Aires de Libertad

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    CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE - Página 10 Empty Re: CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE

    Mensaje por Maria Lua Mar 08 Dic 2020, 08:56

    Sonhei que estava sonhando
    e que no meu sonho havia
    outro sonho esculpido.
    Os três sonhos sobrepostos
    dir-se-iam apenas elos
    de uma infindável cadeia
    de mitos organizados
    em derredor de um pobre eu.


    Eu que, mal de mim! sonhava.
    Sonhava que no meu sonho
    retinha uma zona lúcida
    para concretar o fluido
    como abstrair o maciço.
    Sonhava que estava alerta,
    e mais do que alerta, lúdico,
    e receptivo, e magnético,
    e em torno a mima se dispunham
    possibilidades claras,
    e, plástico, o ouro do tempo
    vinha cingir-me e dourar-me
    para todo o sempre, para
    um sempre que ambicionava
    mas de todo o ser temia...


    Ai de mim! que mal sonhava.
    Sonhei que os entes cativos
    dessa livre disciplina
    plenamente floresciam
    permutando no universo
    uma dileta substância
    e um desejo apaziguado
    de ser um ser com milhares,
    pois o centro era eu de tudo
    como era cada um dos raios
    desfechados para longe,
    alcançando além da terra
    ignota região lunar,
    na perturbadora rota
    que antigos não palmilharam
    mas ficou traçada em branco
    nos mais velhos portulanos
    e no pó dos marinheiros
    afogados em mar alto.


    Sonhei que meu sonho vinha
    com a realidade mesma.
    Sonhei que o sonho se forma
    não do que desejaríamos
    ou de quanto silenciamos
    em meio a ervas crescidas,
    mas do que vigia e fulge
    em cada ardente palavra
    proferida sem malícia,
    aberta como uma flor
    se entreabre: radiosamente.


    Sonhei que o sonho existia
    não dentro, fora de nós,
    e era toca-lo e colhe-lo,
    e sem demora sorve-lo,
    gasta-lo sem vão receio
    de que um dia se gastara.


    Sonhei certo espelho límpido
    com a propriedade mágica
    de refletir o melhor,
    sem azedume ou frieza
    por tudo que fosse obscuro,
    mas antes o iluminando,
    mansamente convertendo
    em fonte mesma de luz.
    Obscuridade! Cansaço!
    Oclusão de formas meigas!
    Ó terra sobre diamantes!
    Já vos libertais, sementes,
    germinando à superfície
    deste solo resgatado!


    Sonhava, aí de mim, sonhando
    que não sonhara... Mas via
    na treva em frente ao meu sonho,
    nas paredes degradadas,
    na fumaça, na impostura,
    no riso mau, na inclemência,
    na fúria contra os tranquilos,
    na estreita clausura física,
    no desamor à verdade,
    na ausência de todo amor


    Eu via, ai de mim, sentia
    que o sonho era sonho, e falso.





    - Carlos Drummond de Andrade


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    y en ese vuelo y en ese sueño
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    siendo guardián en tu cielo
    y tren de tus ilusiones."
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    Mensaje por Maria Lua Miér 16 Dic 2020, 07:14

    Consolo na praia







    Vamos, não chores.

    A infância está perdida.

    A mocidade está perdida.

    Mas a vida não se perdeu.

    O primeiro amor passou.

    O segundo amor passou.

    O terceiro amor passou.

    Mas o coração continua.

    Perdeste o melhor amigo.

    Não tentaste qualquer viagem.

    Não possuis carro, navio, terra.

    Mas tens um cão.

    Algumas palavras duras,

    em voz mansa, te golpearam.

    Nunca, nunca cicatrizam.

    Mas, e o humour?

    A injustiça não se resolve.

    À sombra do mundo errado

    murmuraste um protesto tímido.

    Mas virão outros.

    Tudo somado, devias

    precipitar-te, de vez, nas águas.

    Estás nu na areia, no vento…

    Dorme, meu filho.


