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      VINICIUS DE MORAES  - Página 18 Empty Re: VINICIUS DE MORAES

      Mensaje por Maria Lua Sáb 17 Sep 2022, 08:59

      SONETO SIMPLES


      Chegara enfim o mesmo que partira: a porta aberta e o coração voando ao encontro dos olhos e das mãos. Velhos pássaros, velhas criaturas, almas cinzentas plácidas passando — somente a amiga é como o melro branco!

      E enfim partira o mesmo que chegara; o horizonte transpondo o pensamento e nas auroras plácidas passando o doce perfil da amiga adormecida. Desejo de morrer de nostalgia da noite dos vales tristes e perdidos... (foi quando desceu do céu a poesia como um grito de luz nos meus ouvidos...)




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      o un ciego soñando
      y en ese vuelo y en ese sueño
      compartir contigo sol y luna,
      siendo guardián en tu cielo
      y tren de tus ilusiones."
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      VINICIUS DE MORAES  - Página 18 Empty Re: VINICIUS DE MORAES

      Mensaje por Maria Lua Lun 26 Sep 2022, 08:57

      ÁRIA PARA ASSOVIO

      Inelutavelmente tu
      Rosa sobre o passeio
      Branca! e a melancolia
      Na tarde do seio

      As cássias escorrem
      Seu ouro a teus pés
      Conheço o soneto
      Porém tu quem és?

      O madrigal se escreve:
      Se é do teu costume
      Deixa que eu te leve

      (Sê... mínima e breve
      A música do perfume
      Não guarda ciúme)

      Rio, 1936


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      Mensaje por Maria Lua Lun 26 Sep 2022, 08:58

      SONETO A KATHERINE MANSFIELD


      O teu perfume, amada — em tuas cartas
      Renasce, azul... — são tuas mãos sentidas!
      Relembro-as brancas, leves, fenecidas
      Pendendo ao longo de corolas fartas.

      Relembro-as, vou... nas terras percorridas
      Torno a aspirá-lo, aqui e ali desperto
      Paro; e tão perto sinto-te, tão perto
      Como se numa foram duas vidas.

      Pranto, tão pouca dor! tanto quisera
      Tanto rever-te, tanto!... e a primavera
      Vem já tão próxima!... (Nunca te apartas

      Primavera, dos sonhos e das preces!)
      E no perfume preso em tuas cartas
      À primavera surges e esvaneces.

      Rio, 1937


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      Mensaje por Maria Lua Lun 26 Sep 2022, 09:00

      PRINCÍPIO



      Na praia sangrenta a gelatina verde das algas — horizontes!
      Os olhos do afogado à tona e o sexo no fundo (a contemplação na desagregação da forma...)
      O mar... A música que sobe ao espírito, a poesia do mar, a cantata soturna dos três movimentos
      O mar! (Não a superfície calma, mas o abismo povoado de peixes fantásticos e sábios...)

      É o navio grego, é o navio grego desaparecido nas floras submarinas — Deus balança por um fio invisível a ossada do timoneiro sob o grande mastro
      São as medusas, são as medusas dançando a dança erótica dos mucos vermelhos se abrindo ao beijo das águas
      É a carne que o amor não mais ilumina, é o rito que o fervor não mais acende
      É o amor um molusco gigantesco vagando pela revelação das luzes árticas.

      O que se encontrará no abismo mesmo de sabedoria e de compreensão infinita
      Ó pobre narciso nu que te deixaste ficar sobre a certeza de tua plenitude?
      Nos peixes que da própria substância acendem o espesso líquido que vão atravessando
      Terás conhecido a verdadeira luz da miséria humana que quer se ultrapassar.

      É preciso morrer, a face repousada contra a água como um grande nenúfar partido
      Na espera da decomposição que virá para os olhos cegos de tanta serenidade
      Na visão do amor que estenderá as suas antenas altas e fosforescentes
      Todo o teu corpo há de deliquescer e mergulhar como um destroço ao apelo do fundo.

      Será a viagem e a destinação. Há correntes que te levarão insensivelmente e sem dor para cavernas de coral
      Lá conhecerás os segredos da vida misteriosa dos peixes eternos
      Verás crescerem olhos ardentes do volume glauco que te incendiarão de pureza
      E assistirás a seres distantes que se fecundam à simples emoção do amor.

      Encontrar, eis o destino. Aves brancas que desceis aos lagos e fugis! Oh, a covardia das vossas asas!
      É preciso ir e se perder no elemento de onde surge a vida.
      Mais vale a árvore da fonte que a árvore do rio plantada segundo a corrente e que dá seus frutos a seu tempo...
      Deixai morrer o desespero nas sombras da ideia de que o amor pode não vir.

      Na praia sangrenta a velha embarcação negra e desfeita — o mar a lançou talvez na tempestade!
      Eu — e casebres de pescadores eternamente ausentes...
      O mar! o vento tangendo as águas e cantando, cantando, cantando
      Na praia sangrenta entre brancas espumas e horizontes...


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      Mensaje por Maria Lua Lun 26 Sep 2022, 09:01

      SONETO DE CONTRIÇÃO



      Eu te amo, Maria, eu te amo tanto
      Que o meu peito me dói como em doença
      E quanto mais me seja a dor intensa
      Mais cresce na minha alma teu encanto.

      Como a criança que vagueia o canto
      Ante o mistério da amplidão suspensa
      Meu coração é um vago de acalanto
      Berçando versos de saudade imensa.

      Não é maior o coração que a alma
      Nem melhor a presença que a saudade
      Só te amar é divino, e sentir calma...

