vacilaciones y angustias que dolían
    desde la hora del nacimiento,
    estigma desde el momento de la concepción
    en cierto mes perdido en la Historia,
    o más lejos, desde aquel momento intemporal
    en que los seres son apenas hipótesis no formuladas
    en el caos universal.
    ¡Cómo nos engañamos huyéndole al amor!
    Cómo lo desconocimos, tal vez con recelo de enfrentar
    su espada reluciente, su formidable
    poder de penetrar la sangre y en ella
    imprimir una orquídea de fuego y lágrimas.
    Pero, él llegó mansamente y me envolvió
    en dulzura y celestes hechizos.
    No quemaba, no brillaba, sonreía.
    No entendí, tonto que fui, esa sonrisa.
    Me herí con mis propias manos, no por el amor
    que traías para mí y que tus dedos confirmaban
    al juntarse a los míos, en la infantil búsqueda del Otro,
    el Otro que yo me suponía, el Otro que te imaginaba,
    cuando -por agudeza del amor- sentí que éramos uno sólo.
    Amiga, amada, amada amiga, así el amor
    disuelve el mezquino deseo de existir de cara al mundo
    con la mirada perdida y la ancha ciencia de las cosas.
    Ya no enfrentamos al mundo: en él nos diluimos,
    y la pura esencia en que nos transmutamos perdona
    alegorías, circunstancias, referencias temporales,
    imaginaciones oníricas,
    el vuelo del Pájaro Azul, la aurora boreal,
    las llaves de oro de los sonetos y de los castillos medievales,
    todos los engaños de la razón y de la experiencia,
    para existir en sí y para sí,
    con la rebeldía de cuerpos amantes,
    pues ya ni somos nosotros,
    somos el número perfecto: Uno.
    Tomó su tiempo, yo se, para que el «Yo» renunciase
    a la vacuidad de persistir, fijo y solar,
    y se confesara jubilosamente vencido,
    hasta respirar el más grande júbilo de la integración.
    Ahora, amada mía para siempre,
    ni mirada tenemos para ver, ni oídos para captar la melodía,
    el paisaje, la transparencia de la vida,
    perdidos como estamos en la concha ultramarina de mar.


    _________________



    [Tienes que estar registrado y conectado para ver esa imagen]


    "Ser como un verso volando
    o un ciego soñando
    y en ese vuelo y en ese sueño
    compartir contigo sol y luna,
    siendo guardián en tu cielo
    y tren de tus ilusiones."
    (Hánjel)





    [Tienes que estar registrado y conectado para ver esa imagen]
    Maria Lua
    Maria Lua
    Administrador-Moderador
    Administrador-Moderador


    Cantidad de envíos : 64878
    Fecha de inscripción : 12/04/2009
    Localización : Nova Friburgo / RJ / Brasil

    CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE - Página 27 Empty Re: CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE

    Mensaje por Maria Lua Miér 01 Nov 2023, 16:43

    Carlos Drummond de Andrade (1902-1987)



