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    Mensaje por Maria Lua Mar 09 Mar 2021, 08:34

    Consideração do poema

    Não rimarei a palavra sono
    com a incorrespondente palavra outono.
    Rimarei com a palavra carne
    ou qualquer outra, que todas me convêm.
    As palavras não nascem amarradas,
    elas saltam, se beijam, se dissolvem,
    no céu livre por vezes um desenho,
    são puras, largas, autênticas, indevassáveis.

    Uma pedra no meio do caminho
    ou apenas um rastro, não importa.
    Estes poetas são meus. De todo o orgulho,
    de toda a precisão se incorporaram
    ao fatal meu lado esquerdo. Furto a Vinicius
    sua mais límpida elegia. Bebo em Murilo.
    Que Neruda me dê sua gravata
    chamejante. Me perco em Apollinaire. Adeus, Maiakovski.
    São todos meus irmãos, não são jornais
    nem deslizar de lancha entre camélias:
    é toda a minha vida que joguei.

    Estes poemas são meus. É minha terra
    e é ainda mais do que ela. É qualquer homem
    ao meio-dia em qualquer praça. É a lanterna
    em qualquer estalagem, se ainda as há.
    — Há mortos? há mercados? há doenças?
    É tudo meu. Ser explosivo, sem fronteiras,
    por que falsa mesquinhez me rasgaria?
    Que se depositem os beijos na face branca, nas principiantes rugas.
    O beijo ainda é um sinal, perdido embora,
    da ausência de comércio,
    boiando em tempos sujos.

    Poeta do finito e da matéria,
    cantor sem piedade, sim, sem frágeis lágrimas,
    boca tão seca, mas ardor tão casto.
    Dar tudo pela presença dos longínquos,
    sentir que há ecos, poucos, mas cristal,
    não rocha apenas, peixes circulando
    sob o navio que leva esta mensagem,
    e aves de bico longo conferindo
    sua derrota, e dois ou três faróis,
    últimos! esperança do mar negro.
    Essa viagem é mortal, e começá-la.
    Saber que há tudo. E mover-se em meio
    a milhões e milhões de formas raras,
    secretas, duras. Eis aí meu canto.

    Ele é tão baixo que sequer o escuta
    ouvido rente ao chão. Mas é tão alto
    que as pedras o absorvem. Está na mesa
    aberta em livros, cartas e remédios.
    Na parede infiltrou-se. O bonde, a rua,
    o uniforme de colégio se transformam,
    são ondas de carinho te envolvendo.

    Como fugir ao mínimo objeto
    ou recusar-se ao grande? Os temas passam,
    eu sei que passarão, mas tu resistes,
    e cresces como fogo, como casa,
    como orvalho entre dedos,
    na grama, que repousam.
    Já agora te sigo a toda parte,
    e te desejo e te perco, estou completo,
    me destino, me faço tão sublime,
    tão natural e cheio de segredos,
    tão firme, tão fiel… Tal uma lâmina,
    o povo, meu poema, te atravessa



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    o un ciego soñando
    y en ese vuelo y en ese sueño
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    siendo guardián en tu cielo
    y tren de tus ilusiones."
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    Mensaje por Maria Lua Mar 09 Mar 2021, 08:37

    AUSÊNCIA

    Por muito tempo achei que a ausência é falta.
    E lastimava, ignorante, a falta.
    Hoje não a lastimo.
    Não há falta na ausência.
    A ausência é um estar em mim.
    E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços,
    que rio e danço e invento exclamações alegres,
    porque a ausência, essa ausência assimilada,
    ninguém a rouba mais de mim.


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    Mensaje por Maria Lua Mar 09 Mar 2021, 10:10

    Quiero



    Quiero que todos los días del año

    todos los días de la vida

    cada media hora

    cada cinco minutos

    me digas: Te amo.



    Oyéndote decir: Te amo,

    creo, en el momento, que soy amado.

    En el momento anterior

    y en el siguiente,

    ¿cómo saberlo?



    Quiero que me repitas hasta el hartazgo

    que me amas que me amas que me amas.

    De lo contrario, se evapora el acto de amar

    pues al no decir: Te amo,

    desmientes

    apagas

    tu amor por mí.



    Exijo de ti el constante comunicado.

    No exijo sino esto,

    esto siempre, esto cada vez más.

    Quiero ser amado por y en tu palabra

    no sé otra manera que no sea ésta

    de reconocer el acto amoroso,

    la perfecta manera de saberse amado:

    amor en la raíz de la palabra

    y en su emisión,

    amor

    saltando de la lengua nacional,

    amor

    hecho sonido

    vibración espacial.