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    Mensaje por Maria Lua Sáb 19 Dic 2020, 06:48



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    Mensaje por Maria Lua Jue 24 Dic 2020, 05:52

     "Organiza o Natal"





    Poeta Alguém observou que cada vez mais o ano se compõe de 10 meses; imperfeitamente embora, o resto é Natal. É possível que, com o tempo, essa divisão se inverta: 10 meses de Natal e 2 meses de ano vulgarmente dito. E não parece absurdo imaginar que, pelo desenvolvimento da linha, e pela melhoria do homem, o ano inteiro se converta em Natal, abolindo-se a era civil, com suas obrigações enfadonhas ou malignas. Será bom. Então nos amaremos e nos desejaremos felicidades ininterruptamente, de manhã à noite, de uma rua a outra, de continente a continente, de cortina de ferro à cortina de nylon — sem cortinas.
    Governo e oposição, neutros, super e subdesenvolvidos, marcianos, bichos, plantas entrarão em regime de fraternidade. Os objetos se impregnarão de espírito natalino, e veremos o desenho animado, reino da crueldade, transposto para o reino do amor: a máquina de lavar roupa abraçada ao flamboyant, núpcias da flauta e do ovo, a betoneira com o sagüi ou com o vestido de baile. E o supra-realismo, justificado espiritualmente, será uma chave para o mundo.
    Completado o ciclo histórico, os bens serão repartidos por si mesmos entre nossos irmãos, isto é, com todos os viventes e elementos da terra, água, ar e alma. Não haverá mais cartas de cobrança, de descompostura nem de suicídio. O correio só transportará correspondência gentil, de preferência postais de Chagall, em que noivos e burrinhos circulam na atmosfera, pastando flores; toda pintura, inclusive o borrão, estará a serviço do entendimento afetuoso. A crítica de arte se dissolverá jovialmente, a menos que prefira tomar a forma de um sininho cristalino, a badalar sem erudição nem pretensão, celebrando o Advento.


    A poesia escrita se identificará com o perfume das moitas antes do amanhecer, despojando-se do uso do som. Para que livros? perguntará um anjo e, sorrindo, mostrará a terra impressa com as tintas do sol e das galáxias, aberta à maneira de um livro. A música permanecerá a mesma, tal qual Palestrina e Mozart a deixaram; equívocos e divertimentos musicais serão arquivados, sem humilhação para ninguém.
    Com economia para os povos desaparecerão suavemente classes armadas e semi-armadas, repartições arrecadadoras, polícia e fiscais de toda espécie. Uma palavra será descoberta no dicionário: paz. O trabalho deixará de ser imposição para constituir o sentido natural da vida, sob a jurisdição desses incansáveis trabalhadores, que são os lírios do campo. Salário de cada um: a alegria que tiver merecido. Nem juntas de conciliação nem tribunais de justiça, pois tudo estará conciliado na ordem do amor.
    Todo mundo se rirá do dinheiro e das arcas que o guardavam, e que passarão a depósito de doces, para visitas. Haverá dois jardins para cada habitante, um exterior, outro interior, comunicando-se por um atalho invisível. A morte não será procurada nem esquivada, e o homem compreenderá a existência da noite, como já compreendera a da manhã. O mundo será administrado exclusivamente pelas crianças, e elas farão o que bem entenderem das restantes instituições caducas, a Universidade inclusive. E será Natal para sempre.
     



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    Mensaje por Maria Lua Jue 31 Dic 2020, 05:52

    RECEITA DE ANO NOVO




    Para você ganhar belíssimo Ano Novo

    cor do arco-íris, ou da cor da sua paz,

    Ano Novo sem comparação com todo o tempo já vivido

    (mal vivido talvez ou sem sentido)

    para você ganhar um ano

    não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,

    mas novo nas sementinhas do vir-a-ser;

    novo

    até no coração das coisas menos percebidas

    (a começar pelo seu interior)

    novo, espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,

    mas com ele se come, se passeia,

    se ama, se compreende, se trabalha,

    você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,

    não precisa expedir nem receber mensagens

    (planta recebe mensagens?

    passa telegramas?)




