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    Mensaje por Maria Lua Jue 13 Jun 2024, 20:53

    Encomenda



    Desejo uma fotografia
    como esta — o senhor vê? — como esta:
    em que para sempre me ria
    como um vestido de eterna festa.

    Como tenho a testa sombria,
    derrame luz na minha testa.
    Deixe esta ruga, que me empresta
    um certo ar de sabedoria.

    Não meta fundos de floresta
    nem de arbitrária fantasia...
    Não... Neste espaço que ainda resta,
    ponha uma cadeira vazia.


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    Mensaje por Pascual Lopez Sanchez Vie 14 Jun 2024, 01:03

    Una poeta universal... ni brasileña; ni portuguesa, ni gallega...¡UNIVERSAL! ( Afortunadamente)

    MOTIVO

    Yo canto porque existe el instante
    y mi vida está completa.
    No soy alegre ni soy triste:
    soy poeta.

    Hermano de las cosas huidizas,
    no siento gozo ni tormento.
    Atravieso noches y días
    en el viento.

    Si desmorono o si edifico,
    si permanezco o deshago,
    -no sé, no sé. No sé si quedo
    o paso.

    Sé que canto. Y la canción es todo.
    Tiene sangre eterna el ala rimada.
    Y un día sé que estaré mudo:
    -Nada más.


    _________________
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    Mensaje por Maria Lua Vie 14 Jun 2024, 19:10

    CANÇÃO


    NO DESEQUILÍBRIO dos mares,
    as proas giraram sòzinhas...
    Numa das naves que afundaram
    é que tu certamente vinhas.

    Eu te esperei todos os séculos,
    sem desespêro e sem desgôsto,
    e morri de infinitas mortes
    guardando sempre o mesmo rosto.

    Quando as ondas te carregaram,
    meus olhos, entre águas e areias,
    cegaram como os das estátuas,
    a tudo quanto existe alheias.

    Minhas mãos pararam sôbre o ar
    e endureceram junto ao vento,
    e perderam a côr que tinham
    e a lembrança do movimento.

    E o sorriso que eu te levava
    desprendeu-se e caíu de mim:
    e só talvez êle ainda viva
    dentro dessas águas sem fim.




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    Mensaje por Maria Lua Sáb 15 Jun 2024, 17:29

    NOITE

    HUMIDO gosto de terra,
    cheiro de pedra lavada
    — tempo inseguro do tempo! —
    sombra do flanco da serra,
    nua e fria, sem mais nada.

    Brilho de areias pisadas,
    sabor de folhas mordidas,
    — lábio da voz sem ventura! —
    suspiro das madrugadas
    sem coisas acontecidas.

    A noite abria a frescura
    dos campos todos molhados,
    — sozinha, com o seu perfume! —
    preparando a flor mais pura
    com ares de todos os lados.

    Bem que a vida estava quieta.
    Mas passava o pensamento...
    — de onde vinha aquela música?
    E era uma nuvem repleta,
    entre as estrelas e o vento.


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    Mensaje por Maria Lua Mar 18 Jun 2024, 10:11

    FADIGA

    ESTOU tão cansada, tão cansada,
    estou tão cansada! Que fiz eu?
    Estive embalando, noite e dia,
    um coração que não dormia
    desde que o seu amor morreu.

    Eu lhe dizia: «Deixa a morte
    levar teu amor! Não faz mal.
    É mais belo êsse heroísmo triste
    de amar uma coisa que existe
    só para morrer, afinal...»

    «Deixa a morte... Não chores... dorme!»
    Noite e dia eu cantava assim.
    Mas o coração não falava:
    chorava baixinho, chorava,
    mesmo como dentro de mim.

    Era um coração de incertezas,
    feito para não ser feliz;
    querendo sempre mais que a vida —
    — sem termo, limite, medida,
    com poucas vezes se quis.

