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    Mensaje por Maria Lua Sáb 22 Jun 2024, 17:13

    ORFANDADE


    A MENINA de preto ficou morando atrás do tempo,
    sentada no banco, debaixo da árvore,
    recebendo todo o céu nos grandes olhos admirados.

    Alguém passou de manso, com grandes nuvens no vestido,
    e parou diante dela, e ela, sem que ninguém falasse,
    murmurou: «A MAMÃE MORREU».

    Já ninguém passa mais, e ela não fala mais, também.
    O olhar caíu dos seus olhos, e está no chão, com as outras pedras,
    escutando na terra aquele dia que não dorme
    com as três palavras que ficaram por alí.


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    Mensaje por Maria Lua Lun 24 Jun 2024, 20:46

    Noturno


    Estrela fria
    da tua mão.
    Tênue, cristal,
    exígua flor.

    Ai! Neva amor.

    Lua deserta
    Do teu olhar.
    Puro, glacial
    Fogo sem cor!

    Ai! Neva amor.

    Imenso inverno
    de coração.
    Gelo sem fim
    a deslizar...

    Pus-me a cantar
    na solidão:

    Teu frio vem,
    do céu de mim,
    de ti, de quem?
    não há mais sol,
    verão, calor?

    Ai ! Neva amor.


    Cecília Meireles
    In Mar Absoluto



    ***************


    NOCTURNO


    Estrella fría
    de tu mano.
    Tenue cristal,
    exigua flor.

    ¡Ay! Nieva amor.

    Luna desierta
    de tu mirar.
    ¡Puro, glacial
    fuego sin color!

    ¡Ay! Nieva amor.

    Inmenso invierno
    de corazón.
    Hielo sin fin
    deslizándose...

    Yo cantaba
    en la soledad:

    ¿Tu frío viene
    del cielo, de mí,
    de ti, de quién?
    ¿Ya no hay sol,
    verano, calor?

    ¡Ay! Nieva amor.


    _________________



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    Mensaje por Maria Lua Jue 27 Jun 2024, 10:34

    A arte de ser feliz

    Houve um tempo em que minha janela se abria
    sobre uma cidade que parecia ser feita de giz.
    Perto da janela havia um pequeno jardim quase seco.
    Era uma época de estiagem, de terra esfarelada,
    e o jardim parecia morto.
    Mas todas as manhãs vinha um pobre com um balde,
    e, em silêncio, ia atirando com a mão umas gotas de água sobre as plantas.
    Não era uma rega: era uma espécie de aspersão ritual, para que o jardim não morresse.
    E eu olhava para as plantas, para o homem, para as gotas de água que caíam de seus dedos magros e meu coração ficava completamente feliz.
    Às vezes abro a janela e encontro o jasmineiro em flor.
    Outras vezes encontro nuvens espessas.
    Avisto crianças que vão para a escola.
    Pardais que pulam pelo muro.
    Gatos que abrem e fecham os olhos, sonhando com pardais.
    Borboletas brancas, duas a duas, como refletidas no espelho do ar.
    Marimbondos que sempre me parecem personagens de Lope de Vega.
    Ás vezes, um galo canta.
    Às vezes, um avião passa.
    Tudo está certo, no seu lugar, cumprindo o seu destino.
    E eu me sinto completamente feliz.
    Mas, quando falo dessas pequenas felicidades certas,
    que estão diante de cada janela, uns dizem que essas coisas não existem,
    outros que só existem diante das minhas janelas, e outros,
    finalmente, que é preciso aprender a olhar, para poder vê-las assim.


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    Mensaje por Maria Lua Mar 02 Jul 2024, 15:00

    CANTIGUINHA

    MEUS OLHOS eram mesmo água,
    — te juro —
    mexendo um brilho vidrado,
    verde-claro, verde-escuro.

    Fiz barquinhos de brinquedo,
    — te juro —
    fui botando todos êles
    naquele rio tão puro.
    .....................
    Veiu vindo a ventania,
    — te juro —
    as águas mudam seu brilho,
    quando o tempo anda inseguro.

    Quando as águas escurecem,
    — te juro —
    todos os barcos se perdem,
    entre o passado e o futuro.

    São dois rios os meus olhos,
    — te juro —
    noite e dia correm, correm,
    mas não acho o que procuro.



    ***************



    SOM

    ALMA divina,
    por onde me andas?
    Noite sòzinha,
    lágrimas, tantas!

    Que sôpro imenso,
    alma divina,
    em esquecimento
    desmancha a vida!

    Deixa-me ainda
    pensar que voltas,
    alma divina,
    coisa remota!

    Tudo era tudo
    quando eras minha,
    e eu era tua,
    alma divina!


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    Mensaje por Maria Lua Vie 05 Jul 2024, 20:23

    Cântico IV

    Adormece o teu corpo com a música da vida.
    Encanta-te.
    Esquece-te.
    Tem por volúpia a dispersão.
    Não queiras ser tu.
    Queres ser a alma infinita de tudo.
    Troca o teu curto sonho humano
    Pelo sonho imortal.
    O único.
    Vence a miséria de ter medo.
    Troca-te pelo Desconhecido.
    Não vês, então, que ele é maior?
    Não vês que ele não tem fim?
    Não vês que ele é tu mesmo?
    Tu que andas esquecido de ti?

    Cecília Meireles
    In: Cânticos (1927)



    ******************
    IV


    Adormece tu cuerpo con la música de la vida.

    Hechízate.

    Olvídate.

    Ten por voluptuosidad la dispersión.

    No quieras ser tú.

    Quiere ser el alma infinita de todo.

    Cambia tu corto sueño humano

    Por el sueño inmortal.

    El único.

    Vence la miseria de tener miedo.

    Cámbiate por lo Desconocido.

    ¿No ves, entonces, que él es mayor?

    ¿No ves que él no tiene fin?

    ¿No ves que él eres tú mismo?

    ¿Tú que andas olvidado de ti?





    CECÍLIA MEIRELES
    Del libro póstumo, CÂNTICOS
    Trad.: Juan Martín


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    Mensaje por Maria Lua Sáb 06 Jul 2024, 22:05

    TERRA


    DEUSA dos olhos volúveis
    pousada na mão das ondas:
    em teu colo de penumbras,
    abri meus olhos atónitos
    .
    Surgi do meio dos túmulos,
    para aprender o meu nome.

    Mamei teus peitos de pedra
    constelados de prenúncios.
    Enredei-me por florestas,
    entre cânticos e musgos.
    Soltei meus olhos no eléctrico
    mar azul, cheio de músicas.

    Desci na sombra das ruas,
    como pelas tuas veias:
    meu passo — a noite nos muros —
    casas fechadas — palmeiras —
    cheiro de chácaras húmidas —
    sono da existência efêmera.

