Aires de Libertad

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      VINICIUS DE MORAES  - Página 20 Empty Re: VINICIUS DE MORAES

      Mensaje por Maria Lua Jue Oct 06, 2022 8:29 am

      SONETO DE INSPIRAÇÃO


      Não te amo como uma criança, nem
      Como um homem e nem como um mendigo
      Amo-te como se ama todo o bem
      Que o grande mal da vida traz consigo.

      Não é nem pela calma que me vem
      De amar, nem pela glória do perigo
      Que me vem de te amar, que te amo; digo
      Antes que por te amar não sou ninguém.

      Amo-te pelo que és, pequena e doce
      Pela infinita inércia que me trouxe
      A culpa é de te amar — soubesse eu ver

      Através da tua carne defendida
      Que sou triste demais para esta vida
      E que és pura demais para sofrer.


      _________________



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      o un ciego soñando
      y en ese vuelo y en ese sueño
      compartir contigo sol y luna,
      siendo guardián en tu cielo
      y tren de tus ilusiones."
      (Hánjel)





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      VINICIUS DE MORAES  - Página 20 Empty Re: VINICIUS DE MORAES

      Mensaje por Maria Lua Jue Oct 06, 2022 8:30 am

      O FALSO MENDIGO


      Minha mãe, manda comprar um quilo de papel almaço na venda
      Quero fazer uma poesia.

      Diz a Amélia para preparar um refresco bem gelado
      E me trazer muito devagarinho.
      Não corram, não falem, fechem todas as portas a chave
      Quero fazer uma poesia.
      Se me telefonarem, só estou para Maria
      Se for o Ministro, só recebo amanhã
      Se for um trote, me chama depressa
      Tenho um tédio enorme da vida.
      Diz a Amélia para procurar a “Patética” no rádio
      Se houver um grande desastre vem logo contar
      Se o aneurisma de dona Ângela arrebentar, me avisa
      Tenho um tédio enorme da vida.
      Liga para vovó Neném, pede a ela uma ideia bem inocente
      Quero fazer uma grande poesia.
      Quando meu pai chegar tragam-me logo os jornais da tarde
      Se eu dormir, pelo amor de Deus, me acordem
      Não quero perder nada na vida.
      Fizeram bicos de rouxinol para o meu jantar?
      Puseram no lugar meu cachimbo e meus poetas?
      Tenho um tédio enorme da vida.
      Minha mãe estou com vontade de chorar
      Estou com taquicardia, me dá um remédio
      Não, antes me deixa morrer, quero morrer, a vida
      Já não me diz mais nada
      Tenho horror da vida, quero fazer a maior poesia do mundo
      Quero morrer imediatamente.
      Fala com o Presidente para fecharem todos os cinemas
      Não aguento mais ser censor.
      Ah, pensa uma coisa, minha mãe, para distrair teu filho
      Teu falso, teu miserável, teu sórdido filho
      Que estala em força, sacrifício, violência, devotamento
      Que podia britar pedra alegremente
      Ser negociante cantando
      Fazer advocacia com o sorriso exato
      Se com isso não perdesse o que por fatalidade de amor
      Sabe ser o melhor, o mais doce e o mais eterno da tua puríssima carícia.





      Fin de NOVOS POEMAS
      Rio de Janeiro, José Olympio, 1938


      _________________



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      Mensaje por Maria Lua Jue Oct 06, 2022 8:33 am

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      POEMAS, SONETOS E BALADAS
      São Paulo, Edições Gavetas, 1946






      SONETO DE FIDELIDADE



      De tudo, ao meu amor serei atento
      Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
      Que mesmo em face do maior encanto
      Dele se encante mais meu pensamento.

      Quero vivê-lo em cada vão momento
      E em louvor hei de espalhar meu canto
      E rir meu riso e derramar meu pranto
      Ao seu pesar ou seu contentamento.

      E assim, quando mais tarde me procure
      Quem sabe a morte, angústia de quem vive
      Quem sabe a solidão, fim de quem ama

      Eu possa me dizer do amor (que tive):
      Que não seja imortal, posto que é chama
      Mas que seja infinito enquanto dure.



      Estoril, outubro de 1939



      ******************


      Soneto de fidelidad




      De todo a mi amor estaré atento
      Antes, y con tal celo, y siempre, y tanto
      Que incluso ante el mayor encanto
      Con él se encante más mi pensamiento.

      Quiero vivirlo en cada vano momento
      Y en su loor he de esparcir mi canto
      Y reír mi risa y derramar mi llanto
      A su pesar o a su contentamiento.

      Y así, cuando más tarde me busque
      Quién sabe la muerte, angustia de quien vive
      Quién sabe la soledad, fin de quien ama

      Pueda yo decir del amor (que tuve):
      Que no sea inmortal, puesto que es llama
      Mas que sea infinito mientras dure.


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      Mensaje por Maria Lua Jue Oct 06, 2022 8:36 am

      A MORTE


      A morte vem de longe
      Do fundo dos céus
      Vem para os meus olhos
      Virá para os teus
      Desce das estrelas
      Das brancas estrelas
      As loucas estrelas
      Trânsfugas de Deus
      Chega impressentida
      Nunca inesperada
      Ela que é na vida
      A grande esperada!
      A desesperada
      Do amor fratricida
      Dos homens, ai! dos homens
      Que matam a morte
      Por medo da vida.