    Não precisa

    fazer lista de boas intenções

    para arquivá-las na gaveta.

    Não precisa chorar arrependido

    pelas besteiras consumadas

    nem parvamente acreditar

    que por decreto de esperança

    a partir de janeiro as coisas mudem

    e seja tudo claridade, recompensa,

    justiça entre os homens e as nações,

    liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,

    direitos respeitados, começando

    pelo direito augusto de viver.



    Para ganhar um Ano Novo

    que mereça este nome,

    você, meu caro, tem de merecê-lo,

    tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil,

    mas tente, experimente, consciente.

    É dentro de você que o Ano Novo

    cochila e espera desde sempre.





    [Tienes que estar registrado y conectado para ver este vínculo] , "Receita de Ano Novo". Editora Record. 2008.


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    Mensaje por Maria Lua Sáb 02 Ene 2021, 05:59

    campo de flores


    Deus me deu um amor no tempo de madureza,
    quando os frutos ou não são colhidos ou sabem a verme.
    Deus — ou foi talvez o Diabo — deu-me este amor maduro,
    e a um e outro agradeço, pois que tenho um amor.


    Pois que tenho um amor, volto aos mitos pretéritos
    e outros acrescento aos que amor já criou.
    Eis que eu mesmo me torno o mito mais radioso
    e talhado em penumbra sou e não sou, mas sou.


    Mas sou cada vez mais, eu que não me sabia
    e cansado de mim julgava que era o mundo
    um vácuo atormentado, um sistema de erros.
    Amanhecem de novo as antigas manhãs
    que não vivi jamais, pois jamais me sorriram.


    Mas me sorriam sempre atrás de tua sombra
    imensa e contraída como letra no muro
    e só hoje presente.
    Deus me deu um amor porque o mereci.
    De tantos que já tive ou tiveram em mim,
    o sumo se espremeu para fazer um vinho
    ou foi sangue, talvez, que se armou em coágulo.


    E o tempo que levou uma rosa indecisa
    a tirar sua cor dessas chamas extintas
    era o tempo mais justo. Era tempo de terra.
    Onde não há jardim, as flores nascem de um
    secreto investimento em formas improváveis.


    Hoje tenho um amor e me faço espaçoso
    para arrecadar as alfaias de muitos
    amantes desgovernados, no mundo, ou triunfantes,
    e ao vê-los amorosos e transidos em torno
    o sagrado terror converto em jubilação.


    Seu grão de angústia amor já me oferece
    na mão esquerda. Enquanto a outra acaricia
    os cabelos e a voz e o passo e a arquitetura
    e o mistério que além faz os seres preciosos
    à visão extasiada.


    Mas, porque me tocou um amor crepuscular,
    há que amar diferente. De uma grave paciência
    ladrilhar minhas mãos. E talvez a ironia
    tenha dilacerado a melhor doação.


    Há que amar e calar.
    Para fora do tempo arrasto meus despojos
    e estou vivo na luz que baixa e me confunde.


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    Mensaje por Maria Lua Dom 03 Ene 2021, 07:03

    MENINOCHORANDONA NOITE


    Na noite lenta e morna, morta noite semruído, ummenino
    [chora.
    Ochoro atrás da parede, a luz atrás da vidraça
    perdem-se na sombra dos passos abafados, das vozes extenuadas.
    E no entanto se ouve até o rumor da gota de remédio caindo
    [na colher.
    Ummenino chora na noite, atrás da parede, atrás da rua,
    longe ummenino chora, emoutra cidade talvez,
    talvez emoutro mundo.
    E vejo a mão que levanta a colher, enquanto a outra sustenta
    [a cabeça
    e vejo o fio oleoso que escorre pelo queixo do menino,
    escorre pela rua, escorre pela cidade (umfio apenas).
    E não há ninguémmais no mundo a não ser esse menino
    [chorando.