    En el momento en el que no me dices:

    Te amo,

    inexorablemente sé

    que dejaste de amarme,

    que nunca antes me amaste.



    Si no me dices urgente y repetidamente

    Te amoamoamoamoamo,

    verdad fulminante que acabas de desentrañar,

    me precipito en el caos,

    esa colección de objetos sin amor.







    Quero



    Quero que todos os dias do ano

    todos os dias da vida

    de meia em meia hora

    de 5 em 5 minutos

    me digas: Eu te amo.



    Ouvindo-te dizer: Eu te amo,

    creio, no momento, que sou amado.

    No momento anterior

    e no seguinte,

    como sabê-lo?



    Quero que me repitas até a exaustão

    que me amas que me amas que me amas.

    Do contrário evapora-se a amação

    pois ao não dizer: Eu te amo,

    desmentes

    apagas

    teu amor por mim.



    Exijo de ti o perene comunicado.

    Não exijo senão isto,

    isto sempre, isto cada vez mais.

    Quero ser amado por e em tua palavra

    nem sei de outra maneira a não ser esta

    de reconhecer o dom amoroso,

    a perfeita maneira de saber-se amado:

    amor na raiz da palavra

    e na sua emissão,

    amor

    saltando da língua nacional,

    amor

    feito som

    vibração espacial.



    No momento em que não me dizes:

    Eu te amo,

    inexoravelmente sei

    que deixaste de amar-me,

    que nunca me amastes antes.



    Se não me disseres urgente repetido

    Eu te amoamoamoamoamo,

    verdade fulminante que acabas de desentranhar,

    eu me precipito no caos,

    essa coleção de objetos de não-amor.





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    Mensaje por Maria Lua Miér 10 Mar 2021, 08:40



    Missão do Corpo - Carlos Drummond de Andrade


    Claro que o corpo não é feito só para sofrer,
    mas para sofrer e gozar.
    Na inocência do sofrimento
    como na inocência do gozo,
    o corpo se realiza, vulnerável
    e solene.

    Salve, meu corpo, minha estrutura de viver
    e de cumprir os ritos do existir!
    Amo tuas imperfeições e maravilhas,
    amo-as com gratidão, pena e raiva intercadentes.
    Em ti me sinto dividido, campo de batalha
    sem vitória para nenhum lado
    e sofro e sou feliz
    na medida do que acaso me ofereças.

    Será mesmo acaso,
    será lei divina ou dragonária
    que me parte e reparte em pedacinhos?
    Meu corpo, minha dor,
    Meu prazer e transcendência,
    És afinal meu ser inteiro e único.







    ******************






    Misión del cuerpo

    Claro que el cuerpo no está hecho solo para sufrir,
    sino para sufrir y gozar.
    En la inocencia del sufrimiento
    como en la inocencia del gozo,
    el cuerpo se realiza, vulnerable
    y solemne.

    ¡Salve, mi cuerpo, mi estructura de vivir
    y de cumplir los ritos de la existencia!
    Amo tus imperfecciones y maravillas,
    las amo con gratitud, con pena y rabia alternadas.
    En vos me siento dividido, campo de batalla
    sin victoria para ningún bando
    y sufro y soy feliz
    en la medida de lo que acaso me ofrezcas.

    ¿Será ese mismo acaso,
    será la ley de dios o del dragón
    lo que me parte y reparte en pedacitos?
    Mi cuerpo, mi dolor,
    Mi placer y trascendencia.
    Es al final mi ser entero y único.



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    Mensaje por Maria Lua Miér 10 Mar 2021, 09:25

    O tempo passa? Não passa


    O tempo passa? Não passa
    no abismo do coração.
    Lá dentro, perdura a graça
    do amor, florindo em canção.


    O tempo nos aproxima
    cada vez mais, nos reduz
    a um só verso e uma rima
    de mãos e olhos, na luz.


    Não há tempo consumido
    nem tempo a economizar.
    O tempo é todo vestido
    de amor e tempo de amar.


    O meu tempo e o teu, amada,
    transcendem qualquer medida.
    Além do amor, não há nada,
    amar é o sumo da vida.


    São mitos de calendário
    tanto o ontem como o agora,
    e o teu aniversário
    é um nascer toda a hora.


    E nosso amor, que brotou
    do tempo, não tem idade,
    pois só quem ama
    escutou o apelo da eternidade.


