Aires de Libertad

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      VINICIUS DE MORAES  - Página 13 Empty Re: VINICIUS DE MORAES

      Mensaje por Maria Lua Mar 09 Mar 2021, 07:00

      MENSAGEM À POESIA


      Não posso
      Não é possível
      Digam-lhe que é totalmente impossível
      Agora não pode ser
      É impossível
      Não posso.
      Digam-lhe que estou tristíssimo, mas não posso ir esta noite ao seu encontro.
      Contem-lhe que há milhões de corpos a enterrar
      Muitas cidades a reerguer, muita pobreza pelo mundo.
      Contem-lhe que há uma criança chorando em alguma parte do mundo
      E as mulheres estão ficando loucas, e há legiões delas carpindo
      A saudade de seus homens; contem-lhe que há um vácuo
      Nos olhos dos párias, e sua magreza é extrema; contem-lhe
      Que a vergonha, a desonra, o suicídio rondam os lares, e é preciso reconquistar a vida.
      Façam-lhe ver que é preciso eu estar alerta, voltado para todos os caminhos
      Pronto a socorrer, a amar, a mentir, a morrer se for preciso.
      Ponderem-lhe, com cuidado — não a magoem... — que se não vou
      Não é porque não queira: ela sabe; é porque há um herói num cárcere
      Há um lavrador que foi agredido, há um poça de sangue numa praça.
      Contem-lhe, bem em segredo, que eu devo estar prestes, que meus
      Ombros não se devem curvar, que meus olhos não se devem
      Deixar intimidar, que eu levo nas costas a desgraça dos homens
      E não é o momento de parar agora; digam-lhe, no entanto
      Que sofro muito, mas não posso mostrar meu sofrimento
      Aos homens perplexos; digam-lhe que me foi dada
      A terrível participação, e que possivelmente

      Deverei enganar, fingir, falar com palavras alheias
      Porque sei que há, longínqua, a claridade de uma aurora.

      Se ela não compreender, oh procurem convencê-la
      Desse invencível dever que é o meu; mas digam-lhe
      Que, no fundo, tudo o que estou dando é dela, e que me
      Dói ter de despojá-la assim, neste poema; que por outro lado
      Não devo usá-la em seu mistério: a hora é de esclarecimento
      Nem debruçar-me sobre mim quando a meu lado
      Há fome e mentira; e um pranto de criança sozinha numa estrada
      Junto a um cadáver de mãe: digam-lhe que há
      Um náufrago no meio do oceano, um tirano no poder, um homem
      Arrependido; digam-lhe que há uma casa vazia
      Com um relógio batendo horas; digam-lhe que há um grande
      Aumento de abismos na terra, há súplicas, há vociferações
      Há fantasmas que me visitam de noite
      E que me cumpre receber, contem a ela da minha certeza
      No amanhã
      Que sinto um sorriso no rosto invisível da noite
      Vivo em tensão ante a expectativa do milagre; por isso
      Peçam-lhe que tenha paciência, que não me chame agora
      Com a sua voz de sombra; que não me faça sentir covarde
      De ter de abandoná-la neste instante, em sua imensurável
      Solidão, peçam-lhe, oh peçam-lhe que se cale
      Por um momento, que não me chame
      Porque não posso ir
      Não posso ir
      Não posso.
      Mas não a traí.
      Em meu coração
      Vive a sua imagem pertencida, e nada direi que possa
      Envergonhá-la.
      A minha ausência.
      É também um sortilégio
      Do seu amor por mim.
      Vivo do desejo de revê-la
      Num mundo em paz.
      Minha paixão de homem
      Resta comigo; minha solidão resta comigo; minha
      Loucura resta comigo.
      Talvez eu deva
      Morrer sem vê-la mais, sem sentir mais
      O gosto de suas lágrimas, olhá-la correr
      Livre e nua nas praias e nos céus
      E nas ruas da minha insônia.
      Digam-lhe que é esse
      O meu martírio; que às vezes
      Pesa-me sobre a cabeça o tampo da eternidade e as poderosas
      Forças da tragédia abastecem-se sobre mim, e me impelem para a treva
      Mas que eu devo resistir, que é preciso...
      Mas que a amo com toda a pureza da minha passada adolescência
      Com toda a violência das antigas horas de contemplação extática
      Num amor cheio de renúncia.
      Oh, peçam a ela
      Que me perdoe, ao seu triste e inconstante amigo
      A quem foi dado se perder de amor pelo seu semelhante
      A quem foi dado se perder de amor por uma pequena casa
      Por um jardim de frente, por uma menininha de vermelho
      A quem foi dado se perder de amor pelo direito
      De todos terem um pequena casa, um jardim de frente
      E uma menininha de vermelho; e se perdendo
      Ser-lhe doce perder-se...
      Por isso convençam a ela, expliquem-lhe que é terrível
      Peçam-lhe de joelhos que não me esqueça, que me ame
      Que me espere, porque sou seu, apenas seu; mas que agora
      É mais forte do que eu, não posso ir
      Não é possível
      Me é totalmente impossível
      Não pode ser não
      É impossível
      Não posso.



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      o un ciego soñando
      y en ese vuelo y en ese sueño
      compartir contigo sol y luna,
      siendo guardián en tu cielo
      y tren de tus ilusiones."
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      VINICIUS DE MORAES  - Página 13 Empty Re: VINICIUS DE MORAES

      Mensaje por Maria Lua Mar 09 Mar 2021, 07:39

      INTROSPECÇÃO

      Nuvens lentas passavam
      Quando eu olhei o céu.
      Eu senti na minha alma a dor do céu
      Que nunca poderá ser sempre calmo.

      Quando eu olhei a árvore perdida
      Não vi ninhos nem pássaros.
      Eu senti na minha alma a dor da árvore
      Esgalhada e sozinha
      Sem pássaros cantando nos seus ninhos.

      Quando eu olhei minha alma
      Vi a treva.
      Eu senti no céu e na árvore perdida
      A dor da treva que vive na minha alma.


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      o un ciego soñando
      y en ese vuelo y en ese sueño
      compartir contigo sol y luna,
      siendo guardián en tu cielo
      y tren de tus ilusiones."
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      Mensaje por Maria Lua Mar 09 Mar 2021, 08:36

      POEMA PARA TODAS LAS MUJERES

      Sobre tus blancos pechos lloro,
      mis lágrimas bajan por tu vientre
      y se embriagan del perfume de tu sexo.
      ¿Mujer, qué máquina eres, que solo me tienes desesperado
      confuso, niño para contenerte?
      ¡Ah, no cierres tus brazos sobre mi tristeza, no!
      ¡Ah, no abandones tu boca a mi inocencia, no!
      Hombre, soy bello, Macho, soy fuerte; poeta soy altísimo
      y sólo la pureza me ama y ella es en mí, una ciudad
      y tiene allí mil y una puertas.
      ¡Ay! tus cabellos huelen a la flor del mirto
      ¡Mejor sería morir o verte muerta
      y nunca, nunca más poder tocarte!
      Pero, fauno, siento el viento del mar rozarme los brazos
      Ángel, siento el calor del viento en las espumas
      Pájaro, siento el nido en tu vello
      ¡Corred, corred, oh lágrimas nostálgicas
      ahogadme, sacadme de este tiempo
      llevadme hacia el campo de las estrellas
      entregadme de prisa a la luna llena
      dadme el lento poder del soneto,
      dadme la iluminación de las odas
      dadme el cantar de los cantares.
      Que no puedo más, ¡Ay!¡que esta mujer me devora!
      ¡que yo quiero huir, quiero a mi mamita,
      quiero el regazo de Nuestra Señora!