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      Mensaje por Maria Lua Lun Oct 10, 2022 8:08 am

      A PARTIDA


      Quero ir-me embora pra estrela
      Que vi luzindo no céu
      Na várzea do setestrelo.
      Sairei de casa à tarde
      Na hora crepuscular
      Em minha rua deserta
      Nem uma janela aberta
      Ninguém para me espiar
      De vivo verei apenas
      Duas mulheres serenas
      Me acenando devagar.
      Será meu corpo sozinho
      Que há de me acompanhar
      Que a alma estará vagando
      Entre os amigos, num bar.
      Ninguém ficará chorando
      Que mãe já não terei mais
      E a mulher que outrora tinha
      Mais que ser minha mulher
      É mãe de uma filha minha.
      Irei embora sozinho
      Sem angústia nem pesar
      Antes contente da vida
      Que não pedi, tão sofrida
      Mas não perdi por ganhar.
      Verei a cidade morta
      Ir ficando para trás
      E em frente se abrirem campos
      Em flores e pirilampos
      Como a miragem de tantos
      Que tremeluzem no alto.
      Num ponto qualquer da treva
      Um vento me envolverá
      Sentirei a voz molhada
      Da noite que vem do mar
      Chegar-me-ão falas tristes
      Como a querer me entristar
      Mas não serei mais lembrança
      Nada me surpreenderá:
      Passarei lúcido e frio
      Compreensivo e singular
      Como um cadáver num rio
      E quando, de algum lugar
      Chegar-me o apelo vazio
      De uma mulher a chorar
      Só então me voltarei
      Mas nem adeus lhe darei
      No oco raio estelar
      Libertado subirei.


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      Mensaje por Maria Lua Lun Oct 10, 2022 8:09 am

      MARINHA


      Na praia de coisas brancas
      Abrem-se às ondas cativas
      Conchas brancas, coxas brancas
      Águas-vivas.

      Aos mergulhares do bando
      Afloram perspectivas
      Redondas, se aglutinando
      Volitivas.

      E as ondas de pontas roxas
      Vão e vêm, verdes e esquivas
      Vagabundas, como frouxas
      Entre vivas!


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      Mensaje por Maria Lua Lun Oct 10, 2022 8:10 am

      OS ACROBATAS



      Subamos!
      Subamos acima
      Subamos além, subamos
      Acima do além, subamos!
      Com a posse física dos braços
      Inelutavelmente galgaremos
      O grande mar de estrelas
      Através de milênios de luz.

      Subamos!
      Como dois atletas
      O rosto petrificado
      No pálido sorriso do esforço
      Subamos acima
      Com a posse física dos braços
      E os músculos desmesurados
      Na calma convulsa da ascensão.

      Oh, acima
      Mais longe que tudo
      Além, mais longe que acima do além!
      Como dois acrobatas
      Subamos, lentíssimos
      Lá onde o infinito
      De tão infinito
      Nem mais nome tem
      Subamos!

      Tensos
      Pela corda luminosa
      Que pende invisível
      E cujos nós são astros
      Queimando nas mãos
      Subamos à tona
      Do grande mar de estrelas
      Onde dorme a noite
      Subamos!

      Tu e eu, herméticos
      As nádegas duras
      A carótida nodosa
      Na fibra do pescoço
      Os pés agudos em ponta.

      Como no espasmo.

      E quando
      Lá, acima
      Além, mais longe que acima do além
      Adiante do véu de Betelgeuse
      Depois do país de Altair
      Sobre o cérebro de Deus

      Num último impulso
      Libertados do espírito
      Despojados da carne
      Nós nos possuiremos.

      E morreremos
      Morreremos alto, imensamente
      Imensamente alto.



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      VINICIUS DE MORAES  - Página 20 Empty Re: VINICIUS DE MORAES

      Mensaje por Maria Lua Lun Oct 10, 2022 8:11 am

      PAISAGEM


      Subi a alta colina
      Para encontrar a tarde
      Entre os rios cativos
      A sombra sepultava o silêncio.

      Assim entrei no pensamento
      Da morte minha amiga
      Ao pé da grande montanha
      Do outro lado do poente.

      Como tudo nesse momento
      Me pareceu plácido e sem memória
      Foi quando de repente uma menina
      De vermelho surgiu no vale correndo, correndo…


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      VINICIUS DE MORAES  - Página 20 Empty Re: VINICIUS DE MORAES

      Mensaje por Maria Lua Lun Oct 10, 2022 8:11 am

      BALADA DO CAVALÃO


      A tarde morre bem tarde
      No morro do Cavalão...
      Tem um poder de sossego.
      Dentro do meu coração
      Quanto sangue derramado!

      Balança, rede, balança...

      Susana deixou minha alma
      Numa grande confusão
      Seu berço ficou vazio
      No morro do Cavalão:
      Pequena estrela da tarde.

      Ah, gosto da minha vida
      Sangue da minha paixão!