    O tempo era ríspido e amargo.
    Vinha um negro vento do mar.
    Tudo gritava, noite e dia,
    — e nunca ninguém ouviria
    aquele coração chorar.

    Uma noite, dentro da sombra,
    dentro do chôro, a sua voz
    disse uma coisa inesperada,
    que logo correu, derramada
    num silêncio fino e veloz.

    «Meu amor não morreu: perdeu-se.
    Êle existe. Eu não o quero mais.»
    O chôro foi levando o resto.
    Eu nem pude fazer um gesto,
    e achei as horas desiguais.

    E achei que o vento era mais forte,
    que o frio causava aflição;
    quis cantar, mas não foi preciso.
    E o ar estava muito indeciso
    para dar vida a uma canção.

    A sorte virara no tempo
    como um navio sôbre o mar.
    O chôro parou pela treva.
    E agora não sei quem me leva
    daqui para qualquer lugar,

    onde eu não escute mais nada,
    onde eu não saiba de ninguém,
    onde deite a minha fadiga
    e onde murmure uma cantiga
    para ver si durmo, também.


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    Mensaje por Maria Lua Jue 20 Jun 2024, 09:52

    INVERNO


    CHOVEU tanto sôbre o teu peito
    que as flores não podem estar vivas
    e os passos perderam a fôrça
    de buscar estradas antigas.

    Em muita noite houve esperanças
    abrindo as asas sôbre as ondas.
    Mas o vento era tão terrível!
    Mas as águas eram tão longas!

    Pode ser que o sol se levante
    sôbre as tuas mãos sem vontade
    e encontres as coisas perdidas
    na sombra em que as abandonaste.

    Mas quem virá com as mãos brilhantes
    trazendo o seu beijo e o teu nome,
    para que saibas que és tu mesmo,
    e reconheças o teu sonho?

    A primavera foi tão clara
    que se viram novas estrêlas,
    e soaram no cristal dos mares,
    lábios azues de outras sereias.

    Vieram, por ti, músicas límpidas,
    trançando sons de ouro e de sêda.
    Mas teus ouvidos noutro mundo
    desalteravam sua sêde.

    Cresceram prados ondulantes
    e o céu desenhou novos sonhos,
    e houve muitas alegorias
    navegando entre Deus e os homens.

    Mas tu estavas de olhos fechados
    prendendo o tempo em teu sorriso.
    E em tua vida a primavera
    não poude achar nenhum motivo


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    Mensaje por Maria Lua Sáb 22 Jun 2024, 17:13

    ORFANDADE


    A MENINA de preto ficou morando atrás do tempo,
    sentada no banco, debaixo da árvore,
    recebendo todo o céu nos grandes olhos admirados.

    Alguém passou de manso, com grandes nuvens no vestido,
    e parou diante dela, e ela, sem que ninguém falasse,
    murmurou: «A MAMÃE MORREU».

    Já ninguém passa mais, e ela não fala mais, também.
    O olhar caíu dos seus olhos, e está no chão, com as outras pedras,
    escutando na terra aquele dia que não dorme
    com as três palavras que ficaram por alí.


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    Mensaje por Maria Lua Lun 24 Jun 2024, 20:46

    Noturno


    Estrela fria
    da tua mão.
    Tênue, cristal,
    exígua flor.

    Ai! Neva amor.

    Lua deserta
    Do teu olhar.
    Puro, glacial
    Fogo sem cor!

    Ai! Neva amor.

    Imenso inverno
    de coração.
    Gelo sem fim
    a deslizar...

    Pus-me a cantar
    na solidão:

    Teu frio vem,
    do céu de mim,
    de ti, de quem?
    não há mais sol,
    verão, calor?

    Ai ! Neva amor.


    Cecília Meireles
    In Mar Absoluto



    ***************


    NOCTURNO


    Estrella fría
    de tu mano.
    Tenue cristal,
    exigua flor.

