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    Mensaje por Maria Lua Miér 13 Ene 2021 - 17:35

    A minha estrela

    A meu irmão Aprígio A.
     
    E eu disse - Vai-te, estrela do Passado!
    Esconde-te no Azul da Imensidade,
    Lá onde nunca chegue esta saudade,
    - A sombra deste afeto estiolado.

    Disse, e a estrela foi p’ra o Céu subindo,
    Minh’alma que de longe a acompanhava,
    Viu o adeus que do Céu ela enviava,
    E quando ela no Azul foi-se sumindo

    Surgia a Aurora - a mágica princesa!
    E eu vi o Sol do Céu iluminando
    A Catedral da Grande Natureza.

    Mas a noute chegou, triste, com ela
    Negras sombras também foram chegando,
    E nunca mais eu vi a minha estrela!


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    o un ciego soñando
    y en ese vuelo y en ese sueño
    compartir contigo sol y luna,
    siendo guardián en tu cielo
    y tren de tus ilusiones."
    (Hánjel)





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    Mensaje por Maria Lua Jue 14 Ene 2021 - 5:43

    Canta teu riso esplêndido sonata,
    E há, no teu riso de anjos encantados,
    Como que um doce tilintar de prata
    E a vibração de mil cristais quebrados.

    Bendito o riso assim que se desata
    - Citara suave dos apaixonados,
    Sonorizando os sonhos já passados,
    Cantando sempre em trínula volata!

    Aurora ideal dos dias meus risonhos,
    Quando, úmido de beijos em ressábios
    Teu riso esponta, despertando sonhos...

    Ah! Num delíquio de ventura louca,
    Vai-se minh'alma toda nos teus beijos,
    Ri-se o meu coração na tua boca!


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    Mensaje por Maria Lua Jue 14 Ene 2021 - 5:43

    Solitário
    Como um fantasma que se refugia
    Na solidão da natureza morta,
    Por trás dos ermos túmulos, um dia,
    Eu fui refugiar-me à tua porta!

    Fazia frio e o frio que fazia
    Não era esse que a carne nos contorta...
    Cortava assim como em carniçaria
    O aço das facas incisivas corta!

    Mas tu não vieste ver minha Desgraça!
    E eu saí, como quem tudo repele,
    - Velho caixão a carregar destroços -

    Levando apenas na tumba carcaça
    O pergaminho singular da pele
    E o chocalho fatídico dos ossos!


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    Mensaje por Maria Lua Vie 15 Ene 2021 - 7:05

    HISTÓRIA DE UM VENCIDO

    Sol alto. A terra escalda: é um forno. A flama oriunda
    Da solar refração bate no mundo, acende
    O pó, aclara o mar e por tudo se estende
    E arde em tudo, mordendo a atra terra infecunda.

    E o Velho veio para o labor cotidiano,
    Triste, do alegre Sol ao grande globo quente
    E pôs-se para aí, desoladoramente
    A revolver da terra o atro e infecundo arcano.

    Por seis horas seu braço empenhado na luta,
    Fez reboar pelo solo, alta e descompassada
    A dura vibração incômoda da enxada,
    Rasgando, do agro solo, a superfície bruta.

    Mas o braço cansou! Trabalhou... e o trabalho
    -- Do Eterno Bem motor principal e alavanca -
    Arrancara-lhe a Crença assim como se arranca
    De um ninho a seda branca e de uma árvore o galho!

    Sangrou-lhe o coração e a saudade da Aurora!
    -- O Hércules que ele fora! O fraco que ele hoje era!
    E surpreendido viu que um abismo se erguera
    Entre o fraco que era hoje, e entre o Hércules de outrora!

    Pois havia de assim, nesta maldita senda
    De sofrimento ignaro em sofrimento ignaro
    Ir caminhando até tombar sem um amparo
    No tremendo marnel da Desgraça tremenda?!
    II
    Noute! O silêncio vinha entrando pelo mundo
    E ele, lúgubre e só, trôpego e cambaleando
    Foi-se arrastando, foi aos poucos se arrastando,
    Para as bordas fatais dum precipício fundo!

    Quis um momento ainda olhar para o Passado...
    E em tudo que o rodeava, oito vezes, funéreo
    Horrorizado viu como num cemitério
    Cadáveres de um lado e cinzas de outro lado!

    De súbito, avistando uma frondosa tília
    Julgou, louco, avistar a ÁRvore da Esperança...
    E bateram-lhe então de chofre na lembrança
    A casa que deixara, os filhos, a família!

    Não morreria, pois! Somente morreria
    Se da Vida, sozinho, ele pisasse os trilhos...
    Que mal lhe haviam feito a esposa e a irmã e os filhos?!
    Preciso era viver! Portanto, viveria!

    Viveria! E a fecunda e deleitosa seara
    Verde dos campos, onde arde e floresce a Crença,
    Compensaria toda a sua dor imensa
    Tal qual o Céu a dor de Cristo compensara!

    E aos tropeços, tombando, o Velho caminhava...
    Caminhava, e a sonhar, bêbado de miragem,
    Nem viu que era chegado o termo da viagem,
    E amplo, a rugir-lhe aos pés, o precipício estava.