      -------------------


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      Mensaje por Maria Lua Mar 09 Mar 2021, 10:12

      Na hora dolorosa e roxa das emoções silenciosas
      Meu espírito te sentiu.
      Ele te sentiu imensamente triste
      Imensamente sem Deus
      Na tragédia da carne desfeita.

      Ele te quis, hora sem tempo
      Porque tu eras a sua imagem, sem Deus e sem tempo.
      Ele te amou
      E te plasmou na visão da manhã e do dia
      Na visão de todas as horas
      Ó hora dolorosa e roxa das emoções silenciosas.


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      Mensaje por Maria Lua Miér 10 Mar 2021, 08:38

      SACRIFÍCIO DA AURORA

      Um dia a aurora chegou-se
      Ao meu quarto de marfim
      E com seu riso mais doce
      Deitou-se junto de mim
      Beijei-lhe a boca orvalhada
      E a carne tímida e exangue
      A carne não tinha sangue
      A boca sabia a nada.

      Apaixonei-me da Aurora
      No meu quarto de marfim
      Todo o dia à mesma hora
      Amava-a só para mim
      Palavras que me dizia
      Transfiguravam-se em neve
      Era-lhe o peso tão leve
      Era-lhe a mão tão macia.

      Às vezes me adormecia
      No meu quarto de marfim
      Para acordar, outro dia
      Com a Aurora longe de mim
      Meu desespero covarde
      Levava-me dia afora
      Andando em busca da Aurora
      Sem ver Manhã, sem ver Tarde.

      Hoje, ai de mim, de cansado
      Há dias que até da vida
      Durmo com a Noite, ausentado
      Da minha Aurora esquecida...
      É que apesar de sombria
      Prefiro essa grande louca
      À Aurora, que além de pouca
      É fria, meu Deus, é fria!



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      Mensaje por Maria Lua Miér 10 Mar 2021, 09:24

      REVOLTA


      Alma que sofres pavorosamente
      A dor de seres privilegiada
      Abandona o teu pranto, sê contente
      Antes que o horror da solidão te invada.

      Deixa que a vida te possua ardente
      Ó alma supremamente desgraçada.
      Abandona, águia, a inóspita morada
      Vem rastejar no chão como a serpente.

      De que te vale o espaço se te cansa?
      Quanto mais sobes mais o espaço avança...
      Desce ao chão, águia audaz, que a noite é fria.

      Volta, ó alma, ao lugar de onde partiste
      O mundo é bom, o espaço é muito triste...
      Talvez tu possas ser feliz um dia.


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      Mensaje por Maria Lua Jue 11 Mar 2021, 06:30

      SONETO DO SÓ


      (Parábola de Malte Laurids Brigge)


      Depois foi só. O amor era mais nada
      Sentiu-se pobre e triste como Jó
      Um cão veio lamber-lhe a mão na estrada
      Espantado, parou. Depois foi só.

      Depois veio a poesia ensimesmada
      Em espelhos. Sofreu de fazer dó
      Viu a face do Cristo ensanguentada
      Da sua, imagem — e orou. Depois foi só.

      Depois veio o verão e veio o medo
      Desceu de seu castelo até o rochedo
      Sobre a noite e do mar lhe veio a voz

      A anunciar os anjos sanguinários...
      Depois cerrou os olhos solitários
      E só então foi totalmente a sós.



      Rio, 1946


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      Mensaje por Maria Lua Vie 12 Mar 2021, 06:46

      SONETO DE ANIVERSÁRIO

      Passem-se dias, horas, meses, anos
      Amadureçam as ilusões da vida
      Prossiga ela sempre dividida
      Entre compensações e desenganos.

      Faça-se a carne mais envilecida
      Diminuam os bens, cresçam os danos
      Vença o ideal de andar caminhos planos
      Melhor que levar tudo de vencida.

      Queira-se antes ventura que aventura
      À medida que a têmpora embranquece
      E fica tenra a fibra que era dura.

      E eu te direi: amiga minha, esquece...
      Que grande é este amor meu de criatura
      Que vê envelhecer e não envelhece.


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      Mensaje por Maria Lua Vie 12 Mar 2021, 06:47

      A QUE VEM DE LONGE

      A minha amada veio de leve
      A minha amada veio de longe
      A minha amada veio em silêncio
      Ninguém se iluda.

      A minha amada veio da treva
      Surgiu da noite qual dura estrela
      Sempre que penso no seu martírio
      Morro de espanto.

      A minha amada veio impassível
      Os pés luzindo de luz macia
      Os alvos braços em cruz abertos
      Alta e solene.

      Ao ver-me posto, triste e vazio
      Num passo rápido a mim chegou-se
      E com singelo, doce ademane
      Roçou-me os lábios.

      Deixei-me preso ao seu rosto grave
      Preso ao seu riso no entanto ausente
      Inconsciente de que chorava
      Sem dar-me conta.

      Depois senti-lhe o tímido tato
      Dos lentos dedos tocar-me o peito
      E as unhas longas se me cravarem
      Profundamente.

      Aprisionado num só meneio
      Ela cobriu-me de seus cabelos
      E os duros lábios no meu pescoço
      Pôs-se a sugar-me.

      Muitas auroras transpareceram
      Do meu crescente ficar exangue
      Enquanto a amada suga-me o sangue
      Que é a luz da vida.


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      Mensaje por Maria Lua Vie 12 Mar 2021, 06:48

      POEMA DOS OLHOS DA AMADA

      Vinicius de Moraes , Paulo Soledade


      Ó minha amada
      Que olhos os teus
      São cais noturnos
      Cheios de adeus
      São docas mansas
      Trilhando luzes
      Que brilham longe
      Longe nos breus...

      Ó minha amada
      Que olhos os teus
      Quanto mistério
      Nos olhos teus
      Quantos saveiros
      Quantos navios
      Quantos naufrágios
      Nos olhos teus...

      Ó minha amada
      Que olhos os teus
      Se Deus houvera
      Fizera-os Deus
      Pois não os fizera
      Quem não soubera
      Que há muitas eras
      Nos olhos teus.

      Ah, minha amada
      De olhos ateus
      Cria a esperança
      Nos olhos meus
      De verem um dia
      O olhar mendigo
      Da poesia
      Nos olhos teus.

      Edições Euterpe LTDA


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      o un ciego soñando
      y en ese vuelo y en ese sueño
      compartir contigo sol y luna,
      siendo guardián en tu cielo
      y tren de tus ilusiones."
      (Hánjel)





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      Mensaje por Maria Lua Vie 12 Mar 2021, 06:49

      SONETO DE CONTRIÇÃO


      Eu te amo, Maria, eu te amo tanto
      Que o meu peito me dói como em doença
      E quanto mais me seja a dor intensa
      Mais cresce na minha alma teu encanto.

      Como a criança que vagueia o canto
      Ante o mistério da amplidão suspensa
      Meu coração é um vago de acalanto
      Berçando versos de saudade imensa.

      Não é maior o coração que a alma
      Nem melhor a presença que a saudade
      Só te amar é divino, e sentir calma...