    Nació en la pequeña ciudad de Itabira do Mato Dentro, en el estado de Minas Gerais, hijo de un matrimonio de hacendados. Pasó su infancia en su ciudad natal y con 14 años entró como interno al Colégio Arnaldo, en Belo Horizonte, donde conoció a Gustavo Capanema y a Afonso Arinos de Melo Franco. Por problemas de salud interrumpió sus estudios y recibió clases particulares en Itabira. En 1918, ingresó como interno en el Colégio Anchieta, en Nova Friburgo, y publicó "Onda", su primer poema. Al año siguiente fue expulsado de este colegio jesuita por "insubordinación mental", después de una discusión con el profesor de portugués. En 1920, se mudó con la familia a Belo Horizonte, donde publicó sus primeros trabajos en el Diário de Minas, frecuentó el Café Estrela y la Livraria Alves --donde conoció, entre otros escritores a Emílio Moura, a Aníbal Machado y a Pedro Nava--, ganó el concurso "Novela Mineira" con el cuento "Joaquim do telhado", y se matriculó en la Escola de Odontología e Farmacia. En 1924, le escribió a Manuel Bandeira, manifestándole su admiración, y tuvo contacto con algunos integrantes del grupo de la Semana de Arte Moderno --Blaise Cendrars, Oswald de Andrade, Tarsila do Amaral y Mário de Andrade-- que pasaban por Belo Horizonte de regreso de uno de sus viajes de "redescubrimiento" de Brasil. Al año siguiente, se casó con Dolores Dutra de Morais y fundó, con Martins de Almeida, Emílio Moura y Gregoriano Canedo, A Revista, órgano modernista que duró tres números. Terminó el curso de farmacia pero prefirió dar clases a nivel preparatoria en Itabira pues no le gustaban ni el trabajo en la hacienda familiar ni la farmacia. En 1926, regresó a Belo Horizonte para trabajar como redactor del Diário de Minas y luego como redactor en jefe. En julio de 1928, la Revista de Antropofagia publicó su famoso y escandaloso poema "No meio do caminho". Al año siguiente, dejó el Diário de Minas para trabajar en el Minas Gerais, órgano oficial del Estado. Alguma poesia (1930), su primer libro de poemas, provocó elogios y ataques, por su carácter innovador que se situaba entre el final de la fase heroica del Modernismo y las tendencias restauradoras de los antiguos moldes poéticos. Cuatro años después, Drummond regresó como redactor a los periódicos Minas Gerais, Estado de Minas y Diário da Tarde; publicó su segundo libro, Brejo das almas, en que se surge su fino humor irónico, fraterno y de gran poder de empatía que irá a consolidarse en Sentimento do mundo (1940); y se trasladó a Rio de Janeiro como jefe del gabinete de Gustavo Capanema, nombrado entonces ministro de Educación y Salud Pública. En 1945, publicó A rosa do povo, poemario que refleja las preocupaciones políticas sociales de la posguerra y, sin niguna fricción, abandonó la jefatura con Capanema, para colaborar brevemente en el diario comunista Tribuna Popular, invitado por su director, Luis Carlos Prestes. Ese mismo año ingresó a trabajar en la Direitoria do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, en donde fungió más tarde como jefe de la sección de historia y alcanzó su jubilación en 1962. A partir de 1950, viajó frecuentemente a Buenos Aires, pues su única hija se había casado el año anterior con el escritor y abogado Manuel Graña Etcheverry. En 1951, debutó como cuentista con el volumen Contos de aprendiz y publicó Claro enigma, poemario en el que abandona cualquier orientación política, muestra una preocupación por la metrificación y la rima y revisa a profundidad sus estrategias de composición, características que se extienden a Fazendeiro do ar (1954) y A vida passada a limpo (1959). En Lição de coisas (1962), Drummond incursiona en la segunda ola de vanguardias con poemas como "Isto é aquilo" y "A bomba", sin abandonar del todo su vena memorialística pero alejándose de la metrificación tradicional y experimentando con la fragmentación de la palabra. En 1969 deja el Correio da Manhã, pasa a colaborar en Jornal do Brasil y publica Reunião (10 libros de poesía). Durante la década de 1970, la fama de Drummond se consolida a nivel nacional e internacional. Recibe premios como el de poesía de la Asociação Paulista de Críticos Literários (1975), el Prêmio Nacional de Literatura (1975), el Estácio de Sá de periodismo y el Morgado Mateus de poesía (Portugal, 1980), entre otros, y rechaza el Prêmio Brasília de Literatura (1975) de la Fundação Cultural do Distrito Federal, por "motivo de consciencia" y el trofeo "Juca Pato" (1983). Su 70º y 80º aniversarios son celebrados ampliamente por los periódicos, las agencias culturales y las universidades. En 1986 sufre un infarto y es internado. En el mes de agosto del año siguiente, su hija Maria Julieta muere de cáncer y doce días después el poeta fallece por problemas cardiacos. Carlos Drummond de Andrade ha sido traducido a más de 15 lenguas. Otros de sus libros de poesía son Viola de bolso (1952), Versiprosa (1967), A falta que ama & Boitempo (1968), Menino antigo (Boitempo II) (1973), As impurezas do branco (1973), A paixão medida (1980), Corpo (1984), Amar se aprende amando (1985) y, ya póstumos, O amor natural (1992) y Farewell (1996). De su obra en prosa destacan los volúmenes Confissões de Minas (1944), Passeios na ilha (1952 ), Fala, amendoeira (1957), A bolsa & a vida (1962), Cadeira de balanço (1966), Caminhos de João Brandão (1970), O poder ultrajovem (1972), Os dias lindos (1977), Contos plausíveis (1980), O observador no escritório (1985) y Tempo, vida, poesia (1986).

    Publicado en la antología de Regina Crespo y Rodolfo Mata, Ensayistas brasileños. Literatura, cultura y
    sociedad, Coordinación de Humanidades, UNAM, México, 2005, 587 pp. Colección Poemas y Ensayos.




    [Tienes que estar registrado y conectado para ver este vínculo]


    _________________



    [Tienes que estar registrado y conectado para ver esa imagen]


    "Ser como un verso volando
    o un ciego soñando
    y en ese vuelo y en ese sueño
    compartir contigo sol y luna,
    siendo guardián en tu cielo
    y tren de tus ilusiones."
    (Hánjel)





    [Tienes que estar registrado y conectado para ver esa imagen]
    Maria Lua
    Maria Lua
    Administrador-Moderador
    Administrador-Moderador


    Cantidad de envíos : 64878
    Fecha de inscripción : 12/04/2009
    Localización : Nova Friburgo / RJ / Brasil

    CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE - Página 27 Empty Re: CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE

    Mensaje por Maria Lua Miér 01 Nov 2023, 16:48

    UN BUEY VE A LOS HOMBRES



    Tan frágiles (más que un arbusto) y corren
    y corren de un lado para otro, siempre olvidándose
    de alguna cosa. Ciertamente les falta
    no se que atributo esencial, puesto que se presentan nobles
    y a veces graves. Ah espantosamente graves,
    hasta siniestros. Acongojados, diríase que no escuchan
    ni el canto del aire ni los secretos del heno,
    como también parecen no observar lo que es visible
    y común a cada uno de nosotros, en el espacio, Y quedan tristes
    y en el rastro de la tristeza llagan a la crueldad.
    Toda su expresión mora en los ojos y se pierde
    en un simple pestañear, una sombra.
    Nada en los pelos, en los extremos de inconcebible fragilidad,
    y como en ellos hay poca montaña,
    y que incapacidad para organizarse en formas calmas,
    permanentes y necesarias. Tienen tal vez,
    cierta gracia melancólica (un minuto) y con esto se hacen
    perdonar la agitación incómoda y el translúcido
    vacío interior que los torna tan pobres y carentes
    de emitir sonidos absurdos y agónicos: deseo, amor, celos
    (¿Qué sabemos nosotros?) sonidos que despedazan y caen en el campo
    como piedras afligidas y queman la hierba y el agua,
    es difícil después de esto, rumiar nuestras verdades.



    Traducción: Nidia Hernández


    _________________



    [Tienes que estar registrado y conectado para ver esa imagen]


    "Ser como un verso volando
    o un ciego soñando
    y en ese vuelo y en ese sueño
    compartir contigo sol y luna,
    siendo guardián en tu cielo
    y tren de tus ilusiones."
    (Hánjel)





    [Tienes que estar registrado y conectado para ver esa imagen]
    Maria Lua
    Maria Lua
    Administrador-Moderador
    Administrador-Moderador


    Cantidad de envíos : 64878
    Fecha de inscripción : 12/04/2009
    Localización : Nova Friburgo / RJ / Brasil

    CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE - Página 27 Empty Re: CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE

    Mensaje por Maria Lua Sáb 04 Nov 2023, 22:19

    Un hombre y su carnaval

    Dios me abandonó
    en medio de una orgía
    entre una bahiana y una egipcia.
    Estoy perdido,
    sin ojos, sin boca
    sin dimensiones.
    Las cintas, los colores, los ruidos
    pasan por mí de refilón.
    Pobre poesía.

    Bate el pandero,
    está dentro del pecho
    y nadie lo percibe.
    Estoy lívido, tartamudo.
    Novias eternas
    me sonríen
    mostrando los cuerpos,
    los dientes.
    Imposible perdonarlas
    olvidarlas, incluso.

    Dios me abandonó
    en el medio del río.
    Me estoy ahogando
    peces sulfúreos
    olas de éter
    curvas curvas curvas
    banderas de procesiones
    neumáticos silenciosos
    grandes abrazos largos espacios
    eternamente.





    _________________



    [Tienes que estar registrado y conectado para ver esa imagen]


    "Ser como un verso volando
    o un ciego soñando
    y en ese vuelo y en ese sueño
    compartir contigo sol y luna,
    siendo guardián en tu cielo
    y tren de tus ilusiones."
    (Hánjel)





    [Tienes que estar registrado y conectado para ver esa imagen]
    Maria Lua
    Maria Lua
    Administrador-Moderador
    Administrador-Moderador


    Cantidad de envíos : 64878
    Fecha de inscripción : 12/04/2009
    Localización : Nova Friburgo / RJ / Brasil

    CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE - Página 27 Empty Re: CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE

    Mensaje por Maria Lua Miér 08 Nov 2023, 19:26



    Lagoa



    Eu não vi o mar.
    Não sei se o mar é bonito,
    não sei se êle é bravo.
    O mar não me importa.

    Eu vi a lagoa.
    A lagoa, sim.
    A lagoa é grande
    e calma também.

    Na chuva de cores
    da tarde que explode
    a lagoa brilha
    a lagoa se pinta
    de todas as cores.
    Eu não vi o mar.
    Eu vi a lagoa. . .


    ******************


    Laguna

    Yo no vi el mar.
    No sé si el mar es lindo,
    no sé si es bravo.
    El mar no me importa.

    Yo vi la laguna.
    La laguna, sí.
    La laguna es grande
    y calma también.

    En la lluvia de colores
    de la tarde que estalla
    la laguna brilla
    la laguna se pinta
    de todos colores.
    Yo no vi el mar.
    Yo vi la laguna...



    ********************


    :


    _________________



    [Tienes que estar registrado y conectado para ver esa imagen]


    "Ser como un verso volando
    o un ciego soñando
    y en ese vuelo y en ese sueño
    compartir contigo sol y luna,
    siendo guardián en tu cielo
    y tren de tus ilusiones."
    (Hánjel)





    [Tienes que estar registrado y conectado para ver esa imagen]

    Contenido patrocinado


    CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE - Página 27 Empty Re: CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE

    Mensaje por Contenido patrocinado


      Fecha y hora actual: Miér 29 Nov 2023, 23:02