Aires de Libertad

¿Quieres reaccionar a este mensaje? Regístrate en el foro con unos pocos clics o inicia sesión para continuar.

https://www.airesdelibertad.com

Leer, responder, comentar, asegura la integridad del espacio que compartes, gracias por elegirnos y participar

Estadísticas

Nuestros miembros han publicado un total de 1067556 mensajes en 48435 argumentos.

Tenemos 1587 miembros registrados

El último usuario registrado es José Valverde Yuste

¿Quién está en línea?

En total hay 69 usuarios en línea: 5 Registrados, 1 Ocultos y 63 Invitados :: 2 Motores de búsqueda

cecilia gargantini, Maria Lua, Pascual Lopez Sanchez, SALVADOR NECKRO, Simon Abadia


El record de usuarios en línea fue de 1156 durante el Mar 05 Dic 2023, 16:39

Últimos temas

» CLARICE LISPECTOR II ( ESCRITORA BRASILEÑA)
AFFONSO ROMANO DE SANTA'ANNA (1937- - Página 2 EmptyHoy a las 15:10 por Maria Lua

» Rabindranath Tagore (1861-1941)
AFFONSO ROMANO DE SANTA'ANNA (1937- - Página 2 EmptyHoy a las 15:04 por Maria Lua

» Yalal ad-Din Muhammad Rumi (1207-1273)
AFFONSO ROMANO DE SANTA'ANNA (1937- - Página 2 EmptyHoy a las 15:00 por Maria Lua

» CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE (Brasil, 31/10/ 1902 – 17/08/ 1987)
AFFONSO ROMANO DE SANTA'ANNA (1937- - Página 2 EmptyHoy a las 14:58 por Maria Lua

» VICTOR HUGO (1802-1885)
AFFONSO ROMANO DE SANTA'ANNA (1937- - Página 2 EmptyHoy a las 14:56 por Maria Lua

»  DOSTOYEVSKI
AFFONSO ROMANO DE SANTA'ANNA (1937- - Página 2 EmptyHoy a las 14:52 por Maria Lua

» Khalil Gibran (1883-1931)
AFFONSO ROMANO DE SANTA'ANNA (1937- - Página 2 EmptyHoy a las 14:48 por Maria Lua

» EDUARDO GALEANO (Uruguay - 1940-2015)
AFFONSO ROMANO DE SANTA'ANNA (1937- - Página 2 EmptyHoy a las 14:44 por Maria Lua

» Poetas murcianos
AFFONSO ROMANO DE SANTA'ANNA (1937- - Página 2 EmptyHoy a las 14:42 por cecilia gargantini

» NICOLÁS GUILLÉN (1902-1989)
AFFONSO ROMANO DE SANTA'ANNA (1937- - Página 2 EmptyHoy a las 14:40 por cecilia gargantini

Diciembre 2024

LunMarMiérJueVieSábDom
      1
2345678
9101112131415
16171819202122
23242526272829
3031     

Calendario Calendario

Conectarse

Recuperar mi contraseña

Galería


AFFONSO ROMANO DE SANTA'ANNA (1937- - Página 2 Empty

3 participantes

    AFFONSO ROMANO DE SANTA'ANNA (1937-

    Maria Lua
    Maria Lua
    Administrador-Moderador
    Administrador-Moderador


    Cantidad de envíos : 77478
    Fecha de inscripción : 12/04/2009
    Localización : Nova Friburgo / RJ / Brasil

    AFFONSO ROMANO DE SANTA'ANNA (1937- - Página 2 Empty Re: AFFONSO ROMANO DE SANTA'ANNA (1937-

    Mensaje por Maria Lua Jue 29 Dic 2022, 06:55

    DIA 31



    Os que se foram neste ano
    soltavam fogos, brindavam, puseram roupas novas
    fizeram planos e festas
    mas não conseguiram chegar onde estamos.
    Nós e esta estúpida e gloriosa obsessão
    como se a felicidade estivesse à nossa frente.

    Não há o que dizer
    embora a celebração.
    Andar um ao lado do outro,
    em silêncio
    ou deixar-se ir sozinho
    sob o peso da absurda solidão.


    _________________



    AFFONSO ROMANO DE SANTA'ANNA (1937- - Página 2 Marialuaf


    "Ser como un verso volando
    o un ciego soñando
    y en ese vuelo y en ese sueño
    compartir contigo sol y luna,
    siendo guardián en tu cielo
    y tren de tus ilusiones."
    (Hánjel)





    AFFONSO ROMANO DE SANTA'ANNA (1937- - Página 2 Luna7
    Maria Lua
    Maria Lua
    Administrador-Moderador
    Administrador-Moderador


    Cantidad de envíos : 77478
    Fecha de inscripción : 12/04/2009
    Localización : Nova Friburgo / RJ / Brasil

    AFFONSO ROMANO DE SANTA'ANNA (1937- - Página 2 Empty Re: AFFONSO ROMANO DE SANTA'ANNA (1937-

    Mensaje por Maria Lua Jue 29 Dic 2022, 16:48

    Aquelas situações de novela
    aquelas frases das canções banais
    acontecem.
    Acontecem
    d

    com os que pensam
    que aquelas situações de novela
    aquelas frases das canções banais
    não acontecem.
    Acontecem
    no lado suburbano
    de meu peito.
    E posto que sejam kitsch
    como tangos e boleros
    soluçam e nos humilham
    nos expondo ao ridículo
    sem nossa autorização.



    Deixei a Acrópole, em Atenas,
    como a encontrei.
    Pisei suas pedras
    olhei as sobrantes figuras derruídas
    e agora parto para meu distante país.
    Não o fizeram assim os persas,
    os turcos,
    e aquele inglês avaro
    que levou seus mármores.

    No topo da montanha, a Acrópole resiste.

    No café da manhã, a olhava.
    No entardecer, a olhava.
    À noite, iluminada, a olhava.

    Certa madrugada levantei-me
    para (há quatro mil anos)
    comtemplá-la.


    _________________



    AFFONSO ROMANO DE SANTA'ANNA (1937- - Página 2 Marialuaf


    "Ser como un verso volando
    o un ciego soñando
    y en ese vuelo y en ese sueño
    compartir contigo sol y luna,
    siendo guardián en tu cielo
    y tren de tus ilusiones."
    (Hánjel)





    AFFONSO ROMANO DE SANTA'ANNA (1937- - Página 2 Luna7
    Maria Lua
    Maria Lua
    Administrador-Moderador
    Administrador-Moderador


    Cantidad de envíos : 77478
    Fecha de inscripción : 12/04/2009
    Localización : Nova Friburgo / RJ / Brasil

    AFFONSO ROMANO DE SANTA'ANNA (1937- - Página 2 Empty Re: AFFONSO ROMANO DE SANTA'ANNA (1937-

    Mensaje por Maria Lua Dom 01 Ene 2023, 11:58

    Noticias montadas en la tv



    1. Siento meter mi mano en vuestra sangre
    para sacar poemas, pero
    seis mil antílopes están siendo abaleados en Yellowstone
    y ensucian mi cena.

    Helicópteros y tractores los siguen por la nieve
    –un antílope es demasiado oscuro si el fondo es
    blanco.
    Antílopes y hélices,
    rifle y cuerno,
    pata y bala.
    Todo es deporte.
    Giants versus Dodgers,
    Bruins versus Trojans,
    bicicleta contra tanques,
    trampa de liebre contra Napalms.

    (Dijo el gobernador del Estado de Wyoming que
    sufre al verlos abatidos en lucha desigual, sin
    escapatoria.

    Y el guardia forestal: I’m really sorry, pues nuestra
    tarea sería protegerlos. Pero habrá carne y pieles
    para los indios.)

    2. En Vietnam no corren antílopes.
    Pero, si corrieran, tendrían que morir:
    seis mil en una semana
    y más aún en la estación de lluvias.

    ¿Cómo se escondería un vietílope
    en el blanco sobre blanco?

    ¿Cómo se defendería en este paisaje
    sin los colores de la tecnocracia?

    Un vietílope corriendo en plena nieve
    es más visible cuanto más sucia es la bala.
    Los vietílopes hacen túneles
    así las bombas de gas penetren por detrás,
    se sumergen respirando por bambúes,
    pero bulldozers sedientos secan los pantanos.

    –Hay demasiados antílopes en esta área,
    es preciso diezmarlos.
    –Guerreamos porque queremos paz.
    –Si no los liquidamos
    en breve invadirán nuestros jardines.

    No obstante, el vietílope, confundido en su edad dorada,
    sustraído de su ley natural,
    continúa gestando futuras muertes en los periódicos.

    Tiro al blanco,
    tiro al palomo,
    tiro al platillo.
    –¡My gosh! ¡Cómo son veloces!
    –¡Mi reino por un vietílope!

    3. Plagas existen siempre.
    Es imposible diezmarlas
    por más clorox, ajax, solvex
    que arrojemos sobre las tierras baldías.
    Hoy, antílopes.
    Ayer, carneros en Argentina,
    canguros en Australia,
    papagayos en el Brasil colonial.

    Un día,
    tortugas en la Amazonia





    _________________



    AFFONSO ROMANO DE SANTA'ANNA (1937- - Página 2 Marialuaf


    "Ser como un verso volando
    o un ciego soñando
    y en ese vuelo y en ese sueño
    compartir contigo sol y luna,
    siendo guardián en tu cielo
    y tren de tus ilusiones."
    (Hánjel)





    AFFONSO ROMANO DE SANTA'ANNA (1937- - Página 2 Luna7
    Maria Lua
    Maria Lua
    Administrador-Moderador
    Administrador-Moderador


    Cantidad de envíos : 77478
    Fecha de inscripción : 12/04/2009
    Localización : Nova Friburgo / RJ / Brasil

    AFFONSO ROMANO DE SANTA'ANNA (1937- - Página 2 Empty Re: AFFONSO ROMANO DE SANTA'ANNA (1937-

    Mensaje por Maria Lua Dom 01 Ene 2023, 12:02


    Sopro no Corpo: Vive-se de Sonhos.