    O vento das praias largas
    mergulhou no teu perfume
    a cinza das minhas máguas.
    E tudo caíu de súbito,
    junto com o corpo dos náufragos,
    para os invisíveis mundos.

    Vi tantos rôstos ocultos
    de tantas figuras pálidas!
    Por longas noites inúmeras,
    em minha assombrada cara
    houve grandes rios mudos
    como os desenhos dos mapas
    .
    Tinhas os pés sobre flôres,
    e as mãos prêsas, de tão puras.
    Em vão, suspiros e fomes
    cruzavam teus olhos múltiplos,
    despedaçando-se anônimos,
    diante da tua altitude.

    Fui mudando minha angústia
    numa fôrça heróica de asa.
    Para construir cada músculo,
    houve universos de lágrimas.
    Devo-te o modêlo justo:
    sonho, dor, vitória e graça.

    No rio dos teus encantos,
    banhei minhas amarguras.
    Purifiquei meus enganos,
    minhas paixões, minhas dúvidas.
    Despi-me do meu desânimo —
    fui como ninguém foi nunca.

    Deusa dos olhos volúveis,
    rôsto de espêlho tão frágil,
    coração de tempo fundo,
    — por dentro das tuas máscaras,
    meus olhos, sérios e lúcidos,
    viram a beleza amarga.

    E êsse foi o meu estudo
    para o ofício de ter alma;
    para entender os soluços,
    depois que a vida se cala.
    — Quando o que era muito é único
    e, por ser único, é tácito


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    Mensaje por Maria Lua Miér 10 Jul 2024, 23:03

    Retrato em luar


    Meus olhos ficam neste parque,
    minhas mãos no musgo dos muros,
    para o que um dia vier buscar-me,
    entre pensamentos futuros.

    Não quero pronunciar teu nome,
    que a voz é o apelido do vento,
    e os graus da esfera me consomem
    toda, no mais simples momento.

    São mais duráveis a hera, as malvas,
    que a minha face deste instante.
    Mas posso deixá-la em palavras,
    gravada num tempo constante.

    Nunca tive os olhos tão claros
    e o sorriso em tanta loucura.
    Sinto-me toda igual às arvores:
    solitária, perfeita e pura.

    Aqui estão meus olhos nas flores,
    meus braços ao longo dos ramos:
    e, no vago rumor das fontes,
    uma voz de amor que sonhamos.



    ****************


    Retrato en luz de luna


    Mis ojos se quedan en este parque,
    mis manos en el musgo de los muros,
    para quien un día venga a buscarme
    entre pensamientos futuros.

    No quiero pronunciar tu nombre,
    que es la voz y el clamor del viento,
    y los grados de la esfera me consumen
    entera, en el más simple momento.

    Son más duraderas la yedra, las malvas,
    que mi rostro de este instante.
    Pero puedo dejarlo en palabras,
    grabadas en un tiempo constante.

    Nunca tuve los ojos tan claros
    y la sonrisa en tanta locura.
    Me siento entera igual a los árboles:
    solitaria, perfecta y pura.

    Aquí están mis ojos en las flores,
    mis brazos a lo largo de los ramos:
    y, en el vago rumor de las fuentes,
    una voz de amor que soñamos.



    Del poemario "Retrato Natural" (1949)
    Cecília Meireles (1901-1964)
    Traducción: Juan Martín


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    Mensaje por Maria Lua Dom 14 Jul 2024, 12:53

    RENÚNCIA


    RAMA das minhas árvores mais altas,
    deixa ir a flor! que o tempo, ao desprendê-la,
    roda-a no molde de noites e de albas
    onde gira e suspira cada estrêla.

    Deixa ir a flor! deixa-a ser asa, espaço,
    ritmo, desenho, música absoluta,
    dando e recuperando o corpo esparso
    que, indo e vindo, se observa, e ordena, e escuta...

    Falo-te, por saber o que é perder-se.
    Conheço o coração da primavera,
    e o dom secreto do seu sangue verde,
    que num breve perfume existe e espera.

    Vertí para infinitos desamparos
    tudo que tive no meu pensamento.
    Por onde anda? No abismo. Dada ao vento...
    Era a flor dos instantes mais amargos




    *********************




    NOÇÕES

    ENTRE MIM e mim, há vastidões bastantes
    para a navegação dos meus desejos afligidos.
    Descem pela água minhas naves revestidas de espelhos.

    Cada lâmina arrisca um olhar, e investiga o elemento que a atinge.
    Mas, nesta aventura do sonho exposto à correnteza,
    só recolho o gôsto infinito das respostas que não se encontram.

    Virei-me sôbre a minha própria existência, e contemplei-a.
    Minha virtude era esta errância por mares contraditórios,

    e êste abandono para além da felicidade e da beleza.
    Oh! meu Deus, isto é a minha alma:

    qualquer coisa que flutua sôbre êste corpo efêmero e precário,
    como o vento largo do oceano sôbre a areia passiva e inúmera...





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    Última edición por Maria Lua el Vie 01 Nov 2024, 23:23, editado 1 vez


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    Mensaje por Maria Lua Jue 18 Jul 2024, 18:02

    NOITE

    HUMIDO gôsto de terra,
    cheiro de pedra lavada
    — tempo inseguro do tempo! —
    sombra do flanco da serra,
    nua e fria, sem mais nada.

    Brilho de areias pisadas,
    sabor de folhas mordidas,
    — lábio da voz sem ventura! —
    suspiro das madrugadas
    sem coisas acontecidas.

    A noite abria a frescura
    dos campos todos molhados,
    — sòzinha, com o seu perfume! —
    preparando a flor mais pura
    com ares de todos os lados.

    Bem que a vida estava quieta.
    Mas passava o pensamento...
    — de onde vinha aquela música?
    E era uma nuvem repleta,
    entre as estrêlas e o vento



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    ANUNCIAÇÃO


    TOCA essa música de sêda, frouxa e trêmula,
    que apenas embala a noite e balança as estrêlas noutro mar.
    Do fundo da escuridão nascem vagos navios de ouro,
    com as mãos de esquecidos corpos quási desmanchados no vento.
    E o vento bate nas cordas, e estremecem as velas opacas,
    e a água derrete um brilho fino, que em si mesmo logo se perde.
    Toca essa música de sêda, entre areias e nuvens e espumas.
    Os remos pararão no meio da onda, entre os os peixes suspensos:
    e as cordas partidas andarão pelos ares dançando à-tôa.
    Cessará esta música de sombra, que apenas indica valores de ar.
    Não haverá mais nossa vida, talvez não haja nem o pó que fomos.
    E a memória de tudo desmanchará suas dunas desertas,
    e em navios novos homens eternos navegarão.