      E é uma calma tão feita de humildade
      Que tão mais te soubesse pertencida
      Menos seria eterno em tua vida.

      Rio, 1938




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      Mensaje por Maria Lua Mar 27 Sep 2022, 08:28

      SOLILÓQUIO
      Talvez os imensos limites da pátria me lembrem os puros
      E amargue em meu coração a descrença.
      Sinto-me tão cansado de sofrer, tão cansado! — algum dia, em alguma parte
      Hei de lançar também as âncoras ardentes das promessas
      Mas no meu coração intranquilo não há senão fome e sede
      De lembranças inexistentes.

      O que resta da grande paisagem de pensamentos vividos
      Dize, minha alma, senão o vazio?
      São verdades as lágrimas, os estremecimentos, os tédios longos
      As caminhadas infinitas no oco da eterna voz que te obriga?
      E no entanto o que crê em ti não tem o teu amor aprisionado
      Escravo de fruições efêmeras...

      Ah, será para sempre assim... o beijo pouco do tempo
      Na face presa da eternidade
      E em todos os momentos a sensação pobre de estar vivendo
      E ter em si somente o que não pode ser vivido
      E em todos os momentos a beleza, e apenas
      Num só momento a prece...

      Nunca me sorrirão vozes infantis no corpo, e quem sabe por tê-las
      Muito ardentemente desejado...
      Talvez os limites da pátria me lembrem os puros e enlouqueça
      Em mim o que não foi da carne conquistado.
      Muitas vezes hei de me dizer que não sou senão juventude
      No seio do pântano triste.

      Quero-te, porém, vida, súplica! o medo de mim mesmo
      Não há na minha saudade.
      É que dói não viver em amor e em renúncia
      Quando o amor e a renúncia são terras dentro de mim
      E uma vez mais me deitarei no frio, guia de luz perdido
      Sem mistérios e sem sombra.

      Bem viram os que temeram a minha angústia e as que se disseram:
      — Ele perdeu-se no mar!
      No mar estou perdido, sem céu e sem terra e sem sede de água
      E nada senão minha carne resiste aos apelos do ermo...
      O que restará de ti, homem triste, que não seja a tua tristeza
      Fruto sobre a terra morta...

      Não pensar, talvez... Caminhar ciliciando a carne
      Sobre o corpo macerado da vida
      Ser um milhão na mesma cidade desabitada
      E sendo apenas um, ir acordando o amor e a angústia
      E da inquietação vinda e multiplicada, arrancar um riso sem força
      Sobre as paisagens inúteis.

      Mas, oh, saber... — saber até o fundo do conhecimento
      Sobre as aves e os lírios!
      Saber a pureza bailando no pensamento como um gênio perfeito
      E na alma os cantos límpidos e os voos de uma poesia!
      E nada poder, nada, senão ir e vir como a sombra do condenado
      Pelo silêncio em escuta...

      E não sou um covarde... — sofro pelas manhãs e pelas tardes
      E pelas noites desvaneço...
      No entanto, é covarde que me sinto no olhar dos que me amam
      E no prazer que arranco cem vezes da carne ou do espírito que quero
      Ai de mim, tão grande, tão pequeno... — e quando o digo intimamente!
      E em ambos, sem pânico...

      E me pergunto: Serei vazio de amor como os ciprestes
      No seio da ventania?
      Serei vazio de serenidade como as águas no seio do abismo
      Ou como as parasitas no seio da mata serei vazio de humildade?
      Ou serei o amor eu mesmo e a calma e a humildade eu mesmo
      No seio do infinito vazio?

      E me pergunto: O que é o perigo, onde a sua fascinação profunda
      E o gosto ardente de morrer?
      Não é a morte o meu voto murmurante
      Que caminha comigo pelas estradas e adormece no meu leito?
      O que é morrer senão viver placidamente
      Na imutável espera?

      Nada respondo — nada responde o desespero
      Solidão sem desvario.
      Mas resta, resta a ânsia das palavras murmuradas ao vento
      E a emoção das visões vividas no seu melhor momento
      Resta a posse longínqua e em eterna lembrança
      Da imagem única.

      Resta?... Já me disse blasfêmias no âmago do prazer sentido
      Sobre o corpo nu da mulher
      Já arranquei de mim mesmo o sumo da sabedoria
      Para fazê-lo vibrar dolorosamente à minha vontade
      E no entanto... posso me glorificar de ter sido forte
      Contra o que sempre foi?

      Hão de ir todos, todos, para as celebrações e para os ritos
      Ficarei em casa, sem lar
      Hei de ouvir as vozes dos amantes que não se entediam
      E dos amigos que não se amam e não lutam
      As portas abertas, à espera dos passos do retardatário
      Não receberei ninguém.

      Talvez nos imensos limites da pátria estejam os puros
      E apenas em mim o ilimitado...
      Mas oh, cerrar os olhos, dormir, dormir longe de tudo
      Longe mesmo do amor longe de mim!
      E enquanto se vão todos, heróicos, santos, sem mentira ou sem verdade
      Ficar, sem perseverança...


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      Mensaje por Maria Lua Mar 27 Sep 2022, 08:28

      A VIDA VIVIDA


      Quem sou eu senão um grande sonho obscuro em face do Sonho
      Senão uma grande angústia obscura em face da Angústia
      Quem sou eu senão a imponderável árvore dentro da noite imóvel
      E cujas presas remontam ao mais triste fundo da terra?

      De que venho senão da eterna caminhada de uma sombra
      Que se destrói à presença das fortes claridades
      Mas em cujo rastro indelével repousa a face do mistério
      E cuja forma é prodigiosa treva informe?