    E se você, garotão, tivesse nascido diabético e, por causa disso, na adolescência, descobrisse que estava ficando impotente, e que isso iria acarretar uma série de constrangimentos ao começar o flerte com uma garota?

    E se você, por causa da diabetes e porque sendo jovem, continuasse a viver todos os prazeres nas praias e festas, bebendo, fumando até que, de repente, aos 21 anos a cegueira desabasse sobre você, subitamente...?

    E se você, além de diabético e de ficar cego, um dia estivesse na garupa de uma moto e sofresse um acidente com fratura exposta, que lhe botasse de cama muito tempo?

    E se você, diabético, cego, fraturado, acabasse, lá pelas tantas, tendo que fazer um inevitável transplante de pâncreas?

    E, como se não bastasse, daí a pouco tivesse que fazer um transplante de rim?

    Se você fosse assim, se eu fosse assim, teríamos todas as razões para dizer fiquem aí com esse mundo de Deus-e-do-diabo, estou tirando o time, desse jeito não dá para jogar nem na defesa nem no ataque.

    Mas não foi isso que aconteceu com Marco Antonio de Queiroz. Ao contrário de Dalida, aquela ex-miss Egito, linda e rica, que sem nenhum desses problemas resolveu se matar, MAQ, como seus amigos o chamam, virou excelente técnico em informática, casou-se com Sônia, teve o filho Tadzo, é dono de um humor inacreditável, uma juventude permanente nos seus quarenta e tantos anos e, diria, é uma pessoa mais feliz que 80% das que conheço. É ver para crer: entrem no site que ele preparou www.bengalalegal.com e vocês terão uma idéia do que digo.

    Depois, leiam o livro que ele acaba de lançar, Sopro no corpo (Editora Rima Especial). E como sei que a distribuição de livros é problemática, dou o telefone, (16) 3372-3238 e o endereço da editora: www.rimaeditora.com.br.

    Marco Antônio de Queiroz, com esse livro, lembra-me a inesquecível frase de Álvaro Moreyra nas suas memórias: "Em vão, quiseram amargurar a minha vida. Não adianta. Eu tenho diabetes na alma".

    Eis um livro bem escrito. Ele sabe descrever cenas, fazer diálogos e tem uma auto-ironia primorosa e desconcertante. Se vivesse nos Estados Unidos, Marco Antônio estaria milionário fazendo conferências para essas multinacionais que convidam "cases" de sucesso na vida para estimularem seus executivos a produzir mais.

    Não vou tirar o prazer e a surpresa da leitura daqueles que se interessarão pelo livro. Destaco apenas uma cena final em que ele, depois de ter exaurido o processo de hemodiálise, narra a expectativa de alguém se oferecer para lhe doar um rim. Um dia, uma colega de trabalho no setor de informática do SERPRO lhe diz: "Marco, eu sonhei que estava num ambiente, não sei qual ao certo, sentindo muita dor em um dos lados do meu corpo. Quando olhei para a frente, vi alguém vestido de branco e com um rim enorme nas mãos, eu até via o rim pulsando" "E o sujeito do sonho me disse: -- Esse rim é maravilhoso, é muito saudável e, durante muitos anos, vai deixar também saudável quem o receber".

    Pois essa moça que tinha uma filha, ante o espanto de Marco Antônio, oferece-lhe seu rim para o transplante. Detalhe: a moça também era cega. E o autor comenta: "Os amigos de dentro e de fora do trabalho até hoje brincam comigo que, pelo rim transplantado ser de uma mulher, eu passara a urinar sentado. Depois, veio o pâncreas de outra mulher. Agora, comentam que, se eu transplantar novamente e se a cirurgia for abaixo da barriga, vão passar a me chamar de Márcia. Tudo bem, sem preconceitos, mas acho que não vou transplantar mais não!".

    É ver para crer. Ou melhor, é ler para ver como enfrentar tragédias e dar a volta por cima e como, apesar das amarguras, preservar a doçura de viver.

    Affonso Romano de Sant'Anna.


    _________________



    AFFONSO ROMANO DE SANTA'ANNA (1937- - Página 2 Marialuaf


    "Ser como un verso volando
    o un ciego soñando
    y en ese vuelo y en ese sueño
    compartir contigo sol y luna,
    siendo guardián en tu cielo
    y tren de tus ilusiones."
    (Hánjel)





    AFFONSO ROMANO DE SANTA'ANNA (1937- - Página 2 Luna7
    Maria Lua
    Maria Lua
    Administrador-Moderador
    Administrador-Moderador


    Cantidad de envíos : 77478
    Fecha de inscripción : 12/04/2009
    Localización : Nova Friburgo / RJ / Brasil

    AFFONSO ROMANO DE SANTA'ANNA (1937- - Página 2 Empty Re: AFFONSO ROMANO DE SANTA'ANNA (1937-

    Mensaje por Maria Lua Vie 06 Ene 2023, 07:41

    O Amor e o Outro

    Não amo
    melhor
    | nem pior
    do que ninguém.

    Do meu jeito amo.
    Ora esquisito, ora fogoso,
    às vezes aflito
    ou ensandecido de gozo.
    Já amei
    | até com nojo.

    Coisas fabulosas
    acontecem-me no leito. Nem sempre
    de mim dependem, confesso.
    O corpo do outro
    é que é sempre surpreendente.


    _________________



    AFFONSO ROMANO DE SANTA'ANNA (1937- - Página 2 Marialuaf


    "Ser como un verso volando
    o un ciego soñando
    y en ese vuelo y en ese sueño
    compartir contigo sol y luna,
    siendo guardián en tu cielo
    y tren de tus ilusiones."
    (Hánjel)





    AFFONSO ROMANO DE SANTA'ANNA (1937- - Página 2 Luna7
    Maria Lua
    Maria Lua
    Administrador-Moderador
    Administrador-Moderador


    Cantidad de envíos : 77478
    Fecha de inscripción : 12/04/2009
    Localización : Nova Friburgo / RJ / Brasil

    AFFONSO ROMANO DE SANTA'ANNA (1937- - Página 2 Empty Re: AFFONSO ROMANO DE SANTA'ANNA (1937-

    Mensaje por Maria Lua Vie 06 Ene 2023, 07:43

    Sou um dos 999.999 Poetas do País – Affonso Romano de Sant’Anna

    Fragmento 1

    INTRODUÇÃO SÓCIO-INDIVIDUAL DO TEMA

    Sou um dos 999.999 poetas do país
    que escrevem enquanto caminhões descem pesados de cereais
    e celulose
    ministros acertam o frete dos pinheiros
    carreados em navios alimentados com o óleo
    que o mais pobre pagará.

    (- Estes são dados sociais
    de que não quero falar, embora
    tenha aprendido em manuais
    que o escritor deve tomar o seu lugar na História
    e o seu cotidiano alterar.)

    Sou um dos 999.999 poetas do país
    com mãe de olhos verdes e pai amulatado
    ela – a força de áries na azáfama da casa
    a decisão do imigrante que veio se plantar
    ele – capitão de milícias tocando flauta em meio
    às balas
    lendo salmos em Esperanto sobre a mesa
    domingueira.

    (- Estes são sinais particulares
    que não quero remarcar, embora
    tenha aprendido em manuais
    que o que distingüe a escrita do homem
    são seus traços pessoais que ninguém pode
    imitar.)




    https://poesiaspoemaseversos.com.br/affonso-romano-de-santanna-poemas/


    _________________



    AFFONSO ROMANO DE SANTA'ANNA (1937- - Página 2 Marialuaf


    "Ser como un verso volando
    o un ciego soñando
    y en ese vuelo y en ese sueño
    compartir contigo sol y luna,
    siendo guardián en tu cielo
    y tren de tus ilusiones."
    (Hánjel)





    AFFONSO ROMANO DE SANTA'ANNA (1937- - Página 2 Luna7
    Maria Lua
    Maria Lua
    Administrador-Moderador
    Administrador-Moderador


    Cantidad de envíos : 77478
    Fecha de inscripción : 12/04/2009
    Localización : Nova Friburgo / RJ / Brasil

    AFFONSO ROMANO DE SANTA'ANNA (1937- - Página 2 Empty Re: AFFONSO ROMANO DE SANTA'ANNA (1937-

    Mensaje por Maria Lua Dom 08 Ene 2023, 18:43

    Assombros

    Às vezes, pequenos grandes terremotos
    ocorrem do lado esquerdo do meu peito.
    Fora, não se dão conta os desatentos.

    Entre a aorta e a omoplata rolam
    alquebrados sentimentos.

    Entre as vértebras e as costelas
    há vários esmagamentos.

    Os mais íntimos
    já me viram remexendo escombros.
    Em mim há algo imóvel e soterrado
    em permanente assombro.


    _________________



    AFFONSO ROMANO DE SANTA'ANNA (1937- - Página 2 Marialuaf


    "Ser como un verso volando
    o un ciego soñando
    y en ese vuelo y en ese sueño
    compartir contigo sol y luna,
    siendo guardián en tu cielo
    y tren de tus ilusiones."
    (Hánjel)





    AFFONSO ROMANO DE SANTA'ANNA (1937- - Página 2 Luna7
    Maria Lua
    Maria Lua
    Administrador-Moderador
    Administrador-Moderador


    Cantidad de envíos : 77478
    Fecha de inscripción : 12/04/2009
    Localización : Nova Friburgo / RJ / Brasil

    AFFONSO ROMANO DE SANTA'ANNA (1937- - Página 2 Empty Re: AFFONSO ROMANO DE SANTA'ANNA (1937-

    Mensaje por Maria Lua Miér 11 Ene 2023, 10:25

    –recuerda, hermano, que eres polvo
    y por eso te humillaremos.
    Milicias de Felipe ii
    me acusan:
    ¡herético!
    ¡relapso!
    ¡contumaz!
    ¡hechicero!
    mientras prosigo en filas amarillas
    en trajes de condenado
    obedeciendo órdenes de los ficheros
    cargando velas
    para el fuego con que arderé en la plaza.