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    Mensaje por Maria Lua Jue 11 Mar 2021, 06:45




    Letanía de la huerta

    Huerta de los repollos, huerta del jiló
    huerta de la lectura, huerta del pecado,
    huerta de la evasión, huerta del remordimiento,
    huerta del escaramujo y del sapo y del pedazo
    de cuenco de color guardado por el recuerdo,
    huerta de acostarme en el suelo a poseer la tierra,
    y de poseer el cielo, cuando la tierra me cansa.


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    Mensaje por Maria Lua Vie 12 Mar 2021, 06:51



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    Mensaje por Maria Lua Vie 12 Mar 2021, 06:56

    ¿Un verso para salvarte
    del olvido sobre la tierra?
    Si es en mí que estás olvidada,
    el verso recordaría apenas
    esta fuerza de olvido,
    mientras la vida, sin memoria,
    vaga atmósfera, se condensa
    en la pequeña caja donde vives
    como los muertos saben vivir.


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    Mensaje por Maria Lua Vie 12 Mar 2021, 06:57

    Vamos, no llores…



    Vamos, no llores…
    La infancia se ha perdido.
    La juventud se ha perdido.
    Pero la vida aún no se ha perdido.


    El primer amor ya pasó.
    El segundo también pasó.
    El tercer amor pasó.
    Pero aún continúa vivo el corazón.


    Perdiste a tu mejor amigo.
    No realizaste ningún viaje.
    No posees tierra, ni casa, ni barco,
    pero tienes un perro.


    Algunas duras palabras
    en voz tenue, te golpearon.
    Esas, nunca, nunca cicatrizan.
    Sin embargo, ¿existe el humor?


    _________________



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    Mensaje por Maria Lua Vie 12 Mar 2021, 06:58

    PANDILLA

    Joâo amaba a Teresa que amaba a Raimundo
    que amaba a Maria que amaba a Joaquim que amaba a Lili
    que no amaba a nadie.
    Joâo se fue a Estados Unidos, Teresa al convento,
    Raimundo murió en un accidente, Maria se quedó soltera,
    Joaquim se suicidó y Lili se casó con J. Pinto Fernandes
    que no tenía nada que ver con esta historia.




    QUADRILHA

    João amava Teresa que amava Raimundo
    que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili
    que não amava ninguém.
    João foi para os Estados Unidos, Teresa para o convento,
    Raimundo morreu de desastre, Maria ficou para tia.
    Joaquim se suicidou e Lili casou com J. Pinto Fernandes
    que não tinha entrado na história.


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    Mensaje por Maria Lua Vie 12 Mar 2021, 06:59

    RECORDATORIO

    Si busca bien usted acaba encontrando.
    No la explicación (dudosa) de la vida,
    Sino la poesía (inexplicable) de la vida.




    RECORDATORIO

    Se procurar bem você acaba encontrando.
    Não a explicação (duvidosa) da vida,
    Mas a poesia (inexplicável) da vida.


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    Mensaje por Maria Lua Sáb 13 Mar 2021, 05:23

    CONVITE AO SUICÍDIO

    A MÁRIO DE ANDRADE



    Vamos dar o tiro no ouvido, Vamos ?

    Largar essa vida largar esse mundo comprar o ultimo bilhete

    e desembarcar na estação central do Infinito pe­rante a commissão importante de archan-jos bem-aventurados prophetas—vivôôôô !

    Vamos acabar com isso, dar o fóra nas aporrinhações. Adeus contrariedades. Nunca mais desastres nem callos nem desejos

    nem percevejos nem nada.

    Só um gesto PUM PUM Acabou-se.

    Já estou cansado da Metro, da Paramount, de todas as marcas inclusive a barbante. O fita pau.

    Repetir é casar dobrado. Me dá o braço, vamos s'embora.

    A vida foi feita pros trouxas

    que esperdiçam as riquezas do coração

    nessa lenga lenga infindável

    e depois vão dormir o somno abençoado dos burros

    justos pra recomeçar no dia seguinte cedinho.

    Vida que não é vida...

    (Suspirei

    foi pra abrir o peito, soltar o ultimo desgosto.)

    Estou prompto pra sahir. Vamos sahir juntos ? E' mais divertido

    e enche mais os jornaes: um suicídio duplo, hein ?

    que mina pros repórteres e pros cidadãos que gostam de misturar o café matinal com historias de Smith and Wess.



    A noite está fria.

    Noite indifferente.

    Vamos morrer daqui a um minuto

    (si você não roer a corda)

    e no entanto o Cruzeiro do Sul parece
    dizer: que m'importa,

    E astros aguas e terras repetem
    machinalmente: que m'importa.