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    Mensaje por Maria Lua Lun 04 Ene 2021, 05:26

    NOTURNO À JANELA DOAPARTAMENTO


    Silencioso cubo de treva:
    umsalto, e seria a morte.
    Mas é apenas, sob o vento,
    a integração na noite.


    Nenhumpensamento de infância,
    nemsaudade nemvão propósito.
    Somente a contemplação
    de ummundo enorme e parado.


    A soma da vida é nula.
    Mas a vida temtal poder:
    na escuridão absoluta,
    como líquido, circula.


    Suicídio, riqueza, ciência…
    A alma severa se interroga
    e logo se cala. E não sabe
    se é noite, mar ou distância.


    Triste farol da Ilha Rasa.


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    Mensaje por Maria Lua Lun 04 Ene 2021, 14:57

    El poeta


    declina toda responsabilidad

    en la marcha del mundo capitalista

    y con sus palabras, intuiciones, símbolos y otras armas

    promete ayudar

    para destruirlo

    como una cantera, un bosque

    un gusano.


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    Mensaje por Maria Lua Miér 06 Ene 2021, 07:57

    REVELAÇÃO DO SUBÚRBIO


    Quando vou para Minas, gosto de ficar de pé, contra a vidraça do
    [carro,
    vendo o subúrbio passar.
    Osubúrbio todo se condensa para ser visto depressa,
    commedo de não repararmos suficientemente
    emsuas luzes que mal têmtempo de brilhar.
    A noite come o subúrbio e logo o devolve,
    ele reage, luta, se esforça,
    até que vemo campo onde pela manhã repontamlaranjais
    e à noite só existe a tristeza do Brasil.


    _________________



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    Mensaje por Maria Lua Vie 08 Ene 2021, 05:48

    Construção




    Um grito pula no ar como foguete.
    Vem da paisagem de barro úmido, caliça e andaimes hirtos.
    O sol cai sobre as coisas em placa fervendo.
    O sorveteiro corta a rua.
    E o vento brinca nos bigodes do construtor.








    ************************






    Construcción




    Un grito salta al aire como un cohete.
    Proviene del paisaje de arcilla húmeda, piedra caliza y andamios rígidos.
    El sol cae sobre las cosas hirviendo.
    El heladero corta la calle.
    Y el viento juega en los bigotes del constructor.


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    Mensaje por Maria Lua Sáb 09 Ene 2021, 05:23

    Os Ombros Suportam o Mundo

    Chega um tempo em que não se diz mais: meu Deus.
    Tempo de absoluta depuração.
    Tempo em que não se diz mais: meu amor.
    Porque o amor resultou inútil.
    E os olhos não choram.
    E as mãos tecem apenas o rude trabalho.
    E o coração está seco.
    Em vão mulheres batem à porta, não abrirás.
    Ficaste sozinho, a luz apagou-se,
    mas na sombra teus olhos resplandecem enormes.
    És todo certeza, já não sabes sofrer.
    E nada esperas de teus amigos.
    Pouco importa venha a velhice, que é a velhice?
    Teus ombros suportam o mundo
    e ele não pesa mais que a mão de uma criança.
    As guerras, as fomes, as discussões dentro dos edifícios
    provam apenas que a vida prossegue
    e nem todos se libertaram ainda.
    Alguns, achando bárbaro o espetáculo
    prefeririam (os delicados) morrer.
    Chegou um tempo em que não adianta morrer.
    Chegou um tempo em que a vida é uma ordem.
    A vida apenas, sem mistificação.