      E é uma calma tão feita de humildade
      Que tão mais te soubesse pertencida
      Menos seria eterno em tua vida.

      Rio, 1938


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      Mensaje por Maria Lua Sáb 13 Mar 2021, 05:20

      O NASCIMENTO DO HOMEM

      I

      E uma vez, quando ajoelhados assistíamos à dança nua das auroras
      Surgiu do céu parado como uma visão de alta serenidade
      Uma branca mulher de cujo sexo a luz jorrava em ondas
      E de cujos seios corria um doce leite ignorado.

      Oh, como ela era bela! era impura — mas como ela era bela!
      Era como um canto ou como uma flor brotando ou como um cisne
      Tinha um sorriso de praia em madrugada e um olhar evanescente
      E uma cabeleira de luz como uma cachoeira em plenilúnio.

      Vinha dela uma fala de amor irresistível
      Um chamado como uma canção noturna na distância
      Um calor de corpo dormindo e um abandono de onda descendo
      Uma sedução de vela fugindo ou de garça voando.

      E a ela fomos e a ela nos misturamos e a tivemos...
      Em véus de neblina fugiam as auroras nos braços do vento
      Mas que nos importava se também ela nos carregava nos seus braços
      E se o seu leite sobre nós escorria e pelo céu?

      Ela nos acolheu, estranhos parasitas, pelo seu corpo desnudado
      E nós a amamos e defendemos e nós no ventre a fecundamos
      Dormíamos sobre os seus seios apojados ao clarão das tormentas
      E desejávamos ser astros para inda melhor compreendê-la.

      Uma noite o horrível sonho desceu sobre as nossas almas sossegadas
      A amada ia ficando gelada e silenciosa — luzes morriam nos seus olhos...
      Do seu peito corria o leite frio e ao nosso amor desacordada
      Subiu mais alto e mais além, morta dentro do espaço.

      Muito tempo choramos e as nossas lágrimas inundaram a terra
      Mas morre toda a dor ante a visão dolorosa da beleza
      Ao vulto da manhã sonhamos a paz e a desejamos
      Sonhamos a grande viagem através da serenidade das crateras.

      Mas quando as nossas asas vibraram no ar dormente
      Sentimos a prisão nebulosa de leite envolvendo as nossas espécies
      A Via Láctea — o rio da paixão correndo sobre a pureza das estrelas
      A linfa dos peitos da amada que um dia morreu.

      Maldito o que bebeu o leite dos seios da virgem que não era mãe mas era amante
      Maldito o que se banhou na luz que não era pura mas ardente
      Maldito o que se demorou na contemplação do sexo que não era calmo mas amargo
      O que beijou os lábios que eram como a ferida dando sangue!

      E nós ali ficamos, batendo as asas libertas, escravos do misterioso plasma
      Metade anjo, metade demônio, cheios da euforia do vento e da doçura do cárcere remoto
      Debruçados sobre a terra, mostrando a maravilhosa essência da nossa vida
      Lírios, já agora turvos lírios das campas, nascidos da face lívida da morte.

      II

      Mas vai que havia por esse tempo nas tribos da terra
      Estranhas mulheres de olhos parados e longas vestes nazarenas
      Que tinham o plácido amor nos gestos tristes e serenos
      E o divino desejo nos frios lábios anelantes.

      E quando as noites estelares fremiam nos campos sem lua
      E a Via Láctea como uma visão de lágrimas surgia
      Elas beijavam de leve a face do homem dormindo no feno
      E saíam dos casebres ocultos, pelas estradas murmurantes.

      E no momento em que a planície escura beijava os dois longínquos horizontes
      E o céu se derramava iluminadamente sobre a várzea
      Iam as mulheres e se deitavam no chão paralisadas
      As brancas túnicas abertas e o branco ventre desnudado.

      E pela noite adentro elas ficavam, descobertas
      O amante olhar boiando sobre a grande plantação de estrelas
      No desejo sem fim dos pequenos seres de luz alcandorados
      Que palpitavam na distância numa promessa de beleza.

      E tão maternalmente os desejavam e tão na alma os possuíam
      Que às vezes desgravitados uns despenhavam-se no espaço
      E vertiginosamente caíam numa chuva de fogo e de fulgores
      Pelo misterioso tropismo subitamente carregados.

      Nesse instante, ao delíquio de amor das destinadas
      Num milagre de unção, delas se projetava à altura
      Como um cogumelo gigantesco um grande útero fremente
      Que ao céu colhia a estrela e ao ventre retornava.

      E assim pelo ciclo negro da pálida esfera através do tempo
      Ao clarão imortal dos pássaros de fogo cruzando o céu noturno
      As mulheres, aos gritos agudos da carne rompida de dentro
      Iam se fecundando ao amor puríssimo do espaço.

      E às cores da manhã elas voltavam vagarosas
      Pelas estradas frescas, através dos vastos bosques de pinheiros
      E ao chegar, no feno onde o homem sereno inda dormia
      Em preces rituais e cantos místicos velavam.

      Um dia mordiam-lhes o ventre, nas entranhas — entre raios de sol vinha a tormenta...
      Sofriam... e ao estridor dos elementos confundidos
      Deitavam à terra o fruto maldito de cuja face transtornada
      As primeiras e mais tristes lágrimas desciam.

      Tinha nascido o poeta. Sua face é bela, seu coração é trágico
      Seu destino é atroz; ao triste materno beijo mudo e ausente
      Ele parte! Busca ainda as viagens eternas da origem
      Sonha ainda a música um dia ouvida em sua essência.

      ---


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      siendo guardián en tu cielo
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      Mensaje por Maria Lua Sáb 13 Mar 2021, 05:21

      ILHA DO GOVERNADOR

      Esse ruído dentro do mar invisível são barcos passando
      Esse ei-ou que ficou nos meus ouvidos são os pescadores esquecidos
      Eles vêm remando sob o peso de grandes mágoas
      Vêm de longe e murmurando desaparecem no escuro quieto.
      De onde chega essa voz que canta a juventude calma?
      De onde sai esse som de piano antigo sonhando a Berceuse?
      Por que vieram as grandes carroças entornando cal no barro molhado?

      Os olhos de Susana eram doces mas Eli tinha seios bonitos
      Eu sofria junto de Susana — ela era a contemplação das tardes longas
      Eli era o beijo ardente sobre a areia úmida.
      Eu me admirava horas e horas no espelho.

      Um dia mandei: “Susana, esquece-me, não sou digno de ti — sempre teu...”
      Depois, eu e Eli fomos andando... — ela tremia no meu braço
      Eu tremia no braço dela, os seios dela tremiam
      A noite tremia nos ei-ou dos pescadores...

      Meus amigos se chamavam Mário e Quincas, eram humildes, não sabiam
      Com eles aprendi a rachar lenha e ir buscar conchas sonoras no mar fundo
      Comigo eles aprenderam a conquistar as jovens praianas tímidas e risonhas.
      Eu mostrava meus sonetos aos meus amigos — eles mostravam os grandes olhos abertos
      E gratos me traziam mangas maduras roubadas nos caminhos.

      Um dia eu li Alexandre Dumas e esqueci os meus amigos.
      Depois recebi um saco de mangas
      Toda a afeição da ausência...