    ¡Ay! Nieva amor.

    Luna desierta
    de tu mirar.
    ¡Puro, glacial
    fuego sin color!

    ¡Ay! Nieva amor.

    Inmenso invierno
    de corazón.
    Hielo sin fin
    deslizándose...

    Yo cantaba
    en la soledad:

    ¿Tu frío viene
    del cielo, de mí,
    de ti, de quién?
    ¿Ya no hay sol,
    verano, calor?

    ¡Ay! Nieva amor.


    _________________



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    Mensaje por Maria Lua Jue 27 Jun 2024, 10:34

    A arte de ser feliz

    Houve um tempo em que minha janela se abria
    sobre uma cidade que parecia ser feita de giz.
    Perto da janela havia um pequeno jardim quase seco.
    Era uma época de estiagem, de terra esfarelada,
    e o jardim parecia morto.
    Mas todas as manhãs vinha um pobre com um balde,
    e, em silêncio, ia atirando com a mão umas gotas de água sobre as plantas.
    Não era uma rega: era uma espécie de aspersão ritual, para que o jardim não morresse.
    E eu olhava para as plantas, para o homem, para as gotas de água que caíam de seus dedos magros e meu coração ficava completamente feliz.
    Às vezes abro a janela e encontro o jasmineiro em flor.
    Outras vezes encontro nuvens espessas.
    Avisto crianças que vão para a escola.
    Pardais que pulam pelo muro.
    Gatos que abrem e fecham os olhos, sonhando com pardais.
    Borboletas brancas, duas a duas, como refletidas no espelho do ar.
    Marimbondos que sempre me parecem personagens de Lope de Vega.
    Ás vezes, um galo canta.
    Às vezes, um avião passa.
    Tudo está certo, no seu lugar, cumprindo o seu destino.
    E eu me sinto completamente feliz.
    Mas, quando falo dessas pequenas felicidades certas,
    que estão diante de cada janela, uns dizem que essas coisas não existem,
    outros que só existem diante das minhas janelas, e outros,
    finalmente, que é preciso aprender a olhar, para poder vê-las assim.


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    Mensaje por Maria Lua Mar 02 Jul 2024, 15:00

    CANTIGUINHA

    MEUS OLHOS eram mesmo água,
    — te juro —
    mexendo um brilho vidrado,
    verde-claro, verde-escuro.

    Fiz barquinhos de brinquedo,
    — te juro —
    fui botando todos êles
    naquele rio tão puro.
    .....................
    Veiu vindo a ventania,
    — te juro —
    as águas mudam seu brilho,
    quando o tempo anda inseguro.

    Quando as águas escurecem,
    — te juro —
    todos os barcos se perdem,
    entre o passado e o futuro.

    São dois rios os meus olhos,
    — te juro —
    noite e dia correm, correm,
    mas não acho o que procuro.



    ***************



    SOM

    ALMA divina,
    por onde me andas?
    Noite sòzinha,
    lágrimas, tantas!

    Que sôpro imenso,
    alma divina,
    em esquecimento
    desmancha a vida!

    Deixa-me ainda
    pensar que voltas,
    alma divina,
    coisa remota!

    Tudo era tudo
    quando eras minha,
    e eu era tua,
    alma divina!


    _________________





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    Mensaje por Maria Lua Vie 05 Jul 2024, 20:23

    Cântico IV

    Adormece o teu corpo com a música da vida.
    Encanta-te.
    Esquece-te.
    Tem por volúpia a dispersão.
    Não queiras ser tu.
    Queres ser a alma infinita de tudo.
    Troca o teu curto sonho humano
    Pelo sonho imortal.
    O único.
    Vence a miséria de ter medo.
    Troca-te pelo Desconhecido.
    Não vês, então, que ele é maior?
    Não vês que ele não tem fim?
    Não vês que ele é tu mesmo?
    Tu que andas esquecido de ti?