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    y en ese vuelo y en ese sueño
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    Mensaje por Maria Lua Sáb 09 Ene 2021, 07:02



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    Mensaje por Maria Lua Sáb 09 Ene 2021, 07:03



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    Mensaje por Maria Lua Sáb 09 Ene 2021, 07:04



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    Mensaje por Maria Lua Sáb 09 Ene 2021, 07:41



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    Mensaje por Maria Lua Sáb 09 Ene 2021, 07:45



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    Mensaje por Maria Lua Sáb 09 Ene 2021, 13:06

    Sentimento do mundo


    Tenho apenas duas mãos
    e o sentimento do mundo,
    mas estou cheio de escravos,
    minhas lembranças escorrem
    e o corpo transige
    na confluência do amor.


    Quando me levantar, o céu
    estará morto e saqueado,
    eu mesmo estarei morto,
    morto meu desejo, morto
    o pântano sem acordes.


    Os camaradas não disseram
    que havia uma guerra
    e era necessário
    trazer fogo e alimento.
    Sinto-me disperso,
    anterior a fronteiras,
    humildemente vos peço
    que me perdoeis.


    Quando os corpos passarem,
    eu ficarei sozinho
    desfiando a recordação
    do sineiro, da viúva e do microscopista
    que habitavam a barraca
    e não foram encontrados
    ao amanhecer
    esse amanhecer
    mais noite que a noite.


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    Mensaje por Maria Lua Dom 10 Ene 2021, 06:53

    UM MINUTO DEPOIS


    Nudez, último véu da alma
    que ainda assim prossegue absconsa.
    A linguagem fértil do corpo
    não a detecta nem decifra.
    Mais além da pele, dos músculos,
    dos nervos, do sangue, dos ossos,
    recusa o íntimo contato,
    o casamento floral, o abraço
    divinizante da matéria
    inebriada para sempre
    pela sublime conjunção.

    Ai de nós, mendigos famintos:
    pressentimos só as migalhas
    desse banquete além das nuvens
    contingentes de nossa carne.
    E por isso a volúpia é triste
    um minuto depois do êxtase.



    *************************




    UN MINUTO DESPUÉS
     
              Desnudez, último velo del alma,
              que aun así prosigue oculta.
              El fértil linguaje del cuerpo
              no la detecta ni la descifra.
              Pero más allá de la piel, de los músculos,
              de los nervios, de la sangre, de los huesos,
              rechaza el intimo contacto,
              el casamento floral, el abrazo
              divinizante de la materia
              embriagada para siempre
              por la sublime conjunción.
              Ay de nosotros, mendigos hambrientos:
              Presentimos sólo las migajas
              de ese banquete más allá de las nubes
              contingentes de nuestra carne.
              Y por eso el deleite es triste
              un minuto después del éxtasis.






     
     
    (Corpo, 1984)  Traductor: ÓSCAR LIMACHE.
     
    Extraído de DIENTE DE LEÓN  - cipselas de difusión poética. N. 6, agosto de 2012. 
    Director: Óscar Limache.


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    Mensaje por Maria Lua Miér 13 Ene 2021, 10:08

    As plantas sofrem como nós sofremos.
    Por que não sofreriam
    se esta é a chave da unidade do mundo?

    A flor sofre, tocada
    por mão inconsciente.
    Há uma queixa abafada
    em sua docilidade.

    A pedra é sofrimento
    paralítico, eterno.

    Não temos nós, animais,
    sequer o privilégio de sofrer.


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    Mensaje por Maria Lua Jue 14 Ene 2021, 05:26