      Como não lembrar essas noites cheias de mar batendo?
      Como não lembrar Susana e Eli?
      Como esquecer os amigos pobres?
      Eles são essa memória que é sempre sofrimento
      Vêm da noite inquieta que agora me cobre
      São o olhar de Clara e o beijo de Carmem
      São os novos amigos, os que roubaram luz e me trouxeram.
      Como esquecer isso que foi a primeira angústia
      Se o murmúrio do mar está sempre nos meus ouvidos
      Se o barco que eu não via é a vida passando
      Se o ei-ou dos pescadores é o gemido de angústia de todas as noites?


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      Mensaje por Maria Lua Dom 14 Mar 2021, 04:05

      SONETO DE FLORENÇA



      Florença... que serenidade imensa
      Nos teus campos remotos, de onde surgem
      Em tons de terracota e de ferrugem
      Torres, cúpulas, claustros: renascença

      Das coisas que passaram mas que urgem...
      Como em teu seio pareceu-me densa
      A selva oscura onde silêncios rugem
      No meio do caminho da descrença...

      Que tristes sombras nos teus céus toscanos
      Onde, em meu crime e meu remorso humanos
      Julguei ver, na colina apascentada

      Na forma de um cipreste impressionante
      O grande vulto secular de Dante
      Carpindo a morte da mulher amada...



      Rio, janeiro de 1953


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      Mensaje por Maria Lua Dom 14 Mar 2021, 04:07

      SONETO DA ROSA TARDIA


      Como uma jovem rosa, a minha amada...
      Morena, linda, esgalga, penumbrosa
      Parece a flor colhida, ainda orvalhada
      Justo no instante de tornar-se rosa.

      Ah, porque não a deixas intocada
      Poeta, tu que és pai, na misteriosa
      Fragrância do seu ser, feito de cada
      Coisa tão frágil que perfaz a rosa...

      Mas (diz-me a Voz) por que deixá-la em haste
      Agora que ela é rosa comovida
      De ser na tua vida o que buscaste

      Tão dolorosamente pela vida?
      Ela é rosa, poeta... assim se chama…
      Sente bem seu perfume... Ela te ama...


      Rio, julho de 1963


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      Mensaje por Maria Lua Miér 24 Mar 2021, 09:58


      A PERA

      Como de cera
      E por acaso
      Fria no vaso
      A entardecer

      A pera é um pomo
      Em holocausto
      À vida, como
      Um seio exausto

      Entre bananas
      Supervenientes
      E maçãs lhanas

      Rubras, contentes
      A pobre pera:
      Quem manda ser a?

      Los Angeles, 1947


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      Mensaje por Maria Lua Miér 24 Mar 2021, 10:00

      SONETO DO SÓ
      (Parábola de Malte Laurids Brigge)

      Depois foi só. O amor era mais nada
      Sentiu-se pobre e triste como Jó
      Um cão veio lamber-lhe a mão na estrada
      Espantado, parou. Depois foi só.

      Depois veio a poesia ensimesmada
      Em espelhos. Sofreu de fazer dó
      Viu a face do Cristo ensanguentada
      Da sua, imagem — e orou. Depois foi só.

      Depois veio o verão e veio o medo
      Desceu de seu castelo até o rochedo
      Sobre a noite e do mar lhe veio a voz

      A anunciar os anjos sanguinários...
      Depois cerrou os olhos solitários
      E só então foi totalmente a sós.

      Rio, 1946


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      Mensaje por Maria Lua Dom 28 Mar 2021, 11:45

      RETRATO, À SUA MANEIRA

      Magro entre pedras
      Calcárias possível
      Pergaminho para
      A anotação gráfica

      O grafito Grave
      Nariz poema o
      Fêmur fraterno
      Radiografável a

      Olho nu Árido
      Como o deserto
      E além Tu
      Irmão totem aedo

      Exato e provável
      No friso do tempo
      Adiante Ave
      Camarada diamante!


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      Mensaje por Maria Lua Lun 05 Abr 2021, 09:10

      El tiempo en los parques genera el silencio del piar
      de los pájaros.
      Del pasar de los pasos, del color que se mueve a
      lo lejos.
      Es alto, antiguo, presiente el tiempo en los parques.
      Es incorruptible. El prenuncio de un aura.
      La agonia de una hoje, el abrirse de una flor.
      Deja un estremecimento en el espacio del tiempo
      en los parques.


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      Mensaje por Maria Lua Mar 13 Abr 2021, 14:51

      SACRIFÍCIO DA AURORA

      Um dia a aurora chegou-se
      Ao meu quarto de marfim
      E com seu riso mais doce
      Deitou-se junto de mim
      Beijei-lhe a boca orvalhada
      E a carne tímida e exangue
      A carne não tinha sangue
      A boca sabia a nada.

      Apaixonei-me da Aurora
      No meu quarto de marfim
      Todo o dia à mesma hora
      Amava-a só para mim
      Palavras que me dizia
      Transfiguravam-se em neve
      Era-lhe o peso tão leve
      Era-lhe a mão tão macia.

      Às vezes me adormecia
      No meu quarto de marfim
      Para acordar, outro dia
      Com a Aurora longe de mim
      Meu desespero covarde
      Levava-me dia afora
      Andando em busca da Aurora
      Sem ver Manhã, sem ver Tarde.

      Hoje, ai de mim, de cansado
      Há dias que até da vida
      Durmo com a Noite, ausentado
      Da minha Aurora esquecida...
      É que apesar de sombria
      Prefiro essa grande louca
      À Aurora, que além de pouca
      É fria, meu Deus, é fria!


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      Mensaje por Maria Lua Lun 19 Abr 2021, 07:10

      AURORA, COM MOVIMENTO
      (Posto 3)

      A linha móvel do horizonte
      Atira para cima o sol em diabolô
      Os ventos de longe
      Agitam docemente os cabelos da rocha
      Passam em fachos o primeiro automóvel, a última estrela
      A mulher que avança
      Parece criar esferas exaltadas pelo espaço
      Os pescadores puxando o arrastão parecem mover o mundo
      O cardume de botos na distância parece mover o mar.


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      o un ciego soñando
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      compartir contigo sol y luna,
      siendo guardián en tu cielo
      y tren de tus ilusiones."
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      VINICIUS DE MORAES  - Página 13 Empty Re: VINICIUS DE MORAES

      Mensaje por Maria Lua Lun 19 Abr 2021, 07:10

      BALADA DAS ARQUIVISTAS

      Oh jovens anjos cativos
      Que as asas vos machucais
      Nos armários dos arquivos!
      Delicadas funcionárias
      Designadas por padrões
      Prisioneiras honorárias
      Da mais fria das prisões
      É triste ver-vos, suaves
      Entre monstros impassíveis
      Trancadas a sete chaves:
      Oh, puras e imarcescíveis!
      Dizer que vós, bem-amadas
      Conservai-vos impolutas
      Mesmo fazendo a juntada
      De processos e minutas!
      Não se amargam vossas bocas
      De índices e prefixos
      Nem lembram os olhos das loucas
      Vossos doces olhos fixos.
      Curvai-vos para colossos
      Hollerith, de aço hostil
      Como se fora ante moços
      Numa pavana gentil.
      Antes não classificásseis
      Os maços pelos assuntos
      Criando a luta de classes
      Num mundo de anseios juntos!
      Enfermeiras de ambições
      Conheceis, mudas, a nu
      O lixo das promoções
      E das exonerações
      A bem do serviço público.
      Ó Florences Nightingale
      De arquivos horizontais:
      Com que zelo alimentais
      Esses eunucos letais
      Que se abrem com chave yale!
      Vossa linda juventude
      Clama de vós, bem-amadas!
      No entanto, viveis cercadas
      De coisas padronizadas
      Sem sexo e sem saúde...
      Ah, ver-nos em primavera
      Sobre papéis de ocasião
      Na melancólica espera
      De uma eterna certidão!
      Ah, saber que em vós existe
      O amor, a ternura, a prece
      E saber que isso fenece
      Num arquivo feio e triste!
      Deixai-me carpir, crianças
      A vossa imensa desdita
      Prendestes as esperanças
      Numa gaiola maldita.
      Do fundo do meu silêncio
      Eu vos incito a lutardes
      Contra o Prefixo que vence
      Os anjos acorrentados
      E ir passear pelas tardes
      De braço com os namorados.