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    Mensaje por Maria Lua Dom 21 Jul 2024, 19:29

    O fim do mundo



    A primeira vez que ouvi falar no fim do mundo, o mundo para mim não tinha nenhum sentido, ainda; de modo que não me interessava nem o seu começo nem o seu fim. Lembro-me, porém, vagamente, de umas mulheres nervosas que choravam, meio desgrenhadas, e aludiam a um cometa que andava pelo céu, responsável pelo acontecimento que elas tanto temiam.

    Nada disso se entendia comigo: o mundo era delas, o cometa era para elas: nós, crianças, existíamos apenas para brincar com as flores da goiabeira e as cores do tapete.

    Mas, uma noite, levantaram-me da cama, enrolada num lençol, e, estremunhada, levaram-me à janela para me apresentarem à força ao temível cometa. Aquilo que até então não me interessava nada, que nem vencia a preguiça dos meus olhos pareceu-me, de repente, maravilhoso. Era um pavão branco, pousado no ar, por cima dos telhados? Era uma noiva, que caminhava pela noite, sozinha, ao encontro da sua festa? Gostei muito do cometa. Devia sempre haver um cometa no céu, como há lua, sol, estrelas. Por que as pessoas andavam tão apavoradas? A mim não me causava medo nenhum.

    Ora, o cometa desapareceu, aqueles que choravam enxugaram os olhos, o mundo não se acabou, talvez eu tenha ficado um pouco triste – mas que importância tem a tristeza das crianças?

    Passou-se muito tempo. Aprendi muitas coisas, entre as quais o suposto sentido do mundo. Não duvido de que o mundo tenha sentido. Deve ter mesmo muitos, inúmeros, pois em redor de mim as pessoas mais ilustres e sabedoras fazem cada coisa que bem se vê haver um sentido do mundo peculiar a cada um.

    Dizem que o mundo termina em fevereiro próximo. Ninguém fala em cometa, e é pena, porque eu gostaria de tornar a ver um cometa, para verificar se a lembrança que conservo dessa imagem do céu é verdadeira ou inventada pelo sono dos meus olhos naquela noite já muito antiga.

    O mundo vai acabar, e certamente saberemos qual era o seu verdadeiro sentido. Se valeu a pena que uns trabalhassem tanto e outros tão pouco. Por que fomos tão sinceros ou tão hipócritas, tão falsos e tão leais. Por que pensamos tanto em nós mesmos ou só nos outros. Por que fizemos voto de pobreza ou assaltamos os cofres públicos — além dos particulares. Por que mentimos tanto, com palavras tão judiciosas. Tudo isso saberemos e muito mais do que cabe enumerar numa crônica.

    Se o fim do mundo for mesmo em fevereiro, convém pensarmos desde já se utilizamos este dom de viver da maneira mais digna.

    Em muitos pontos da terra há pessoas, neste momento, pedindo a Deus — dono de todos os mundos — que trate com benignidade as criaturas que se preparam para encerrar a sua carreira mortal. Há mesmo alguns místicos — segundo leio — que, na Índia, lançam flores ao fogo, num rito de adoração.

    Enquanto isso, os planetas assumem os lugares que lhes competem, na ordem do universo, neste universo de enigmas a que estamos ligados e no qual por vezes nos arrogamos posições que não temos – insignificantes que somos, na tremenda grandiosidade total.

    Ainda há uns dias a reflexão e o arrependimento: por que não os utilizaremos? Se o fim do mundo não for em fevereiro, todos teremos fim, em qualquer mês.



    *************************************

    Cecília Meireles


    Nasceu em 1901 no Rio de Janeiro e viveu até os 63 anos. Ela disse em sua última entrevista — ao jornalista Pedro Bloch, publicada em maio de 1964 na revista Manchete — que seu vício terrível era gostar de gente.

    Teve sua infância marcada por perdas profundas. Seu pai e sua mãe morreram quando ela ainda era criança. Morte prematura também tiveram seus irmãos Carlos, Vítor e Carmen. Cecília Meireles foi criada por sua avó Maria Jacinta Benevides, açoriana, personagem recorrente em sua obra.

    A maior tragédia de Cecília Meireles ainda estaria por vir: o suicídio de seu marido, o ilustrador português Fernando Correia Dias, fato que transformaria a visão de mundo da poeta. Correia Dias suicidou-se em casa, em 1935, enquanto as filhas se preparavam para os festejos do Dia da Bandeira.

    “Há muitas mortes por detrás dessa morte. E não foi apenas um suicídio: foi também um assassinato. Posso eu viver muito tempo; pode minha existência tomar os mais inesperados rumos — mas essa noção da inutilidade humana; esta indiferença pela esperança, este desapego da lógica farão de mim cada vez mais uma criatura sem raízes na terra, prescindindo de tudo e à mercê dos casos que a queiram transportar”, escreveu a poeta a Diogo de Macedo, amigo português. (Carta publicada pela revista Terceira Margem, Porto, Portugal, 1998).

    Cecília Meireles foi poeta, jornalista, cronista, escreveu para crianças, foi professora. Também esteve engajada na defesa de uma educação pública, laica e de alto nível como caminho para diminuir as desigualdades sociais do país.




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    o un ciego soñando
    y en ese vuelo y en ese sueño
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    siendo guardián en tu cielo
    y tren de tus ilusiones."
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    Mensaje por Maria Lua Vie 26 Jul 2024, 19:09

    CONVENIÊNCIA


    CONVÉM que o sonho tenha margens de nuvens rápidas
    e os pássaros não se expliquem, e os velhos andem pelo sol,
    e os amantes chorem, beijando-se, por algum infanticídio

    Convém tudo isso, e muito mais, e muito mais...
    E por êsse motivo aqui vou, como os papéis abertos
    que caem das janelas dos sobrados, tontamente.
    ..
    Depois das ruas, e dos trens, e dos navios,
    encontrarei casualmente a sala que afinal buscava,
    e o meu retrato, na parede, olhará para os olhos que levo.

    E encolherei meu corpo nalguma cama dura e fria.
    (Os grilos da infância estarão cantando dentro da erva...)
    E eu pensarei: «Que bom! nem é preciso respirar!...»


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    Mensaje por Maria Lua Sáb 27 Jul 2024, 13:15

    GUITARRA

    PUNHAL de prata já eras,
    punhal de prata!
    Nem fôste tu que fizeste
    a minha mão insensata.

    Vi-te brilhar entre as pedras,
    punhal de prata!
    — no cabo, flores abertas,
    no gume, a medida exata,

    a exata, a medida certa,
    punhal de prata,
    para atravessar-me o peito
    com uma letra e uma data.