      Que destino é o meu senão o de assistir ao meu Destino
      Rio que sou em busca do mar que me apavora
      Alma que sou clamando o desfalecimento
      Carne que sou no âmago inútil da prece?

      O que é a mulher em mim senão o Túmulo
      O branco marco da minha rota peregrina
      Aquela em cujos braços vou caminhando para a morte
      Mas em cujos braços somente tenho vida?

      O que é o meu amor, ai de mim! senão a luz impossível
      Senão a estrela parada num oceano de melancolia
      O que me diz ele senão que é vã toda a palavra
      Que não repousa no seio trágico do abismo?

      O que é o meu Amor? senão o meu desejo iluminado
      O meu infinito desejo de ser o que sou acima de mim mesmo
      O meu eterno partir da minha vontade enorme de ficar
      Peregrino, peregrino de um instante, peregrino de todos os instantes?

      A quem respondo senão a ecos, a soluços, a lamentos
      De vozes que morrem no fundo do meu prazer ou do meu tédio
      A quem falo senão a multidões de símbolos errantes
      Cuja tragédia efêmera nenhum espírito imagina?

      Qual é o meu ideal senão fazer do céu poderoso a Língua
      Da nuvem a Palavra imortal cheia de segredo
      E do fundo do inferno delirantemente proclamá-los
      Em Poesia que se derrame como sol ou como chuva?

      O que é o meu ideal senão o Supremo Impossível
      Aquele que é, só ele, o meu cuidado e o meu anelo
      O que é ele em mim senão o meu desejo de encontrá-lo
      E o encontrando, o meu medo de não o reconhecer?

      O que sou eu senão ele, o Deus em sofrimento
      O temor imperceptível na voz portentosa do vento
      O bater invisível de um coração no descampado...
      O que sou eu senão Eu Mesmo em face de mim?



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      Mensaje por Maria Lua Mar 27 Sep 2022, 08:29

      LAMENTO OUVIDO NÃO SEI ONDE

      Minha mãe, toma cuidado
      Não zanga assim com meu pai
      Um dia ele vai-se embora
      E não volta nunca mais.

      O mau filho à casa torna
      Mãe... nem carece tornar
      Mas pai que larga a família
      Pra que desgraça não vai!


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      Mensaje por Maria Lua Jue 06 Oct 2022, 08:25

      SONETO DE DEVOÇÃO


      Essa mulher que se arremessa, fria
      E lúbrica aos meus braços, e nos seios
      Me arrebata e me beija e balbucia
      Versos, votos de amor e nomes feios.

      Essa mulher, flor de melancolia
      Que se ri dos meus pálidos receios
      A única entre todas a quem dei
      Os carinhos que nunca a outra daria.

      Essa mulher que a cada amor proclama
      A miséria e a grandeza de quem ama
      E guarda a marca dos meus dentes nela.

      Essa mulher é um mundo! — uma cadela
      Talvez... — mas na moldura de uma cama
      Nunca mulher nenhuma foi tão bela!


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      "Ser como un verso volando
      o un ciego soñando
      y en ese vuelo y en ese sueño
      compartir contigo sol y luna,
      siendo guardián en tu cielo
      y tren de tus ilusiones."
      (Hánjel)





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      Mensaje por Maria Lua Jue 06 Oct 2022, 08:26

      BALADA PARA MARIA



      Não sei o que me angustia
      Tardiamente; em meu peito
      Vive dormindo perfeito
      O sono dessa agonia...
      Saudades tuas, Maria?
      Na volúpia de uma flora
      Úmida, pecaminosa
      Nasceu a primeira rosa
      Fria...
      Perdi o prazer da hora.

      Mas se num momento cresce
      O sangue, e me engrossa a veia
      Maria, que coisa feia!
      Todo o meu corpo estremece...
      E dos colmos altos, ricos
      Em resinas odorantes
      Pressinto o coito dos micos
      E o amor das cobras possantes.

      No mundo há tantos amantes...

      Maria...
      Cantar-te-ei brasileiro:
      Maria, sou teu escravo!
      A rosa é a mulher do cravo...
      Dá-me o beijo derradeiro?
      — Cobrir-te-ei de pomada
      Do pólen das flores puras
      E te fecundarei deitada
      Num chão de frutas maduras
      Maria... e morangos, quantos!
      E tu que adoras morango!
      Dormirás sobre agapantos...
      — Fingirei de orangotango!

      Não queres mesmo, Maria?

      No lombo morno dos gatos
      Aprendi muita carícia...
      Para fazer-te a delícia
      Só terei gestos exatos.

      E não bastasse, Maria...

      E morro nessas montanhas
      Entre as imagens castanhas
      Da tua melancolia...


      _________________



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      Mensaje por Maria Lua Jue 06 Oct 2022, 08:27

      TRÊS RETRATOS



      I
      Joya

      Joya, alegria da vida!
      Joya entra, Joya brinca
      Parola no telefone.
      Joya, esses teus olhos são
      Dois lagos de perfeição.

      Joya dizendo nome feio
      Joya falando inteligente
      Joya fria? Joya quente?
      (Inferiority complex).
      Joya, alegria da vida!

      Joya beija inefavelmente.


      II
      Maja Raquel

      Pero, não és de Argentina
      Muñeca de Barcelona?
      Quem te deu pernas tão lindas
      Peregrina, marafona?
      Que Goya te fez, divina
      tan cruda e calina, dona?

      Nostalgias, de escuchar tu risa loca...


      III
      Milady

      Tu étais si folle, chère, que nous avons joué la physique expérimentale, l‘álgèbre supérieur et la géométrie analytique, et tu avais trois amours d‘enfants et moi force d‘une angine de gorge qui me tuait.