      _________________



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      Mensaje por Maria Lua Lun 19 Abr 2021, 07:11

      MENSAGEM A RUBEM BRAGA

      Os doces montes cônicos de feno
      (Decassílabo solto num postal de Rubem Braga, da Itália.)

      A meu amigo Rubem Braga
      Digam que vou, que vamos bem: só não tenho é coragem de escrever
      Mas digam-lhe. Digam-lhe que é Natal, que os sinos
      Estão batendo, e estamos no Cavalão: o Menino vai nascer
      Entre as lágrimas do tempo. Digam-lhe que os tempos estão duros
      Falta água, falta carne, falta às vezes o ar: há uma angústia
      Mas fora isso vai-se vivendo. Digam-lhe que é verão no Rio
      E apesar de hoje estar chovendo, amanhã certamente o céu se abrirá de azul
      Sobre as meninas de maiô. Digam-lhe que Cachoeiro continua no mapa
      E há meninas de maiô, altas e baixas, louras e morochas
      E mesmo negras, muito engraçadinhas. Digam-lhe, entretanto
      Que a falta de dignidade é considerável, e as perspectivas pobres
      Mas sempre há algumas, poucas. Tirante isso, vai tudo bem
      No Vermelhinho. Digam-lhe que a menina da caixa
      Continua impassível, mas Caloca acha que ela está melhorando
      Digam-lhe que o Ceschiatti continua tomando chope, e eu também
      Malgrado uma avitaminose B e o fígado ligeiramente inchado.
      Digam-lhe que o tédio às vezes é mortal; respira-se com a mais extrema
      Dificuldade; bate-se, e ninguém responde. Sem embargo
      Digam-lhe que as mulheres continuam passando no alto de seus saltos, e a moda das saias curtas
      E das mangas japonesas dão-lhes um novo interesse: ficam muito provocantes.
      O diabo é de manhã, quando se sai para o trabalho, dá uma tristeza, a
      rotina: para a tarde melhora.
      Oh, digam a ele, digam a ele, a meu amigo Rubem Braga
      Correspondente de guerra, 250 FEB, atualmente em algum lugar da Itália
      Que ainda há auroras apesar de tudo, e o esporro das cigarras
      Na claridade matinal. Digam-lhe que o mar no Leblon
      Porquanto se encontre eventualmente cocô boiando, devido aos despejos
      Continua a lavar todos os males. Digam-lhe, aliás
      Que há cocô boiando por aí tudo, mas que em não havendo marola
      A gente se aguenta. Digam-lhe que escrevi uma carta terna
      Contra os escritores mineiros: ele ia gostar. Digam-lhe
      Que outro dia vi Elza-Simpatia-é-quase-Amor. Foi para os Estados Unidos
      E riu muito de eu lhe dizer que ela ia fazer falta à paisagem carioca
      Seu riso me deu vontade de beber: a tarde
      Ficou tensa e luminosa. Digam-lhe que outro dia, na rua Larga
      Vi um menino em coma de fome (coma de fome soa esquisito, parece
      Que havendo coma não devia haver fome: mas havia).
      Mas em compensação estive depois com o Aníbal
      Que embora não dê para alimentar ninguém, é um amigo.
      Digam-lhe que o Carlos
      Drummond tem escrito ótimos poemas, mas eu larguei o Suplemento.
      Digam-lhe que está com cara de que vai haver muita miséria-de-fim-de-ano
      Há, de um modo geral, uma acentuada tendência para se beber e uma ânsia
      Nas pessoas de se estrafegarem. Digam-lhe que o Compadre está na insulina
      Mas que a Comadre está linda. Digam-lhe que de quando em vez o Miranda passa
      E ri com ar de astúcia. Digam-lhe, oh, não se esqueçam de dizer
      A meu amigo Rubem Braga, que comi camarões no Antero
      Ovas na Cabaça e vatapá na Furna, e que tomei plenty coquinho
      Digam-lhe também que o Werneck prossegue enamorado, está no tempo
      De caju e abacaxi, e nas ruas
      Já se perfumam os jasmineiros. Digam-lhe que tem havido
      Poucos crimes passionais em proporção ao grande número de paixões
      À solta. Digam-lhe especialmente
      Do azul da tarde carioca, recortado
      Entre o Ministério da Educação e a ABI. Não creio que haja igual
      Mesmo em Capri. Digam-lhe porém que muito o invejamos
      Tati e eu, e as saudades são grandes, e eu seria muito feliz
      De poder estar um pouco a seu lado, fardado de segundo sargento. Oh
      Digam a meu amigo Rubem Braga
      Que às vezes me sinto calhorda mas reajo, tenho tido meus maus momentos
      Mas reajo. Digam-lhe que continuo aquele modesto lutador
      Porém batata. Que estou perfeitamente esclarecido
      E é bem capaz de nos revermos na Europa. Digam-lhe, discretamente,
      Que isso seria uma alegria boa demais: que se ele
      Não mandar buscar Zorinha e Roberto antes, que certamente
      Os levaremos conosco, que quero muito
      Vê-lo em Paris, em Roma, em Bucareste. Digam, oh digam
      A meu amigo Rubem Braga que é pena estar chovendo aqui
      Neste dia tão cheio de memórias. Mas
      Que beberemos à sua saúde, e ele há de estar entre nós
      O bravo capitão Braga, seguramente o maior cronista do Brasil
      Grave em seu gorro de campanha, suas sobrancelhas e seu bigode circunflexos
      Terno em seus olhos de pescador de fundo
      Feroz em seu focinho de lobo solitário
      Delicado em suas mãos e no seu modo de falar ao telefone
      E brindaremos à sua figura, à sua poesia única, à sua revolta, e ao seu cavalheirismo
      Para que lá, entre as velhas paredes renascentes e os doces montes cônicos de feno
      Lá onde a cobra está fumando o seu moderado cigarro brasileiro
      Ele seja feliz também, e forte, e se lembre com saudades
      Do Rio, de nós todos e ai! de mim.