      Levou o anjo o outro anjo
      Da saudade de seu pai
      Susana foi de avião
      Com quinze dias de idade
      Batendo todos os recordes!

      Que tarde que a tarde cai!

      Poeta, diz teu anseio
      Que o santo te satisfaz:
      Queria fazer mais um filho
      Queria tanto ser pai!

      Voam cardumes de aves
      No cristal rosa do ar.
      Vontade de ser levado
      Pelas correntes do mar
      Para um grande mar de sangue!

      E a vida passa depressa
      No morro do Cavalão
      Entre tantas flores, tantas
      Flores tontas, parasitas
      Parasitas da nação.

      Quanta garrafa vazia
      Quanto limão pelo chão!

      Menina, me diz um verso
      Bem cheio de ingratidão?
      - Era uma vez um poeta
      No morro do Cavalão
      Tantas fez que a dor-de-corno
      Bateu com ele no chão
      Arrastou ele nas pedras
      Espremeu seu coração
      Que pensa usted que saiu?
      Saiu cachaça e limão.

      Susana nasceu morena
      E é Mello Moraes também:
      É minha filha pequena
      Tão boa de querer bem!

      Oh, Saco de São Francisco
      Que eu avisto a cavaleiro
      Do morro do Cavalão!
      (O Saco de São Francisco
      Xavier não chama não
      Há de ser sempre de Assis:
      São Francisco Xavier
      É nome de uma estação)
      Onde está minha alegria
      Meus amores onde estão?

      A casa das mil janelas
      É a casa do meu irmão
      Lá dentro me esperam elas
      Que dormem cedo com medo
      Da trinca do Cavalão.

      Balança, rede, balança...



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      Mensaje por Maria Lua Lun Oct 10, 2022 8:12 am

      CANÇÃO


      Não leves nunca de mim
      A filha que tu me deste
      A doce, úmida, tranqüila
      Filhinha que tu me deste
      Deixe-a, que bem me persiga
      Seu balbucio celeste.
      Não leves; deixa-a comigo
      Que bem me persiga, a fim
      De que eu não queira comigo
      A primogênita em mim
      A fria, seca, encruada
      Filha que a morte me deu
      Que vive dessedentada
      Do leite que não é seu
      E que de noite me chama
      Com a voz mais triste que há
      E pra dizer que me ama
      E pra chamar-me de pai.
      Não deixes nunca partir
      A filha que tu me deste
      A fim de que eu não prefira
      A outra, que é mais agreste
      Mas que não parte de mim.


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      o un ciego soñando
      y en ese vuelo y en ese sueño
      compartir contigo sol y luna,
      siendo guardián en tu cielo
      y tren de tus ilusiones."
      (Hánjel)





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      Mensaje por Maria Lua Lun Oct 10, 2022 8:23 am

      QUATRO SONETOS DE MEDITAÇÃO
      I

      Mas o instante passou. A carne nova
      Sente a primeira fibra enrijecer
      E o seu sonho infinito de morrer
      Passa a caber no berço de uma cova.

      Outra carne vírá. A primavera
      É carne, o amor é seiva eterna e forte
      Quando o ser que viver unir-se à morte
      No mundo uma criança nascerá.

      Importará jamais por quê? Adiante
      O poema é translúcido, e distante
      A palavra que vem do pensamento

      Sem saudade. Não ter contentamento.
      Ser simples como o grão de poesia.
      E íntimo como a melancolia.


      II

      Uma mulher me ama. Se eu me fosse
      Talvez ela sentisse o desalento
      Da árvore jovem que não ouve o vento
      Inconstante e fiel, tardio e doce.

      Na sua tarde em flor. Uma mulher
      Me ama como a chama ama o silêncio
      E o seu amor vitorioso vence
      O desejo da morte que me quer.

      Uma mulher me ama. Quando o escuro
      Do crepúsculo mórbido e maduro
      Me leva a face ao gênio dos espelhos

      E eu, moço, busco em vão meus olhos velhos
      Vindos de ver a morte em mim divina:
      Uma mulher me ama e me ilumina.


      III

      O efêmero. Ora, um pássaro no vale
      Cantou por um momento, outrora, mas
      O vale escuta ainda envolto em paz
      Para que a voz do pássaro não cale.

      E uma fonte futura, hoje primária
      No seio da montanha, irromperá
      Fatal, da pedra ardente, e levará
      À voz a melodia necessária.

      O efêmero. E mais tarde, quando antigas
      Se fizerem as flores, e as cantigas
      A uma nova emoção morrerem, cedo

      Quem conhecer o vale e o seu segredo
      Nem sequer pensará na fonte, a sós...
      Porém o vale há de escutar a voz.


      IV

      Apavorado acordo, em treva. O luar
      É como o espectro do meu sonho em mim
      E sem destino, e louco, sou o mar
      Patético, sonâmbulo e sem fim.

      Desço na noite, envolto em sono; e os braços
      Como ímãs, atraio o firmamento
      Enquanto os bruxos, velhos e devassos
      Assoviam de mim na voz do vento.