      Ta Hudson portait d‘affreuses trâces de nos amours.


      _________________



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      Mensaje por Maria Lua Jue 06 Oct 2022, 08:28

      POEMA PARA TODAS AS MULHERES


      No teu branco seio eu choro.
      Minhas lágrimas descem pelo teu ventre
      E se embebedam do perfume do teu sexo.
      Mulher, que máquina és, que só me tens desesperado
      Confuso, criança para te conter!
      Oh, não feches os teus braços sobre a minha tristeza não!
      Ah, não abandones a tua boca à minha inocência, não!
      Homem sou belo
      Macho sou forte, poeta sou altíssimo
      E só a pureza me ama e ela é em mim uma cidade e tem mil e uma portas.
      Ai! teus cabelos recendem à flor da murta
      Melhor seria morrer ou ver-te morta
      E nunca, nunca poder te tocar!
      Mas, fauno, sinto o vento do mar roçar-me os braços
      Anjo, sinto o calor do vento nas espumas
      Passarinho, sinto o ninho nos teus pelos...
      Correi, correi, ó lágrimas saudosas
      Afogai-me, tirai-me deste tempo
      Levai-me para o campo das estrelas
      Entregai-me depressa à lua cheia
      Dai-me o poder vagaroso do soneto, dai-me a iluminação das odes, dai-me o cântico dos cânticos
      Que eu não posso mais, ai!
      Que esta mulher me devora!
      Que eu quero fugir, quero a minha mãezinha quero o colo de Nossa Senhora!


      _________________



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      Mensaje por Maria Lua Jue 06 Oct 2022, 08:30

      O FALSO MENDIGO


      Minha mãe, manda comprar um quilo de papel almaço na venda
      Quero fazer uma poesia.

      Diz a Amélia para preparar um refresco bem gelado
      E me trazer muito devagarinho.
      Não corram, não falem, fechem todas as portas a chave
      Quero fazer uma poesia.
      Se me telefonarem, só estou para Maria
      Se for o Ministro, só recebo amanhã
      Se for um trote, me chama depressa
      Tenho um tédio enorme da vida.
      Diz a Amélia para procurar a “Patética” no rádio
      Se houver um grande desastre vem logo contar
      Se o aneurisma de dona Ângela arrebentar, me avisa
      Tenho um tédio enorme da vida.
      Liga para vovó Neném, pede a ela uma ideia bem inocente
      Quero fazer uma grande poesia.
      Quando meu pai chegar tragam-me logo os jornais da tarde
      Se eu dormir, pelo amor de Deus, me acordem
      Não quero perder nada na vida.
      Fizeram bicos de rouxinol para o meu jantar?
      Puseram no lugar meu cachimbo e meus poetas?
      Tenho um tédio enorme da vida.
      Minha mãe estou com vontade de chorar
      Estou com taquicardia, me dá um remédio
      Não, antes me deixa morrer, quero morrer, a vida
      Já não me diz mais nada
      Tenho horror da vida, quero fazer a maior poesia do mundo
      Quero morrer imediatamente.
      Fala com o Presidente para fecharem todos os cinemas
      Não aguento mais ser censor.
      Ah, pensa uma coisa, minha mãe, para distrair teu filho
      Teu falso, teu miserável, teu sórdido filho
      Que estala em força, sacrifício, violência, devotamento
      Que podia britar pedra alegremente
      Ser negociante cantando
      Fazer advocacia com o sorriso exato
      Se com isso não perdesse o que por fatalidade de amor
      Sabe ser o melhor, o mais doce e o mais eterno da tua puríssima carícia.





      Fin de NOVOS POEMAS
      Rio de Janeiro, José Olympio, 1938


      _________________



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      Mensaje por Maria Lua Jue 06 Oct 2022, 08:33

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      POEMAS, SONETOS E BALADAS
      São Paulo, Edições Gavetas, 1946






      SONETO DE FIDELIDADE



      De tudo, ao meu amor serei atento
      Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
      Que mesmo em face do maior encanto
      Dele se encante mais meu pensamento.

      Quero vivê-lo em cada vão momento
      E em louvor hei de espalhar meu canto
      E rir meu riso e derramar meu pranto
      Ao seu pesar ou seu contentamento.

      E assim, quando mais tarde me procure
      Quem sabe a morte, angústia de quem vive
      Quem sabe a solidão, fim de quem ama

      Eu possa me dizer do amor (que tive):
      Que não seja imortal, posto que é chama
      Mas que seja infinito enquanto dure.



      Estoril, outubro de 1939



      ******************


      Soneto de fidelidad




      De todo a mi amor estaré atento
      Antes, y con tal celo, y siempre, y tanto
      Que incluso ante el mayor encanto
      Con él se encante más mi pensamiento.

      Quiero vivirlo en cada vano momento
      Y en su loor he de esparcir mi canto
      Y reír mi risa y derramar mi llanto
      A su pesar o a su contentamiento.

      Y así, cuando más tarde me busque
      Quién sabe la muerte, angustia de quien vive
      Quién sabe la soledad, fin de quien ama

      Pueda yo decir del amor (que tuve):
      Que no sea inmortal, puesto que es llama
      Mas que sea infinito mientras dure.


      _________________



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      Mensaje por Maria Lua Jue 06 Oct 2022, 08:36

      A MORTE


      A morte vem de longe
      Do fundo dos céus
      Vem para os meus olhos
      Virá para os teus
      Desce das estrelas
      Das brancas estrelas
      As loucas estrelas
      Trânsfugas de Deus
      Chega impressentida
      Nunca inesperada
      Ela que é na vida
      A grande esperada!
      A desesperada
      Do amor fratricida
      Dos homens, ai! dos homens
      Que matam a morte
      Por medo da vida.