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      VINICIUS DE MORAES  - Página 13 Empty Re: VINICIUS DE MORAES

      Mensaje por Maria Lua Sáb 24 Abr 2021, 07:56

      O OPERÁRIO EM CONSTRUÇÃO

      E o Diabo, levando-o a um alto monte, mostrou-lhe num momento de tempo todos os reinos do mundo. E disse-lhe o Diabo:
      - Dar-te-ei todo este poder e a sua glória, porque a mim me foi entregue e dou-o a quem quero; portanto, se tu me adorares, tudo será teu.
      E Jesus, respondendo, disse-lhe:
      - Vai-te, Satanás; porque está escrito: adorarás o Senhor teu Deus e só a Ele servirás.
      Lucas, cap. V, vs. 5-8.


      Era ele que erguia casas
      Onde antes só havia chão.
      Como um pássaro sem asas
      Ele subia com as casas
      Que lhe brotavam da mão.
      Mas tudo desconhecia
      De sua grande missão:
      Não sabia, por exemplo
      Que a casa de um homem é um templo
      Um templo sem religião
      Como tampouco sabia
      Que a casa que ele fazia
      Sendo a sua liberdade
      Era a sua escravidão.

      De fato, como podia
      Um operário em construção
      Compreender por que um tijolo
      Valia mais do que um pão?
      Tijolos ele empilhava
      Com pá, cimento e esquadria
      Quanto ao pão, ele o comia...
      Mas fosse comer tijolo!
      E assim o operário ia
      Com suor e com cimento
      Erguendo uma casa aqui
      Adiante um apartamento
      Além uma igreja, à frente
      Um quartel e uma prisão:
      Prisão de que sofreria
      Não fosse, eventualmente
      Um operário em construção.

      Mas ele desconhecia
      Esse fato extraordinário:
      Que o operário faz a coisa
      E a coisa faz o operário.
      De forma que, certo dia
      À mesa, ao cortar o pão
      O operário foi tomado
      De uma súbita emoção
      Ao constatar assombrado
      Que tudo naquela mesa
      - Garrafa, prato, facão -
      Era ele quem os fazia
      Ele, um humilde operário,
      Um operário em construção.
      Olhou em torno: gamela
      Banco, enxerga, caldeirão
      Vidro, parede, janela
      Casa, cidade, nação!
      Tudo, tudo o que existia
      Era ele quem o fazia
      Ele, um humilde operário
      Um operário que sabia
      Exercer a profissão.

      Ah, homens de pensamento
      Não sabereis nunca o quanto
      Aquele humilde operário
      Soube naquele momento!
      Naquela casa vazia
      Que ele mesmo levantara
      Um mundo novo nascia
      De que sequer suspeitava.
      O operário emocionado
      Olhou sua própria mão
      Sua rude mão de operário
      De operário em construção
      E olhando bem para ela
      Teve um segundo a impressão
      De que não havia no mundo
      Coisa que fosse mais bela.

      Foi dentro da compreensão
      Desse instante solitário
      Que, tal sua construção
      Cresceu também o operário.
      Cresceu em alto e profundo
      Em largo e no coração
      E como tudo que cresce
      Ele não cresceu em vão
      Pois além do que sabia
      - Exercer a profissão -
      O operário adquiriu
      Uma nova dimensão:
      A dimensão da poesia.

      E um fato novo se viu
      Que a todos admirava:
      O que o operário dizia
      Outro operário escutava.

      E foi assim que o operário
      Do edifício em construção
      Que sempre dizia sim
      Começou a dizer não.
      E aprendeu a notar coisas
      A que não dava atenção:

      Notou que sua marmita
      Era o prato do patrão
      Que sua cerveja preta
      Era o uísque do patrão
      Que seu macacão de zuarte
      Era o terno do patrão
      Que o casebre onde morava
      Era a mansão do patrão
      Que seus dois pés andarilhos
      Eram as rodas do patrão
      Que a dureza do seu dia
      Era a noite do patrão
      Que sua imensa fadiga
      Era amiga do patrão.

      E o operário disse: Não!
      E o operário fez-se forte
      Na sua resolução.

      Como era de se esperar
      As bocas da delação
      Começaram a dizer coisas
      Aos ouvidos do patrão.
      Mas o patrão não queria
      Nenhuma preocupação
      - "Convençam-no" do contrário -
      Disse ele sobre o operário
      E ao dizer isso sorria.

      Dia seguinte, o operário
      Ao sair da construção
      Viu-se súbito cercado
      Dos homens da delação
      E sofreu, por destinado
      Sua primeira agressão.
      Teve seu rosto cuspido
      Teve seu braço quebrado
      Mas quando foi perguntado
      O operário disse: Não!

      Em vão sofrera o operário
      Sua primeira agressão
      Muitas outras se seguiram
      Muitas outras seguirão.
      Porém, por imprescindível
      Ao edifício em construção
      Seu trabalho prosseguia
      E todo o seu sofrimento
      Misturava-se ao cimento
      Da construção que crescia.

      Sentindo que a violência
      Não dobraria o operário
      Um dia tentou o patrão
      Dobrá-lo de modo vário.
      De sorte que o foi levando
      Ao alto da construção
      E num momento de tempo
      Mostrou-lhe toda a região
      E apontando-a ao operário
      Fez-lhe esta declaração:
      - Dar-te-ei todo esse poder
      E a sua satisfação
      Porque a mim me foi entregue
      E dou-o a quem bem quiser.
      Dou-te tempo de lazer
      Dou-te tempo de mulher.
      Portanto, tudo o que vês
      Será teu se me adorares
      E, ainda mais, se abandonares
      O que te faz dizer não.

      Disse, e fitou o operário
      Que olhava e que refletia
      Mas o que via o operário
      O patrão nunca veria.
      O operário via as casas
      E dentro das estruturas
      Via coisas, objetos
      Produtos, manufaturas.
      Via tudo o que fazia
      O lucro do seu patrão
      E em cada coisa que via
      Misteriosamente havia
      A marca de sua mão.
      E o operário disse: Não!

      - Loucura! - gritou o patrão
      Não vês o que te dou eu?
      - Mentira! - disse o operário
      Não podes dar-me o que é meu.

      E um grande silêncio fez-se
      Dentro do seu coração
      Um silêncio de martírios
      Um silêncio de prisão.
      Um silêncio povoado
      De pedidos de perdão
      Um silêncio apavorado
      Com o medo em solidão.

      Um silêncio de torturas
      E gritos de maldição
      Um silêncio de fraturas
      A se arrastarem no chão.
      E o operário ouviu a voz
      De todos os seus irmãos
      Os seus irmãos que morreram
      Por outros que viverão.
      Uma esperança sincera
      Cresceu no seu coração
      E dentro da tarde mansa
      Agigantou-se a razão
      De um homem pobre e esquecido
      Razão porém que fizera
      Em operário construído
      O operário em construção.


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      VINICIUS DE MORAES  - Página 13 Empty Re: VINICIUS DE MORAES

      Mensaje por Maria Lua Lun 26 Abr 2021, 10:06

      OS QUATRO ELEMENTOS
      I – O FOGO

      O sol, desrespeitoso do equinócio
      Cobre o corpo da Amiga de desvelos
      Amorena-lhe a tez, doura-lhe os pelos
      Enquanto ela, feliz, desfaz-se em ócio.

      E ainda, ademais, deixa que a brisa roce
      O seu rosto infantil e os seus cabelos
      De modo que eu, por fim, vendo o negócio
      Não me posso impedir de pôr-me em zelos.

      E pego, encaro o Sol com ar de briga
      Ao mesmo tempo que, num desafogo
      Proibo-a formalmente que prossiga

      Com aquele dúbio e perigoso jogo...
      E para protegê-la, cubro a Amiga
      Com a sombra espessa do meu corpo em fogo.