    A maior pena que eu tenho,
    punhal de prata,
    não é de me ver morrendo,
    mas de saber quem me mata


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    Mensaje por Maria Lua Lun 29 Jul 2024, 09:18

    DISTÂNCIA


    QUANDO o sol ia acabando
    e as águas mal se moviam,
    tudo que era meu chorava
    da mesma melancolia.
    Outras lágrimas nasceram
    com o nascimento do dia:
    só de noite esteve sêco
    meu rosto sem alegria.
    (Talvez o sol que acabara
    e as águas que se perdiam
    transportassem minha sombra
    para a sua companhia...)
    Oh!
    mas nem no sol nem nas águas
    os teus olhos a veriam...
    — que andam longe, irmãos da lua,
    muito clara e muito fria...




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    Mensaje por Maria Lua Jue 01 Ago 2024, 10:07

    Elegia





    Neste mês, as cigarras cantam

    e os trovões caminham por cima da terra,

    agarrados ao sol.

    Neste mês, ao cair da tarde, a chuva corre pelas montanhas,

    e depois a noite é mais clara,

    e o canto dos grilos faz palpitar o cheiro molhado do chão.



    Mas tudo é inútil,

    porque os teus ouvidos estão como conchas vazias,

    e a tua narina imóvel

    não recebe mais notícias

    do mundo que circula no vento.




    ****************



    E o vento bate nas cordas, e estremecem as velas opacas,
    e a água derrete um brilho fino, que em si mesmo logo se perde.

    Toca essa música de seda, entre areias e nuvens e espumas.

    Os remos pararão no meio da onda, entre os os peixes suspensos:
    e as cordas partidas andarão pelos ares dançando à toa.


    _________________



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    Mensaje por Maria Lua Sáb 10 Ago 2024, 17:18

    PAUSA



    AGORA é como depois de um entêrro.
    Deixa-me neste leito, do tamanho do meu corpo,
    junto à parêde lisa, de onde brota um sono vazio.

    A noite desmancha o pobre jôgo das variedades.
    Pousa a linha do horizonte entre as minhas pestanas,
    e mergulha silêncio na última veia da esperança.

    Deixa tocar êsse grilo invisível
    — mercúrio tremendo na palma da sombra —
    deixa-o tocar a sua música, suficiente
    para cortar todo arabesco da memória...






    ********************



    VINHO

    A TAÇA foi brilhante e rara,
    mas o vinho de que bebí
    com os meus olhos postos em ti,
    era de total amargura.

    Desde essa hora antiga e preclara,
    insensìvelmente descí,
    e em meu pensamento sentí
    o desgôsto de ser criatura.

    Eu sou de essência etérea e clara:
    no entanto, desde que te ví,
    como que desapareci...
    Rondo triste, à minha procura.

    A taça foi brilhante e rara:
    mas, com certeza enlouquecí.
    E dêsse vinho que bebí
    se originou minha loucura.


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    Mensaje por Maria Lua Lun 12 Ago 2024, 14:41

    Ressurreição



    Não cantes, não cantes, porque vêm de longe os náufragos
    vêm os presos, os tortos, os monges, os oradores, os suicidas.
    Vêm as portas, de novo, e o frio das pedras, das escadas,
    e, numa roupa preta, aquelas duas mãos antigas.

    E uma vela de móvel chama fumosa. E os livros. E os escritos.
    Não cantes. A praça cheia torna-se escura e subterrânea.
    E meu nome se escuta a si mesmo, triste e falso.

    Não cantes, não. Porque era a música da tua
    voz que se ouvia. Sou morta recente, ainda com lágrimas.

    E deixei nos meus pés ficar o sol e andarem moscas.
    E dos meus dentes escorrer uma lenta saliva.
    Não cantes, pois trancei o meu cabelo, agora,
    e estou diante do espelho, e sei melhor que ando fugida.


    ******************************


    Resurrección

    No cantes, no cantes, porque vienen de lejos los náufragos,
    vienen los presos, los tuertos, los monjes, los oradores,
    los suicidas.
    Vienen las puertas, de nuevo, y el frío de las piedras,
    de las escalinatas,
    y, con un ropaje negro, aquellas dos manos antiguas.
    Y una vela de móvil llama humeante. Y los libros. Y
    las escrituras.
    No cantes, no. Porque era la música de tu
    voz lo que se oía. Soy una muerta reciente, aún
    con lágrimas.
    Alguien escupió distraídamente sobre mis pestañas.
    Por eso vi que ya era tarde.

    Y dejé en mis pies quedarse el sol y andar las moscas.
    Y de mis dientes se escurrió una lenta saliva.
    No cantes, pues trencé mis cabellos, ahora,
    y estoy ante el espejo, y sé bien que ando en fuga.


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    Mensaje por Maria Lua Vie 16 Ago 2024, 19:52

    DESCRIÇÃO


    HÁ UMA água clara que cai sôbre pedras escuras
    e que, só pelo som, deixa ver como é fria.

    Há uma noite por onde passam grandes estrêlas puras.
    Há um pensamento esperando que se forme uma alegria.

    Há um gesto acorrentado e uma voz sem coragem,
    e um amor que não sabe onde é que anda o seu dia
    .
    E a água cai, refletindo estrêlas, céu, folhagem...
    Cai para sempre!

    E duas mãos nela mergulham com tristeza,
    deixando um esplendor sôbre a sua passagem.

    (Porque existe um esplendor e uma inútil beleza
    nessas mãos que desenham dentro da água sua viagem
    para fóra da natureza,
    onde não chegará nunca esta água imprecisa,
    que nasce e deslisa, que nasce e deslisa...)


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    Mensaje por Maria Lua Mar 20 Ago 2024, 17:31

    Discurso


    E aqui estou, cantando.

    Um poeta é sempre irmão do vento e da água:
    deixa seu ritmo por onde passa.

    Venho de longe e vou para longe:
    mas procurei pelo chão os sinais do meu caminho
    e não vi nada, porque as ervas cresceram e as serpentes
    andaram.

    Também procurei no céu a indicação de uma trajetória,
    mas houve sempre muitas nuvens.
    E suicidaram-se os operários de Babel.

    Pois aqui estou, cantando.

    Se eu nem sei onde estou,
    como posso esperar que algum ouvido me escute?

    Ah! Se eu nem sei quem sou,
    como posso esperar que venha alguém gostar de mim?




    *********************


    Discurso


    Y aquí estoy, cantando.

    Un poeta es siempre hermano del viento y del agua:
    Deja tu ritmo por donde pasa.

    Vengo de lejos y voy lejos:
    pero busqué en el suelo las señales de mi camino
    y no vi nada, porque las hierbas crecíeron y las serpientes
    andaron.