    Elegia 1938


    Trabalhas sem alegria para um mundo caduco,
    onde as formas e as ações não encerram nenhum exemplo.
    Praticas laboriosamente os gestos universais,
    sentes calor e frio, falta de dinheiro, fome e desejo sexual.
    Heróis enchem os parques da cidade em que te arrastas,
    e preconizam a virtude, a renúncia, o sangue-frio, a concepção.
    À noite, se neblina, abrem guarda-chuvas de bronze
    ou se recolhem aos volumes de sinistras bibliotecas.
    Amas a noite pelo poder de aniquilamento que encerra
    e sabes que, dormindo, os problemas te dispensam de morrer.
    Mas o terrível despertar prova a existência da Grande Máquina
    e te repõe, pequenino, em face de indecifráveis palmeiras.
    Caminhas entre mortos e com eles conversas
    sobre coisas do tempo futuro e negócios do espírito.
    A literatura estragou tuas melhores horas de amor.
    Ao telefone perdeste muito, muitíssimo tempo de semear.
    Coração orgulhoso, tens pressa de confessar tua derrota
    e adiar para outro século a felicidade coletiva.
    Aceitas a chuva, a guerra, o desemprego e a injusta distribuição
    porque não podes, sozinho, dinamitar a ilha de Manhattan.



    *************************


    Trabajas sin alegría para un mundo caduco,
    donde las formas y las acciones no encierran ejemplo alguno.
    Practicas laboriosamente los gestos universales,
    sientes calor y frío, falta de dinero, hambre y deseo sexual.

    Los héroes llenan los parques de la ciudad en que te arrastras,
    y preconizan la virtud, la renuncia, la sangre fría, la concepción.
    Por las noches, si llovizna, abren paraguas de bronce
    o se recogen entre los volúmenes de siniestras bibliotecas.

    Amas la noche por el poder aniquilador que encierra
    y sabes que, dormido. los problemas te exoneran de morir.
    Pero el terrible despertar prueba la existencia de la Gran Máquina
    y te repone, diminuto, ante indescifrables palmeras.

    Caminas entre muertos y con ellos conversas
    sobre cosas del futuro y asuntos del espíritu.
    La literatura arruinó tus mejores horas de amor.
    Al teléfono perdiste mucho, muchísimo tiempo de sembrar.

    Corazón orgulloso, tienes prisa en confesar tu derrota
    y aplazar para otro siglo la felicidad colectiva.
    Aceptas la lluvia, la guerra, el desempleo y la distribución injusta
    porque no puedas, tú solo, dinamitar la isla de Manhattan.




    Del poemario «Sentimento do Mundo» (1940)
    Carlos Drummond de Andrade (1902-1987) Brasil
    Traducción: Juan Martín.









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    Mensaje por Maria Lua Jue 14 Ene 2021, 10:51

    AMOR Y SU TIEMPO

    Amor es privilegio de maduros
    extendidos en la más estrecha cama,
    que se vuelve la más ancha y herbosa,
    rozando, en cada poro, el cielo del cuerpo.

    Es esto, amor: la ganancia no prevista,
    el premio subterráneo y fulgurante,
    lectura de relámpago cifrado
    que, descifrado, nada más existe

    que valga la pena el precio de lo terrestre,
    salvo el minuto de oro en el reloj
    minúsculo, vibrando en el crepúsculo.

    Amor es lo que se aprende al límite,
    después de archivarse toda la ciencia
    heredada, oída. Amor comienza tarde.



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    Mensaje por Maria Lua Vie 15 Ene 2021, 06:54

    FRAGILIDADE

    Este verso, apenas um arabesco
    em torno do elemento essencial - inatingível.
    Fogem nuvens de verão, passam ares, navios, ondas,
    e teu rosto é quase um espelho onde brinca o incerto movimento,
    ai! já brincou, e tudo se fez imóvel, quantidades e quantidades
    de sono se depositam sobre a terra esfacelada.

    Não mais o desejo de explicar, e múltiplas palavras em feixe
    subindo, e o espírito que escolhe, o olho que visita, a música
    feita de depurações e depurações, a delicada modelagem
    de um cristal de mil suspiros límpidos e frígidos: não mais
    que um arabesco, apenas um arabesco
    abraça as coisas, sem reduzi-las.



