DIZERES ÍNTIMOS
É tão triste morrer na minha idade!
E vou ver os meus olhos, penitentes
Vestidinhos de roxo, como crentes
Do soturno convento da Saudade!
E logo vou olhar (com que ansiedade!...)
As minhas mãos esguias, languescentes,
De brancos dedos, uns bebês doentes
Que hão-de morrer em plena mocidade!
E ser-se novo é ter-se o Paraíso,
É ter-se a estrada larga, ao sol, florida,
Aonde tudo é luz e graça e riso!
E os meus vinte e três anos... (Sou tão nova!)
Dizem baixinho a rir: “Que linda a vida!...”
Responde a minha Dor: “Que linda a cova!”
DECIRES ÍNTIMOS
¡Es tan triste morir a mi edad!
y voy a ver a mis ojos, penitentes
vestidos de púrpura, como fieles
del sombrío convento de la añoranza.
Y enseguida voy a mirar (¡con qué ansiedad!...)
mis finas manos que languidecen,
de blancos dedos, ¡unos bebés dolientes
que han de morir en plena mocedad!
¡Y ser joven es poseer el paraíso,
es poseer el amplio camino, al sol, florecido,
donde todo es luz, y gracia, y risa!
Y mis veintitrés años... (¡soy tan joven!)
dicen bajito, riendo: "Qué bella es la vida!..."
Responde mi dolor: "Qué bella es la sepultura!..."
Florbela Espanca, in "Livro de Mágoas"
Traducción: Juan Martín
» MAIACOVSKI (1893-1930) Y OTROS POETAS RUSOS
» CLARICE LISPECTOR II
» CECILIA MEIRELES (7 de noviembre de 1901, Río de Janeiro/9 de noviembre de 1964, Río de Janeiro/Brasil
» CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE
» VINICIUS DE MORAES
» Hasta siempre
» Juan Luis Panero (1942-2013)
» Cerebro y mente, II CAT.ORCE
» José Ángel Valente (1929-2000)