    También busqué en el cielo la indicación de una trayectoria,
    pero siempre hubo muchas nubes.
    Y los obreros de Babel se suicidaron.

    Así que aquí estoy, cantando.

    Si ni siquiera sé dónde estoy,
    ¿Cómo puedo esperar que algún oído me escuche?

    ¡Vaya! Si ni siquiera sé quién soy,
    ¿Cómo puedo esperar que alguien me quiera?


    _________________



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    Mensaje por Maria Lua Dom 25 Ago 2024, 14:30

    Contemplação

    Não acuso. Nem perdôo.
    Nada sei. De nada.
    Contemplo.

    Quando os homens apareceram
    eu não estava presente.
    Eu não estava presente,
    quando a terra se desprendeu do sol.
    Eu não estava presente,
    quando o sol apareceu no céu.
    E antes de haver o céu,
    EU NÃO ESTAVA PRESENTE.

    Como hei de acusar ou perdoar?
    Nada sei.
    Contemplo.

    Parece que às vezes me falam.
    Mas também não tenho certeza.
    Quem me deseja ouvir, nestas paragens
    onde somos todos estrangeiros?
    Também não sei com segurança, muitas vezes,
    da oferta que vai comigo, e em que resulta,
    pois o mundo é mágico!
    Tocou-se o Lírio e apareceu um Cavalo Selvagem.
    E um anel no dedo pode fazer desabar da lua um temporal.

    Já vês que me enterneço e me assusto,
    entre as secretas maravilhas.
    E não posso medir todos os ângulos do meu gesto.

    Noites e noites, estudei devotamente
    nossos mitos, e sua geometria.

    Por mais que me procure, antes de tudo ser feito,
    eu era amor. Só isso encontro.
    Caminho, navego, vôo,
    - sempre amor.
    Rio desviado, seta exilada, onda soprada ao contrário,
    - mas sempre o mesmo resultado: direção e êxtase.
    À beira dos teus olhos,
    por acaso detendo-me,
    que acontecimentos serão produzidos
    em mim e em ti?

    Não há resposta.
    Sabem-se os nascimentos
    quando já foram sofridos.

    Tão pouco somos, - e tanto causamos,
    com tão longos ecos!
    Nossas viagens têm cargas ocultas, de desconhecidos vínculos.

    Entre o desejo do itinerário, uma lei que nos leva
    age invisível e abriga
    mais que o itinerário e o desejo.

    Que te direi, se me interrogas?
    As nuvens falam?
    Não. As nuvens tocam-se, passam, desmancham-se.
    Às vezes, pensa-se que demoram, parece que estão paradas...
    Confundiram-se.

    E até se julga que dentro delas andam estrelas e planetas.
    Oh, aparência...Pode talvez andar um tonto pássaro perdido.
    Voz sem pouso, no tempo surdo.

    Não acuso nem perdôo.
    Que faremos, errantes entre as invenções dos deuses?

    Eu não estava presente, quando formaram
    a voz tão frágil dos pássaros.

    Quando as nuvens começaram a existir,
    qual de nós estava presente?


    Cecília Meireles
    In: Mar Absoluto



    *********************


    CONTEMPLACIÓN [16]

    No acuso. Ni perdono.
    No sé nada. De nada.
    Contemplo.

    Cuando aparecieron los hombres
    yo no estaba presente.
    Yo no estaba presente
    cuando la tierra se desprendió del sol.
    Yo no estaba presente,
    cuando el sol apareció en el cielo..
    Y, antes de haber cielo,
    YO NO ESTABA PRESENTE.

    ¡Cómo voy a acusar o perdonar?
    No sé nada.
    Contemplo.

    Parece que a veces me hablan.
    Pero tampoco estoy segura.
    ¿Quién va a quererme oír, en estos parajes
    donde todos somos extranjeros?

    ¡Tampoco sé seguro, muchas veces,
    de la oferta que va conmigo, y en qué resulta,
    ya que el mundo es mágico!
    El lirio fue tocado, y apareció un Caballo Salvaje.
    Y un anillo en el dedo puede hacer colapsar de la luna un temporal.
    Ya ves que me enternezco y me asusto,
    entre las secretas maravillas.
    Y no puedo medir todos los ángulos de mi gesto.

    Noches y noches, estudié devotamente
    nuestros mitos, y su geometría.

    Por más que me busque, antes de que todo fuera hecho,
    yo era amor. Sólo eso encuentro.
    Camino, navego, vuelo
    -siempre amor.
    Río desviado, flecha exiliada, ola soplada al revés
    -pero siempre el mismo resultado: dirección es éxtasis.

    A la vera de tus ojos,
    me detengo al azar,
    ¿qué acontecimientos se producirán
    en mí y en tí?

    No hay respuesta.

    Se saben los nacimientos
    cuando ya fueron sufridos.
    ¡Tan poco somos -y tanto causamos
    con tan largos ecos!
    Nuestros viajes tienen cargas ocultas, de desconocidos vínculos.
    Entre el deseo de itinerario, una ley que nos lleva
    actúa invisible y abriga
    más que el itinerario o el deseo.

    ¿Qué te voy a decir, si me interrogas?
    ¿Las nubes hablan?
    No. La nubes se tocan, pasan, se esfuman.
    A veces, uno piensa que se demoran, parece que están paradas…

    -Uno se confunde.
    Y hasta se piensa que dentro de ellas andan estrellas y planetas.
    Oh, apariencia… Puede a lo mejor andar un tonto pájaro perdido.
    Voz sin aterrizar, en el tiempo sordo.

    No acuso ni perdono.
    ¿Qué haremos, errantes entre las invenciones de los dioses?

    Yo no estaba presente, cuando formaron
    la voz tan frágil de los pájaros.

    Cuando las nubes comenzaron a existir,
    ¿quién de nosotros estaba presente?




    Mar absoluto y otros poemas, 1945



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    Versiones de Eduardo D’Anna


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    Mensaje por Maria Lua Jue 29 Ago 2024, 16:27

    ESTRELA



    QUEM VIU aquele que se inclinou sobre palavras trémulas,
    de relevo partido e de contorno perturbado,
    querendo achar lá dentro o rosto que dirige os sonhos,
    para ver si era o seu que lhe tivessem arrancado?
    Quem foi que o viu passar com sues ímãs insones,
    buscando o polo que girava sempre no vento?
    — Seus olhos iam nos pés, destruindo todas as raízes líricas,
    e em suas mãos sangrava o pensamento.
    E era o seu rosto, sim, que estava entre versos andróginos,
    preso em círculos de ar, sobre um instante de festa!
    Boca fechada sob flores venenosas,
    e uma estrela de cinza na testa.
    Bem que ele quis chamar pelo seu nome em voz muito alta,
    — mas o desejo não foi além do seu pescoço.
    E ficou diante de sua cabeça, estruturando-se
    como o frio dentro de um poço.
    E não pode contar a ninguém seu fim quimérico.
    A ninguém. Pois a língua que fora sua estava morta,
    e ele era um prisioneiro entre paredes transparentes,
    entre paredes transparentes, mas sem porta.
    Disto ele soube. O que nunca entendeu, porém, e o que lhe amarra
    o coração com ardentes cordas de desgosto
    é aquela estrela de cinza — aquela estrela grande e plácida —
    derramando sombra em seu rosto.