    _________________



    AFFONSO ROMANO DE SANTA'ANNA (1937- - Página 2 Marialuaf


    "Ser como un verso volando
    o un ciego soñando
    y en ese vuelo y en ese sueño
    compartir contigo sol y luna,
    siendo guardián en tu cielo
    y tren de tus ilusiones."
    (Hánjel)





    AFFONSO ROMANO DE SANTA'ANNA (1937- - Página 2 Luna7
    Maria Lua
    Maria Lua
    Administrador-Moderador
    Administrador-Moderador


    Cantidad de envíos : 77478
    Fecha de inscripción : 12/04/2009
    Localización : Nova Friburgo / RJ / Brasil

    AFFONSO ROMANO DE SANTA'ANNA (1937- - Página 2 Empty Re: AFFONSO ROMANO DE SANTA'ANNA (1937-

    Mensaje por Maria Lua Lun 16 Ene 2023, 08:13



    Casado, continuo a achar as mulheres irresistíveis.
    Não deveria, dizem.
    Me esforço. Aliás,
    já nem me esforço.
    Abertamente me ponho a admirá-las.
    Não estrou traindo ninguém, advirto.
    Como pode o amor trair o amor?
    Amar o amor num outro amor
    é um ritual que, amante, me permito.


    _________________



    AFFONSO ROMANO DE SANTA'ANNA (1937- - Página 2 Marialuaf


    "Ser como un verso volando
    o un ciego soñando
    y en ese vuelo y en ese sueño
    compartir contigo sol y luna,
    siendo guardián en tu cielo
    y tren de tus ilusiones."
    (Hánjel)





    AFFONSO ROMANO DE SANTA'ANNA (1937- - Página 2 Luna7
    Maria Lua
    Maria Lua
    Administrador-Moderador
    Administrador-Moderador


    Cantidad de envíos : 77478
    Fecha de inscripción : 12/04/2009
    Localización : Nova Friburgo / RJ / Brasil

    AFFONSO ROMANO DE SANTA'ANNA (1937- - Página 2 Empty Re: AFFONSO ROMANO DE SANTA'ANNA (1937-

    Mensaje por Maria Lua Lun 16 Ene 2023, 08:13

    Densa e doce paz na semiluz da sala.
    Na poltrona, enroscada e absorta, uma filha
    desenha patos e flores.
    Sobre o couro, no chão, a outra viaja silenciosa
    nas artimanhas do espião.
    Ao pé da lareira a mulher se ilumina numa gravura
    flamenga, desenhando, bordando pontos de paz.
    Da mesa as contemplo e anoto a felicidade
    que transborda da moldura do poema.
    A sopa fumegante sobre a mesa, vinhos e queijos,
    relembranças de viagens e a lareira acesa.
    Esta casa na neblina, ancorada entre pinheiros,
    é uma nave iluminada.
    Um oboé de Mozart torna densa a eternidade


    _________________



    AFFONSO ROMANO DE SANTA'ANNA (1937- - Página 2 Marialuaf


    "Ser como un verso volando
    o un ciego soñando
    y en ese vuelo y en ese sueño
    compartir contigo sol y luna,
    siendo guardián en tu cielo
    y tren de tus ilusiones."
    (Hánjel)





    AFFONSO ROMANO DE SANTA'ANNA (1937- - Página 2 Luna7
    Maria Lua
    Maria Lua
    Administrador-Moderador
    Administrador-Moderador


    Cantidad de envíos : 77478
    Fecha de inscripción : 12/04/2009
    Localización : Nova Friburgo / RJ / Brasil

    AFFONSO ROMANO DE SANTA'ANNA (1937- - Página 2 Empty Re: AFFONSO ROMANO DE SANTA'ANNA (1937-

    Mensaje por Maria Lua Lun 16 Ene 2023, 08:14

    Reflexivo

    O que não escrevi, calou-me.
    O que não fiz, partiu-me.
    O que não senti, doeu-se.
    O que não vivi, morreu-se.
    O que adiei, adeus-se.


    _________________



    AFFONSO ROMANO DE SANTA'ANNA (1937- - Página 2 Marialuaf


    "Ser como un verso volando
    o un ciego soñando
    y en ese vuelo y en ese sueño
    compartir contigo sol y luna,
    siendo guardián en tu cielo
    y tren de tus ilusiones."
    (Hánjel)





    AFFONSO ROMANO DE SANTA'ANNA (1937- - Página 2 Luna7
    Maria Lua
    Maria Lua
    Administrador-Moderador
    Administrador-Moderador


    Cantidad de envíos : 77478
    Fecha de inscripción : 12/04/2009
    Localización : Nova Friburgo / RJ / Brasil

    AFFONSO ROMANO DE SANTA'ANNA (1937- - Página 2 Empty Re: AFFONSO ROMANO DE SANTA'ANNA (1937-

    Mensaje por Maria Lua Vie 20 Ene 2023, 19:19

    O segundo verso da canção


    Passar cinquenta anos sem poder falar sua língua com alguém é um exílio agudo dentro do
    silêncio. Pois há cinquenta anos, Jensen, um dinamarquês, vivia ali nos pampas argentinos. Ali
    chegara bem jovem, e desde então nunca mais teve com quem falar dinamarquês.
    Claro que, no princípio, lhe mandavam revistas e jornais. Mas ninguém manda com
    assiduidade revistas e jornais para alguém durante cinquenta anos. Por causa disto, ali estava
    Jensen há inúmeros anos lendo e relendo o som silencioso e antigo de sua pátria. E como as
    folhas não falavam, punha-se a ler em voz alta, fingindo ouvir na própria voz a voz do outro, como
    se um bebê pudesse em solidão cantar para inventar a voz materna.
    Cinquenta anos olhando as planuras dos pampas, acostumado já às carnes generosas dos
    churrascos conversados em espanhol [...].
    Um dia, um viajante de carro parou naquele lugarejo. Seu carro precisava de outros reparos
    além da gasolina. Conversa-vai-conversa-vem, no posto ficam sabendo que seu nome também era
    Jensen. Não só Jensen, mas um dinamarquês. E alguém lhe diz: aqui também temos um
    dinamarquês que se chama Jensen e aquele é o seu filho. O filho se aproxima e logo se interessa
    para levar o novo Jensen dinamarquês ao velho Jensen dinamarquês - pois não é todos os dias
    que dois dinamarqueses chamados Jensen se encontram nos pampas argentinos.
    No caminho, o filho ia indagando sobre a Dinamarca, que seu pai dizia ser a terra
    prometida, onde as vacas davam cem litros de leite por dia. Na casa, há cinquenta anos sem falar
    dinamarquês, estava o velho Jensen, ainda cercado de fotos, alguns objetos e uma abstrata
    lembrança de sua língua. Quando Jensen entrou na casa de Jensen e disse "bom dia" em
    dinamarquês, o rosto do outro Jensen saiu da neblina e ondulou alegrias. "É um compatriota!" E a
    uma palavra seguiram outras, todas em dinamarquês, e as frases corriam em dinamarquês, e o riso
    dinamarquês e a camaradagem dinamarquesa, tudo era um ritual desenterrando ao som da língua
    a sonoridade mítica da alma viking.
    Jensen mandou preparar um jantar para Jensen. Vestiu-se da melhor roupa e assim os
    seus criados. Escolheu a melhor carne. E o jantar seguia em risos e alegrias iluminando cinquenta
    anos para trás. Jensen ouvia de Jensen sobre muitos conhecidos que morreram sem sua
    autorização, cidades que se modificaram sem seu consentimento, governos que vieram sem o seu
    beneplácito. Em poucas horas, povoou sua mente de nomes de artistas, rostos de vizinhos,
    parques e canções. Tudo ia se descongelando no tempo ao som daquela língua familiar.
    Mas havia um problema exatamente neste tópico das canções. Por isto, terminada a festa,
    depois dos vinhos e piadas, quando vem à alma a exilada vontade de cantar, Jensen chama
    Jensen num canto, como se fosse revelar algo grave e inadiável:
    - Há cerca de cinquenta anos que estou tentando cantar uma canção e não consigo. Faltame o segundo verso. Por favor (disse como se pedisse seu mais agudo socorro, como se
    implorasse: retira-me da borda do abismo), por favor, como era mesmo o segundo verso desta
    canção?
    Sem o segundo verso nenhuma canção ou vida se completa. Sem o segundo verso a vida
    de um homem, dentro e fora dos pampas, é como uma escada onde falta um degrau, e o homem
    para. É um piano onde falta uma tecla. É uma boca de incompleta dentição.
    Se falta o segundo verso, é como se na linha de montagem faltasse uma peça e não
    houvesse produção. De repente, é como se faltasse ao engenheiro a pedra fundamental e se
    inviabilizasse toda a construção. Isto sabe muito bem quem andou cinquenta anos na ausência
    desse verso para cantar a canção.
    Jensen olhou Jensen e disse pausadamente o segundo verso faltante. E ao ouvi-lo, Jensen
    - o exilado - cantou de volta o poema inteiro preenchendo sonoramente cinquenta anos de solidão.
    Ao terminar, assentou-se num canto e batia os punhos sobre o joelho dizendo: "Que alegria! Que
    alegria!"
    Era agora um homem inteiro. Tinha, enfim, nos lábios toda a canção.