    Cecília Meireles
    In: Cânticos (1927)



    ******************
    IV


    Adormece tu cuerpo con la música de la vida.

    Hechízate.

    Olvídate.

    Ten por voluptuosidad la dispersión.

    No quieras ser tú.

    Quiere ser el alma infinita de todo.

    Cambia tu corto sueño humano

    Por el sueño inmortal.

    El único.

    Vence la miseria de tener miedo.

    Cámbiate por lo Desconocido.

    ¿No ves, entonces, que él es mayor?

    ¿No ves que él no tiene fin?

    ¿No ves que él eres tú mismo?

    ¿Tú que andas olvidado de ti?





    CECÍLIA MEIRELES
    Del libro póstumo, CÂNTICOS
    Trad.: Juan Martín


    _________________



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    Mensaje por Maria Lua Sáb 06 Jul 2024, 22:05

    TERRA


    DEUSA dos olhos volúveis
    pousada na mão das ondas:
    em teu colo de penumbras,
    abri meus olhos atónitos
    .
    Surgi do meio dos túmulos,
    para aprender o meu nome.

    Mamei teus peitos de pedra
    constelados de prenúncios.
    Enredei-me por florestas,
    entre cânticos e musgos.
    Soltei meus olhos no eléctrico
    mar azul, cheio de músicas.

    Desci na sombra das ruas,
    como pelas tuas veias:
    meu passo — a noite nos muros —
    casas fechadas — palmeiras —
    cheiro de chácaras húmidas —
    sono da existência efêmera.

    O vento das praias largas
    mergulhou no teu perfume
    a cinza das minhas máguas.
    E tudo caíu de súbito,
    junto com o corpo dos náufragos,
    para os invisíveis mundos.

    Vi tantos rôstos ocultos
    de tantas figuras pálidas!
    Por longas noites inúmeras,
    em minha assombrada cara
    houve grandes rios mudos
    como os desenhos dos mapas
    .
    Tinhas os pés sobre flôres,
    e as mãos prêsas, de tão puras.
    Em vão, suspiros e fomes
    cruzavam teus olhos múltiplos,
    despedaçando-se anônimos,
    diante da tua altitude.

    Fui mudando minha angústia
    numa fôrça heróica de asa.
    Para construir cada músculo,
    houve universos de lágrimas.
    Devo-te o modêlo justo:
    sonho, dor, vitória e graça.

    No rio dos teus encantos,
    banhei minhas amarguras.
    Purifiquei meus enganos,
    minhas paixões, minhas dúvidas.
    Despi-me do meu desânimo —
    fui como ninguém foi nunca.

    Deusa dos olhos volúveis,
    rôsto de espêlho tão frágil,
    coração de tempo fundo,
    — por dentro das tuas máscaras,
    meus olhos, sérios e lúcidos,
    viram a beleza amarga.

    E êsse foi o meu estudo
    para o ofício de ter alma;
    para entender os soluços,
    depois que a vida se cala.
    — Quando o que era muito é único
    e, por ser único, é tácito


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    o un ciego soñando
    y en ese vuelo y en ese sueño
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    y tren de tus ilusiones."
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    Mensaje por Maria Lua Miér 10 Jul 2024, 23:03

    Retrato em luar


    Meus olhos ficam neste parque,
    minhas mãos no musgo dos muros,
    para o que um dia vier buscar-me,
    entre pensamentos futuros.

    Não quero pronunciar teu nome,
    que a voz é o apelido do vento,
    e os graus da esfera me consomem
    toda, no mais simples momento.

    São mais duráveis a hera, as malvas,
    que a minha face deste instante.
    Mas posso deixá-la em palavras,
    gravada num tempo constante.

    Nunca tive os olhos tão claros
    e o sorriso em tanta loucura.
    Sinto-me toda igual às arvores:
    solitária, perfeita e pura.