    Num instante viu tudo, e compreendendo tudo,
    Quis fazer um esforço -- o último esforço, e o braço
    Pendeu exangue, o peito arqueou-se, o cansaço
    Empolgara-o, e ele quis falar e estava mudo!

    Mudo! E a quem contaria agora as suas mágoas?!
    E trágico, no horror brutoda despedida
    Abraçou-se com a Dor, abraçou-se com a Vida
    E sepultou-se ali no coração das águas!

    Cantavam muito ao longe uns carmes doloridos!
    Eram tropeiros, era a turba trovadora
    Que assim cantava, enquanto a Terra Vencedora
    Celebrava ao luar a Missa dos Vencidos!

    E o cadáver, a toa, a flux d’água, flutua!
    Ninguém o vê, ninguém o acalenta, o acalenta...
    Somente entre a negrura atra da terra poenta
    Alguém beija, alguém vela o cadáver: a Lua!


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    Mensaje por Maria Lua Sáb 16 Ene 2021 - 7:24

    Chora a corrente múrmura, e, à dolente
    Unção da noute, as flores também choram
    Num chuveiro de pétalas, nitente,
    Pendem e caem -- os roseirais descoram
    E elas bóiam no pranto da corrente
    Que as rosas, ao luar, chorando enfloram.


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    Mensaje por Maria Lua Dom 17 Ene 2021 - 5:02

    AILE DE CORBEAU



    Aile des corbeaux carnssiers, tu es une aile
    De sinister augure. Et c´est pendant douze mois
    Que tu nous fais la nuit, pregnant à chaque fois
    Le toit de nos maisons sous ta sombre tutelle.



    Le destin veut aussi que je vive avec toi,
    Persécuté par tant de défaites cruelles,
    Comme la cendre naît des gerbes d´étincelles.
    Ou comme les Goncourt oules frères siamois.



    C ´est d´aile de corbeau que je fais ce sonnet,
    Que la fabrique tisse un drap noit galonné
    Pour la famile en pleurs que le deliu martyrise.



    C´est encore avec cette aile extraordinaire
    Que la Mort, cette si funèbre couturière,
    Coud ici-bas pour l´homme une ultime chemise.







    Trad. de LORRAINE, Bernard. Poèmes du Brésil choisis, traduits et présentés par Bernard Lorraine. Paris: Les Editions Ouvrières Dessain et Tolra, 1985.187 p. (Enfance Hereuse des paus du monde) 13x21,5 cm. Ex. Bibl. Nacional de Brasília.








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    Mensaje por Maria Lua Dom 17 Ene 2021 - 8:04

    Hora da minha morte. Hirta, ao meu lado,
    A Idéia estertorava-se... No fundo
    Do meu entendimento moribundo
    Jazia o Último Número cansado.

    Era de vê-lo, imóvel, resignado,
    Tragicamente de si mesmo oriundo,
    Fora da sucessão, estranho ao mundo,
    Como o reflexo fúnebre do Incriado.

    Bradei: — Que fazes ainda no meu crânio?
    E o Último Número, atro e subterrâneo,
    Parecia dizer-me: “É tarde, amigo!

    Pois que a minha autogênita Grandeza
    Nunca vibrou em tua língua presa,
    Não te abandono mais! Morro contigo!”


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    Mensaje por Maria Lua Lun 18 Ene 2021 - 5:47

    A Esperança

    A Esperança não murcha, ela não cansa,
    Também como ela não sucumbe a Crença,
    Vão-se sonhos nas asas da Descrença,
    Voltam sonhos nas asas da Esperança.

    Muita gente infeliz assim não pensa;
    No entanto o mundo é uma ilusão completa,
    E não é a Esperança por sentença
    Este laço que ao mundo nos manieta?

    Mocidade, portanto, ergue o teu grito,
    Sirva-te a Crença do fanal bendito,
    Salve-te a glória no futuro -- avança!

    E eu, que vivo atrelado ao desalento,
    Também espero o fim do meu tormento,
    Na voz da Morte a me bradar; descansa!


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    Mensaje por Maria Lua Lun 18 Ene 2021 - 5:48

    Amor e crença

    Sabes que é Deus?! Esse infinito e santo
    Ser que preside e rege os outros seres,
    Que os encantos e a força dos poderes
    Reúne tudo em si, num só encanto?

    Esse mistério eterno e sacrossanto,
    Essa sublime adoração do crente,
    Esse manto de amor doce e clemente
    Que lava as dores e que enxuga o pranto?!

    Ah! Se queres saber a sua grandeza,
    Estende o teu olhar à Natureza,
    Fita a cúp’la do Céu santa e infinita!

    Deus é o templo do Bem. Na altura Imensa,
    O amor é a hóstia que bendiz a Crença,
    ama, pois, crê em Deus, e... sê bendita!


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    Mensaje por Maria Lua Lun 18 Ene 2021 - 5:49

    O morcego

    Meia-noite. Ao meu quarto me recolho.
    Meu Deus! E este morcego! E, agora, vede:
    Na bruta ardência orgânica da sede,
    Morde-me a goela igneo e escaldante molho.