    Elles têm razão.

    Nós também temos.

    Dois contribuintes de menos,

    que perderá o Brasil com isso.

    No frio da noite os amorosos multiplicam a espécie.

    O Brasil é tão grande.

    Mais grande que o mundo inteiro.

    Estamos caceteados, vamos s'embora



    Adeus minha terra
    terra bonita
    pintada de verde

    com bichos exquesitos e moleques
    treteiros,

    abençoada pelo Deus brasileiro das
    felicidades e descarrilamentos. Meu povo
    amigos inimigos
    canalha miúda

    me despéço de todos sem excepção.

    Apezar de ser inútil,

    se lembrem de mim nas suas orações.



    Está na hora.
    Agora vamos.

    Me acompanhe nesse passo
    tão complicado.
    Me ajude a morrer,
    morre com a gente, irmãosinho.



    Vamos fazer a grande besteira: rebentar os miolos

    e ir receber no céo o castigo de nossos
    amores
    e o premio de nossas
    devassidões.



    Carlos Drummond de Andrade



    (poema publicado originalmente na edição da revista
    VERDE, Número 4, Anno 1, Dezembro 1927, Cataguases, MG)


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    Mensaje por Maria Lua Sáb 13 Mar 2021, 05:23

    Relógio



    – Vô,
    engoli um relógio sem sentir,.
    Minha barriga tá fazendo um tique-taque
    que é um horror.


    — Deixa de besteira, vai dormir.


    — É, sim, vô. Encosta o ouvido nela.
    Encosta, por favor.



    Atendo, e o canalha solta um traque,
    e um segundo traque-traque



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    Mensaje por Maria Lua Sáb 13 Mar 2021, 05:25

    SAGRAÇÃO

    Rocinante
    pasta a erva do sossego.

    A Mancha inteira é calma.
    A chama oculta arde
    nesta fremente Espanha interior.

    De giolhos e olhos visionários
    me sagro cavaleiro
    andante, amante
    de amor cortês a minha dama,
    cristal de perfeição entre perfeitas.

    Daqui por diante
    é girar, girovagar, a combater
    o erro, o falso, o mal de mil semblantes
    e recolher, no peito em sangue,
    a palma esquiva e rara
    que há de cingir-me a fronte
    por mão de Amor-amante.

    A fama, no capim
    que Rocinante pasta,
    se guarda para mim, em tudo a sinto,
    sede que bebo, vento que me arrasta.



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    Mensaje por Maria Lua Sáb 13 Mar 2021, 05:26

    O MACACO BEM INFORMADO

    Indaga a este macaco teu passado
    e ele dirá o certo e o imaginado.

    O que te aconteceu na estranha lura
    jamais vista de humana criatura

    foi delírio ou concreta realidade,
    visão inteira ou só pela metade?

    Como aferir, em cada ser, a parte
    que tem raiz numa insondável arte

    (de Deus ou do Tinhoso) que transforma
    o banal em sublime, o sonho em norma?

    Tudo isto e muito mais, por um pataco
    saberás, consultando este macaco.


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    Mensaje por Maria Lua Sáb 13 Mar 2021, 05:27

    POEMA DE SETE FACES



    Quando nasci, um anjo torto

    desses que vivem na sombra

    disse: Vai, Carlos! ser gauche na vida.



    As casas espiam os homens

    que correm atrás de mulheres.

    A tarde talvez fosse azul,

    não houvesse tantos desejos.



    O bonde passa cheio de pernas:

    pernas brancas pretas amarelas.

    Para que tanta perna, meu Deus, pergunta meu coração.

    Porém meus olhos

    não perguntam nada.



    O homem atrás do bigode

    é sério, simples e forte.

    Quase não conversa.

    Tem poucos, raros amigos

    o homem atrás dos óculos e do bigode.



    Meu Deus, por que me abandonaste

    se sabias que eu não era Deus,

    se sabias que eu era fraco.



    Mundo mundo vasto mundo

    se eu me chamasse Raimundo

    seria uma rima, não seria uma solução.

    Mundo mundo vasto mundo,

    mais vasto é meu coração.



    Eu não devia te dizer

    mas essa lua

    mas esse conhaque

    botam a gente comovido como o diabo.



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    Mensaje por Maria Lua Dom 14 Mar 2021, 04:12

    Registro civil

    Ella juntaba margaritas
    cuando pasé. Las margaritas eran
    los corazones de sus enamorados,
    que después se transformaban en ostras
    que engullía en grupos de diez.