    Aqui estão meus olhos nas flores,
    meus braços ao longo dos ramos:
    e, no vago rumor das fontes,
    uma voz de amor que sonhamos.



    ****************


    Retrato en luz de luna


    Mis ojos se quedan en este parque,
    mis manos en el musgo de los muros,
    para quien un día venga a buscarme
    entre pensamientos futuros.

    No quiero pronunciar tu nombre,
    que es la voz y el clamor del viento,
    y los grados de la esfera me consumen
    entera, en el más simple momento.

    Son más duraderas la yedra, las malvas,
    que mi rostro de este instante.
    Pero puedo dejarlo en palabras,
    grabadas en un tiempo constante.

    Nunca tuve los ojos tan claros
    y la sonrisa en tanta locura.
    Me siento entera igual a los árboles:
    solitaria, perfecta y pura.

    Aquí están mis ojos en las flores,
    mis brazos a lo largo de los ramos:
    y, en el vago rumor de las fuentes,
    una voz de amor que soñamos.



    Del poemario "Retrato Natural" (1949)
    Cecília Meireles (1901-1964)
    Traducción: Juan Martín


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    Mensaje por Maria Lua Dom 14 Jul 2024, 12:53

    RENÚNCIA


    RAMA das minhas árvores mais altas,
    deixa ir a flor! que o tempo, ao desprendê-la,
    roda-a no molde de noites e de albas
    onde gira e suspira cada estrêla.

    Deixa ir a flor! deixa-a ser asa, espaço,
    ritmo, desenho, música absoluta,
    dando e recuperando o corpo esparso
    que, indo e vindo, se observa, e ordena, e escuta...

    Falo-te, por saber o que é perder-se.
    Conheço o coração da primavera,
    e o dom secreto do seu sangue verde,
    que num breve perfume existe e espera.

    Vertí para infinitos desamparos
    tudo que tive no meu pensamento.
    Por onde anda? No abismo. Dada ao vento...
    Era a flor dos instantes mais amargos




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    Mensaje por Maria Lua Mar 16 Jul 2024, 19:00

    NOÇÕES

    ENTRE MIM e mim, há vastidões bastantes
    para a navegação dos meus desejos afligidos.
    Descem pela água minhas naves revestidas de espelhos.

    Cada lâmina arrisca um olhar, e investiga o elemento que a atinge.
    Mas, nesta aventura do sonho exposto à correnteza,
    só recolho o gôsto infinito das respostas que não se encontram.

    Virei-me sôbre a minha própria existência, e contemplei-a.
    Minha virtude era esta errância por mares contraditórios,

    e êste abandono para além da felicidade e da beleza.
    Oh! meu Deus, isto é a minha alma:

    qualquer coisa que flutua sôbre êste corpo efêmero e precário,
    como o vento largo do oceano sôbre a areia passiva e inúmera...


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    Mensaje por Maria Lua Jue 18 Jul 2024, 18:02

    NOITE

    HUMIDO gôsto de terra,
    cheiro de pedra lavada
    — tempo inseguro do tempo! —
    sombra do flanco da serra,
    nua e fria, sem mais nada.

    Brilho de areias pisadas,
    sabor de folhas mordidas,
    — lábio da voz sem ventura! —
    suspiro das madrugadas
    sem coisas acontecidas.

    A noite abria a frescura
    dos campos todos molhados,
    — sòzinha, com o seu perfume! —
    preparando a flor mais pura
    com ares de todos os lados.