      Sou o mar! sou o mar! meu corpo informe
      Sem dimensão e sem razão me leva
      Para o silêncio onde o Silêncio dorme

      Enorme. E como o mar dentro da treva
      Num constante arremesso largo e aflito
      Eu me espedaço em vão contra o infinito.

      Oxford, 1938


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      Mensaje por Maria Lua Lun Oct 10, 2022 8:24 am

      O RISO


      Aquele riso foi o canto célebre
      Da primeira estrela, em vão.
      Milagre de primavera intacta
      No sepulcro de neve
      Rosa aberta ao vento, breve
      Muito breve...

      Não, aquele riso foi o canto célebre
      Alta melodia imóvel
      Gorjeio de fonte núbil
      Apenas brotada, na treva...
      Fonte de lábios (hora
      Extremamente mágica do silêncio das aves).

      Oh, música entre pétalas
      Não afugentes meu amor!
      Mistério maior é o sono
      Se de súbito não se ouve o riso na noite.


      _________________



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      Mensaje por Maria Lua Jue Oct 13, 2022 9:13 pm

      PESCADOR



      Pescador, onde vais pescar esta noitada:

      Nas Pedras Brancas ou na ponte da praia do Barão?
      Está tão perto que eu não te vejo pescador, apenas
      Ouço a água ponteando no peito da tua canoa...

      Vai em silêncio, pescador, para não chamar as almas
      Se ouvires o grito da procelária, volta, pescador!
      Se ouvires o sino do farol das Feiticeiras, volta, pescador!
      Se ouvires o choro da suicida da usina, volta, pescador!

      Traz uma tainha gorda para Maria Mulata
      Vai com Deus! daqui a instante a sardinha sobe
      Mas toma cuidado com o cação e com o boto nadador
      E com o polvo que te enrola feito a palavra, pescador!

      Por que vais sozinho, pescador, que fizeste do teu remorso
      Não foste tu que navalhaste Juca Diabo na cal da caieira?
      Me contaram, pescador, que ele tinha sangue tão grosso
      Que foi preciso derramar cachaça na tua mão vermelha, pescador.

      Pescador, tu és homem, hem, pescador? que é de Palmira?
      Ficou dormindo? eu gosto de tua mulher Palmira, pescador!
      Ela tem ruga mas é bonita, ela carrega lata d'água
      E ninguém sabe por que ela não quer ser portuguesa, pescador...

      Ouve, eu não peço nada do mundo, eu só queria a estrela-d'alva
      Porque ela sorri mesmo antes de nascer, na madrugada
      Oh, vai no horizonte, pescador, com tua vela tu vais depressa
      E quando ela vier à tona, pesca ela para mim depressa, pescador?

      Ah, que tua canoa é leve, pescador; na água
      Ela até me lembra meu corpo no corpo de Cora Marina
      Tão grande era Cora Marina que eu até dormi nela
      E ela também dormindo nem me sentia o peso, pescador...

      Ah, que tu és poderoso, pescador! caranguejo não te morde
      Marisco não te corta o pé, ouriço-do-mar não te pica
      Ficas minuto e meio mergulhado em grota de mar adentro
      E quando sobes tens peixe na mão esganado, pescador!

      É verdade que viste alma na ponta da Amendoeira
      E que ela atravessou a praça e entrou nas obras da igreja velha?
      Ah, que tua vida tem caso, pescador, tem caso
      E tu nem dás caso da tua vida, pescador...

      Tu vês no escuro, pescador, tu sabes o nome dos ventos?
      Por que ficas tanto tempo olhando no céu sem lua?
      Quando eu olho no céu fico tonto de tanta estrela
      E vejo uma mulher nua que vem caindo na minha vertigem, pescador.

      Tu já viste mulher nua, pescador: um dia eu vi Negra nua
      Negra dormindo na rede, dourada como a soalheira
      Tinha duas roxuras nos peitos e um vasto negrume no sexo
      E a boca molhada e uma perna calçada de meia, pescador...

      Não achas que a mulher parece com a água, pescador?
      Que os peitos dela parecem ondas sem espuma?
      Que o ventre parece a areia mole do fundo?
      Que o sexo parece a concha marinha entreaberta pescador?

      Esquece a minha voz, pescador, que eu nunca fui inocente!
      Teu remo fende a água redonda com um tremor de carícia
      Ah, pescador, que as vagas são peitos de mulheres boiando à tona
      Vai devagar, pescador, a água te dá carinhos indizíveis, pescador!

      És tu que acendes teu cigarro de palha no isqueiro de corda
      Ou é a luz da bóia boiando na entrada do recife, pescador?
      Meu desejo era apenas ser segundo no leme da tua canoa
      Trazer peixe fresco e manga-rosa da Ilha Verde, pescador!

      Ah, pescador, que milagre maior que a tua pescaria!
      Quando lanças tua rede lanças teu coração com ela pescador!
      Teu anzol é brinco irresistível para o peixinho
      Teu arpão é mastro firme no casco do pescado, pescador!

      Toma castanha de caju torrada, toma aguardente de cana
      Que sonho de matar peixe te rouba assim a fome, pescador?
      Toma farinha torrada para a tua sardinha, toma, pescador
      Senão ficas fraco do peito que nem teu pai Zé Pescada, pescador...