    ****************



    DIÁLOGO



    MINHAS palavras são a metade de um diálogo obscuro
    continuado através de séculos impossíveis.
    Agora compreendo o sentido e a ressonância
    que também trazes de tão longe em tua voz.
    Nossas perguntas e respostas se reconhecem
    como os olhos dentro dos espelhos. Olhos que choraram.
    Conversamos dos dois extremos da noite,
    como de praias opostas. Mas com uma voz que não se importa...
    E um mar de estrelas se balança entre o meu pensamento e o teu.
    Mas um mar sem viagens.


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    o un ciego soñando
    y en ese vuelo y en ese sueño
    compartir contigo sol y luna,
    siendo guardián en tu cielo
    y tren de tus ilusiones."
    (Hánjel)





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    Mensaje por Maria Lua Dom 01 Sep 2024, 14:31

    LUAR

    FACE do muro tão plana,
    com o sabugueiro florido.

    O luar parece que abana
    as ramagens na parede.

    A noite tôda é um zumbido
    e um florir de vagalumes.

    A bôca morre de sêde
    junto à frescura dos galhos.

    Andam nascendo os perfumes
    na sêda crespa dos cravos.

    Brota o sono dos canteiros
    como o cristal dos orvalhos.



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    66


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    Mensaje por Maria Lua Dom 01 Sep 2024, 14:48

    Suavíssima

    Os galos cantam, no crepúsculo dormente . . .
    No céu de outono, anda um langor final de pluma
    Que se desfaz por entre os dedos, vagamente . . .

    Os galos cantam, no crepúsculo dormente . . .
    Tudo se apaga, e se evapora, e perde, e esfuma . . .

    Fica-se longe, quase morta, como ausente . . .
    Sem ter certeza de ninguém . . . de coisa alguma . . .
    Tem-se a impressão de estar bem doente, muito doente,

    De um mal sem dor, que se não saiba nem resuma . . .
    E os galos cantam, no crepúsculo dormente . . .

    Os galos cantam, no crepúsculo dormente . . .
    A alma das flores, suave e tácita, perfuma
    A solitude nebulosa e irreal do ambiente . . .

    Os galos cantam, no crepúsculo dormente . . .
    Tão para lá! . . . No fim da tarde . . . além da bruma . . .

    E silenciosos, como alguém que se acostuma
    A caminhar sobre penumbras, mansamente,
    Meus sonhos surgem, frágeis, leves como espuma . . .

    Põem-se a tecer frases de amor, uma por uma . . .
    E os galos cantam, no crepúsculo dormente . . .



    _________________



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    Mensaje por Maria Lua Dom 01 Sep 2024, 14:57

    No fio da respiração,
    rola a minha vida monótona,
    rola o peso do meu coração.

    Tu não vês o jogo perdendo-se
    como as palavras de uma canção.

    Passas longe, entre nuvens rápidas,
    com tantas estrelas na mão...

    — Para que serve o fio trêmulo
    em que rola o meu coração?


    *********************


    Leilão de jardim


    Quem me compra um jardim com flores?
    Borboletas de muitas cores,
    lavadeiras e passarinhos,
    ovos verdes e azuis nos ninhos?
    Quem me compra este caracol?

    Quem me compra um raio de sol?
    Um lagarto entre o muro e a hera,
    uma estátua da Primavera?
    Quem me compra este formigueiro?

    E este sapo, que é jardineiro?
    E a cigarra e a sua canção?
    E o grilinho dentro do chão?
    (Este é o meu leilão.)



    ***********************


    O menino azul


    O menino quer um burrinho
    para passear.
    Um burrinho manso,
    que não corra nem pule,
    mas que saiba conversar.

    O menino quer um burrinho
    que saiba dizer
    o nome dos rios,
    das montanhas, das flores,
    — de tudo o que aparecer.

    O menino quer um burrinho
    que saiba inventar histórias bonitas
    com pessoas e bichos
    e com barquinhos no mar.

    E os dois sairão pelo mundo
    que é como um jardim
    apenas mais largo
    e talvez mais comprido
    e que não tenha fim.

    (Quem souber de um burrinho desses,
    pode escrever
    para a Ruas das Casas,
    Número das Portas,
    ao Menino Azul que não sabe ler.)



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    Mensaje por Maria Lua Dom 08 Sep 2024, 16:58

    Escribe (y traduce!): Alan Bento


    Cecília Meireles (Río de Janeiro, 1901 – Río de Janeiro, 1964) fue una poeta, profesora y periodista brasileña. Es considerada una de las mejores poetas que tuvo el continente sudamericano en el siglo XX. Perteneció al movimiento Modernista brasileño junto a otros referentes como Manuel Bandeira o Carlos Drummond de Andrade. Su poesía recibe una considerable influencia del romanticismo, y asimismo se distancia de sus contemporáneos al no optar por la experimentación sino por un estilo más sencillo y preciso. Con frecuencia se centra en lo sensorial, a través de un lirismo que resulta transfigurador. Lo efímero y lo eterno aparecen conjugados en su obra como parte de un todo, el silencio y la soledad son los elementos que permiten, a su vez, ese contacto provisto de un hondo sentimentalismo. Entre sus obras destacan: Espectros (1919); Nunca mais (1923); Baladas para El-Rei (1925); Viagem (1939); Vaga música (1942); Mar absoluto (1945); Retrato natural (1949); Romanceiro da inconfidência (1953);

    A continuación, cinco de sus poemas traducidos al español por el autor de esta nota:



    MOTIVO

    Yo canto porque existe el instante
    y mi vida está completa.
    No soy alegre ni soy triste:
    soy poeta.

    Hermano de las cosas huidizas,
    no siento gozo ni tormento.
    Atravieso noches y días
    en el viento.

    Si desmorono o si edifico,
    si permanezco o deshago,
    -no sé, no sé. No sé si quedo
    o paso.

    Sé que canto. Y la canción es todo.
    Tiene sangre eterna el ala rimada.
    Y un día sé que estaré mudo:
    -Nada más.



    ***************


    CANCIÓN

    En el desequilibrio de los mares,
    las proas giran solitarias…
    En una de las naves que se hundieron
    es que ciertamente vos venías.