    Fonte: DE SANT'ANNA, Affonso Romano. 1997. Disponível em:

    http://www.educacaopublica.rj.gov.br/oficinas/lportuguesa/lpe05/01.html. Acesso: 14 mai. 2013


    _________________



    AFFONSO ROMANO DE SANTA'ANNA (1937- - Página 2 Marialuaf


    "Ser como un verso volando
    o un ciego soñando
    y en ese vuelo y en ese sueño
    compartir contigo sol y luna,
    siendo guardián en tu cielo
    y tren de tus ilusiones."
    (Hánjel)





    AFFONSO ROMANO DE SANTA'ANNA (1937- - Página 2 Luna7
    Maria Lua
    Maria Lua
    Administrador-Moderador
    Administrador-Moderador


    Cantidad de envíos : 77478
    Fecha de inscripción : 12/04/2009
    Localización : Nova Friburgo / RJ / Brasil

    AFFONSO ROMANO DE SANTA'ANNA (1937- - Página 2 Empty Re: AFFONSO ROMANO DE SANTA'ANNA (1937-

    Mensaje por Maria Lua Vie 20 Ene 2023, 19:21

    Como me inscrever no tempo que me escreve?
    ONDE leria o meu QUANDO?
    QUEM leria o meu COMO?
    COMO escrever o meu ONDE?
    QUANDO escrever o meu QUEM?



    (Affonso Romano de Sant’Anna: A grande fala do índio guarani)



    Cada um enfrenta a guerra
    Com as armas de que dispõe.



    (Affonso Romano de Sant’Anna: A Catedral de Colônia)


    _________________



    AFFONSO ROMANO DE SANTA'ANNA (1937- - Página 2 Marialuaf


    "Ser como un verso volando
    o un ciego soñando
    y en ese vuelo y en ese sueño
    compartir contigo sol y luna,
    siendo guardián en tu cielo
    y tren de tus ilusiones."
    (Hánjel)





    AFFONSO ROMANO DE SANTA'ANNA (1937- - Página 2 Luna7
    Maria Lua
    Maria Lua
    Administrador-Moderador
    Administrador-Moderador


    Cantidad de envíos : 77478
    Fecha de inscripción : 12/04/2009
    Localización : Nova Friburgo / RJ / Brasil

    AFFONSO ROMANO DE SANTA'ANNA (1937- - Página 2 Empty Re: AFFONSO ROMANO DE SANTA'ANNA (1937-

    Mensaje por Maria Lua Miér 01 Feb 2023, 17:00

    Catando os Cacos do Caos

    Catar os cacos do caos
    como quem cata no deserto
    o cacto
    – como se fosse flor.

    Catar os restos e ossos
    da utopia
    como de porta em porta
    o lixeiro apanha
    detritos da festa fria
    e pobre no crepúsculo
    se aquece na fogueira erguida
    com os destroços do dia.

    Catar a verdade contida
    em cada concha de mão,
    como o mendigo cata as pulgas
    no pêlo
    – do dia cão.

    Recortar o sentido
    como o alfaiate-artista,
    costurá-lo pelo avesso
    com a inconsútil emenda
    à vista.

    Como o arqueólogo
    reunir os fragmentos,
    como se ao vento
    se pudessem pedir as flores
    despetaladas no tempo.

    Catar os cacos de Dionisio
    e Baco, no mosaico antigo
    e no copo seco erguido
    beber o vinho
    ou sangue vertido.

    Catar os cacos de Orfeu partido
    pela paixão das bacantes
    e com Prometeu refazer
    o fígado
    – como era antes.

    Catar palavras cortantes
    no rio do escuro instante
    e descobrir nessas pedras
    o brilho do diamante.

    É um quebra-cabeça?
    Então
    de cabeça quebrada vamos
    sobre a parede do nada
    deixar gravada a emoção

    Cacos de mim
    Cacos do não
    Cacos do sim
    Cacos do antes
    Cacos do fim

    Não é dentro
    nem fora
    embora seja dentro e fora
    no nunca e a toda hora
    que violento
    o sentido nos deflora.

    Catar os cacos
    do presente e outrora
    e enfrentar a noite
    com o vitral da aurora


    _________________



    AFFONSO ROMANO DE SANTA'ANNA (1937- - Página 2 Marialuaf


    "Ser como un verso volando
    o un ciego soñando
    y en ese vuelo y en ese sueño
    compartir contigo sol y luna,
    siendo guardián en tu cielo
    y tren de tus ilusiones."
    (Hánjel)





    AFFONSO ROMANO DE SANTA'ANNA (1937- - Página 2 Luna7
    Maria Lua
    Maria Lua
    Administrador-Moderador
    Administrador-Moderador


    Cantidad de envíos : 77478
    Fecha de inscripción : 12/04/2009
    Localización : Nova Friburgo / RJ / Brasil

    AFFONSO ROMANO DE SANTA'ANNA (1937- - Página 2 Empty Re: AFFONSO ROMANO DE SANTA'ANNA (1937-

    Mensaje por Maria Lua Miér 01 Feb 2023, 17:00

    Arte-final

    Não basta um grande amor
    para fazer poemas.
    E o amor dos artistas, não se enganem,
    não é mais belo
    que o amor da gente.
    O grande amante é aquele que silente
    se aplica a escrever com o corpo
    o que seu corpo deseja e sente.
    Uma coisa é a letra,
    e outra o ato,
    quem toma uma por outra
    confunde e mente.




    https://poesiaspoemaseversos.com.br/affonso-romano-de-santanna-poemas/


    _________________



    AFFONSO ROMANO DE SANTA'ANNA (1937- - Página 2 Marialuaf


    "Ser como un verso volando
    o un ciego soñando
    y en ese vuelo y en ese sueño
    compartir contigo sol y luna,
    siendo guardián en tu cielo
    y tren de tus ilusiones."
    (Hánjel)





    AFFONSO ROMANO DE SANTA'ANNA (1937- - Página 2 Luna7
    Maria Lua
    Maria Lua
    Administrador-Moderador
    Administrador-Moderador


    Cantidad de envíos : 77478
    Fecha de inscripción : 12/04/2009
    Localización : Nova Friburgo / RJ / Brasil

    AFFONSO ROMANO DE SANTA'ANNA (1937- - Página 2 Empty Re: AFFONSO ROMANO DE SANTA'ANNA (1937-

    Mensaje por Maria Lua Sáb 04 Feb 2023, 09:05

    A pesca



    O anil
    O anzol
    O azul

    O silêncio
    O tempo
    O peixe

    A agulha
    vertical
    mergulha

    A água
    A linha
    A espuma

    O tempo
    O peixe
    O silêncio

    A garganta
    A âncora
    O peixe

    A boca
    O arranco
    A rasgão

    Aberta a água
    Aberta a chaga
    Aberto o anzol

    Aquelíneo
    Ágil-claro
    Estabanado

    O peixe
    A areia
    O sol.

    SANT’ANNA, Affonso Romano de. Poesia sobre poesia. Rio de Janeiro, Imago, 1975. p.145.

    Fonte: Livro – Português – 5ª Série – Linguagem Nova – Faraco & Moura – Ed. Ática - 2002 – p. 183.





    https://armazemdetexto.blogspot.com/2020/11/poema-pesca-affonso-romano-de-santanna.html


    _________________



    AFFONSO ROMANO DE SANTA'ANNA (1937- - Página 2 Marialuaf


    "Ser como un verso volando
    o un ciego soñando
    y en ese vuelo y en ese sueño
    compartir contigo sol y luna,
    siendo guardián en tu cielo
    y tren de tus ilusiones."
    (Hánjel)





    AFFONSO ROMANO DE SANTA'ANNA (1937- - Página 2 Luna7
    Maria Lua
    Maria Lua
    Administrador-Moderador
    Administrador-Moderador


    Cantidad de envíos : 77478
    Fecha de inscripción : 12/04/2009
    Localización : Nova Friburgo / RJ / Brasil

    AFFONSO ROMANO DE SANTA'ANNA (1937- - Página 2 Empty Re: AFFONSO ROMANO DE SANTA'ANNA (1937-

    Mensaje por Maria Lua Mar 07 Feb 2023, 17:21

    ¿Dónde se escribirá el censurado texto de mi tiempo?
    - ¿En el viento del secuestro?
    - ¿En la explosión del ministerio?
    - ¿En la ejecución encapuchada?
    - ¿O en cualquier cotidiano irredimible asesinato?
    Salteadores vencen el muro de mi carne
    me violan la familia
    se llevan mis monedas y mi paz
    los muebles, la esperanza
    que atesoré
    - en los huecos de la huerta.
    Sobre mis pasos pensen amenazas
    roban mi tiempo íntimo y me oprimen
    com mano de acero en el asesino espacio.
    ¿Cómo inscribirme en el tiempo que me escribe
    si me vigilan la escritura y me imprimen silencios y papeles
    que no represento y disimulo tras la cara opaca?


    _________________



    AFFONSO ROMANO DE SANTA'ANNA (1937- - Página 2 Marialuaf


    "Ser como un verso volando
    o un ciego soñando
    y en ese vuelo y en ese sueño
    compartir contigo sol y luna,
    siendo guardián en tu cielo
    y tren de tus ilusiones."
    (Hánjel)





    AFFONSO ROMANO DE SANTA'ANNA (1937- - Página 2 Luna7
    Maria Lua
    Maria Lua
    Administrador-Moderador
    Administrador-Moderador


    Cantidad de envíos : 77478
    Fecha de inscripción : 12/04/2009
    Localización : Nova Friburgo / RJ / Brasil

    AFFONSO ROMANO DE SANTA'ANNA (1937- - Página 2 Empty Re: AFFONSO ROMANO DE SANTA'ANNA (1937-

    Mensaje por Maria Lua Lun 27 Feb 2023, 13:36

    A morte e a guerra
    não mais me pegam ao acaso.
    Inscrevo sua dupla efígie na pedra
    como se o dado de minha sorte
    já não rolasse ao azar,
    como se passasse do branco
    ao preto e ao branco retornasse
    sem nunca me sombrear.
    Que venha a guerra! Cruel. Total.
    O atômico clarim e a gênese do fim.
    Cauto, como convém aos sábios,
    primeiro bradarei contra esse fato.
    Mas, voraz como convém à espécie,
    ao ver que invadem meus quintais,
    das folhas da bananeira inventarei
    a ideológica bandeira e explodirei
    o corpo do inimigo antes que ataque.
    E se ele não atirar primeiro, aproveito
    seu descuido de homem fraco, invado sua casa
    realizando minha fome milenar de canibal
    rugindo sob a máscara de homem.