      _________________



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      Mensaje por Maria Lua Lun 10 Oct 2022, 08:09

      MARINHA


      Na praia de coisas brancas
      Abrem-se às ondas cativas
      Conchas brancas, coxas brancas
      Águas-vivas.

      Aos mergulhares do bando
      Afloram perspectivas
      Redondas, se aglutinando
      Volitivas.

      E as ondas de pontas roxas
      Vão e vêm, verdes e esquivas
      Vagabundas, como frouxas
      Entre vivas!


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      Mensaje por Maria Lua Lun 10 Oct 2022, 08:10

      OS ACROBATAS



      Subamos!
      Subamos acima
      Subamos além, subamos
      Acima do além, subamos!
      Com a posse física dos braços
      Inelutavelmente galgaremos
      O grande mar de estrelas
      Através de milênios de luz.

      Subamos!
      Como dois atletas
      O rosto petrificado
      No pálido sorriso do esforço
      Subamos acima
      Com a posse física dos braços
      E os músculos desmesurados
      Na calma convulsa da ascensão.

      Oh, acima
      Mais longe que tudo
      Além, mais longe que acima do além!
      Como dois acrobatas
      Subamos, lentíssimos
      Lá onde o infinito
      De tão infinito
      Nem mais nome tem
      Subamos!

      Tensos
      Pela corda luminosa
      Que pende invisível
      E cujos nós são astros
      Queimando nas mãos
      Subamos à tona
      Do grande mar de estrelas
      Onde dorme a noite
      Subamos!

      Tu e eu, herméticos
      As nádegas duras
      A carótida nodosa
      Na fibra do pescoço
      Os pés agudos em ponta.

      Como no espasmo.

      E quando
      Lá, acima
      Além, mais longe que acima do além
      Adiante do véu de Betelgeuse
      Depois do país de Altair
      Sobre o cérebro de Deus

      Num último impulso
      Libertados do espírito
      Despojados da carne
      Nós nos possuiremos.

      E morreremos
      Morreremos alto, imensamente
      Imensamente alto.



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      Mensaje por Maria Lua Lun 10 Oct 2022, 08:11

      PAISAGEM


      Subi a alta colina
      Para encontrar a tarde
      Entre os rios cativos
      A sombra sepultava o silêncio.

      Assim entrei no pensamento
      Da morte minha amiga
      Ao pé da grande montanha
      Do outro lado do poente.

      Como tudo nesse momento
      Me pareceu plácido e sem memória
      Foi quando de repente uma menina
      De vermelho surgiu no vale correndo, correndo…


      _________________



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      VINICIUS DE MORAES  - Página 18 Empty Re: VINICIUS DE MORAES

      Mensaje por Maria Lua Lun 10 Oct 2022, 08:11

      BALADA DO CAVALÃO


      A tarde morre bem tarde
      No morro do Cavalão...
      Tem um poder de sossego.
      Dentro do meu coração
      Quanto sangue derramado!

      Balança, rede, balança...

      Susana deixou minha alma
      Numa grande confusão
      Seu berço ficou vazio
      No morro do Cavalão:
      Pequena estrela da tarde.

      Ah, gosto da minha vida
      Sangue da minha paixão!

      Levou o anjo o outro anjo
      Da saudade de seu pai
      Susana foi de avião
      Com quinze dias de idade
      Batendo todos os recordes!

      Que tarde que a tarde cai!

      Poeta, diz teu anseio
      Que o santo te satisfaz:
      Queria fazer mais um filho
      Queria tanto ser pai!

      Voam cardumes de aves
      No cristal rosa do ar.
      Vontade de ser levado
      Pelas correntes do mar
      Para um grande mar de sangue!

      E a vida passa depressa
      No morro do Cavalão
      Entre tantas flores, tantas
      Flores tontas, parasitas
      Parasitas da nação.

      Quanta garrafa vazia
      Quanto limão pelo chão!

      Menina, me diz um verso
      Bem cheio de ingratidão?
      - Era uma vez um poeta
      No morro do Cavalão
      Tantas fez que a dor-de-corno
      Bateu com ele no chão
      Arrastou ele nas pedras
      Espremeu seu coração
      Que pensa usted que saiu?
      Saiu cachaça e limão.

      Susana nasceu morena
      E é Mello Moraes também:
      É minha filha pequena
      Tão boa de querer bem!

      Oh, Saco de São Francisco
      Que eu avisto a cavaleiro
      Do morro do Cavalão!
      (O Saco de São Francisco
      Xavier não chama não
      Há de ser sempre de Assis:
      São Francisco Xavier
      É nome de uma estação)
      Onde está minha alegria
      Meus amores onde estão?

      A casa das mil janelas
      É a casa do meu irmão
      Lá dentro me esperam elas
      Que dormem cedo com medo
      Da trinca do Cavalão.

      Balança, rede, balança...



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      Mensaje por Maria Lua Lun 10 Oct 2022, 08:12

      CANÇÃO


      Não leves nunca de mim
      A filha que tu me deste
      A doce, úmida, tranqüila
      Filhinha que tu me deste
      Deixe-a, que bem me persiga
      Seu balbucio celeste.
      Não leves; deixa-a comigo
      Que bem me persiga, a fim
      De que eu não queira comigo
      A primogênita em mim
      A fria, seca, encruada
      Filha que a morte me deu
      Que vive dessedentada
      Do leite que não é seu
      E que de noite me chama
      Com a voz mais triste que há
      E pra dizer que me ama
      E pra chamar-me de pai.
      Não deixes nunca partir
      A filha que tu me deste
      A fim de que eu não prefira
      A outra, que é mais agreste
      Mas que não parte de mim.