      Se estás triste eu vou buscar Joaquim, o poeta português
      Que te diz o verso da mãe que morreu três vezes por causa do filho na guerra
      Na terceira vez ele sempre chora, pescador, é engraçado
      E arranca os cabelos e senta na areia e espreme a bicheira do pé.

      Não fiques triste, pescador, que mágoa não pega peixe.
      Deixa a mágoa para o Sandoval que é soldado e brigou com a noiva
      Que pegou brasa do fogo só para esquecer a dor da ingrata
      E tatuou o peito com a cobra do nome dela, pescador.

      Tua mulher Palmira é santa, a voz dela parece reza
      O olhar dela é mais grave que a hora depois da tarde
      Um dia, cansada de trabalhar, ela vai se estirar na enxerga
      Vai cruzar as mãos no peito, vai chamar a morte e descansar...

      Deus te leve, Deus te leve perdido por essa vida...
      Ah, pescador, tu pescas a morte, pescador
      Mas toma cuidado que de tanto pescares a morte
      Um dia a morte também te pesca, pescador!

      Tens um branco de luz nos teus cabelos, pescador:
      É a aurora? oh, leva-me na aurora, pescador!
      Quero banhar meu coração na aurora, pescador!
      Meu coração negro de noite sem aurora, pescador!

      Não vás ainda, escuta! eu te dou o bentinho de São Cristóvão
      Eu te dou o escapulário da Ajuda, eu te dou ripa da barca santa
      Quando Vênus sair das sombras não quero ficar sozinho
      Não quero ficar cego, não quero morrer apaixonado, pescador!

      Ouve o canto misterioso das águas no firmamento...
      É a alvorada, pescador, a inefável alvorada
      A noite se desincorpora, pescador, em sombra
      E a sombra em névoa e madrugada, pescador!

      Vai, vai, pescador, filho do vento, irmão da aurora
      És tão belo que nem sei se existes, pescador!
      Teu rosto tem rugas para o mar onde deságua
      O pranto com que matas a sede de amor do mar!

      Apenas te vejo na treva que se desfaz em brisa
      Vais seguindo serenamente pelas águas, pescador
      Levas na mão a bandeira branca da vela enfunada
      E chicoteias com o anzol a face invisível do céu.


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      Mensaje por Maria Lua Jue Oct 13, 2022 9:14 pm

      BARCAROLA


      Parti-me, trágico, ao meio
      De mim mesmo, na paixão.
      A amiga mostrou-me o seio
      Como uma consolação.

      Dormi-lhe no peito frio
      De um sono sem sonhos, mas
      A carne no desvario
      Da manhã, roubou-me a paz.

      Fugi, temeroso ao gesto
      Do seu receio modesto
      E cálido; enfim, depois

      Pensando a vida adiante
      Vi o remorso distante
      Desse crime de nós dois.


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      Mensaje por Maria Lua Jue Oct 13, 2022 9:15 pm

      LÁPIDE DE SINHAZINHA FERREIRA


      A vida sossega
      Lírios em repouso
      Adormecestes cega
      Na visão do esposo.

      A paixão é pouso
      Que a treva não nega
      A morte carrega
      E o sono dá gozo.

      Não vos vejo em paz
      Nem vos penso bem
      Na minha saudade.

      Sinto que vagais
      Ao lado de alguém
      Pela eternidade.


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      VINICIUS DE MORAES  - Página 20 Empty Re: VINICIUS DE MORAES

      Mensaje por Maria Lua Jue Oct 13, 2022 9:16 pm

      SONETO DE DESPEDIDA


      Uma lua no céu apareceu
      Cheia e branca; foi quando, emocionada
      A mulher a meu lado estremeceu
      E se entregou sem que eu dissesse nada.

      Larguei-as pela jovem madrugada
      Ambas cheias e brancas e sem véu
      Perdida uma, a outra abandonada
      Uma nua na terra, outra no céu.

      Mas não partira delas; a mais louca
      Apaixonou-me o pensamento; dei-o
      Feliz - eu de amor pouco e vida pouca

      Mas que tinha deixado em meu enleio
      Um sorriso de carne em sua boca
      Uma gota de leite no seu seio.

      Rio, 1940


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      Mensaje por Maria Lua Jue Oct 13, 2022 9:17 pm

      O APELO

      Que te vale, minha alma, essa paisagem fria
      Essa terra onde parecem repousar virgens distantes?
      Que te importa essa calma, essa tarde caindo sem vozes
      Esse ar onde as nuvens se esquecem como adeuses?
      Que te diz o adormecimento dessa montanha extática
      Onde há caminhos tão tristes que ninguém anda neles
      E onde o pipilo de um pássaro que passa de repente
      Parece suspender uma lágrima que nunca se derrama?
      Para que te debruças inutilmente sobre esse ermo
      E buscas um grito de agonia que nunca te chegará a tempo
      Que são longos, minha alma, os espaços perdidos...
      Ah, chegar! chegar depois de tanta ausência
      E despontar como um santo dentro das ruas escuras
      Bêbado dos seios da amada cheios de espuma!