    "Vou mandar levantar outra parede..."
    — Digo. Ergo-me a tremer. Fecho o ferrolho
    E olho o teto. E vejo-o ainda, igual a um olho,
    Circularmente sobre a minha rede!

    Pego de um pau. Esforços faço. Chego
    A tocá-lo. Minh'alma se concentra.
    Que ventre produziu tão feio parto?!

    A Consciência Humana é este morcego!
    Por mais que a gente faça, à noite, ele entra
    Imperceptivelmente em nosso quarto!


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    Mensaje por Maria Lua Lun 18 Ene 2021 - 5:50

    Saudade

    Hoje que a mágoa me apunhala o seio,
    E o coração me rasga atroz, imensa,
    Eu a bendigo da descrença, em meio,
    Porque eu hoje só vivo da descrença.

    À noute quando em funda soledade
    Minh’alma se recolhe tristemente,
    P’ra iluminar-me a alma descontente,
    Se acende o círio triste da Saudade.

    E assim afeito às mágoas e ao tormento,
    E à dor e ao sofrimento eterno afeito,
    Para dar vida à dor e ao sofrimento,

    Da saudade na campa enegrecida
    Guardo a lembrança que me sangra o peito,
    Mas que no entanto me alimenta a vida.


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    Mensaje por Maria Lua Lun 18 Ene 2021 - 5:51

    A lágrima

    – Faça-me o obséquio de trazer reunidos
    Cloreto de sódio, água e albumina…
    Ah! Basta isto, porque isto é que origina
    A lágrima de todos os vencidos!

    -“A farmacologia e a medicina
    Com a relatividade dos sentidos
    Desconhecem os mil desconhecidos
    Segredos dessa secreção divina”

    – O farmacêutico me obtemperou. –
    Vem-me então à lembrança o pai Yoyô
    Na ânsia física da última eficácia…

    E logo a lágrima em meus olhos cai.
    Ah! Vale mais lembrar-me eu de meu Pai
    Do que todas as drogas da farmácia!


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    Mensaje por Maria Lua Lun 18 Ene 2021 - 5:52

    O meu nirvana

    No alheamento da obscura forma humana,
    De que, pensando, me desencarcero,
    Foi que eu, num grito de emoção, sincero
    Encontrei, afinal, o meu Nirvana!

    Nessa manumissão schopenhauereana,
    Onde a Vida do humano aspeto fero
    Se desarraiga, eu, feito força, impero
    Na imanência da Idéia Soberana!

    Destruída a sensação que oriunda fora
    Do tato — ínfima antena aferidora
    Destas tegumentárias mãos plebeias —

    Gozo o prazer, que os anos não carcomem,
    De haver trocado a minha forma de homem
    Pela imortalidade das Ideias!


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    o un ciego soñando
    y en ese vuelo y en ese sueño
    compartir contigo sol y luna,
    siendo guardián en tu cielo
    y tren de tus ilusiones."
    (Hánjel)





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    AUGUSTO DOS ANJOS (1884-1914) - Página 2 Empty Re: AUGUSTO DOS ANJOS (1884-1914)

    Mensaje por Maria Lua Mar 19 Ene 2021 - 6:26

    CANTO ÍNTIMO


    Meu amor, em sonhos erra,
    Muito longe, altivo e ufano
    Do barulho do oceano
    E do gemido da terra!

    O Sol está moribundo.
    Um grande recolhimento
    Preside neste momento
    Todas as forças do Mundo.

    De lá, dos grandes espaços,
    Onde há sonhos inefáveis
    Vejo os vermes miseráveis
    Que hão de comer os meus braços.

    Ah! Se me ouvisses falando!
    (E eu sei que às dores resistes)
    Que acabarias chorando.
    Que o amor abriu no meu peito.

    Que eu tenho a Morte em mim mesmo!
    Vem-lhe à imaginação este soneto:
    Mais por impulso de idiossincrasia
    Da Ilha de Lemnos, trabalhar contente,

    Dir-te-ia coisas tão tristes
    Que mal o amor me tem feito!
    Duvidas?! Pois, se duvidas,
    Vem cá, olha estas feridas,

    Passo longos dias, a esmo...
    Não me queixo mais da sort
    Nem tenho medo da Morte
    Que eu tenho a Morte em mim mesmo!


    “Meu amor, em sonhos, erra,
    Muito longe, altivo e ufano
    Do barulho do oceano
    E do gemido da terra!”





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    y en ese vuelo y en ese sueño
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    Mensaje por Maria Lua Jue 21 Ene 2021 - 6:12

    ODE AO AMOR


    Enches o peito de cada homem, medras
    Nalma de cada virgem, e toda a alma
    Enches de beijos de infinita calma...
    E o aroma dos teus beijos infinitos
    Entra na terra, bate nos granitos
    E quebra as rochas e arrebenta as pedras!

    És soberano! Sangras e torturas!
    Ora, tangendo tiorbas em volatas,
    Cantas a Vida que sangrando matas,
    Ora, clavas brandindo em seva e insana
    Fúria, lembras, Amor, a soberana
    Imagem pétrea das montanhas duras.