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      o un ciego soñando
      y en ese vuelo y en ese sueño
      compartir contigo sol y luna,
      siendo guardián en tu cielo
      y tren de tus ilusiones."
      (Hánjel)





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      VINICIUS DE MORAES  - Página 18 Empty Re: VINICIUS DE MORAES

      Mensaje por Maria Lua Lun 10 Oct 2022, 08:23

      QUATRO SONETOS DE MEDITAÇÃO
      I

      Mas o instante passou. A carne nova
      Sente a primeira fibra enrijecer
      E o seu sonho infinito de morrer
      Passa a caber no berço de uma cova.

      Outra carne vírá. A primavera
      É carne, o amor é seiva eterna e forte
      Quando o ser que viver unir-se à morte
      No mundo uma criança nascerá.

      Importará jamais por quê? Adiante
      O poema é translúcido, e distante
      A palavra que vem do pensamento

      Sem saudade. Não ter contentamento.
      Ser simples como o grão de poesia.
      E íntimo como a melancolia.


      II

      Uma mulher me ama. Se eu me fosse
      Talvez ela sentisse o desalento
      Da árvore jovem que não ouve o vento
      Inconstante e fiel, tardio e doce.

      Na sua tarde em flor. Uma mulher
      Me ama como a chama ama o silêncio
      E o seu amor vitorioso vence
      O desejo da morte que me quer.

      Uma mulher me ama. Quando o escuro
      Do crepúsculo mórbido e maduro
      Me leva a face ao gênio dos espelhos

      E eu, moço, busco em vão meus olhos velhos
      Vindos de ver a morte em mim divina:
      Uma mulher me ama e me ilumina.


      III

      O efêmero. Ora, um pássaro no vale
      Cantou por um momento, outrora, mas
      O vale escuta ainda envolto em paz
      Para que a voz do pássaro não cale.

      E uma fonte futura, hoje primária
      No seio da montanha, irromperá
      Fatal, da pedra ardente, e levará
      À voz a melodia necessária.

      O efêmero. E mais tarde, quando antigas
      Se fizerem as flores, e as cantigas
      A uma nova emoção morrerem, cedo

      Quem conhecer o vale e o seu segredo
      Nem sequer pensará na fonte, a sós...
      Porém o vale há de escutar a voz.


      IV

      Apavorado acordo, em treva. O luar
      É como o espectro do meu sonho em mim
      E sem destino, e louco, sou o mar
      Patético, sonâmbulo e sem fim.

      Desço na noite, envolto em sono; e os braços
      Como ímãs, atraio o firmamento
      Enquanto os bruxos, velhos e devassos
      Assoviam de mim na voz do vento.

      Sou o mar! sou o mar! meu corpo informe
      Sem dimensão e sem razão me leva
      Para o silêncio onde o Silêncio dorme

      Enorme. E como o mar dentro da treva
      Num constante arremesso largo e aflito
      Eu me espedaço em vão contra o infinito.

      Oxford, 1938


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      Mensaje por Maria Lua Lun 10 Oct 2022, 08:24

      O RISO


      Aquele riso foi o canto célebre
      Da primeira estrela, em vão.
      Milagre de primavera intacta
      No sepulcro de neve
      Rosa aberta ao vento, breve
      Muito breve...

      Não, aquele riso foi o canto célebre
      Alta melodia imóvel
      Gorjeio de fonte núbil
      Apenas brotada, na treva...
      Fonte de lábios (hora
      Extremamente mágica do silêncio das aves).

      Oh, música entre pétalas
      Não afugentes meu amor!
      Mistério maior é o sono
      Se de súbito não se ouve o riso na noite.


      _________________



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      Mensaje por Maria Lua Jue 13 Oct 2022, 21:13

      PESCADOR



      Pescador, onde vais pescar esta noitada:

      Nas Pedras Brancas ou na ponte da praia do Barão?
      Está tão perto que eu não te vejo pescador, apenas
      Ouço a água ponteando no peito da tua canoa...

      Vai em silêncio, pescador, para não chamar as almas
      Se ouvires o grito da procelária, volta, pescador!
      Se ouvires o sino do farol das Feiticeiras, volta, pescador!
      Se ouvires o choro da suicida da usina, volta, pescador!

      Traz uma tainha gorda para Maria Mulata
      Vai com Deus! daqui a instante a sardinha sobe
      Mas toma cuidado com o cação e com o boto nadador
      E com o polvo que te enrola feito a palavra, pescador!

      Por que vais sozinho, pescador, que fizeste do teu remorso
      Não foste tu que navalhaste Juca Diabo na cal da caieira?
      Me contaram, pescador, que ele tinha sangue tão grosso
      Que foi preciso derramar cachaça na tua mão vermelha, pescador.

      Pescador, tu és homem, hem, pescador? que é de Palmira?
      Ficou dormindo? eu gosto de tua mulher Palmira, pescador!
      Ela tem ruga mas é bonita, ela carrega lata d'água
      E ninguém sabe por que ela não quer ser portuguesa, pescador...

      Ouve, eu não peço nada do mundo, eu só queria a estrela-d'alva
      Porque ela sorri mesmo antes de nascer, na madrugada
      Oh, vai no horizonte, pescador, com tua vela tu vais depressa
      E quando ela vier à tona, pesca ela para mim depressa, pescador?