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      Mensaje por Maria Lua Jue Oct 13, 2022 9:18 pm

      NOTÍCIA D'O SÉCULO

      Nas terras do Geraz
      Que compreendem três populosas freguesias
      O povo ainda se mostra sucumbido
      Com o bárbaro crime do lavrador Manuel da Névoa
      E é curioso notar que ao toque das rezas
      Os habitantes correm aos campos, matas e veigas
      Gritando pelo assassino, para que apareça
      Que não se esconda, pois se torna necessário fazer justiça.
      Trata-se de um velho costume
      Com o fim de exacerbar o remorso
      Dos criminosos que andem a monte fugindo ao castigo
      Nas terras do Geraz.


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      Mensaje por Maria Lua Jue Oct 13, 2022 9:19 pm

      SONETO DA MADRUGADA


      Pensar que já vivi à sombra escura
      Desse ideal de dor, triste ideal
      Que acima das paixões do bem e do mal
      Colocava a paixão da criatura!

      Pensar que essa paixão, flor de amargura
      Foi uma desventura sem igual
      Uma incapacidade de ternura
      Nunca simples e nunca natural!

      Pensar que a vida se houve de tal sorte
      Com tal zelo e tão íntimo sentido
      Que em mim a vida renasceu da morte!

      Hoje me libertei, povo oprimido
      E por ti viverei meu ódio forte
      Nesse misterioso amor perdido.



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      VINICIUS DE MORAES  - Página 20 Empty Re: VINICIUS DE MORAES

      Mensaje por Maria Lua Dom Oct 16, 2022 5:23 pm

      SINOS DE OXFORD



      Cantai, sinos, sinos
      Cantai pelo ar
      Que tão puros, nunca
      Mais ireis cantar
      Cantai leves, leves
      E logo vibrantes
      Cantai aos amantes
      E aos que vão amar.

      Levai vossos cantos
      Às ondas do mar
      E saudai as aves
      Que vêm de arribar
      Em bandos, em bandos
      Sozinhas, do além
      Oh, aves! ó sinos
      Arribai também!

      Sinos! dóceis, doces
      Almas de sineiros
      Brancos peregrinos
      Do céu, companheiros
      Indeléveis! rindo
      Rindo sobre as águas
      Do rio fugindo...
      Consolai-me as mágoas!

      Consolai-me as mágoas
      Que não passam mais
      Minhas pobres mágoas
      De quem não tem paz.
      Ter paz… tenho tudo
      De bom e de bem...
      Respondei-me, sinos:
      A morte já vem?


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      o un ciego soñando
      y en ese vuelo y en ese sueño
      compartir contigo sol y luna,
      siendo guardián en tu cielo
      y tren de tus ilusiones."
      (Hánjel)





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      Mensaje por Maria Lua Dom Oct 16, 2022 5:24 pm

      TRECHO


      Quem foi, perguntou o Celo
      Que me desobedeceu?

      Quem foi que entrou no meu reino
      E em meu ouro remexeu?
      Quem foi que pulou meu muro
      E minhas rosas colheu?
      Quem foi, perguntou o Celo
      E a Flauta falou: Fui eu.


      Mas quem foi, a Flauta disse
      Que no meu quarto surgiu?
      Quem foi que me deu um beijo
      E em minha cama dormiu?
      Quem foi que me fez perdida
      E que me desiludiu?
      Quem foi, perguntou a Flauta
      E o velho Celo sorriu.


      _________________



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      y tren de tus ilusiones."
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      Mensaje por Maria Lua Dom Oct 16, 2022 5:25 pm

      BALADA DA PRAIA DO VIDIGAL


      A lua foi companheira
      Na praia do Vidigal
      Não surgiu, mas mesmo oculta
      Nos recordou seu luar
      Teu ventre de maré cheia
      Vinha em ondas me puxar
      Eram-me os dedos de areia
      Eram-te os lábios de sal.

      Na sombra que ali se inclina
      Do rochedo em miramar
      Eu soube te amar, menina
      Na praia do Vidigal...
      Havia tanto silêncio
      Que para o desencantar
      Nem meus clamores de vento
      Nem teus soluços de água.
      Minhas mãos te confundiam
      Com a fria areia molhada
      Vencendo as mãos dos alísios
      Nas ondas da tua saia.
      Meus olhos baços de brumas
      Junto aos teus olhos de alga
      Viam-te envolta de espumas
      Como a menina afogada.
      E que doçura entregar-me
      Àquela mole de peixes
      Cegando-te o olhar vazio
      Com meu cardume de beijos!
      Muito lutamos, menina
      Naquele pego selvagem
      Entre areias assassinas
      Junto ao rochedo da margem.
      Três vezes submergiste
      Três vezes voltaste à flor
      E te afogaras não fossem
      As redes do meu amor.
      Quando voltamos, a noite
      Parecia em tua face
      Tinhas vento em teus cabelos
      Gotas d'água em tua carne.
      No verde lençol da areia
      Um marco ficou cravado
      Moldando a forma de um corpo
      No meio da cruz de uns braços.
      Talvez que o marco, criança
      Já o tenha lavado o mar
      Mas nunca leva a lembrança
      Daquela noite de amores
      Na praia do Vidigal.