    Yo te esperé todos los siglos
    sin desesperación y sin disgusto,
    y morí de infinitas muertes
    guardando siempre el mismo rostro.

    Cuando las olas te llevaron
    mis ojos, entre aguas y arenas,
    cegaron como los de las estatuas
    a todo lo que les es ajenas.

    Mis manos se detuvieron en el aire,
    se endurecieron, con el viento,
    perdieron el color que tenían,
    y el recuerdo del movimiento.

    Y la sonrisa que yo te llevaba,
    se desprendió y cayó de mí:
    solo tal vez ella aún viva
    dentro de estas aguas sin fin



    ******************

    CANCIÓN

    Puse mi sueño en un navío
    y el navío sobre el mar,
    -después, abrí el mar con las manos,
    para hacerlo naufragar.

    Mis manos aún siguen mojadas
    del azul de las olas entreabiertas,
    y el color que escurre de mis dedos
    colorea las arenas desiertas.

    De lejos viene el viento,
    y la noche se curva de frío,
    bajo el agua va muriendo
    mi sueño, dentro de un navío…

    Lloraré todo lo que sea necesario
    para hacer que la mar crezca,
    y mi navío llegue al fondo,
    y mi sueño desaparezca.

    Después, todo será perfecto;
    playa lisa, aguas calmas,
    mis ojos secos como piedras
    y mis dos manos quebradas


    ****************
    .

    CANCIÓN DE OTOÑO

    Perdóname, hoja seca,
    no puedo cuidar de ti.
    Vine a amar en este mundo,
    y hasta el amor perdí.
    ¿De qué sirvió tejer flores
    en las arenas del suelo
    si había gente durmiendo
    sobre el propio corazón?

    ¡Y no pude levantarla!
    Lloro por lo que no hice
    y por esta flaqueza
    es que soy triste e infeliz.
    ¡Perdóname, hoja seca!
    Mis ojos sin fuerza están
    velando y rogando por aquéllos
    que no se levantarán.

    Tú eres hoja de otoño
    que vuela por el jardín.
    Te dejo mi nostalgia
    -la mejor parte de mí.
    Y voy por este camino,
    segura de lo inútil que es todo.
    Que todo es menos que el viento,
    menos que las hojas del suelo.



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    Mensaje por Maria Lua Lun 16 Sep 2024, 18:17

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    Sensitiva


    No cedro e na rosa,
    o gesto da brisa.
    De joelhos, na noite,
    colhíamos juntos
    a sensitiva.

    Teu lábio formava
    uma lua fina.
    Mas tua figura,
    na sombra, a – a folhagem
    muda bebia.

    Junto à áspera terra,
    tua mão e a minha
    se encontraram sob
    o pânico súbito
    da sensitiva.

    Que espasmo de nácar
    pela seiva aflita!
    Nem rosa nem cedro
    souberam da ausência
    da sensitiva.

    Aonde levaremos
    esta dolorida
    planta frágil, se
    tua mão se apaga
    em lírio e cinza?

    Se teu rosto esparso
    já não se adivinha,
    e teu lábio é, agora,
    na manhã que chega,
    puro enigma?

    Voa dos meus olhos
    a noite vivida.
    Na areia dos sonhos,
    somente o desenho
    da sensitiva.


    Cecília Meireles
    in Mar Absoluto


    *******************


    Sensitiva



    En el cedro y en la rosa,

    el soplo de la brisa.

    De rodillas, en la noche,

    cogíamos juntos

    la sensitiva.



    Tu labio formaba

    una luna fina.

    Mas tu figura,

    en la sombra, -el follaje

    mudo bebía.  



    Junto a la áspera tierra,

    tu mano y la mía

    se encontraron bajo

    el pánico súbito

    de la sensitiva.



    ¡Qué espasmo de nácar

    por la savia aflicta!

    Ni rosa ni cedro

    supieron la ausencia

    de la sensitiva.



    ¿Dónde llevaremos

    esta dolorida

    planta frágil, si

    tu mano se apaga

    en lirio y ceniza?



    ¿Si tu rostro disperso

    ya no se adivina,

    y tu labio es, ahora,

    en la mañana que llega,

    puro enigma?



    Vuela de mis ojos

    la noche vivida.

    En la arena de los sueños,

    tan sólo el dibujo

    de la sensitiva.



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    Mensaje por Maria Lua Sáb 21 Sep 2024, 09:35

    Prisão ( Cecília Meireles)



    Nesta cidade
    quatro mulheres estão no cárcere.
    Apenas quatro.
    Uma na cela que dá para o rio,
    outra na cela que dá para o monte,
    outra na cela que dá para a igreja
    e a última na do cemitério
    ali embaixo.
    Apenas quatro.

    Quarenta mulheres noutra cidade,
    quarenta, ao menos,
    estão no cárcere.
    Dez voltadas para as espumas,
    dez para a lua movediça,
    dez para pedras sem resposta,
    dez para espelhos enganosos.
    Em celas de ar, de água, de vidro
    estão presas quarenta mulheres,
    quarenta ao menos, naquela cidade.

    Quatrocentas mulheres
    quatrocentas, digo, estão presas:
    cem por ódio, cem por amor,
    cem por orgulho, cem por desprezo
    em celas de ferro, em celas de fogo,
    em celas sem ferro nem fogo, somente
    de dor e silêncio,
    quatrocentas mulheres, numa outra cidade,
    quatrocentas, digo, estão presas.

    Quatro mil mulheres, no cárcere,
    e quatro milhões – e já nem sei a conta,
    em cidades que não se dizem,
    em lugares que ninguém sabe,
    estão presas, estão para sempre
    - sem janela e sem esperança,
    umas voltadas para o presente,
    outras para o passado, e as outras
    para o futuro, e o resto – o resto,
    sem futuro, passado ou presente,
    presas em prisão giratória,
    presas em delírio, na sombra,
    presas por outros e por si mesmas,
    tão presas que ninguém as solta,
    e nem o rubro galo do sol
    nem a andorinha azul da lua
    podem levar qualquer recado
    à prisão por onde as mulheres
    se convertem em sal e muro.


    ****************


    PRISIÓN


    En esta ciudad
    cuatro mujeres están en la cárcel.
    Cuatro solamente
    una en la celda que da al río,
    una en la celda que da al monte,
    otra en la celda que da a la iglesia,
    y la última en la que da al cementerio
    allá abajo.
    Cuatro solamente.

    Cuarenta mujeres en otra ciudad,
    cuarenta por lo menos,
    están en la cárcel.
    Diez vueltas hacia las espumas,
    diez hacia la movediza luna,
    diez hacia piedras sin respuesta,
    diez hacia engañosos espejos.
    En celdas de aire, de agua, de vidrio
    están presas cuarenta mujeres
    cuarenta por lo menos, en aquella ciudad.