      Ah, que tua canoa é leve, pescador; na água
      Ela até me lembra meu corpo no corpo de Cora Marina
      Tão grande era Cora Marina que eu até dormi nela
      E ela também dormindo nem me sentia o peso, pescador...

      Ah, que tu és poderoso, pescador! caranguejo não te morde
      Marisco não te corta o pé, ouriço-do-mar não te pica
      Ficas minuto e meio mergulhado em grota de mar adentro
      E quando sobes tens peixe na mão esganado, pescador!

      É verdade que viste alma na ponta da Amendoeira
      E que ela atravessou a praça e entrou nas obras da igreja velha?
      Ah, que tua vida tem caso, pescador, tem caso
      E tu nem dás caso da tua vida, pescador...

      Tu vês no escuro, pescador, tu sabes o nome dos ventos?
      Por que ficas tanto tempo olhando no céu sem lua?
      Quando eu olho no céu fico tonto de tanta estrela
      E vejo uma mulher nua que vem caindo na minha vertigem, pescador.

      Tu já viste mulher nua, pescador: um dia eu vi Negra nua
      Negra dormindo na rede, dourada como a soalheira
      Tinha duas roxuras nos peitos e um vasto negrume no sexo
      E a boca molhada e uma perna calçada de meia, pescador...

      Não achas que a mulher parece com a água, pescador?
      Que os peitos dela parecem ondas sem espuma?
      Que o ventre parece a areia mole do fundo?
      Que o sexo parece a concha marinha entreaberta pescador?

      Esquece a minha voz, pescador, que eu nunca fui inocente!
      Teu remo fende a água redonda com um tremor de carícia
      Ah, pescador, que as vagas são peitos de mulheres boiando à tona
      Vai devagar, pescador, a água te dá carinhos indizíveis, pescador!

      És tu que acendes teu cigarro de palha no isqueiro de corda
      Ou é a luz da bóia boiando na entrada do recife, pescador?
      Meu desejo era apenas ser segundo no leme da tua canoa
      Trazer peixe fresco e manga-rosa da Ilha Verde, pescador!

      Ah, pescador, que milagre maior que a tua pescaria!
      Quando lanças tua rede lanças teu coração com ela pescador!
      Teu anzol é brinco irresistível para o peixinho
      Teu arpão é mastro firme no casco do pescado, pescador!

      Toma castanha de caju torrada, toma aguardente de cana
      Que sonho de matar peixe te rouba assim a fome, pescador?
      Toma farinha torrada para a tua sardinha, toma, pescador
      Senão ficas fraco do peito que nem teu pai Zé Pescada, pescador...

      Se estás triste eu vou buscar Joaquim, o poeta português
      Que te diz o verso da mãe que morreu três vezes por causa do filho na guerra
      Na terceira vez ele sempre chora, pescador, é engraçado
      E arranca os cabelos e senta na areia e espreme a bicheira do pé.

      Não fiques triste, pescador, que mágoa não pega peixe.
      Deixa a mágoa para o Sandoval que é soldado e brigou com a noiva
      Que pegou brasa do fogo só para esquecer a dor da ingrata
      E tatuou o peito com a cobra do nome dela, pescador.

      Tua mulher Palmira é santa, a voz dela parece reza
      O olhar dela é mais grave que a hora depois da tarde
      Um dia, cansada de trabalhar, ela vai se estirar na enxerga
      Vai cruzar as mãos no peito, vai chamar a morte e descansar...

      Deus te leve, Deus te leve perdido por essa vida...
      Ah, pescador, tu pescas a morte, pescador
      Mas toma cuidado que de tanto pescares a morte
      Um dia a morte também te pesca, pescador!

      Tens um branco de luz nos teus cabelos, pescador:
      É a aurora? oh, leva-me na aurora, pescador!
      Quero banhar meu coração na aurora, pescador!
      Meu coração negro de noite sem aurora, pescador!

      Não vás ainda, escuta! eu te dou o bentinho de São Cristóvão
      Eu te dou o escapulário da Ajuda, eu te dou ripa da barca santa
      Quando Vênus sair das sombras não quero ficar sozinho
      Não quero ficar cego, não quero morrer apaixonado, pescador!

      Ouve o canto misterioso das águas no firmamento...
      É a alvorada, pescador, a inefável alvorada
      A noite se desincorpora, pescador, em sombra
      E a sombra em névoa e madrugada, pescador!

      Vai, vai, pescador, filho do vento, irmão da aurora
      És tão belo que nem sei se existes, pescador!
      Teu rosto tem rugas para o mar onde deságua
      O pranto com que matas a sede de amor do mar!

      Apenas te vejo na treva que se desfaz em brisa
      Vais seguindo serenamente pelas águas, pescador
      Levas na mão a bandeira branca da vela enfunada
      E chicoteias com o anzol a face invisível do céu.


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      VINICIUS DE MORAES  - Página 18 Empty Re: VINICIUS DE MORAES

      Mensaje por Maria Lua Jue 13 Oct 2022, 21:15

      LÁPIDE DE SINHAZINHA FERREIRA


      A vida sossega
      Lírios em repouso
      Adormecestes cega
      Na visão do esposo.

      A paixão é pouso
      Que a treva não nega
      A morte carrega
      E o sono dá gozo.

      Não vos vejo em paz
      Nem vos penso bem
      Na minha saudade.

      Sinto que vagais
      Ao lado de alguém
      Pela eternidade.


      _________________



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      Mensaje por Maria Lua Jue 13 Oct 2022, 21:16

      SONETO DE DESPEDIDA


      Uma lua no céu apareceu
      Cheia e branca; foi quando, emocionada
      A mulher a meu lado estremeceu
      E se entregou sem que eu dissesse nada.