    Beijam-te o passo multidões escravas
    Dos Desgraçados! -- Estas multidões
    Sonham pátrias doiradas de ilusões
    Entre os tórculos negros da Desgraça
    -- Flores que tombam quando a neve passa
    No turblhão das avalanches bravas!

    Tudo dominas! -- Dos vergéis tranqüilos
    Aos Capitólios, e dos Capitólios
    Aos claros pulcros e brilhantes sólios
    De esplendor pulcro e de fulgências claras,
    Rendilhados de fulvas gemas raras
    E pontilhados de crisoberilos.

    Sobes ao monte ondeo edelweiss pompeia
    Nalma do que subiu àquele monte!
    Mas, vezes, desces ao segredo insonte
    Do mar profundo onde a sereia canta
    E onde a Alcíone trêmula se espanta
    Ouvindo a gusla crebra da sereia!

    Rompe a manhã. Sinos além bimbalham.
    Troa o conúbio dos amores velhos
    -- As borboletas e os escaravelhos
    Beijam-se no ar...Retroa o sino. E, quietos
    Beijam-se além os silfos e os insetos
    Sob a esteira dos campos que se orvalham.

    E em tudo estruge a tua dúlia -- dúlia
    Que na fibra mais forte e até na fibra
    Mais tênue, chora e se lamenta e vibra...
    E em cada peito onde um Ocaso chora
    Levanta a cruz da redenção da Aurora
    Como a Judite a redimir Betúlia!

    Bem haja, pois, esse poder terrível,
    -- Essa dominação aterradora
    -- Enorme força regeneradora
    Que faz dos homens um leão que dorme
    E do Amor faz uma potência enorme
    Que vela sobre os homens, impassível!

    Esta de amor onde queixosa, Irene,
    Quedo, sonhei-a, aos astros, ontem, quando
    Entre estrias de estrelas, fosforeando,
    Egrégia estavas no teu plaustro egrégio
    Mais bela do que a Virgem de Corrégio
    E os quadros divinais de Guido Reni!

    Qual um crente em asiático pagode,
    Entre timbales e anafis estrídulos,
    Cativo, beija os áureos pés dos ídolos,
    Assim, Irene, eis-me de ti cativo!
    Cativaste-me, Irene, e eis o motivo,
    Eis o motivo porque fiz esta ode.


    _________________



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    Mensaje por Maria Lua Vie 22 Ene 2021 - 6:24

    IDEALIZAÇÃO DA HUMANIDADE FUTURA

    Rugia nos meus centros cerebrais
    A multidão dos séculos futuros
    -- Homens que a herança de ímpetos impuros
    Tornara etnicamente irracionais!

    Não sei que livro, em letras garrafais,
    Meus olhos liam! No húmus dos monturos,
    Realizavam-se os partos mais obscuros,
    Dentre as genealogias animais!

    Como quem esmigalha protozoários
    Meti todos os dedos mercenários
    Na consciência daquela multidão...

    E, em vez de achar a luz que os Céus inflama,
    Somente achei moléculas de lama
    E a mosca alegre da putrefação!


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    Mensaje por Maria Lua Sáb 23 Ene 2021 - 5:39

    MONÓLOGO DE UMA SOMBRA



    “Sou uma Sombra! Venho de outras eras,
    Do cosmopolitismo das moneras...
    Pólipo de recônditas reentrâncias,
    Larva de caos telúrico, procedo
    Da escuridão do cósmico segredo,
    Da substância de todas as substâncias!

    A simbiose das coisas me equilibra.
    Em minha ignota mônada, ampla, vibra
    A alma dos movimentos rotatórios...
    E é de mim que decorrem, simultâneas,
    A saúde das forças subterrâneas
    E a morbidez dos seres ilusórios!

    Pairando acima dos mundanos tetos,
    Não conheço o acidente da Senectus
    -- Esta universitária sanguessuga
    Que produz, sem dispêndio algum de vírus,
    O amarelecimento do papirus
    E a miséria anatômica da ruga!

    Na existência social, possuo uma arma
    -- O metafisicismo de Abidarma --
    E trago, sem bramânicas tesouras,
    Como um dorso de azêmola passiva,
    A solidariedade subjetiva
    De todas as espécies sofredoras.

    Como um pouco de saliva quotidiana
    Mostro meu nojo à Natureza Humana.
    A podridão me serve de Evangelho...
    Amo o esterco, os resíduos ruins dos quiosques
    E o animal inferior que urra nos bosques
    É com certeza meu irmão mais velho!

    Tal qual quem para o próprio túmulo olha,
    Amarguradamente se me antolha,
    À luz do americano plenilúnio,
    Na alma crepuscular de minha raça
    Como uma vocação para a Desgraça
    E um tropismo ancestral para o Infortúnio.

    Aí vem sujo, a coçar chagas plebéias,
    Trazendo no deserto das idéias
    O desespero endêmico do inferno,
    Com a cara hirta, tatuada de fuligens
    Esse mineiro doido das origens,
    Que se chama o Filósofo Moderno!