    _________________



    AFFONSO ROMANO DE SANTA'ANNA (1937- - Página 2 Marialuaf


    "Ser como un verso volando
    o un ciego soñando
    y en ese vuelo y en ese sueño
    compartir contigo sol y luna,
    siendo guardián en tu cielo
    y tren de tus ilusiones."
    (Hánjel)





    AFFONSO ROMANO DE SANTA'ANNA (1937- - Página 2 Luna7
    Maria Lua
    Maria Lua
    Administrador-Moderador
    Administrador-Moderador


    Cantidad de envíos : 77478
    Fecha de inscripción : 12/04/2009
    Localización : Nova Friburgo / RJ / Brasil

    AFFONSO ROMANO DE SANTA'ANNA (1937- - Página 2 Empty Re: AFFONSO ROMANO DE SANTA'ANNA (1937-

    Mensaje por Maria Lua Lun 27 Feb 2023, 13:40

    Ao longo dos séculos, os poetas conquistaram o posto de porta-vozes do sentimento amoroso. Ora contidos, ora exaltados, seus versos desvelaram, endeusaram e amaldiçoaram musas representadas nas mais variadas formas, de acordo com a estética e o universo simbólico de cada época. Por isso, a história da poesia é também a história do desejo, com seus fetiches, interdições e idealizações. Afinal, escrever é desejar. Esta é uma história contada por homens, que vêem na mulher a figura enigmática e ameaçadora do outro a quem se deseja amar, compreender e devorar.
    Para Affonso Romano de Sant'Anna, os poemas podem ser encarados como espelhos que refletem homens de diversas épocas, revelando ainda os imaginários eróticos que os alimentaram. Musas distantes e intocáveis, mestiças brejeiras e provocativas, mulheres-estátua, ninfas, noivas-mortas, vampiras, esfinges, sereias, santas e prostitutas aparecem aqui como manifestações simbólicas do desejo masculino.
    Suculento fruto de dez anos de pesquisa, O canibalismo amoroso se nutre da teoria psicanalítica - aqui muito bem temperada por saberes e sabores da Antropologia, da Sociologia, da História e da Literatura – para narrar a história do desejo masculino e da representação do feminino à brasileira.


    _________________



    AFFONSO ROMANO DE SANTA'ANNA (1937- - Página 2 Marialuaf


    "Ser como un verso volando
    o un ciego soñando
    y en ese vuelo y en ese sueño
    compartir contigo sol y luna,
    siendo guardián en tu cielo
    y tren de tus ilusiones."
    (Hánjel)





    AFFONSO ROMANO DE SANTA'ANNA (1937- - Página 2 Luna7
    Maria Lua
    Maria Lua
    Administrador-Moderador
    Administrador-Moderador


    Cantidad de envíos : 77478
    Fecha de inscripción : 12/04/2009
    Localización : Nova Friburgo / RJ / Brasil

    AFFONSO ROMANO DE SANTA'ANNA (1937- - Página 2 Empty Re: AFFONSO ROMANO DE SANTA'ANNA (1937-

    Mensaje por Maria Lua Jue 09 Mar 2023, 17:59



    LA INTRUSA



    Ella quería entrar a la fuerza en mi poema.

    Primero, metió la pierna

    con el muslo expuesto.

    (El poema resistiendo.)

    Después las uñas pintadas.

    Cuando abrió la boca para el beso

    saqué todas las bilabiales del texto.

    Restaron sus largos cabellos

    cubriéndome una estrofa entera.

    Pero esto lo verán tan sólo

    quienes sepan leer palimpsestos.


    _________________



    AFFONSO ROMANO DE SANTA'ANNA (1937- - Página 2 Marialuaf


    "Ser como un verso volando
    o un ciego soñando
    y en ese vuelo y en ese sueño
    compartir contigo sol y luna,
    siendo guardián en tu cielo
    y tren de tus ilusiones."
    (Hánjel)





    AFFONSO ROMANO DE SANTA'ANNA (1937- - Página 2 Luna7
    Maria Lua
    Maria Lua
    Administrador-Moderador
    Administrador-Moderador


    Cantidad de envíos : 77478
    Fecha de inscripción : 12/04/2009
    Localización : Nova Friburgo / RJ / Brasil

    AFFONSO ROMANO DE SANTA'ANNA (1937- - Página 2 Empty Re: AFFONSO ROMANO DE SANTA'ANNA (1937-

    Mensaje por Maria Lua Jue 09 Mar 2023, 18:01

    CARTA A LOS MUERTOS



    Amigos, nada cambió

    en esencia.



    Los salarios apenas cubren los gastos,

    las guerras no terminaron

    y hay virus nuevos y terribles

    pese al avance de la medicina.

    Cada cierto tiempo un vecino

    cae muerto por un asunto de amor.

    Hay películas interesantes, es verdad,

    y como siempre, mujeres portentosas

    nos seducen con sus bocas y sus piernas,

    pero en materia de amor

    no inventamos ninguna nueva posición.



    Algunos cosmonautas permanecen en el espacio

    seis meses o más, testeando el engranaje

    y la soledad.

    En cada olimpíada hay records previstos

    y en los países, avances y retrocesos sociales.

    Pero ningún pájaro modificó su canto

    con la modernidad.



    Remontamos las mismas tragedias griegas,

    releemos Don Quijote, y la primavera

    llega puntualmente cada año.



    Algunos hábitos, ríos y bosques

    se perdieron.

    Ya nadie coloca sillas en la vereda

    o toma el frescor de la tarde,

    pero tenemos máquinas velocísimas

    que nos dispensan de pensar.



    Sobre el desaparecimiento de los dinosaurios

    y la formación de las galaxias

    no avanzamos nada.

    Ropas van y vuelven según las modas.

    Gobiernos fuertes caen, otros se levantan,

    países se dividen

    y las hormigas y las abejas continúan

    fieles a su trabajo.



    Nada cambió en esencia.

    Cantamos felicidades en las fiestas,

    discutimos fútbol en la esquina

    morimos en estúpidos desastres

    y cada cierto tiempo

    uno de nosotros mira al cielo cuando estrellado

    con el mismo pasmo del hombre de las cavernas.

    Y cada generación, insolente,

    sigue hallando

    que vive en la cumbre de la historia.






    http://www.antoniomiranda.com.br/iberoamerica/brasil/affonso_romano_de_sant_anna.html


    _________________



    AFFONSO ROMANO DE SANTA'ANNA (1937- - Página 2 Marialuaf


    "Ser como un verso volando
    o un ciego soñando
    y en ese vuelo y en ese sueño
    compartir contigo sol y luna,
    siendo guardián en tu cielo
    y tren de tus ilusiones."
    (Hánjel)





    AFFONSO ROMANO DE SANTA'ANNA (1937- - Página 2 Luna7
    Maria Lua
    Maria Lua
    Administrador-Moderador
    Administrador-Moderador


    Cantidad de envíos : 77478
    Fecha de inscripción : 12/04/2009
    Localización : Nova Friburgo / RJ / Brasil

    AFFONSO ROMANO DE SANTA'ANNA (1937- - Página 2 Empty Re: AFFONSO ROMANO DE SANTA'ANNA (1937-

    Mensaje por Maria Lua Lun 20 Mar 2023, 17:13


    Assombros


    Diminutos inmensos terremotos
    sacuden a veces la izquierda del pecho.

    Afuera, los desatentos no lo notan.
    Ruedan entre el homóplato y la aorta

    debilitados sentimientos.

    Entre las vértebras y las costillas
    hay tantos aplastamientos.
    Los más íntimos
    me sorprendieron removiendo escombros.

    Hay en mí algo inmóvil y enterrado
    en permanente asombro.


    _________________



    AFFONSO ROMANO DE SANTA'ANNA (1937- - Página 2 Marialuaf


    "Ser como un verso volando
    o un ciego soñando
    y en ese vuelo y en ese sueño
    compartir contigo sol y luna,
    siendo guardián en tu cielo
    y tren de tus ilusiones."
    (Hánjel)





    AFFONSO ROMANO DE SANTA'ANNA (1937- - Página 2 Luna7
    Maria Lua
    Maria Lua
    Administrador-Moderador
    Administrador-Moderador


    Cantidad de envíos : 77478
    Fecha de inscripción : 12/04/2009
    Localización : Nova Friburgo / RJ / Brasil

    AFFONSO ROMANO DE SANTA'ANNA (1937- - Página 2 Empty Re: AFFONSO ROMANO DE SANTA'ANNA (1937-

    Mensaje por Maria Lua Lun 20 Mar 2023, 17:14

    El doble


    Echado bajo mi mesa
    hay siempre un perro hambriento
    - que alimenta mi tristeza.
    Echado bajo mi cama
    hay siempre un fantasma vivo
    - que perturba a quien me ama.
    Por debajo de mi piel
    alguien me mira extrañado
    - pensando que yo soy él.
    Bajo mi palabra escrita
    hay sangre en lugar de tinta
    - y alguien callado que grita


    _________________



    AFFONSO ROMANO DE SANTA'ANNA (1937- - Página 2 Marialuaf


    "Ser como un verso volando
    o un ciego soñando
    y en ese vuelo y en ese sueño
    compartir contigo sol y luna,
    siendo guardián en tu cielo
    y tren de tus ilusiones."
    (Hánjel)





    AFFONSO ROMANO DE SANTA'ANNA (1937- - Página 2 Luna7
    Maria Lua
    Maria Lua
    Administrador-Moderador
    Administrador-Moderador


    Cantidad de envíos : 77478
    Fecha de inscripción : 12/04/2009
    Localización : Nova Friburgo / RJ / Brasil

    AFFONSO ROMANO DE SANTA'ANNA (1937- - Página 2 Empty Re: AFFONSO ROMANO DE SANTA'ANNA (1937-

    Mensaje por Maria Lua Lun 20 Mar 2023, 17:15

    De qué ríen los poderosos


    ¿De qué ríen los poderosos
    tan gordos y melosos,
    tan doctos y ociosos,
    tan eternos y onerosos?
    ¿Por qué se ríen atroces
    como olímpicos verdugos
    y oradan nuestros oídos
    con alaridos y voces?
    ¿De qué ríe el siniestro ministro
    con su melosa angustia
    y su sebosa labia?
    ¿Por qué tan eufemístico,
    muestra una risa política
    con números y levíticos
    y con mañas estadísticas
    finge generar el génesis
    y crea el apocalipsis?
    ¿Ríen sin mí? ¿O en si mayor?
    ¿u operísticos aúllan
    a los gritos como grullas
    hasta que les duela el pecho,
    se les revuelvan las tripas,
    sin un mínimo de empacho?
    ¡Ah, cómo esa risa de ogro
    contamina con azufgre
    el desayuno del pobre!
    ¿Se ríen con desmesura?
    ¿Ríen sólo con la boca?
    ¿Se ríen del flaco siervo
    hambriento de realeza?
    ¿Se ríen a la entrada y aún más
    - de sobrememsa?
    Pero si tanto ríen juntos
    ¿por qué sollozan a solas
    haciendo del yo de otros
    triste cuerda con nosotros?