    Los teléfonos gritaban Dulce,
    Rosa, Leonora, Carmen, Beatriz.
    Pero Dulce había muerto
    y las demás se bañaban en Ostende
    bajo un sol neutro.

    Las ciudades perdían los nombres
    que un funcionario con un pájaro al hombro
    iba guardando en un libro de versos.
    En la última de ellas, Sodoma,
    quedaba encendida una luz
    que un ángel sopló.
    Y en la tierra
    yo solamente oía el rumor
    blando de las ostras que se deslizaban
    por la garganta implacable.






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    Mensaje por Maria Lua Miér 24 Mar 2021, 10:03

    ROLA MUNDO

    Vi moças gritando
    numa tempestade.
    O que elas diziam
    o vento largava,
    logo devolvia.
    Pávido escutava,
    não compreendia.
    Talvez avisassem:
    mocidade é morta.
    Mas a chuva, mas o choro,
    mas a cascata caindo,
    tudo me atormentava
    sob a escureza do dia,
    e vendo,
    eu pobre de mim não via.
    Vi moças dançando
    num baile de ar.
    Vi os corpos brandos
    tornarem-se violentos
    e o vento os tangia.
    Eu corria ao vento,
    era só umidade,
    era só passagem
    e gosto de sal.
    A brisa na boca
    me entristecia
    como poucos idílios
    jamais o lograram;
    e passando,
    por dentro me desfazia.
    Vi o sapo saltando
    uma altura de morro;
    consigo levava
    o que mais me valia.
    Era algo hediondo
    e meigo: veludo,
    na mole algidez
    parecia roubar
    para devolver-me
    já tarde e corrupta,
    de tão babujada,
    uma velha medalha
    em que dorme teu eco.
    Vi outros enigmas
    à feição de flores
    abertas no vácuo.
    Vi saias errantes
    demandando corpos
    que em gás se perdiam,
    e assim desprovidas
    mais esvoaçavam,
    tornando-se roxo,
    azul de longa espera,
    negro de mar negro.
    Ainda se dispersam.
    Em calma, longo tempo,
    nenhum tempo, não me lembra.
    Vi o coração de moca
    esquecido numa jaula.
    Excremento de leão,
    apenas. E o circo distante.
    Vi os tempos defendidos.
    Eram de ontem e de sempre,
    e em cada pais havia
    um muro de pedra e espanto,
    e nesse muro pousada
    um pomba cega.
    Como pois interpretar
    o que os heróis não contam?
    Como vencer o oceano
    se é livre a navegação
    mas proibido fazer barcos?
    Fazer muros, fazer versos,
    cunhar moedas de chuva,
    inspecionar os faróis
    para evitar que se acendam,
    e devolver os cadáveres
    ao mar, se acaso protestam,
    eu vi; já não quero ver.
    E vi minha vida toda
    contrair-se num inseto.
    Seu complicado instrumento
    de vôo e de hibernação,
    sua cólera zumbidora,
    seu frágil bater de élitros,
    seu brilho de pôr de tarde
    e suas imundas patas...
    Joguei tudo no bueiro.
    Fragmentos de borracha
    e
    cheiro de rolha queimada:
    eis quanto me liga ao mundo.
    Outras riquezas ocultas,
    adeus, se despedaçaram.
    Depois de tantas visões
    já não vale concluir
    se o melhor é deitar fora
    a um tempo os olhos e os óculos.
    E se a vontade de ver
    também cabe ser extinta,
    se as visões, interceptadas,
    e tudo mais abolido.
    Pois deixa o mundo existir!
    Irredutível ao canto,
    superior à poesia,
    rola, mundo, rola, mundo,
    rola o drama, rola o corpo,
    rola o milhão de palavras
    na extrema velocidade,
    rola-me, rola meu peito,
    rola os deuses, os países,
    desintegra-te, explode, acaba!