    Quis compreender, quebrando estéreis normas,
    A vida fenomênica das Formas,
    Que, iguais a fogos passageiros, luzem.
    E apenas encontrou na idéia gasta,
    O horror dessa mecânica nefasta,
    A que todas as coisas se reduzem!

    E hão de achá-lo, amanhã, bestas agrestes,
    Sobre a esteira sarcófaga das pestes
    A mosrtrar, já nos últimos momentos,
    Como quem se submete a uma charqueada,
    Ao clarão tropical da luz danada,
    O espólio dos seus dedos peçonhentos.

    Tal a finalidade dos estames!
    Mas ele viverá, rotos os liames
    Dessa estranguladora lei que aperta
    Todos os agregados perecíveis,
    Nas eterizações indefiníveis
    Da energia intra-atômica liberta!

    Será calor, causa ubíqua de gozo,
    Raio X, magnetismo misterioso,
    Quimiotaxia, ondulação aérea,
    Fonte de repulsões e de prazeres,
    Sonoridade potencial dos seres,
    Estrangulada dentro da matéria!

    E o que ele foi: clavículas, abdômen,
    O coração, a boca, em síntese, o Homem,
    -- Engrenagem de vísceras vulgares --
    Os dedos carregados de peçonha,
    Tudo coube na lógica medonha
    Dos apodrecimentos musculares.

    A desarrumação dos intestinos
    Assombra! Vede-a! Os vermes assassinos
    Dentro daquela massa que o húmus come,
    Numa glutoneria hedionda, brincam,
    Como as cadelas que as dentuças trincam
    No espasmo fisiológico da fome.

    É uma trágica festa emocionante!
    A bacteriologia inventariante
    Toma conta do corpo que apodrece...
    E até os membros da família engulham,
    Vendo as larvas malignas que se embrulham
    No cadáver malsão, fazendo um s.

    E foi então para isto que esse doudo
    Estragou o vibrátil plasma todo,
    À guisa de um faquir, pelos cenóbios?!...
    Num suicídio graduado, consumir-se,
    E após tantas vigílias, reduzir-se
    À herança miserável dos micróbios!

    Estoutro agora é o sátiro peralta
    Que o sensualismo sodomita exalta,
    Nutrindo sua infâmia a leite e a trigo...
    Como que, em suas clélulas vilíssimas,
    Há estratificações requintadíssimas
    De uma animalidade sem castigo.

    Brancas bacantes bêbadas o beijam.
    Suas artérias hírcicas latejam,
    Sentindo o odor das carnações abstêmias,
    E à noite, vai gozar, ébrio de vício,
    No sombrio bazer domeretrício,
    O cuspo afrodisíaco das fêmeas.

    No horror de sua anômala nevrose,
    Toda a sensualidade da simbiose,
    Uivando, à noite, em lúbricos arroubos,
    Como no babilônico sansara,
    Lembra a fome incoercível que escancara
    A mucosa carnívora dos lobos.

    Sôfrego, o monstro as vítimas aguarda.
    Negra paixão congênita, bastarda,
    Do seu zooplasma ofídico resulta...
    E explode, igual à luz que o ar acomete,
    Com a veemência mavórtica do aríete
    E os arremessos de uma catapulta.

    Mas muitas vezes, quando a noite avança,
    Hirto, observa através a tênue trança
    Dos filamentos fluídicos de um halo
    A destra descarnada de um duende,
    Que tateando nas tênebras, se estende
    Dentro da noite má, para agarrá-lo!

    Cresce-lhe a intracefálica tortura,
    E de su’alma na caverna escura,
    Fazendo ultra-epiléticos esforços,
    Acorda, com os candeeiros apagados,
    Numa coreografia de danados,
    A família alarmada dos remorsos.

    É o despertar de um povo subterrâneo!
    É a fauna cavernícola do crânio
    -- Macbeths da patológica vigília,
    Mostrando, em rembrandtescas telas várias,
    As incestuosidades sangüinárias
    Que ele tem praticado na família.

    As alucinações tácteis pululam.
    Sente que megatérios o estrangulam...
    A asa negra das moscas o horroriza;
    E autopsiando a amaríssima existência
    Encontra um cancro assíduo na consciência
    E três manchas de sangue na camisa!

    Míngua-se o combustível da lanterna
    E a consciência do sátiro se inferna,
    Reconhecendo, bêbedo de sono,
    Na própria ânsia dionísica do gozo,
    Essa necessidade de horroroso,
    Que é talvez propriedade do carbono!

    Ah! Dentro de toda a alma existe a prova
    De que a dor como um dartro se renova,
    Quando o prazer barbaramente a ataca...
    Assim também, observa a ciência crua,
    Dentro da elipse ignívoma da lua
    A realidade de uma esfera opaca.

    Somente a Arte, esculpindo a humana mágoa,
    Abranda as rochas rígidas, torna água
    Todo o fogo telúrico profundo
    E reduz, sem que, entanto, a desintegre,
    À condição de uma planície alegre,
    A aspereza orográfica do mundo!