      II – A TERRA

      Um dia, estando nós em verdes prados
      Eu e a Amada, a vagar, gozando a brisa
      Ei-la que me detém nos meus agrados
      E abaixa-se, e olha a terra, e a analisa

      Com face cauta e olhos dissimulados
      E, mais, me esquece; e, mais, se interioriza
      Como se os beijos meus fossem mal dados
      E a minha mão não fosse mais precisa.

      Irritado, me afasto; mas a Amada
      À minha zanga, meiga, me entretém
      Com essa astúcia que o sexo lhe deu.

      Mas eu que não sou bobo, digo nada...
      Ah, é assim... (só penso) Muito bem:
      Antes que a terra a coma, como eu.


      III –O AR

      Com mão contente a Amada abre a janela
      Sequiosa de vento no seu rosto
      E o vento, folgazão, entra disposto
      A comprazer-se com a vontade dela.

      Mas ao tocá-la e constatar que bela
      E que macia, e o corpo que bem-posto
      O vento, de repente, toma gosto
      E por ali põe-se a brincar com ela.

      Eu a princípio, não percebo nada...
      Mas ao notar depois que a Amada tem
      Um ar confuso e uma expressão corada

      A cada vez que o velho vento vem
      Eu o expulso dali, e levo a Amada:
      Também brinco de vento muito bem!


      IV – A ÁGUA

      A água banha a Amada com tão claros
      Ruídos, morna de banhar a Amada
      Que eu, todo ouvidos, ponho-me a sonhar
      Os sons como se foram luz vibrada.

      Mas são tais os cochichos e descaros
      Que, por seu doce peso deslocada
      Diz-lhe a água, que eu friamente encaro
      Os fatos, e disponho-me à emboscada.

      E aguardo a Amada. Quando sai, obrigo-a
      A contar-me o que houve entre ela e a água:
      — Ela que me confesse! Ela que diga!

      E assim arrasto-a à câmara contígua
      Confusa de pensar, na sua mágoa
      Que não sei como a água é minha amiga.

      Montevidéu, abril de 1960


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      o un ciego soñando
      y en ese vuelo y en ese sueño
      compartir contigo sol y luna,
      siendo guardián en tu cielo
      y tren de tus ilusiones."
      (Hánjel)





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      Mensaje por Maria Lua Vie 30 Abr 2021, 09:20

      Me quedaré solo como los veleros
      en los puertos silenciosos.
      Pero te poseeré más que nadie
      porque podré irme
      y todos los lamentos del mar,
      del viento, del cielo, de las aves,
      de las estrellas, serán tu voz presente,
      tu voz ausente, tu voz sosegada.


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      o un ciego soñando
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      Mensaje por Maria Lua Dom 02 Mayo 2021, 06:03



      ARIANA, A MULHER

      Quando, aquela noite, na sala deserta daquela casa cheia da montanha em torno
      O tempo convergiu para a morte e houve uma cessação estranha seguida de um debruçar do instante para o outro instante
      Ante o meu olhar absorto o relógio avançou e foi como se eu tivesse me identificado a ele e estivesse batendo soturnamente a Meia-Noite
      E na ordem de horror que o silêncio fazia pulsar como um coração dentro do ar despojado
      Senti que a Natureza tinha entrado invisivelmente através das paredes e se plantara aos meus olhos em toda a sua fixidez noturna
      E que eu estava no meio dela e à minha volta havia árvores dormindo e flores desacordadas pela treva.

      Como que a solidão traz a presença invisível de um cadáver — e para mimera como se a Natureza estivesse morta
      Eu aspirava a sua respiração ácida e pressentia a sua deglutição monstruosa mas para mim era como se ela estivesse morta
      Paralisada e fria, imensamente erguida em sua sombra imóvel para o céu alto e sem lua
      E nenhum grito, nenhum sussurro de água nos rios correndo, nenhum eco nas quebradas ermas
      Nenhum desespero nas lianas pendidas, nenhuma fome no muco aflorado das plantas carnívoras
      Nenhuma voz, nenhum apelo da terra, nenhuma lamentação de folhas, nada.

      Em vão eu atirava os braços para as orquídeas insensíveis junto aos lírios inermes como velhos falos
      Inutilmente corria cego por entre os troncos cujas parasitas eram como a miséria da vaidade senil dos homens
      Nada se movia como se o medo tivesse matado em mim a mocidade e gelado o sangue capaz de acordá-los
      E já o suor corria do meu corpo e as lágrimas dos meus olhos ao contato dos cactos esbarrados na alucinação da fuga
      E a loucura dos pés parecia galgar lentamente os membros em busca do pensamento
      Quando caí no ventre quente de uma campina de vegetação úmida e sobre a qual afundei minha carne.

      Foi então que compreendi que só em mim havia morte e que tudo estava profundamente vivo
      Só então vi as folhas caindo, os rios correndo, os troncos pulsando, as flores se erguendo
      E ouvi os gemidos dos galhos tremendo, dos gineceus se abrindo, das borboletas noivas se finando
      E tão grande foi a minha dor que angustiosamente abracei a terra como se quisesse fecundá-la
      Mas ela me lançou fora como se não houvesse força em mim e como se ela não me desejasse
      E eu me vi só, nu e só, e era como se a traição tivesse me envelhecido eras.

      Tristemente me brotou da alma o branco nome da Amada e eu murmurei — Ariana!
      E sem pensar caminhei trôpego como a visão do Tempo e murmurava — Ariana!
      E tudo em mim buscava Ariana e não havia Ariana em nenhuma parte
      Mas se Ariana era a floresta, por que não havia de ser Ariana a terra?
      Se Ariana era a morte, por que não havia de ser Ariana a vida?
      Por que — se tudo era Ariana e só Ariana havia e nada fora de Ariana?

      Baixei à terra de joelhos e a boca colada ao seu seio disse muito docemente — Sou eu, Ariana...
      Mas eis que um grande pássaro azul desce e canta aos meus ouvidos — Eu sou Ariana!
      E em todo o céu ficou vibrando como um hino o muito amado nome de Ariana.
      Desesperado me ergui e bradei: Quem és que te devo procurar em toda a parte e estás em cada uma?
      Espírito, carne, vida, sofrimento, serenidade, morte, por que não serias uma?
      Por que me persegues e me foges e por que me cegas se me dás uma luz e restas longe?

      Mas nada me respondeu e eu prossegui na minha peregrinação através da campina
      E dizia: Sei que tudo é infinito! — e o pio das aves me trazia o grito dos sertões desaparecidos
      E as pedras do caminho me traziam os abismos e a terra seca a sede nas fontes.
      No entanto, era como se eu fosse a alimária de um anjo que me chicoteava — Ariana!
      E eu caminhava cheio de castigo e em busca do martírio de Ariana
      A branca Amada salva das águas e a quem fora prometido o trono do mundo.

      Eis que galgando um monte surgiram luzes e após janelas iluminadas e após cabanas iluminadas
      E após ruas iluminadas e após lugarejos iluminados como fogos no mato noturno
      E grandes redes de pescar secavam às portas e se ouvia o bater das forjas.
      E perguntei: Pescadores, onde está Ariana? — e eles me mostravam o peixe
      Ferreiros, onde está Ariana? — e eles me mostravam o fogo
      Mulheres, onde está Ariana? — e elas me mostravam o sexo.