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      Mensaje por Maria Lua Dom Oct 16, 2022 5:25 pm

      CÂNTICO


      Não, tu não és um sonho, és a existência
      Tens carne, tens fadiga e tens pudor
      No calmo peito teu. Tu és a estrela
      Sem nome, és a morada, és a cantiga
      Do amor, és luz, és lírio, namorada!
      Tu és todo o esplendor, o último claustro
      Da elegia sem fim, anjo! mendiga
      Do triste verso meu. Ah, fosses nunca
      Minha, fosses a idéia, o sentimento
      Em mim, fosses a aurora, o céu da aurora
      Ausente, amiga, eu não te perderia!
      Amada! onde te deixas, onde vagas
      Entre as vagas flores? e por que dormes
      Entre os vagos rumores do mar? Tu
      Primeira, última, trágica, esquecida
      De mim! És linda, és alta! és sorridente
      És como o verde do trigal maduro
      Teus olhos têm a cor do firmamento
      Céu castanho da tarde - são teus olhos!
      Teu passo arrasta a doce poesia
      Do amor! prende o poema em forma e cor
      No espaço; para o astro do poente
      És o levante, és o Sol! eu sou o gira
      O gira, o girassol. És a soberba
      Também, a jovem rosa purpurina
      És rápida também, como a andorinha!
      Doçura! lisa e murmurante... a água
      Que corre no chão morno da montanha
      És tu; tens muitas emoções; o pássaro
      Do trópico inventou teu meigo nome
      Duas vezes, de súbito encantado!
      Dona do meu amor! sede constante
      Do meu corpo de homem! melodia
      Da minha poesia extraordinária!
      Por que me arrastas? Por que me fascinas?
      Por que me ensinas a morrer? teu sonho
      Me leva o verso à sombra e à claridade.
      Sou teu irmão, és minha irmã; padeço
      De ti, sou teu cantor humilde e terno
      Teu silêncio, teu trêmulo sossego
      Triste, onde se arrastam nostalgias
      Melancólicas, ah, tão melancólicas...
      Amiga, entra de súbito, pergunta
      Por mim, se eu continuo a amar-te; ri
      Esse riso que é tosse de ternura
      Carrega-me em teu seio, louca! sinto
      A infância em teu amor! cresçamos juntos
      Como se fora agora, e sempre; demos
      Nomes graves às coisas impossíveis
      Recriemos a mágica do sonho
      Lânguida! ah, que o destino nada pode
      Contra esse teu langor; és o penúltimo
      Lirismo! encosta a tua face fresca
      Sobre o meu peito nu, ouves? é cedo
      Quanto mais tarde for, mais cedo! a calma
      É o último suspiro da poesia
      O mar é nosso, a rosa tem seu nome
      E recende mais pura ao seu chamado.
      Julieta! Carlota! Beatriz!
      Oh, deixa-me brincar, que te amo tanto
      Que se não brinco, choro, e desse pranto
      Desse pranto sem dor, que é o único amigo
      Das horas más em que não estás comigo.


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      Mensaje por Maria Lua Dom Oct 16, 2022 5:36 pm

      A UM PASSARINHO


      Para que vieste
      Na minha janela
      Meter o nariz?
      Se foi por um verso
      Não sou mais poeta
      Ando tão feliz!
      Se é para uma prosa
      Não sou Anchieta
      Nem venho de Assis.

      Deixa-te de histórias
      Some-te daqui!


      ******************



      A UN PÁJARITO


      A que viniste
      en mi ventana
      ¿meter las narices?(***)
      Si es por un verso
      ya no soy poeta
      ¡Estoy tan feliz!
      si es para una prosa
      yo no soy Anchieta (***)
      Ni siquiera vengo de Asís.

      No inventes historias
      ¡Vete de aquí!





      *** "meter o nariz" expresión popular en Brasil que significa husmear
      *** Anchieta, sacerdote que vino a Brasil enseñar el Evangelio a los indigenas


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      Mensaje por Maria Lua Mar Oct 18, 2022 6:25 pm

      SONETO DE FIDELIDADE


      De tudo, ao meu amor serei atento
      Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
      Que mesmo em face do maior encanto
      Dele se encante mais meu pensamento.

      Quero vive-lo em cada vão momento
      E em seu louvor hei de espalhar meu canto
      E rir meu riso e derramar meu pranto
      Ao seu pesar ou seu contentamento.

      E assim, quando mais tarde me procure
      Quem sabe a morte, angústia de quem vive
      Quem sabe a solidão, fim de quem ama

      Eu possa me dizer do amor (que tive):
      Que não seja imortal, posto que é chama
      Mas que seja infinito enquanto dure.

      ------------------------------------------------------------------------------------------
      ************************************




      SONETO DE FIDELIDAD




      En todo, le seré a mi amor atento
      Antes, y como tal celo, y siempre, y tanto
      Que incluso en frente del mayor encanto
      De él se encante más mi pensamiento.

      Quiero vivirlo ya cada momento
      Y en su loar he de esparcir mi canto
      Y mi reír y derramar mi llanto
      A su pesar o a su mayor contento.