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    Mensaje por Maria Lua Dom 28 Mar 2021, 11:43

    A bomba


    A bomba
    é uma flor de pânico apavorando os floricultores
    A bomba
    é o produto quintessente de um laboratório falido
    A bomba
    é estúpida é ferotriste é cheia de rocamboles
    A bomba
    é grotesca de tão metuenda e coça a perna
    A bomba
    dorme no domingo até que os morcegos esvoacem
    A bomba
    não tem preço não tem lugar não tem domicílio
    A bomba
    amanhã promete ser melhorzinha mas esquece
    A bomba
    não está no fundo do cofre, está principalmente onde não está
    A bomba
    mente e sorri sem dente
    A bomba
    vai a todas as conferências e senta-se de todos os lados
    A bomba
    é redonda que nem mesa redonda, e quadrada
    A bomba
    tem horas que sente falta de outra para cruzar
    A bomba
    multiplica-se em ações ao portador e portadores sem ação
    A bomba
    chora nas noites de chuva, enrodilha-se nas chaminés
    A bomba
    faz week-end na Semana Santa
    A bomba
    tem 50 megatons de algidez por 85 de ignomínia
    A bomba
    industrializou as térmites convertendo-as em balísticos
    interplanetários
    A bomba
    sofre de hérnia estranguladora, de amnésia, de mononucleose,
    de verborréia
    A bomba
    não é séria, é conspicuamente tediosa
    A bomba
    envenena as crianças antes que comece a nascer
    A bomba
    continua a envenená-las no curso da vida
    A bomba
    respeita os poderes espirituais, os temporais e os tais
    A bomba
    pula de um lado para outro gritando: eu sou a bomba
    A bomba
    é um cisco no olho da vida, e não sai
    A bomba
    é uma inflamação no ventre da primavera
    A bomba
    tem a seu serviço música estereofônica e mil valetes de ouro,
    cobalto e ferro além da comparsaria
    A bomba
    tem supermercado circo biblioteca esquadrilha de mísseis, etc.
    A bomba
    não admite que ninguém acorde sem motivo grave
    A bomba
    quer é manter acordados nervosos e sãos, atletas e paralíticos
    A bomba
    mata só de pensarem que vem aí para matar
    A bomba
    dobra todas as línguas à sua turva sintaxe
    A bomba
    saboreia a morte com marshmallow
    A bomba
    arrota impostura e prosopéia política
    A bomba
    cria leopardos no quintal, eventualmente no living
    A bomba
    é podre
    A bomba
    gostaria de ter remorso para justificar-se mas isso lhe é vedado
    A bomba
    pediu ao Diabo que a batizasse e a Deus que lhe validasse o batismo
    A bomba
    declare-se balança de justiça arca de amor arcanjo de fraternidade
    A bomba
    tem um clube fechadíssimo
    A bomba
    pondera com olho neocrítico o Prêmio Nobel
    A bomba
    é russamenricanenglish mas agradam-lhe eflúvios de Paris
    A bomba
    oferece de bandeja de urânio puro, a título de bonificação, átomos
    de paz
    A bomba
    não terá trabalho com as artes visuais, concretas ou tachistas
    A bomba
    desenha sinais de trânsito ultreletrônicos para proteger
    velhos e criancinhas
    A bomba
    não admite que ninguém se dê ao luxo de morrer de câncer
    A bomba
    é câncer
    A bomba
    vai à Lua, assovia e volta
    A bomba
    reduz neutros e neutrinos, e abana-se com o leque da reação
    em cadeia
    A bomba
    está abusando da glória de ser bomba
    A bomba
    não sabe quando, onde e porque vai explodir, mas preliba
    o instante inefável
    A bomba
    fede
    A bomba
    é vigiada por sentinelas pávidas em torreões de cartolina
    A bomba
    com ser uma besta confusa dá tempo ao homem para que se salve
    A bomba
    não destruirá a vida
    O homem
    (tenho esperança) liquidará a bomba.


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    Mensaje por Maria Lua Lun 05 Abr 2021, 09:08

    Ai de mim! que mal sonhava.
    Sonhei que os entes cativos
    dessa livre disciplina
    plenamente floresciam
    permutando no universo
    uma dileta substância
    e um desejo apaziguado
    de ser um ser com milhares,
    pois o centro era eu de tudo
    como era cada um dos raios
    desfechados para longe,
    alcançando além da terra
    ignota região lunar,
    na perturbadora rota
    que antigos não palmilharam
    mas ficou traçada em branco
    nos mais velhos portulanos
    e no pó dos marinheiros
    afogados em mar alto.


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    Mensaje por Maria Lua Mar 13 Abr 2021, 14:53

    A CARLITO




    Velho Chaplin:
    as crianças do mundo te saúdam.
    Não adiantou te esconderes na casa de areia dos setenta anos,
    refletida no lago suíço.
    Nem trocares tua roupa e sapatos heroicos
    pela comum indumentária mundial.
    Um guri te descobre e diz: Carlito
    C A R L I T O - ressoa o coro em primavera.