    Provo desta maneira ao mundo odiento
    Pelas grandes razões do sentimento,
    Sem os métodos da abstrusa ciência fria
    E os trovões gritadores da dialética,
    Que a mais alta expressãoda dor estética
    Consiste essencialmente na alegria.

    Continua o martírio das criaturas:
    -- O homicídio nas vielas mais escuras,
    -- O ferido que a hostil gleba atra escarva,
    -- O último solilóquio dos suicidas --
    E eu sinto a dor de todas essas vidas
    Em minha vida anônima de larva!”

    Disse isto a Sombra. E, ouvindo estes vocábulos,
    Da luz da lua aos pálidos venábulos,
    Na ânsa de um nervosíssimo entusiasmo,
    Julgava ouvir monótonas corujas,
    Executando, entre daveiras sujas,
    A orquestra arrepiadora do sarcasmo!

    Era a elegia panteísta do Universo,
    Na produção do sangue humano imenso,
    Prostituído talvez, em suas bases...
    Era a canção da Natureza exausta,
    Chorando e rindo na ironia infausta
    Da incoerência infernal daquelas frases.

    E o turbilhão de tais fonemas acres
    Trovejando grandíloquos massacres,
    Há-de ferir-me as auditivas portas,
    até que minha efêmera cabeça,
    Reverta à quietação datrava espessa
    E à palidez das fotosferas mortas!


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    Mensaje por Maria Lua Dom 24 Ene 2021 - 4:42

    O meu nirvana

    No alheamento da obscura forma humana,
    De que, pensando, me desencarcero,
    Foi que eu, num grito de emoção, sincero
    Encontrei, afinal, o meu Nirvana!

    Nessa manumissão schopenhauereana,
    Onde a Vida do humano aspeto fero
    Se desarraiga, eu, feito força, impero
    Na imanência da Idéia Soberana!

    Destruída a sensação que oriunda fora
    Do tato — ínfima antena aferidora
    Destas tegumentárias mãos plebeias —

    Gozo o prazer, que os anos não carcomem,
    De haver trocado a minha forma de homem
    Pela imortalidade das Ideias!


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    Mensaje por Maria Lua Miér 27 Ene 2021 - 5:45

    ESTROFES SENTIDAS

    Eu sei que o Amor enche o Universo todo
    E se prende dos poetas à guitarra
    Como o pólipo que se agarra ao lodo
    E a ostra que às rochas eternais se agarra.

    O amor reduz-nos a uniformes placas,
    Uniformiza todos os anelos
    E une organizações fortes e fracas
    Nos mesmos laços e nos mesmos elos.

    Por muito tempo eu lhe sorvi o aroma,
    E, desvairado, sem prever o abismo
    Fiz desse amor um ídolo de Roma,
    Eleito Deus no altar do fetichismo!

    Tudo sacrifiquei para adorá-lo
    -- Mas hoje, vendo o horror dos meus destroços,
    Tenho vontade de estrangulá-lo
    E reduzi-lo muitas vezes a ossos!

    Todo o ser que no mundo turbilhona
    Veja do Amor, à luz das minhas frases,
    Uma montanha que se desmorona,
    Estremecendo em suas próprias bases.

    E em qualquer parte do Universo veja --
    Sombrias ruínas de um solar egrégio
    E o desmoronamento duma Igreja
    Despedaçada pelo sacrilégio.

    A Natureza veste extraordinárias
    Roupagens de ouro. Além, nas oliveiras,
    Aves de várias cores e de várias
    Espécies, cantam óperas inteiras.

    A compreensão da minha niilidade
    Aumenta à proporção que aumenta o dia
    E pouco a pouco o encéfalo me invade
    Numa clareza de fotografia.

    Na área em que estou, ao matinal assomo,
    Passa um rebanho de carneiros dóceis...
    E o Sol arranca as minhas crenças como
    Boucher de Perthes arrancava fósseis.

    Observo então a condição tristonha
    Da Humanidade, ébria de fumo e de ópio,
    Tal qual ela é, e não tal qual a sonha
    E a vê o Sábio pelo telescópio.

    O Sábio vê em proporções enormes
    Aquilo que é composto de pequenas
    Partes, construindo corpos quase informes
    E aquilo que é uma parcela apenas.

    Da observação nos elevados montes
    Prefiro, à nitidez real dos aspectos,
    Ver mastodontes onde há mastodontes
    E insetos ver onde há somente insetos.

    A inanidade da Ilusão demonstro
    Mas, demonstrando-a, sinto um violento
    Rancor da Vida -- este maldito monstro
    Que no meu próprio estômago alimento!

    Nisto a alma o ofício da Paixão entoa
    E vai cair, heroicamente, na água
    Da misteriosíssima lagoa
    Que a língua humana denomina Mágoa!

    Dos meus sonhos o exército desfila
    E, à frente dele, eu vou cantando a nênia
    Do Amor que eu tive e que se fez argila,
    Como Tirteu na guerra de Messênia!

    Transponho assim toda a sombria escarpa
    Sinistro como quem medita um crime...
    E quando a Dor me dói, tanjo minha harpa
    E a harpa saudosa a minha Dor exprime!