      Y así, cuando más tarde me procure
      Quizás la muerte, angustia del viviente
      Quizás la soledad, fin de quien ama

      Decir yo pueda de mi amor ardiente:
      Que no sea inmortal, puesto que es llama,
      Mas que sea infinito mientras dure.



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      Mensaje por Amalia Lateano Mar Oct 18, 2022 7:54 pm

      Gracias por compartir...

      Besos
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      Mensaje por Maria Lua Miér Oct 19, 2022 7:59 am

      A ESTRELA POLAR


      Eu vi a estrela polar
      Chorando em cima do mar
      Eu vi a estrela polar
      Nas costas de Portugal!
      Desde então não seja Vênus
      A mais pura das estrelas
      A estrela polar não brilha
      Se humilha no firmamento
      Parece uma criancinha
      Enjeitada pelo frio
      Estrelinha franciscana
      Teresinha, mariana
      Perdida no Pólo Norte
      De toda a tristeza humana.


      ****************


      LA ESTRELLA POLAR

      Vi la Estrella Polar
      llorando sobre el mar
      vi la estrella polar
      ¡En las costas de Portugal!
      Desde entonces no sea Venus
      La más pura de las estrellas
      La Estrella Polar no brilla
      Humillase en el firmamento
      parece un niño pequeño
      Abandonado por el frío
      Estrella franciscana
      Teresa, Marianne
      Perdido en el Polo Norte
      De toda tristeza humana.


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      Mensaje por Maria Lua Miér Oct 19, 2022 8:03 am

      SONETO DO MAIOR AMOR


      Maior amor nem mais estranho existe
      Que o meu, que não sossega a coisa amada
      E quando a sente alegre, fica triste
      E se a vê descontente, dá risada.

      E que só fica em paz se lhe resiste
      O amado coração, e que se agrada
      Mais da eterna aventura em que persiste
      Que de uma vida mal-aventurada.

      Louco amor meu, que quando toca, fere
      E quando fere vibra, mas prefere
      Ferir a fenecer - e vive a esmo

      Fiel à sua lei de cada instante
      Desassombrado, doido, delirante
      Numa paixão de tudo e de si mesmo.

      Oxford, 1938


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      Mensaje por Maria Lua Miér Oct 19, 2022 8:04 am

      IMITAÇÃO DE RILKE


      Alguém que me espia do fundo da noite
      Com olhos imóveís brilhando na noite
      Me quer.

      Alguém que me espia do fundo da noite
      (Mulher que me ama, perdida na noite?)
      Me chama.

      Alguém que me espia do fundo da noite
      (És tu, Poesia, velando na noite?)
      Me quer.

      Alguém que me espia do fundo da noite
      (Também chega a Morte dos ermos da noite…)
      Quem é?


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      Mensaje por Maria Lua Miér Oct 19, 2022 8:06 am

      BALADA DO ENTERRADO VIVO


      Na mais medonha das trevas
      Acabei de despertar
      Soterrado sob um túmulo.
      De nada chego a lembrar
      Sinto meu corpo pesar
      Como se fosse de chumbo.
      Não posso me levantar
      Debalde tentei clamar
      Aos habitantes do mundo.
      Tenho um minuto de vida
      Em breve estará perdida
      Quando eu quiser respirar.

      Meu caixão me prende os braços.
      Enorme, a tampa fechada
      Roça-me quase a cabeça.
      Se ao menos a escuridão
      Não estivesse tão espessa!
      Se eu conseguisse fincar
      Os joelhos nessa tampa
      E os sete palmos de terra
      Do fundo à campa rasgar!
      Se um som eu chegasse a ouvir
      No oco deste caixão
      Que não fosse esse soturno
      Bater do meu coração!
      Se eu conseguisse esticar
      Os braços num repelão
      Inda rasgassem-me a carne
      Os ossos que restarão!

      Se eu pudesse me virar
      As omoplatas romper
      Na fúria de uma evasão
      Ou se eu pudesse sorrir
      Ou de ódio me estrangular
      E de outra morte morrer!

      Mas só me resta esperar
      Suster a respiração
      Sentindo o sangue subir-me
      Como a lava de um vulcão
      Enquanto a terra me esmaga
      O caixão me oprime os membros
      A gravata me asfixia
      E um lenço me cerra os dentes!
      Não há como me mover
      E este lenço desatar
      Não há como desmanchar
      O laço que os pés me prende!

      Bate, bate, mão aflita
      No fundo deste caixão
      Marca a angústia dos segundos
      Que sem ar se extinguirão!

      Lutai, pés espavoridos
      Presos num nó de cordão
      Que acima, os homens passando
      Não ouvem vossa aflição!
      Raspa, cara enlouquecida
      Contra a lenha da prisão
      Pesando sobre teus olhos
      Há sete palmos de chão!
      Corre mente desvairada
      Sem consolo e sem perdão
      Que nem a prece te ocorre
      À louca imaginação!
      Busca o ar que se te finda
      Na caverna do pulmão
      O pouco que tens ainda
      Te há de erguer na convulsão
      Que romperá teu sepulcro
      E os sete palmos de chão:
      Não te restassem por cima
      Setecentos de amplidão!



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