    Cuatrocientas mujeres
    cuatrocientas, digo, están presas
    cien por odio, cien por amor,
    cien por orgullo, cien por desprecio
    en celdas de hierro, en celdas de fuego,
    en celdas sin hierro y sin fuego, solamente
    de dolor y silencio,
    Cuatrocientas mujeres en otra ciudad
    Cuatrocientas digo, están presas.

    Cuatro mil mujeres en la cárcel,
    y cuatro millones y ya no llevo la cuenta,
    en ciudades que no se dicen,
    en lugares que nadie sabe
    están presas, lo están para siempre
    sin ventana, sin esperanza,
    unas vueltas hacia el presente,
    otras hacia el pasado, y las otras
    hacia el futuro, y el resto el resto,
    sin futuro, pasado o presente
    presas en la prisión giratoria,
    presas en el delirio, en la sombra,
    presas por otros y por sí mismas,
    tan presas que nadie las suelta,
    ni el rojizo rayo del sol
    tampoco la golondrina azul de la luna
    pueden llevar ningún recado
    a la prisión donde las mujeres
    se convierten en sal y muro.



    Traducción de Heloísa Costa Milto
    Del libro ESPECTROS 1919


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    Mensaje por Maria Lua Mar 24 Sep 2024, 23:04

    HUMILDADE


    Varre o chão de cócoras.
    Humilde.
    Vergada.
    Adolescente anciã.

    Na palha, no pó
    seu velho sári inscreve
    mensagens ao sol
    com o tênue galão dourado.

    Prata nas narinas,
    nas orelhas,
    nos dedos,
    nos pulsos.

    Pulseiras nos pés.

    Uma pobreza resplandecente.

    Toda negra:
    frágil escultura de carvão.
    Toda negra:
    e cheia de centelhas.

    Varre seu próprio rastro.
    Apanha as folhas do jardim
    aos punhados,
    primeiro;
    uma
    por
    uma
    por fim.

    Depois desaparece,
    tímida,
    como um pássaro numa árvore.

    Recolhe à sombra
    suas luzes:
    ouro,
    prata,
    azul.
    E seu negrume.

    O dia entrando em noite.
    A vida sendo morte.
    O som virando silêncio.





    De Poemas da Ìndia




    ****************





    HUMILDAD

    Varre el suelo de cuclillas.
    Humildad.
    Vergada.
    Adolescente anciana.

    En la paja, en el polvo
    Su viejo sári inscribe
    Mensajes de sol
    Con el tenue galón dorado.

    Plata en las narinas,
    En las orejas,
    En los dedos,
    En las muñecas.

    Pulseras en los pies.

    Una pobreza resplandeciente.

    Toda negra:
    Frágil escultura de carbón.
    Toda negra:
    Y llena de chispas.

    Varre su propio rastro.

    Recoge las hojas del jardín
    A los puñados,
    Primero;
    Una persona
    Por:
    Una persona
    por fin.

    Después desaparece,
    Tímida,
    Como un pájaro en un árbol.

    Recogida a la sombra
    Sus luces:
    El oro,
    La plata,
    Azul.
    Y su negrura.

    El día entrando en la noche.
    La vida es muerte.
    El sonido se vuelve silencioso.


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    Mensaje por Pascual Lopez Sanchez Miér 25 Sep 2024, 01:52

    QUIERO REGLAS PARA QUE HAYA EQUILIBRIO. ESTO ES DE TODOS.


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     ISRAEL: ¡GENOCIDA! LA HISTORIA HABRÁ DE LLEVARLOS ANTE LA CORTE PENAL INTERNACIONAL POR CONTINUADOS CRÍMMENES DE GUERRA
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    Mensaje por Maria Lua Miér 25 Sep 2024, 19:40

    HISTÓRIA

    EU FUI a de mãos ardentes
    que, triste de ser nascida,
    fui subindo altas vertentes
    para a vida
    .
    E perguntava, à subida:
    «Ó mãos, porque sois ardentes?»

    Água fina que descia,
    flor em pedras debruçada,
    nada ouvia ou respondia...
    Nada, nada.

    E eu ia desenganada,
    sorrindo, porque o sabia.
    E, afinal, no céu, presentes
    tôdas as estrêlas puras,
    pouso as mesmas mãos ardentes
    nas alturas,
    — sem perguntas, sem procuras,
    ricas por indiferentes.

    Mêdo, orgulho, desencanto
    prenderam os movimentos
    dessas mãos que, amando tanto,
    sôbre os ventos
    desfizeram seus intentos,
    vencendo um tácito pranto.
    Ai! por mais que se ande, é certo:

    Vai nascendo só deserto
    pelo peito.
    E entre o desejado e o aceito
    dorme um horizonte encoberto.
    Como esta bôca sem pedidos,
    e esperanças tão ausentes,
    e esta névoa nos ouvidos
    complacentes,
    — ó mãos, porque sois ardentes? —

    Tudo são sonhos dormidos
    ou dormentes!


    _________________



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    "Ser como un verso volando
    o un ciego soñando
    y en ese vuelo y en ese sueño
    compartir contigo sol y luna,
    siendo guardián en tu cielo
    y tren de tus ilusiones."
    (Hánjel)





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    Mensaje por Maria Lua Dom 06 Oct 2024, 19:54

    Silêncio


    Fez-se noite com tal mistério,
    Tão sem rumor, tão devagar,
    Que o crepúsculo é como um luar
    Iluminando um cemitério . . .

    Tudo imóvel . . . Serenidades . . .
    Que tristeza, nos sonhos meus!
    E quanto choro e quanto adeus
    Neste mar de infelicidades!

    Oh! Paisagens minhas de antanho . . .
    Velhas, velhas . . . Nem vivem mais . . .
    — As nuvens passam desiguais,
    Com sonolência de rebanho . . .

    Seres e coisas vão-se embora . . .
    E, na auréola triste do luar,
    Anda a lua, tão devagar,
    Que parece Nossa Senhora


    Pelos silêncios a sonhar . .





    ****************






    MURMÚRIO


    TRAZE-ME um pouco das sombras serenas
    que as nuvens transportam por cima do dia!
    Um pouco de sombra, apenas,
    — vê que nem te peço alegria.

    Traze-me um pouco da alvura dos luares
    que a noite sustenta no seu coração!
    A alvura, apenas, dos ares:
    — vê que nem te peço ilusão.

    Traze-me um pouco da tua lembrança,
    aroma perdido, saüdade da flor!
    — Vê que nem te digo — esperança!
    — Vê que nem siquer sonho — amor!


    _________________



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