    _________________



    AFFONSO ROMANO DE SANTA'ANNA (1937- - Página 2 Marialuaf


    "Ser como un verso volando
    o un ciego soñando
    y en ese vuelo y en ese sueño
    compartir contigo sol y luna,
    siendo guardián en tu cielo
    y tren de tus ilusiones."
    (Hánjel)





    AFFONSO ROMANO DE SANTA'ANNA (1937- - Página 2 Luna7
    Maria Lua
    Maria Lua
    Administrador-Moderador
    Administrador-Moderador


    Cantidad de envíos : 77478
    Fecha de inscripción : 12/04/2009
    Localización : Nova Friburgo / RJ / Brasil

    AFFONSO ROMANO DE SANTA'ANNA (1937- - Página 2 Empty Re: AFFONSO ROMANO DE SANTA'ANNA (1937-

    Mensaje por Maria Lua Lun 20 Mar 2023, 17:16

    Remordimiento histórico



    De joven intenté escamotearlo. Impossible.
    Culpable era. No sabía cuánto.
    Fui yo el que armó el brazo de Brutus
    en la traición a César del Senado.
    Fui yo quien traicionó a Atahualpa, el inca,
    y diezmó a los aztecas.
    Fui yo el que mató al zar y a su familia
    e incendió la aldea vietnamita
    y noche a noche comete excecrables crímenes
    en la TV.
    Si no fui yo
    quién murió en Waterloo y traicionó en Verdun,
    si no fui yo
    quién torturó al guerrillero argelino-argentino,
    si no fui yo
    quién mató a Lorca, a Chatterton y a Maiakovski,
    entonces,
    por qué ese insomnio,
    ese impulso de entrar en la primera estación de policía
    y declarar: ¡arréstenme!
    Si no fui yo,
    ¿entonces por qué vuelvo siempre tenso al lugar del crimen
    para dejar indicios y poemas?





    http://arquitrave.com/arquitraveantes/libreria/librospdf/affonso_romano.pdf


    _________________



    AFFONSO ROMANO DE SANTA'ANNA (1937- - Página 2 Marialuaf


    "Ser como un verso volando
    o un ciego soñando
    y en ese vuelo y en ese sueño
    compartir contigo sol y luna,
    siendo guardián en tu cielo
    y tren de tus ilusiones."
    (Hánjel)





    AFFONSO ROMANO DE SANTA'ANNA (1937- - Página 2 Luna7
    Maria Lua
    Maria Lua
    Administrador-Moderador
    Administrador-Moderador


    Cantidad de envíos : 77478
    Fecha de inscripción : 12/04/2009
    Localización : Nova Friburgo / RJ / Brasil

    AFFONSO ROMANO DE SANTA'ANNA (1937- - Página 2 Empty Re: AFFONSO ROMANO DE SANTA'ANNA (1937-

    Mensaje por Maria Lua Jue 30 Mar 2023, 08:49

    Um Escritor na Biblioteca | Affonso Romano de Sant'Anna

    Ele é um dos intelectuais mais atuantes do país. Escreve crônicas para jornais e revistas há mais de meio século. É um dos principais poetas brasileiros, autor de dezenas de livros, entre os quais Que país é este? e Textamentos. Estudou a obra de Carlos Drummond de Andrade, o que resultou no livro Drummond: o gauche no tempo. O seu ensaio sobre o Barroco — Barroco: do quadrado à elipse — joga luzes sobre a realidade nacional.

    Affonso Romano de Sant’Anna, mineiro nascido em Juiz de Fora em 1937, foi o segundo convidado de 2014 do projeto “Um Escritor na Biblioteca”. No palco do Auditório Paul Garfunkel, ele falou a respeito de sua trajetória no universo das ideias. Da primeira biblioteca, a de seu pai, até presidir a Fundação Biblioteca Nacional, entre 1990 e 1996, assumiu a sua paixão pela leitura: “Não saberia viver sem essa coisa que é o livro, seja em papel ou digital.”

    Lina Faria

    Comentou, em detalhes, sobre o seu processo de criação, seja na crônica ou por meio da poesia: “Se eu não coloco uma emoção em palavra, não sei se aquela emoção existe. A emoção só passa a existir na hora em que encontro uma fórmula escrita que traduza aquela emoção.” Em meio ao bate-papo, houve espaço para reafirmar a sua militância por mais esclarecimento nas artes visuais, cenário atualmente nebuloso e refém de, para ele, um discurso que precisa ser discutido — o intelectual já escreveu dois livros sobre o tema, Desconstruir Duchamp e O enigma vazio. O futuro das bibliotecas, a necessidade de promover uma campanha para que os jovens troquem o videogame pela leitura e o dilema de aceitar ou não ser o sucessor de Carlos Drummond de Andrade também estão presentes no bate-papo transcrito nesta edição do Cândido.

    PRIMEIRAS BIBLIOTECAS
    A primeira biblioteca que conheci foi a do meu pai. Ele era uma pessoa estranha. Foi professor de esperanto, uma língua internacional criada por um polonês com 16 regras fixas. Enfim, meu pai tinha uma pequena biblioteca, com poucos livros. Eu só iria entrar em uma biblioteca, de fato, muito tempo depois. Inclusive, aconteceu de eu dirigir a Fundação Biblioteca Nacional, que hoje tem 9 milhões de volumes. De modo que biblioteca fazem parte da minha vida. Não saberia viver sem essa coisa que é o livro, seja em papel ou digital.

    COLEÇÃO PARTICULAR
    Lá em casa acontece uma coisa que também deve acontecer na casa de vocês. Volta e meia chega um operário ou um jornalista, o que é mais grave, e faz a pergunta: “O senhor já leu todos esses livros?”. É incrível, porque fazem sempre a mesma pergunta. Dependendo do dia, respondo: “É, eu já li. Esses aí e tem mais três cômodos de uma casa em Nova Friburgo que também estão cheios de livros. E tem ainda os que eu não tenho, mas li em bibliotecas.”


    O LEITOR ENQUANTO JOVEM
    Comecei a ler, de fato, no colégio, onde havia grêmios literários, os quais eu frequentava. Lá, o aluno aprendia a fazer discurso, a falar em público e a escrever. Com 15, 16 anos, fazíamos composições, poemas. Você se apresentava e um professor fazia a crítica, o que é interessante, não é mesmo? Aprender a ouvir as críticas. Lembro que um dia fiquei um pouco envaidecido, e ao mesmo tempo chateado, porque um professor perguntou de onde eu tinha tirado o texto que havia apresentado. Acabei entendendo que ele estava fazendo um elogio de cabeça para baixo, por achar que o texto não era tão ruim assim. Desde então, segui pelo mundo afora lendo. E escrevendo.

    O INÍCIO DA CRIAÇÃO
    Quanto tinha 16 anos, resolvi escrever um artigo e levei até um jornal. Publicaram o texto e foi uma catástrofe na minha vida. Porque acreditei que o que eu escrevia podia ser publicado. Eu pegava o jornal, olhava meu nome impresso e dizia: “Que coisa maravilhosa!” Esse narcisismo tem a ver com a juventude, não é mesmo? Continuei escrevendo, mas tem um detalhe. Em casa éramos seis irmãos, filhos do mesmo pai e da mesma mãe. Só eu virei escritor. Então, tem algo aí, que são as diferenças individuais. Pode, de repente, uma casa ter cinco músicos, pelas mais diversas razões. Mas, lá em casa, só eu escolhi a palavra como instrumento de contato com a realidade.

    O INEXPLICÁVEL
    Se eu não coloco uma emoção em palavra, não sei se aquela emoção existe. A emoção só passa a existir na hora em que encontro uma fórmula escrita que traduza aquele sentimento. Quem escreve, ao finalizar o texto, quem realiza um concerto ou um bailarino quando executa uma dança perfeita no palco sabe: alguma coisa acontece dentro do artista em termos de realização. Um gesto artístico é um gesto de realização pessoal, é um desafio, mas também é algo espiritual difícil de descrever.


    Lina Faria
    SUBSTITUTO DE DRUMMOND
    Então, o Wilson Martins escreveu que eu seria o sucessor do Carlos Drummond de Andrade. Sabe que a afirmação me criou inúmeros problemas? Eu não sabia que tinha tanta gente no Brasil que almejava ser o próximo Carlos Drummond de Andrade. Passei 30 anos explicando que não sou sucessor de ninguém. Mal consigo suceder a mim mesmo, imagina uma outra pessoa! Na época, o jornalista Mário Sérgio Conti ficou irritado e comentou, nas páginas da revista Veja que, se fosse para falar em sucessor de Drummond, osucessor poderia ser tanto o Pelé como eu porque, na opinião do Conti, o Pelé e eu fazíamos poemas ruins. Que coisa. Coitado do Pelé!