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    Mensaje por Maria Lua Sáb 16 Ene 2021, 07:18

    Amiga, amada, amada amiga, así el amor
    disuelve el mezquino deseo de existir de cara al mundo
    con la mirada perdida y la ancha ciencia de las cosas.
    Ya no enfrentamos al mundo: en él nos diluimos,
    y la pura esencia en que nos transmutamos perdona
    alegorías, circunstancias, referencias temporales,
    imaginaciones oníricas,
    el vuelo del Pájaro Azul, la aurora boreal,
    las llaves de oro de los sonetos y de los castillos medievales,
    todos los engaños de la razón y de la experiencia,
    para existir en sí y para sí,
    con la rebeldía de cuerpos amantes,
    pues ya ni somos nosotros,
    somos el número perfecto: Uno.


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    Mensaje por Maria Lua Sáb 16 Ene 2021, 07:29

    Poema do jornal


    O fato ainda não acabou de acontecer
    e já a mão nervosa do repórter
    o transforma em notícia.
    O marido está matando a mulher.
    A mulher ensangüentada grita.
    Ladrões arrombam o cofre.
    A polícia dissolve o meeting.
    A pena escreve.


    Vem da sala de linotipos a doce música mecânica.


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    Mensaje por Maria Lua Dom 17 Ene 2021, 04:57

    Destrucción



    Los amantes se aman cruelmente
    y con amarse tanto no se ven.
    Uno se besa con otro, reflejado.
    Dos amantes ¿qué son? Dos enemigos.

    Los amantes son niños corrompidos
    por el mimo de amar: y no perciben
    cuánto se pulverizan si se abrazan,
    y cuál lo que era mundo vuelve a nada.

    Nada, nadie. Amor, puro fantasma
    que los pasea suave, así la cobra
    se imprime en el recuerdo del camino.

    Y ellos quedan mordidos para siempre.
    Dejaron de existir, mas lo existido
    continua doliendo eternamente.



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    Mensaje por Maria Lua Dom 17 Ene 2021, 06:14

    LEMBRANÇA DOMUNDOANTIGO

    Clara passeava no jardimcomas crianças.
    Océu era verde sobre o gramado,
    a água era dourada sob as pontes,
    outros elementos eramazuis, róseos, alaranjados,
    o guarda-civil sorria, passavambicicletas,
    a menina pisou a relva para pegar umpássaro,
    o mundo inteiro, aAlemanha, a China, tudo era tranquilo
    [emredor deClara.
    As crianças olhavampara o céu: não era proibido.
    A boca, o nariz, os olhos estavamabertos. Não havia perigo.
    Os perigos queClara temia erama gripe, o calor, os insetos.
    Clara tinha medo de perder o bonde das 11 horas,
    esperava cartas que custavama chegar,
    nemsempre podia usar vestido novo. Mas passeava no jardim,
    [pela manhã !!!
    Havia jardins, havia manhãs naquele tempo!!!


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    Mensaje por Maria Lua Dom 17 Ene 2021, 06:20



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    Mensaje por Maria Lua Dom 17 Ene 2021, 08:14

    Ya no enfrentamos al mundo: en él nos diluimos,
    y la pura esencia en que nos transmutamos perdona
    alegorías, circunstancias, referencias temporales,
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    CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE - Página 10 Empty Re: CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE

    Mensaje por Maria Lua Lun 18 Ene 2021, 06:14

    ANEDOTA BÚLGARA


    Era uma vez um czar naturalista
    que caçava homens.
    Quando lhe disseram que também se caçam borboletas e andorinhas,
    ficou muito espantado
    e achou uma barbaridade




    ANÉCDOTA BÚLGARA


    Había una vez un zar naturalista
    que cazaba hombres.
    Cuando le dijeron que también se cazan mariposas y golondrinas,
    muy espantado quedó
    y pensó que era una barbaridad.




    Carlos Drummond de Andrade: [Tienes que estar registrado y conectado para ver este vínculo]
    Traducción: Juan Martín


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    "Ser como un verso volando
    o un ciego soñando
    y en ese vuelo y en ese sueño
    compartir contigo sol y luna,
    siendo guardián en tu cielo
    y tren de tus ilusiones."
    (Hánjel)





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