    Homens apressados estacam. E readquirem-se.
    Estavas enrolado neles como bola de gude de quinze cores,
    concentração do lúdico infinito.
    Pulas intato da algibeira.
    Uma guerra e outra guerra não bastaram
    para secar em nós a eterna linfa
    em que, peixe, modulas teu bailado.

    O filme de 16 milímetros entra em casa
    por um dia alugado
    e com ele a graça de existir
    mesmo entre os equívocos, o medo, a solitude mais solita.
    Agora é confidencial o teu ensino,
    pessoa por pessoa,
    ternura por ternura,
    e desligado de ti e da rede internacional de cinemas,
    o mito cresce.

    O mito cresce, Chaplin, a nossos olhos
    feridos do pesadelo cotidiano.
    O mundo vai acabar pela mão dos homens?
    A vida renega a vida?
    Não restará ninguém para pregar
    o último rabo de papel na túnica do rei?
    Ninguém para recordar
    que houve pelas estradas um errante poeta desengonçado,
    a todos resumindo em seu despojamento?

    Perguntas suspensas no céu cortado
    de pressentimentos e foguetes
    cedem à maior pergunta
    que o homem dirige às estrelas.
    Velho Chaplin, a vida está apenas alvorecendo
    e as crianças do mundo te saúdam.


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    y en ese vuelo y en ese sueño
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    siendo guardián en tu cielo
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    Mensaje por Maria Lua Lun 19 Abr 2021, 07:15

    Poema que aconteceu


    Nenhum desejo neste domingo
    nenhum problema nesta vida
    o mundo parou de repente
    os homens ficaram calados
    domingo sem fim nem começo.


    A mão que escreve este poema
    não sabe o que está escrevendo
    mas é possível que se soubesse
    nem ligasse.


    _________________



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    Mensaje por Maria Lua Sáb 24 Abr 2021, 07:57

    Amar

    Que pode uma criatura senão,
    entre criaturas, amar?
    amar e esquecer,
    amar e malamar,
    amar, desamar, amar?
    sempre, e até de olhos vidrados, amar?

    Que pode, pergunto, o ser amoroso,
    sozinho, em rotação universal, senão
    rodar também, e amar?
    amar o que o mar traz à praia,
    o que ele sepulta, e o que, na brisa marinha,
    é sal, ou precisão de amor, ou simples ânsia?

    Amar solenemente as palmas do deserto,
    o que é entrega ou adoração expectante,
    e amar o inóspito, o áspero,
    um vaso sem flor, um chão de ferro,
    e o peito inerte, e a rua vista em sonho, e uma ave de rapina.

    Este o nosso destino: amor sem conta,
    distribuído pelas coisas pérfidas ou nulas,
    doação ilimitada a uma completa ingratidão,
    e na concha vazia do amor a procura medrosa,
    paciente, de mais e mais amor.

    Amar a nossa falta mesma de amor, e na secura nossa
    amar a água implícita, e o beijo tácito, e a sede infinita.


    ***************************


    Amar

    ¿Qué puede una criatura sino,
    entre las criaturas, amar?
    amar y olvidar,
    amar y malamar,
    amar, desamar, amar?
    siempre, y hasta con ojos vidriados, amar?

    ¿Qué puede, pregunto, el ser amoroso
    solo, en rotación universal, sino
    rodar también, y amar?
    amar lo que el mar trae a la playa,
    lo que él sepulta, y lo que, en la brisa marina,
    es sal, o precisión de amor, o simples ansias?

    Amar solemnemente las palmas del desierto,
    lo que es entrega o adoración expectante,
    y amar lo inhóspito, lo áspero,
    un vaso sin flor, una planta de hierro,
    y el pecho inerte, y la calle vista en un sueño, y un ave de rapiña.

    Este es nuestro destino: amor sin cuenta,
    distribuido por las cosas pérfidas o nulas,
    donación ilimitada a una completa ingratitud,
    y en la concha vacía del amor la espera tímida,
    paciente, de más y más amor.

    Amar nuestra falta misma de amor, y en nuestra sequedad
    amar el agua implícita, y el beso tácito, y la sed infinita.


    _________________



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    Mensaje por Maria Lua Lun 26 Abr 2021, 10:07

    Silencioso cubo de treva:
    um salto, e seria a morte.
    Mas é apenas, sob o vento,
    a integração na noite.

    Nenhum pensamento de infância,
    nem saudade nem vão propósito.
    Somente a contemplação
    de um mundo enorme e parado.

    A soma da vida é nula.
    Mas a vida tem tal poder:
    na escuridão absoluta,
    como líquido, circula.