    DOIS MINEIROS
    Há algumas coincidências entre o Drummond e eu. Ambos nascemos em Minas Gerais. Estudei muito a obra dele e a tese que escrevi a respeito se transformou no livro Drummond: o gauche no tempo, que rendeu cinco prêmios nacionais e está traduzida em outros cinco idiomas. Desfilei na Mangueira quando ele foi tema do samba-enredo. Quando ele se aposentou como cronista do Jornal do Brasil, me chamaram para substituí-lo. Fora isso, somos totalmente diferentes. Sou extrovertido e conto piadas, já o Drummond era reservado. Um dia, recebi uma ligação do Jornal do Brasil: era o editor do “Caderno B”, o jornalista Zuenir Ventura. Ele me pediu um texto sobre a vida e o legado do Drummond, para ser publicado quando o poeta morresse. Aceitei a encomenda, mas fiquei com peso na consciência. Como escrever o necrológio de uma pessoa que ainda estava viva? Escrevi o texto, mas o Drummond não morreu. Não só não morreu, como o encontrei, dias depois, na rua. Até me perguntei se deveria mostrar a ele o necrológio que fiz, mas não mostrei. Deveria ter mostrado. Afinal, não é todo dia que você pode ler o seu necrológio feito por uma pessoa que o admira. Teria sido uma experiência sensacional.

    UM PÉ NA IMPRENSA
    Comecei a trabalhar em jornal muito cedo, ainda em Juiz de Fora. Depois, atuei nos jornais de Belo Horizonte e escrevi em alguns diários do Rio de Janeiro e de São Paulo. Durante dois anos, na década de 1970, fiz crítica literária na revista Veja. Vou, inclusive, republicar aquelas críticas em livro, porque a experiência de ser crítico é muito dolorosa e difícil. Afinal, o crítico precisa escrever o que sente sobre a obra de pessoas que ainda estão vivas e que acreditam que os seus livros são o sal da terra.

    CRONISTA CONSCIENTE
    Pensei em preparar um livro para revelar o que penso a respeito da crônica. Tenho uma ideia sobre literatura que é algo um tanto pretensioso. Quando você se propõe a fazer uma coisa, primeiramente, é necessário se inteirar do que está acontecendo. Comecei a escrever nos anos 1950 e tive que me inteirar sobre o que estava acontecendo na literatura brasileira, estudá-la e, evidentemente, eu estava prestando atenção na crônica, apesar de, naquele contexto, ainda não atuar sistematicamente como cronista. Pois bem, a crônica passou por modificações imensas. Há poucos meses, fiz uma conferência sobre Rubem Braga, que é o ápice da crônica no Brasil, o inventor da crônica moderna no país, e para realizar a conferência, tive que rever uma série de questões sobre o gênero.

    ESTUDAR O GÊNERO
    Outro dia, a Folha de S.Paulo divulgou que tem quase 200 cronistas. Curioso, não? Hoje há uma confusão a respeito do que é cronista, o que é comentarista, o que é editorialista. Há uma série de categorias que você pode diferenciar. A crônica, com o passar do tempo, aliciou pessoas de outros gêneros e foi ficando esmaecida, perdeu um pouco de suas características próprias. Isso é um assunto para ser estudado pelos acadêmicos. A universidade tem que descobrir a crônica. Afinal, é um gênero curioso, muito específico e deve ser estudada com certo método.

    CRÔNICA E POESIA
    Um dia, estava em meu escritório já preparado para escrever uma crônica e, como todo cronista, tinha uma série de assuntos que tinha tomado nota. Ia começar a escrever quando Rubem Braga me telefonou contando que o Hélio Pellegrino tinha acabado de morrer. Você está sentado para escrever uma crônica profissionalmente e recebe a notícia de um amigo informando que outro grande amigo morreu. O que fazer? Escreve uma crônica fria ou vai reorganizar suas coisas para falar sobre o acontecido? Dias depois, encontro na rua Fernando Sabino, e ele comentou que tinha lido o meu “poema” sobre a morte do Hélio Pellegrino. Sim, o Sabino, curiosamente, chamou a crônica de poema. Fiquei com aquilo na cabeça e fui reler a crônica. Decidi fazer uma experiência. Peguei a crônica, coloquei as frases em versos e a publiquei em um livro de poesias. A crônica havia surgido dentro de um momento de emoção, tensão, em forma de poesia. Saiu um
    Lina Faria
    a crônica, mas a rigor era um texto de força poética. Então, essa relação entre crônica e poesia precisa e deve ser estudada formalmente.

    BIBLIOTECA NACIONAL
    Eu havia recusado um cargo na Funarte, até mesmo uma indicação para ser o ministro da Cultura no governo Collor e olhe que não sou e nunca fui de paparicar os poderosos. De repente, o cargode presidente da Fundação Biblioteca Nacional caiu no meu colo. Quando retornei da cerimônia de posse, ainda em Brasília, minha esposa, a escritora Marina Colasanti, me chamou a atenção para um filme que passava na tela de uma televisão no aeroporto. Era sobre uns atletas, fortes, que levantavam pesos imensos. Falei: “Olhe, Marina, que coisa maluca. Levantar um peso desses, já pensou?” A Marina respondeu: “Pois é. E você foi aceitar a Biblioteca Nacional, né?” Era parecido e eu não sabia. Escrevi um livro, chamado Ler o mundo, onde conto sobre a minha experiência, entre 1990 e 1996, à frente da Fundação Biblioteca Nacional.

    RODA QUADRADA
    Foi maravilhoso o período em que estive na Fundação Biblioteca Nacional. Conheci bibliotecas do mundo inteiro, convivi com diretores de bibliotecas e, acima de tudo, compreendi o funcionamento do serviço público brasileiro. Hoje, quando leio jornais, tenho um certo distanciamento. Afinal, não há nada mais fácil do que falar mal do governo. É um esporte internacional. Você pode ir a qualquer lugar do mundo que o motorista de táxi começa a falar mal do governo e, em geral, o taxista tem razão. Acontece que, quando se está em um cargo público, você descobre que, na administração pública, a roda é quadrada, e a carruagem tem que andar. É aí que o bicho pega. Apesar da adversidade, de uma inflação galopante, eu e minha equipe conseguimos criar o Sistema Nacional de Bibliotecas e o Programa Nacional de Incentivo à Leitura (PROLER), que foi uma revolução em termos de leitura no país.

    O ENIGMA VAZIO
    Você é formado, saiu da universidade, voltou, fez pós-graduação, mestrado, doutorado, você viaja, frequenta museus e, então, vai a uma exposição em uma bienal e não entende nada. Você não tem que entender sempre, mas nas bienais você não entende nada. Surge uma distonia entre a obra e o espectador. Comecei a estudar esse problema com mais atenção e escrevi dois livros sobre o assunto, Desconstruir Duchamp e O enigma vazio. Estou escrevendo um ensaio sobre a ideia de insignificância. Você vê certas coisas e percebe que elas não significam nada. Teve um cidadão, que veio da Inglaterra, pago pelo governo inglês, foi a São Paulo e a exposição que ele apresentou era a seguinte: um copo d’água pela metade, em cima de uma prateleira. Ele, o cidadão inglês, dizia que aquele copo d’água era um carvalho. Sim. O sujeito dizia que o copo d’água era um carvalho. As pessoas que visitavam a exposição tinham que olhar aquele copo d’água como se aquilo fosse um carvalho. É algo alucinado, não é? E, ao redor disso, tem toda uma teorização maravilhosa, incrível. Essa teorização, no entanto, pode ser decomposta e analisada. As pessoas não analisam as teorizações feitas a respeito de certos objetos produzidos pela arte contemporânea.

    CARÊNCIA DE BIBLIOTECAS
    Se fôssemos construir bibliotecas no país inteiro, que deveriam ter sido construídas há duzentos anos, gastaríamos um dinheiro incrível. Mas isso não bastaria porque, além da biblioteca, da estrutura física, teríamos que refazer a cabeça dos bibliotecários. Não dá para construir bibliotecas nesse país, nos bairros, no interior, na Amazônia, no Nordeste, não dá, não dá mais. O investimento é inviável. Mas temos a internet. A pessoa que mora na Amazônia, no interior do Paraná, onde for, tem que botar na cabeça que no seu celular tem, de graça, os maiores e melhores livros domundo. Todo mundo tem uma biblioteca maravilhosa nas próprias mãos. Você pode estar na margem do Rio Negro e ler um clássico russo de graça. Hoje só não lê quem não quer. Anteriormente, você tinha essa desculpa. Ah, não tem biblioteca na minha cidade, o livro é caro, etc. Hoje não. O acesso ao livro é de graça.

    NOVOS LEITORES
    Basta conferir as estatísticas. Nos Estados Unidos, os pedagogos dizem que os alunos não estão mais sabendo escrever. Reportagens mostram que na Itália, na França, na Espanha, em qualquer país, os professores e os comunicadores afirmam que os jovens não sabem mais escrever. E não sabem por uma razão muito simples: por causa da cultura digital. A cultura visual, não só o cinema, não só a televisão, mas, principalmente, os joguinhos. E esses joguinhos são fascinantes. O desafio de um professor hoje é totalmente diferente do que era no tempo em que eu lecionava. Quando dava aula em colégio estadual e tinha que falar sobre algum período da história da arte, eu levava uns livros que tinha em casa e mostrava alguns exemplos por meio de um projetor de slides. Hoje, é possível usar a internet e localizar os arquivos instantaneamente. A sala de aula se tornou um espaço diferente do que era em um passado não muito distante. E o professor tem que estar ciente disso. Se fosse professor hoje, o que eu faria? Ia começar do zero. Porque, imagine: o aluno tem, em tese, toda a informação disponível na internet, no celular, e na sala de aula esse aluno fica sentado ouvindo uma pessoa falar. Dá certo? Pode até ter um certo charme, mas é algo muito antigo. Por isso, tem que inventar coisas. Acredito que, na medida em queo professor inventa e cria com os alunos uma nova forma de aprender, ele estará achando uma solução. É preciso romper um ciclo vicioso.