    Estes versos de amor que agora findo
    Foram sentidos na solidão de uma horta,
    À sombra dum verdoengo tamarindo
    Que representa a minha infância morta!


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    Mensaje por Maria Lua Jue 28 Ene 2021 - 8:19

    TEMPOS IDOS


    Não enterres, coveiro, o meu Passado,
    Tem pena dessas cinzas que ficaram;
    Eu vivo d’essas crenças qe passaram,
    E quero sempre tê-las ao meu lado!

    Não, não quero o meu sonho sepultado
    No cemitério da Desilusão,
    Que não se enterra assim sem compaixão
    Os escombros benditos do Passado!

    Ai! não me arranques d’alma este conforto!
    -- Quero abraçar o meu Passado morto
    -- Dizer adeus aos sonhos meus perdidos!

    Deixa ao menos que eu suba à Eternidade
    Velado pelo círio da Saudade,
    Ao dobre funeral dos tempos idos!


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    Mensaje por Maria Lua Vie 29 Ene 2021 - 5:21

    VÊNUS MORTA


    A Via-Sacra Azul do amor primeiro
    Veste hoje o luto que a desgraça veste
    No miserere do meu desespero...
    -- Lotus diluído n’alma dum cipreste!

    Como um lilás eternizando abrolhos
    Tinge de roxo o arminho da grinalda,
    Rola a violeta santa dos teus olhos
    -- Tufos de goivo em conchas de esmeralda.

    No vácuo imenso das desesperanças
    E dos passados viços,
    Recordo o beijo que te dei nas tranças
    Emolduradas num florão de riços.

    E como um nume de pesar, plangente,
    Guarda a saudade que levou do Marne,
    Eu guardo o travo deste beijo ardente
    E a Nostalgia desta Pátria -- a Carne.

    Sonho abraçar-te, pálida camélia,
    Mas neste sonho, langue e seminua,
    Pareces reviver a antiga Ofélia,
    Opalescência trágica da lua!

    Tu, oh Quimera, de reverberantes
    E rubras asas de beliantos pulcros,
    Crava-lhe n’alma o tirso das bacantes,
    Brande-lhe n’alma o frio dos sepulcros.

    Reza-lhe todo o cantochão memento
    Dessa Missa de amor da Extrema Agrura,
    Abençoada pelo meu tormento
    E consagrada pela sepultura.

    E que ela suba na serena gaza
    Dos mistérios dourados e serenos
    À terra Ideal das púrpuras em brasa
    E ao Céu doirado e auroreal de Vênus!


    _________________



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    o un ciego soñando
    y en ese vuelo y en ese sueño
    compartir contigo sol y luna,
    siendo guardián en tu cielo
    y tren de tus ilusiones."
    (Hánjel)





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    Mensaje por Maria Lua Sáb 30 Ene 2021 - 4:58

    Tentando desvirgar al laberinto
    Del viejo y metafísico Misterio,
    ¡Mis ojos crudos en el cementerio
    Comí, antropófago, de sangre tinto!

    ¡La digestión de ese manjar funéreo
    Tornado sangre transformó mi instinto
    De ese humano mirar mío, distinto,
    En divina visión de íncola etéreo!

    De hidrógeno vestido, incandescente,
    Por un siglo vagué, improficuamente,
    En la monótona sidérea faz...

    Subí quizá a las máximas alturas,
    Mas si hoy regreso con el alma a oscuras,
    ¡Es necesario que yo suba aún más!


    _________________



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    Mensaje por Maria Lua Dom 31 Ene 2021 - 7:16

    Amor e crença


    Sabes que é Deus?! Esse infinito e santo
    Ser que preside e rege os outros seres,
    Que os encantos e a força dos poderes
    Reúne tudo em si, num só encanto?

    Esse mistério eterno e sacrossanto,
    Essa sublime adoração do crente,
    Esse manto de amor doce e clemente
    Que lava as dores e que enxuga o pranto?!

    Ah! Se queres saber a sua grandeza,
    Estende o teu olhar à Natureza,
    Fita a cúp’la do Céu santa e infinita!

    Deus é o templo do Bem. Na altura Imensa,
    O amor é a hóstia que bendiz a Crença,
    ama, pois, crê em Deus, e... sê bendita!


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    Mensaje por Maria Lua Miér 3 Feb 2021 - 5:40

    Sonho abraçar-te, pálida camélia,
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    Mensaje por Maria Lua Vie 5 Feb 2021 - 6:18

    Solilóquio de um visionário

    Para desvirginar o labirinto
    Do velho e metafísico Mistério,
    Comi meus olhos crus no cemitério,
    Numa antropofagia de faminto!

    A digestão desse manjar funéreo
    Tornado sangue transformou-me o instinto
    De humanas impressões visuais que eu sinto,
    Nas divinas visões do íncola etéreo!

    Vestido de hidrogênio incandescente,
    Vaguei um século, improficuamente,
    Pelas monotonias siderais…

    Subi talvez às máximas alturas,
    Mas, se hoje volto assim, com a alma às escuras,
    É necessário que inda eu suba mais!