    Suicídio, riqueza, ciência…
    A alma severa se interroga
    e logo se cala. E não sabe
    se é noite, mar ou distância.

    Triste farol da Ilha Rasa.


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    Mensaje por Maria Lua Vie 30 Abr 2021, 09:21

    Estes poemas são meus. É minha terra
    e é ainda mais do que ela. É qualquer homem
    ao meio-dia em qualquer praça. É a lanterna
    em qualquer estalagem, se ainda as há.
    — Há mortos? há mercados? há doenças?
    É tudo meu. Ser explosivo, sem fronteiras,
    por que falsa mesquinhez me rasgaria?
    Que se depositem os beijos na face branca, nas principiantes
    [rugas.


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    Mensaje por Maria Lua Lun 03 Mayo 2021, 20:17

    TRISTEZA DOIMPÉRIO

    Os conselheiros angustiados
    ante o colo ebúrneo
    das donzelas opulentas
    que ao piano abemolavam
    “bus-co a cam-pi-na se-re-na
    pa-ra li-vre sus-pi-rar”
    esqueciam a guerra do Paraguai,
    o enfado bolorento de São Cristóvão,
    a dor cada vez mais forte dos negros
    e sorvendo mecânicos
    uma pitada de rapé
    sonhavam a futura libertação dos instintos
    e ninhos de amor a serem instalados nos arranha-céus
    [de Copacabana, com rádio e telefone automático.


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    Mensaje por Maria Lua Lun 10 Mayo 2021, 09:15

    Como fugir ao mínimo objeto
    ou recusar-se ao grande? Os temas passam,
    eu sei que passarão, mas tu resistes,
    e cresces como fogo, como casa,
    como orvalho entre dedos,
    na grama, que repousam.

    Já agora te sigo a toda parte,
    e te desejo e te perco, estou completo,
    me destino, me faço tão sublime,
    tão natural e cheio de segredos,
    tão firme, tão fiel... Tal uma lâmina,
    o povo, meu poema, te atravessa.


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    Mensaje por Maria Lua Vie 09 Jul 2021, 07:03

    MEMÓRIA

    Amar o perdido
    deixa confundido
    este coração.

    Nada pode o olvido
    contra o sem sentido
    apelo do Não.

    As coisas tangíveis
    tornam-se insensíveis
    à palma da mão

    Mas as coisas findas
    muito mais que lindas,
    essas ficarão.


    *********************



    MEMORIA

    Amar lo perdido
    deja confundido
    este corazón.

    Nada puede el olvido
    Contra el sin sentido
    llamado del No.

    Las cosas tangibles
    Se tornan insensibles
    A la palma de la mano

    Pero las cosas idas
    Mucho más que lindas
    Esas quedarán


    _________________



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    Mensaje por Maria Lua Lun 04 Oct 2021, 07:56

    Penetra sordamente en el reino de las palabras.
    Allá están los poemas que esperan ser escritos.
    Están paralizados, pero no hay desesperación,
    hay calma y frescura en la superficie intacta.
    Helos ahí solos y mudos, en estado de diccionario.
    Convive con tus poemas antes de escribirlos.
    Ten paciencia, si oscuros. Calma, si te provocan.
    Espera que cada uno se realice y consume
    con su poder de palabra
    y su poder de silencio.
    No fuerces el poema a desprenderse del limbo.
    No recojas del suelo el poema que se perdió.
    No adules el poema. Acéptalo como él aceptará su forma definitiva y concentrada en el espacio.
    Acércate, contempla las palabras.
    Cada una
    tiene mil fases secretas bajo el rostro neutro
    y te pregunta, sin interés en la respuesta,
    pobre o terrible, que le das:
    ¿Trajiste la llave?


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    Mensaje por Maria Lua Jue 07 Oct 2021, 23:14

    Este verso, apenas um arabesco
    em torno do elemento essencial - inatingível.
    Fogem nuvens de verão, passam ares, navios, ondas,
    e teu rosto é quase um espelho onde brinca o incerto movimento,
    ai! já brincou, e tudo se fez imóvel, quantidades e quantidades
    de sono se depositam sobre a terra esfacelada.

    Não mais o desejo de explicar, e múltiplas palavras em feixe
    subindo, e o espírito que escolhe, o olho que visita, a música
    feita de depurações e depurações, a delicada modelagem
    de um cristal de mil suspiros límpidos e frígidos: não mais
    que um arabesco, apenas um arabesco
    abraça as coisas, sem reduzi-las.


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