    NA PALMA DA MÃO
    Temos que fazer uma campanha para que as pessoas descubram que todos têm uma biblioteca nas suas mãos. Quando você vai a uma lan house, o que se escuta? Uma barulheira incrível. Uma gritaria sem fim. O que passa? Os meninos estão jogando. São jogos de matar e morrer. Então, tem que ensinar esse pessoal a ler, seja no computador ou na tela do celular. Todo mundo está com o celular na mão, mas é joguinho ou palavra cruzada para matar o tempo, quando o sujeito poderia estar aproveitandoo tempo lendo algum livro de Dostoiévski, Cervantes ou Machado de Assis. É importante fazer uma campanha de descoberta da biblioteca digital.

    SOCIEDADE DIGITAL
    Outro dia minha filha disse que a afilhada dela falou algo maravilhoso. É uma menina de sete, oito e ganhou um livro de papel. Ela ficou passando o dedo no livro, mas a página não andava. A menina está acostumada a colocar o dedo no telefone, não é isso? Há uma diferença entre as gerações e é necessário dar um salto acima do tempo e do espaço. Eu não vou ver isso. Infelizmente, eu já estou indo embora, daqui a pouco. Mas os filhos de vocês vão ter que conviver com a sociedade digital, cada vez mais digital.




    https://www.bpp.pr.gov.br/Candido/Pagina/Um-Escritor-na-Biblioteca-Affonso-Romano-de-SantAnna


    _________________



    AFFONSO ROMANO DE SANTA'ANNA (1937- - Página 2 Marialuaf


    "Ser como un verso volando
    o un ciego soñando
    y en ese vuelo y en ese sueño
    compartir contigo sol y luna,
    siendo guardián en tu cielo
    y tren de tus ilusiones."
    (Hánjel)





    AFFONSO ROMANO DE SANTA'ANNA (1937- - Página 2 Luna7
    Maria Lua
    Maria Lua
    Administrador-Moderador
    Administrador-Moderador


    Cantidad de envíos : 77478
    Fecha de inscripción : 12/04/2009
    Localización : Nova Friburgo / RJ / Brasil

    AFFONSO ROMANO DE SANTA'ANNA (1937- - Página 2 Empty Re: AFFONSO ROMANO DE SANTA'ANNA (1937-

    Mensaje por Maria Lua Sáb 15 Abr 2023, 15:30

    Aquelas situações de novela
    aquelas frases das canções banais
    acontecem.
    Acontecem
    com os que pensam
    que aquelas situações de novela
    aquelas frases das canções banais
    não acontecem.
    Acontecem
    no lado suburbano
    de meu peito.
    E posto que sejam kitsch
    como tangos e boleros
    soluçam e nos humilham
    nos expondo ao ridículo
    sem nossa autorização.



    Deixei a Acrópole, em Atenas,
    como a encontrei.
    Pisei suas pedras
    olhei as sobrantes figuras derruídas
    e agora parto para meu distante país.
    Não o fizeram assim os persas,
    os turcos,
    e aquele inglês avaro
    que levou seus mármores.

    No topo da montanha, a Acrópole resiste.

    No café da manhã, a olhava.
    No entardecer, a olhava.
    À noite, iluminada, a olhava.

    Certa madrugada levantei-me
    para (há quatro mil anos)
    comtemplá-la.

    Eu
    — exposto a pilhagens e desmontes,
    admirei sua permanência.

    Um dia estarei morto.
    Ela sobreviverá aos bárbaros
    e aos que, como eu,
    depositaram
    aqui
    o seu pasmo.


    _________________



    AFFONSO ROMANO DE SANTA'ANNA (1937- - Página 2 Marialuaf


    "Ser como un verso volando
    o un ciego soñando
    y en ese vuelo y en ese sueño
    compartir contigo sol y luna,
    siendo guardián en tu cielo
    y tren de tus ilusiones."
    (Hánjel)





    AFFONSO ROMANO DE SANTA'ANNA (1937- - Página 2 Luna7
    Maria Lua
    Maria Lua
    Administrador-Moderador
    Administrador-Moderador


    Cantidad de envíos : 77478
    Fecha de inscripción : 12/04/2009
    Localización : Nova Friburgo / RJ / Brasil

    AFFONSO ROMANO DE SANTA'ANNA (1937- - Página 2 Empty Re: AFFONSO ROMANO DE SANTA'ANNA (1937-

    Mensaje por Maria Lua Sáb 15 Abr 2023, 15:31

    DIA 31



    Os que se foram neste ano
    soltavam fogos, brindavam, puseram roupas novas
    fizeram planos e festas
    mas não conseguiram chegar onde estamos.
    Nós e esta estúpida e gloriosa obsessão
    como se a felicidade estivesse à nossa frente.

    Não há o que dizer
    embora a celebração.
    Andar um ao lado do outro,
    em silêncio
    ou deixar-se ir sozinho
    sob o peso da absurda solidão.




    Os mortos não têm que escovar os dentes de manhã
    não se espreguiçam quando acordam, aliás, nem acordam.
    também não se preocupam com o que vão fazer à tarde.

    Os mortos não têm que salvar o país
    ir ao motel, pagar tributos,
    Os mortos não sofrem de mal de amor
    não se matam uns aos outros
    não lêem os jornais, não discutem nas esquinas
    nem no elevador conversam
    sobre os jogos de domingo.

    Invejáveis, os mortos.
    Não se preocupam com os vivos
    nem com com seus semelhantes, os mortos.

    A busca da felicidade
    foi totalmente ultrapassada
    Os mortos atingiram, (porque mortos)
    o que os vivos almejam:
    a neutralidade absoluta.

    Não estão presos ao tempo.
    e riem da eternidade.


    _________________



    AFFONSO ROMANO DE SANTA'ANNA (1937- - Página 2 Marialuaf


    "Ser como un verso volando
    o un ciego soñando
    y en ese vuelo y en ese sueño
    compartir contigo sol y luna,
    siendo guardián en tu cielo
    y tren de tus ilusiones."
    (Hánjel)





    AFFONSO ROMANO DE SANTA'ANNA (1937- - Página 2 Luna7
    Maria Lua
    Maria Lua
    Administrador-Moderador
    Administrador-Moderador


    Cantidad de envíos : 77478
    Fecha de inscripción : 12/04/2009
    Localización : Nova Friburgo / RJ / Brasil

    AFFONSO ROMANO DE SANTA'ANNA (1937- - Página 2 Empty Re: AFFONSO ROMANO DE SANTA'ANNA (1937-

    Mensaje por Maria Lua Dom 30 Abr 2023, 09:02

    Poemas para a Amiga


    (Fragmento 1)


    "O amor com seus contrários se acrescenta”
    Camões
    Tu sempre foste una
    e sempre foste minha,
    ainda quando a cor e a forma tua se fundiam
    com outra forma e cor que tu não tinhas.
    Por isto é que te falo de umas coisas
    que não lembras
    nem nunca lembrarias
    de tais coisas entre mim e ti
    ainda quando tu não me sabias
    e dividida em outras te mostravas
    e assim dispersa me ouvias.
    Tu sempre foste uma
    ainda quando o corpo teu
    com outro corpo a sós se punha,
    pois o que me tinhas a dar
    a outro nunca o deste
    e nunca o doarias.
    Por isto é que te sinto
    com tanta intimidade
    e te possuo com tanta singeleza
    desde quando recém vinda
    ostentavas nos teus olhos grande espanto
    de quem não compreendia
    a antiguidade desse amor que em mim fluía.


    _________________



    AFFONSO ROMANO DE SANTA'ANNA (1937- - Página 2 Marialuaf


    "Ser como un verso volando
    o un ciego soñando
    y en ese vuelo y en ese sueño
    compartir contigo sol y luna,
    siendo guardián en tu cielo
    y tren de tus ilusiones."
    (Hánjel)





    AFFONSO ROMANO DE SANTA'ANNA (1937- - Página 2 Luna7
    Maria Lua
    Maria Lua
    Administrador-Moderador
    Administrador-Moderador


    Cantidad de envíos : 77478
    Fecha de inscripción : 12/04/2009
    Localización : Nova Friburgo / RJ / Brasil

    AFFONSO ROMANO DE SANTA'ANNA (1937- - Página 2 Empty Re: AFFONSO ROMANO DE SANTA'ANNA (1937-

    Mensaje por Maria Lua Dom 30 Abr 2023, 09:02

    Poemas para a Amiga


    (Fragmento 2)


    Eu sei quando te amo:
    é quando com teu corpo eu me confundo,
    não apenas nesta mistura de massa e forma,
    mas quando na tua alma eu me introduzo
    e sinto que meu sangue corre em ti,
    e tudo que é teu corpo
    não é que um corpo meu
    que se alongou de mim.
    Eu sei quando te amo:
    é quando eu te apalpo e não te sinto,
    e sinto que a mim mesmo então me abraço,
    a mim
    que amo e sou um duplo,
    eu mesmo
    e o corpo teu pulsando em mim.


    _________________



    AFFONSO ROMANO DE SANTA'ANNA (1937- - Página 2 Marialuaf


    "Ser como un verso volando
    o un ciego soñando
    y en ese vuelo y en ese sueño
    compartir contigo sol y luna,
    siendo guardián en tu cielo
    y tren de tus ilusiones."
    (Hánjel)





    AFFONSO ROMANO DE SANTA'ANNA (1937- - Página 2 Luna7

    Contenido patrocinado


    AFFONSO ROMANO DE SANTA'ANNA (1937- - Página 2 Empty Re: AFFONSO ROMANO DE SANTA'ANNA (1937-

    Mensaje por Contenido patrocinado


      Fecha y hora actual: Dom 08 Dic 2024, 15:11