    Bem que a vida estava quieta.
    Mas passava o pensamento...
    — de onde vinha aquela música?
    E era uma nuvem repleta,
    entre as estrêlas e o vento



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    ANUNCIAÇÃO


    TOCA essa música de sêda, frouxa e trêmula,
    que apenas embala a noite e balança as estrêlas noutro mar.
    Do fundo da escuridão nascem vagos navios de ouro,
    com as mãos de esquecidos corpos quási desmanchados no vento.
    E o vento bate nas cordas, e estremecem as velas opacas,
    e a água derrete um brilho fino, que em si mesmo logo se perde.
    Toca essa música de sêda, entre areias e nuvens e espumas.
    Os remos pararão no meio da onda, entre os os peixes suspensos:
    e as cordas partidas andarão pelos ares dançando à-tôa.
    Cessará esta música de sombra, que apenas indica valores de ar.
    Não haverá mais nossa vida, talvez não haja nem o pó que fomos.
    E a memória de tudo desmanchará suas dunas desertas,
    e em navios novos homens eternos navegarão.


    _________________



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    Mensaje por Maria Lua Dom 21 Jul 2024, 19:29

    O fim do mundo



    A primeira vez que ouvi falar no fim do mundo, o mundo para mim não tinha nenhum sentido, ainda; de modo que não me interessava nem o seu começo nem o seu fim. Lembro-me, porém, vagamente, de umas mulheres nervosas que choravam, meio desgrenhadas, e aludiam a um cometa que andava pelo céu, responsável pelo acontecimento que elas tanto temiam.

    Nada disso se entendia comigo: o mundo era delas, o cometa era para elas: nós, crianças, existíamos apenas para brincar com as flores da goiabeira e as cores do tapete.

    Mas, uma noite, levantaram-me da cama, enrolada num lençol, e, estremunhada, levaram-me à janela para me apresentarem à força ao temível cometa. Aquilo que até então não me interessava nada, que nem vencia a preguiça dos meus olhos pareceu-me, de repente, maravilhoso. Era um pavão branco, pousado no ar, por cima dos telhados? Era uma noiva, que caminhava pela noite, sozinha, ao encontro da sua festa? Gostei muito do cometa. Devia sempre haver um cometa no céu, como há lua, sol, estrelas. Por que as pessoas andavam tão apavoradas? A mim não me causava medo nenhum.

    Ora, o cometa desapareceu, aqueles que choravam enxugaram os olhos, o mundo não se acabou, talvez eu tenha ficado um pouco triste – mas que importância tem a tristeza das crianças?

    Passou-se muito tempo. Aprendi muitas coisas, entre as quais o suposto sentido do mundo. Não duvido de que o mundo tenha sentido. Deve ter mesmo muitos, inúmeros, pois em redor de mim as pessoas mais ilustres e sabedoras fazem cada coisa que bem se vê haver um sentido do mundo peculiar a cada um.

    Dizem que o mundo termina em fevereiro próximo. Ninguém fala em cometa, e é pena, porque eu gostaria de tornar a ver um cometa, para verificar se a lembrança que conservo dessa imagem do céu é verdadeira ou inventada pelo sono dos meus olhos naquela noite já muito antiga.

    O mundo vai acabar, e certamente saberemos qual era o seu verdadeiro sentido. Se valeu a pena que uns trabalhassem tanto e outros tão pouco. Por que fomos tão sinceros ou tão hipócritas, tão falsos e tão leais. Por que pensamos tanto em nós mesmos ou só nos outros. Por que fizemos voto de pobreza ou assaltamos os cofres públicos — além dos particulares. Por que mentimos tanto, com palavras tão judiciosas. Tudo isso saberemos e muito mais do que cabe enumerar numa crônica.

    Se o fim do mundo for mesmo em fevereiro, convém pensarmos desde já se utilizamos este dom de viver da maneira mais digna.

    Em muitos pontos da terra há pessoas, neste momento, pedindo a Deus — dono de todos os mundos — que trate com benignidade as criaturas que se preparam para encerrar a sua carreira mortal. Há mesmo alguns místicos — segundo leio — que, na Índia, lançam flores ao fogo, num rito de adoração.

    Enquanto isso, os planetas assumem os lugares que lhes competem, na ordem do universo, neste universo de enigmas a que estamos ligados e no qual por vezes nos arrogamos posições que não temos – insignificantes que somos, na tremenda grandiosidade total.