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    Mensaje por Maria Lua Sáb 6 Feb 2021 - 5:33

    Sofredora



    Cobre-lhe a fria palidez do rosto
    O sendal da tristeza que a desola;
    Chora – o orvalho do pranto lhe perola
    As faces maceradas de desgosto.

    Quando o rosário de seu pranto rola,
    Das brancas rosas do seu triste rosto
    Que rolam murchas como um sol já posto
    Um perfume de lágrimas se evola.

    Tenta às vezes, porém, nervosa e louca
    Esquecer por momento a mágoa intensa
    Arrancando um sorriso à flor da boca.

    Mas volta logo um negro desconforto,
    Bela na Dor, sublime na Descrença.
    Como Jesus a soluçar no Horto!


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    Mensaje por Maria Lua Miér 10 Feb 2021 - 9:16

    A minha estrela

    A meu irmão Aprígio A.


    E eu disse - Vai-te, estrela do Passado!
    Esconde-te no Azul da Imensidade,
    Lá onde nunca chegue esta saudade,
    - A sombra deste afeto estiolado.

    Disse, e a estrela foi p’ra o Céu subindo,
    Minh’alma que de longe a acompanhava,
    Viu o adeus que do Céu ela enviava,
    E quando ela no Azul foi-se sumindo

    Surgia a Aurora - a mágica princesa!
    E eu vi o Sol do Céu iluminando
    A Catedral da Grande Natureza.

    Mas a noute chegou, triste, com ela
    Negras sombras também foram chegando,
    E nunca mais eu vi a minha estrela!


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    Mensaje por Maria Lua Jue 11 Feb 2021 - 4:55

    Ala de cuervos sanguinarios, ala
    De mal agüero que, en los doce meses,
    Cubre a veces el espacio y cubre a veces
    El tejado de nuestra propia casa…

    ¡Perseguido por todos los reveses,
    Es mi destino vivir junto a esa ala,
    Como la ceniza que vive con la brasa,
    Como los Goncourt, como hermanos siameses!

    Es con esa ala que hago este soneto
    Y la industria humana hace el paño prieto
    Que a las familias de luto martiriza…

    Es aun con esa ala extraordinaria
    Que la Muerte –la costurera funeraria-
    Le cose al hombre la última camisa!


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    Mensaje por Maria Lua Sáb 13 Feb 2021 - 6:22

    Hoje, que a mágoa me apunhala o seio,
    E o coração me rasga, atroz, imensa,
    Eu a bendigo de descrença em meio,
    Porque eu hoje só vivo da descrença.

    À noute quando em funda soledade
    Minh’alma se recolhe tristemente,
    P’ra iluminar-me a alma descontente
    Se acende o círio triste as Saudade.

    E assim afeito às mágoas e ao tormento
    E à dor e ao sofrimento eterno afeito,
    Para dar vida à dor e ao sofrimento,

    Da Saudade na campa enegrecida
    Guardo a lembrança qu e me sangra o
    peito,
    Mas que no entanto me alimenta a vida.



    Hoy, la amargura me apuñala el seno,
    Y el corazón me rasga, atroz, inmensa,
    Yo la bendigo de descreencia a menos,
    Porque hoy vivo sólo de la descreencia.

    De noche cuando en honda soledad
    Mi alma se recoge tristemente,
    Para iluminarme el alma doliente
    Se enciende un cirio triste de Extrañar.

    Y así afecto a amarguras y tormento
    Y al dolor y el sufrimiento eterno hecho,
    Dando vida al dolor y al sufrimiento,

    De Nostalgia en la campa ennegrecida
    Guardo el r ecuerdo que me sangra el
    pecho,
    Pero que va alimentándome la vida.


    _________________



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    Mensaje por Maria Lua Sáb 13 Feb 2021 - 6:24

    Uma tarde de abril suave e pura
    Visitava eu somente ao derradeiro
    Lar; tinha ido ver a sepultura
    De um ente caro, amigo verdadeiro.

    Lá encontrei um pálido coveiro
    Com a cabeça para o chão pendida;
    Eu senti minh’alma entristecida
    E interroguei-o: “Eterno companheiro

    Da morte, quem matou-te o coração “
    Ele apontou para uma cruz no chão,
    Ali jazia o seu amor primeiro!

    Depois, tomando a enxada gravemente,
    Balbuciou, sorrindo tristemente:
    - “Ai! foi por isso que me fiz coveiro”!



    Una tarde de abril suave y pura
    Visitaba solamente al postrero
    Hogar; había ido a ver la sepultura
    De un ente caro, amigo verdadero.

    Hallé allí a un pálido sepulturero
    Con la cabeza hacia el piso pendida;
    Yo sentí mi alma entristecida
    Y lo interrogué: “Eterno compañero

    De muerte, quién te mató el corazón”
    Y apuntó para una cruz interior,
    ¡Allí yacía su amor primero!

    Después, ya con la zapa gravemente,
    Balbuceó y sonriendo tristemente:
    - “¡Es por eso que soy sepulturero”!


    _________________



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