      Mas logo se ouviam gritos e danças, e gaitas tocavam e guizos batiam
      Eu caminhava, e aos poucos o ruído ia se alongando à medida que eu penetrava na savana
      No entanto era como se o canto que me chegava entoasse — Ariana!
      E pensei: Talvez eu encontre Ariana na Cidade de Ouro — por que não seria Ariana a mulher perdida?
      Por que não seria Ariana a moeda em que o obreiro gravou a efígie de César?
      Por que não seria Ariana a mercadoria do Templo ou a púrpura bordada do altar do Templo?

      E mergulhei nos subterrâneos e nas torres da Cidade de Ouro mas não encontrei Ariana
      Às vezes indagava — e um poderoso fariseu me disse irado: — Cão de Deus, tu és Ariana!
      E talvez porque eu fosse realmente o Cão de Deus, não compreendi a palavra do homem rico
      Mas Ariana não era a mulher, nem a moeda, nem a mercadoria, nem a púrpura
      E eu disse comigo: Em todo lugar menos que aqui estará Ariana
      E compreendi que só onde cabia Deus cabia Ariana.

      Então cantei: Ariana, chicote de Deus castigando Ariana! e disse muitas palavras inexistentes
      E imitei a voz dos pássaros e espezinhei sobre a urtiga mas não espezinhei sobre a cicuta santa
      Era como se um raio tivesse me ferido e corresse desatinado dentro de minhas entranhas
      As mãos em concha, no alto dos morros ou nos vales eu gritava — Ariana!
      E muitas vezes o eco ajuntava: Ariana... ana...
      E os trovões desdobravam no céu a palavra — Ariana.

      E como a uma ordem estranha, as serpentes saíam das tocas e comiam os ratos
      Os porcos endemoninhados se devoravam, os cisnes tombavam cantando nos lagos
      E os corvos e abutres caíam feridos por legiões de águias precipitadas
      E misteriosamente o joio se separava do trigo nos campos desertos
      E os milharais descendo os braços trituravam as formigas no solo
      E envenenadas pela terra descomposta as figueiras se tornavam profundamente secas.

      Dentro em pouco todos corriam a mim, homens varões e mulheres desposadas
      Umas me diziam: Meu senhor, meu filho morre! e outras eram cegas e paralíticas
      E os homens me apontavam as plantações estorricadas e as vacas magras. E eu dizia: Eu sou o enviado do Mal! e imediatamente as crianças morriam
      E os cegos se tornavam paralíticos e os paralíticos cegos
      E as plantações se tornavam pó que o vento carregava e que sufocava as vacas magras.

      Mas como quisessem me correr eu falava olhando a dor e a maceração dos corpos
      Não temas, povo escravo! A mim me morreu a alma mais do que o filho e me assaltou a indiferença mais do que a lepra
      A mim se fez pó e carne mais do que o trigo e se sufocou a poesia mais do que a vaca magra
      Mas é preciso! Para que surja a Exaltada, a branca e sereníssima Ariana
      A que é a lepra e a saúde, o pó e o trigo, a poesia e a vaca magra
      Ariana, a mulher — a mãe, a filha, a esposa, a noiva, a bem-amada!

      E à medida que o nome de Ariana ressoava como um grito de clarim nas faces paradas
      As crianças se erguiam, os cegos olhavam, os paralíticos andavam medrosamente
      E nos campos dourados ondulando ao vento, as vacas mugiam para o céu claro
      E um só clamor saía de todos os peitos e vibrava em todos lábios — Ariana!
      E uma só música se estendia sobre as terras e sobre os rios — Ariana!
      E um só entendimento iluminava o pensamento dos poetas — Ariana!

      Assim, coberto de bênçãos, cheguei a uma floresta e me sentei às suas bordas — os regatos cantavam límpidos
      Tive o desejo súbito da sombra, da humildade dos galhos e do repouso das folhas secas
      E me aprofundei na espessura funda cheia de ruídos e onde o mistério passava sonhando
      E foi como se eu tivesse procurado e sido atendido — vi orquídeas que eram camas doces para a fadiga
      Vi rosas selvagens cheias de orvalho, de perfume eterno e boas para matar a sede
      E vi palmas gigantescas que eram leques para afastar o calor da carne.

      Descansei — por um momento senti vertiginosamente o húmus fecundo da terra
      A pureza e a ternura da vida nos lírios altivos como falos
      A liberdade das lianas prisioneiras, a serenidade das quedas se despenhando.
      E mais do que nunca o nome da Amada me veio e eu murmurei o apelo — Eu te amo, Ariana!
      E o sono da Amada me desceu aos olhos e eles cerraram a visão de Ariana
      E meu coração pôs-se a bater pausadamente doze vezes o sinal cabalístico de Ariana...
      ..........................................................................................................................................................

      Depois um gigantesco relógio se precisou na fixidez do sonho, tomou forma e se situou na minha frente, parado sobre a Meia-Noite
      Vi que estava só e que era eu mesmo e reconheci velhos objetos amigos.
      Mas passando sobre o rosto a mão gelada senti que chorava as puríssimas lágrimas de Ariana
      E que o meu espírito e o meu coração eram para sempre da branca e sereníssima Ariana
      No silêncio profundo daquela casa cheia da Montanha em torno.






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      Mensaje por Maria Lua Lun 03 Mayo 2021, 20:13

      A MÚSICA DAS ALMAS

      Le mal est dans le monde comme un esclave qui monte l’eau.
      Claudel

      Na manhã infinita as nuvens surgiram como a loucura numa alma
      E o vento como o instinto desceu os braços das árvores que estrangularam a terra...

      Depois veio a claridade, o grande céu, a paz dos campos...
      Mas nos caminhos todos choravam com os rostos levados para o alto
      Porque a vida tinha misteriosamente passado na tormenta.




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      Mensaje por Maria Lua Lun 10 Mayo 2021, 09:14

      SONETO DA ROSA

      Mais um ano na estrada percorrida
      Vem, como o astro matinal, que a adora
      Molhar de puras lágrimas de aurora
      A morna rosa escura e apetecida.

      E da fragrante tepidez sonora
      No recesso, como ávida ferida
      Guardar o plasma múltiplo da vida
      Que a faz materna e plácida, e agora

      Rosa geral de sonho e plenitude
      Transforma em novas rosas de beleza
      Em novas rosas de carnal virtude

      Para que o sonho viva da certeza
      Para que o tempo da paixão não mude
      Para que se una o verbo à natureza.


      _________________



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      Mensaje por Maria Lua Miér 19 Mayo 2021, 06:53


      Música de Antônio Carlos Jobin
      Letra de Vinícius de Moraes


      Eu sei que vou te amar
      Por toda minha vida, eu vou te amar
      Em cada despedida, eu vou te amar
      Desesperadamente, eu sei que vou te amar

      E cada verso meu será pra te dizer
      Que eu sei que vou te amar
      Por toda minha vida
      Eu sei que vou chorar

      Em cada ausência tua, eu vou chorar
      Mas cada volta tua há de apagar
      O que essa ausência tua me causou

      Eu sei que vou sofrer
      A eterna desventura de viver
      A espera de viver ao lado teu
      Por toda minha vida


      _________________



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