    Ainda há uns dias a reflexão e o arrependimento: por que não os utilizaremos? Se o fim do mundo não for em fevereiro, todos teremos fim, em qualquer mês.



    *************************************

    Cecília Meireles


    Nasceu em 1901 no Rio de Janeiro e viveu até os 63 anos. Ela disse em sua última entrevista — ao jornalista Pedro Bloch, publicada em maio de 1964 na revista Manchete — que seu vício terrível era gostar de gente.

    Teve sua infância marcada por perdas profundas. Seu pai e sua mãe morreram quando ela ainda era criança. Morte prematura também tiveram seus irmãos Carlos, Vítor e Carmen. Cecília Meireles foi criada por sua avó Maria Jacinta Benevides, açoriana, personagem recorrente em sua obra.

    A maior tragédia de Cecília Meireles ainda estaria por vir: o suicídio de seu marido, o ilustrador português Fernando Correia Dias, fato que transformaria a visão de mundo da poeta. Correia Dias suicidou-se em casa, em 1935, enquanto as filhas se preparavam para os festejos do Dia da Bandeira.

    “Há muitas mortes por detrás dessa morte. E não foi apenas um suicídio: foi também um assassinato. Posso eu viver muito tempo; pode minha existência tomar os mais inesperados rumos — mas essa noção da inutilidade humana; esta indiferença pela esperança, este desapego da lógica farão de mim cada vez mais uma criatura sem raízes na terra, prescindindo de tudo e à mercê dos casos que a queiram transportar”, escreveu a poeta a Diogo de Macedo, amigo português. (Carta publicada pela revista Terceira Margem, Porto, Portugal, 1998).

    Cecília Meireles foi poeta, jornalista, cronista, escreveu para crianças, foi professora. Também esteve engajada na defesa de uma educação pública, laica e de alto nível como caminho para diminuir as desigualdades sociais do país.




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    Mensaje por Maria Lua Mar 23 Jul 2024, 17:02

    Interlúdio




    As palavras estão muito ditas
    e o mundo muito pensado.
    Fico ao teu lado.

    Não me digas que há futuro
    nem passado.
    Deixa o presente - claro muro
    sem coisas escritas.

    Deixa o presente. Não fales,
    Não me expliques o presente,
    pois é tudo demasiado.

    Em águas de eternamente,
    o cometa dos meus males
    afunda, desarvorado.

    Fico ao teu lado.




    **************


    INTERLUDIO


                          Las palabras están muy dichas
                       y el mundo muy pensado.
                       Quedo a tu lado,

                          No me digas que hay futuro
                       ni pasado.
                       Deja el presente, es un muro
                       sin cosas escritas, claro.

                          Deja el presente.  No hables,
                       no me explsiques el presente,
                       que el total es demasiado.

                           En aguas de eternamente
                       el cometa de mis males
                       se hunde ya, desarbolado.
                       Quedo a tu lado.




                                (De “Vaga música” 1942)


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    Mensaje por Maria Lua Hoy a las 19:09

    CONVENIÊNCIA


    CONVÉM que o sonho tenha margens de nuvens rápidas
    e os pássaros não se expliquem, e os velhos andem pelo sol,
    e os amantes chorem, beijando-se, por algum infanticídio

    Convém tudo isso, e muito mais, e muito mais...
    E por êsse motivo aqui vou, como os papéis abertos
    que caem das janelas dos sobrados, tontamente.
    ..
    Depois das ruas, e dos trens, e dos navios,
    encontrarei casualmente a sala que afinal buscava,
    e o meu retrato, na parede, olhará para os olhos que levo.

    E encolherei meu corpo nalguma cama dura e fria.
    (Os grilos da infância estarão cantando dentro da erva...)
    E eu pensarei: «Que bom! nem é preciso respirar!...»


    _________________



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