      Larguei-as pela jovem madrugada
      Ambas cheias e brancas e sem véu
      Perdida uma, a outra abandonada
      Uma nua na terra, outra no céu.

      Mas não partira delas; a mais louca
      Apaixonou-me o pensamento; dei-o
      Feliz - eu de amor pouco e vida pouca

      Mas que tinha deixado em meu enleio
      Um sorriso de carne em sua boca
      Uma gota de leite no seu seio.

      Rio, 1940


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      Mensaje por Maria Lua Jue 13 Oct 2022, 21:18

      NOTÍCIA D'O SÉCULO

      Nas terras do Geraz
      Que compreendem três populosas freguesias
      O povo ainda se mostra sucumbido
      Com o bárbaro crime do lavrador Manuel da Névoa
      E é curioso notar que ao toque das rezas
      Os habitantes correm aos campos, matas e veigas
      Gritando pelo assassino, para que apareça
      Que não se esconda, pois se torna necessário fazer justiça.
      Trata-se de um velho costume
      Com o fim de exacerbar o remorso
      Dos criminosos que andem a monte fugindo ao castigo
      Nas terras do Geraz.


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      Mensaje por Maria Lua Jue 13 Oct 2022, 21:19

      SONETO DA MADRUGADA


      Pensar que já vivi à sombra escura
      Desse ideal de dor, triste ideal
      Que acima das paixões do bem e do mal
      Colocava a paixão da criatura!

      Pensar que essa paixão, flor de amargura
      Foi uma desventura sem igual
      Uma incapacidade de ternura
      Nunca simples e nunca natural!

      Pensar que a vida se houve de tal sorte
      Com tal zelo e tão íntimo sentido
      Que em mim a vida renasceu da morte!

      Hoje me libertei, povo oprimido
      E por ti viverei meu ódio forte
      Nesse misterioso amor perdido.



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      Mensaje por Maria Lua Dom 16 Oct 2022, 17:23

      SINOS DE OXFORD



      Cantai, sinos, sinos
      Cantai pelo ar
      Que tão puros, nunca
      Mais ireis cantar
      Cantai leves, leves
      E logo vibrantes
      Cantai aos amantes
      E aos que vão amar.

      Levai vossos cantos
      Às ondas do mar
      E saudai as aves
      Que vêm de arribar
      Em bandos, em bandos
      Sozinhas, do além
      Oh, aves! ó sinos
      Arribai também!

      Sinos! dóceis, doces
      Almas de sineiros
      Brancos peregrinos
      Do céu, companheiros
      Indeléveis! rindo
      Rindo sobre as águas
      Do rio fugindo...
      Consolai-me as mágoas!

      Consolai-me as mágoas
      Que não passam mais
      Minhas pobres mágoas
      De quem não tem paz.
      Ter paz… tenho tudo
      De bom e de bem...
      Respondei-me, sinos:
      A morte já vem?


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      Mensaje por Maria Lua Dom 16 Oct 2022, 17:24

      TRECHO


      Quem foi, perguntou o Celo
      Que me desobedeceu?

      Quem foi que entrou no meu reino
      E em meu ouro remexeu?
      Quem foi que pulou meu muro
      E minhas rosas colheu?
      Quem foi, perguntou o Celo
      E a Flauta falou: Fui eu.


      Mas quem foi, a Flauta disse
      Que no meu quarto surgiu?
      Quem foi que me deu um beijo
      E em minha cama dormiu?
      Quem foi que me fez perdida
      E que me desiludiu?
      Quem foi, perguntou a Flauta
      E o velho Celo sorriu.


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      Mensaje por Maria Lua Dom 16 Oct 2022, 17:25

      BALADA DA PRAIA DO VIDIGAL


      A lua foi companheira
      Na praia do Vidigal
      Não surgiu, mas mesmo oculta
      Nos recordou seu luar
      Teu ventre de maré cheia
      Vinha em ondas me puxar
      Eram-me os dedos de areia
      Eram-te os lábios de sal.

      Na sombra que ali se inclina
      Do rochedo em miramar
      Eu soube te amar, menina
      Na praia do Vidigal...
      Havia tanto silêncio
      Que para o desencantar
      Nem meus clamores de vento
      Nem teus soluços de água.
      Minhas mãos te confundiam
      Com a fria areia molhada
      Vencendo as mãos dos alísios
      Nas ondas da tua saia.
      Meus olhos baços de brumas
      Junto aos teus olhos de alga
      Viam-te envolta de espumas
      Como a menina afogada.
      E que doçura entregar-me
      Àquela mole de peixes
      Cegando-te o olhar vazio
      Com meu cardume de beijos!
      Muito lutamos, menina
      Naquele pego selvagem
      Entre areias assassinas
      Junto ao rochedo da margem.
      Três vezes submergiste
      Três vezes voltaste à flor
      E te afogaras não fossem
      As redes do meu amor.
      Quando voltamos, a noite
      Parecia em tua face
      Tinhas vento em teus cabelos
      Gotas d'água em tua carne.
      No verde lençol da areia
      Um marco ficou cravado
      Moldando a forma de um corpo
      No meio da cruz de uns braços.
      Talvez que o marco, criança
      Já o tenha lavado o mar
      Mas nunca leva a lembrança
      Daquela noite de amores
      Na praia do Vidigal.



      _________________



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      "Ser como un verso volando
      o un ciego soñando
      y en ese vuelo y en ese sueño
      compartir contigo sol y luna,
      siendo guardián en tu cielo
      y tren de tus ilusiones."
      (Hánjel)





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