Aires de Libertad

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    Fabricio Carpinejar (1972- - Página 8 Empty Re: Fabricio Carpinejar (1972-

    Mensaje por Maria Lua Dom 27 Oct 2024, 12:42

    FALTA DE TEMPO




    Existe um único antídoto para a falta de tempo. Um único.
    Estar apaixonado.
    Esquecer de si para inventar o desejo.
    O desejo transforma-se no próprio tempo.
    Tudo é adiado.



    **************




    FALTA DE TIEMPO




    Solo hay un antídoto para la falta de tiempo. Sólo uno.
    Estar enamorado.
    Olvídar de ti mismo para inventar el deseo.
    El deseo se transforma en el tiempo.
    Todo se pospone.


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    "Ser como un verso volando
    o un ciego soñando
    y en ese vuelo y en ese sueño
    compartir contigo sol y luna,
    siendo guardián en tu cielo
    y tren de tus ilusiones."
    (Hánjel)





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    Fabricio Carpinejar (1972- - Página 8 Empty Re: Fabricio Carpinejar (1972-

    Mensaje por Maria Lua Vie 01 Nov 2024, 10:45

    Poema do livro Biografia de uma árvore



    Ouvidos de orvalho



    Na eternidade, ninguém se julga eterno.
    Aqui, nesta estada, penso que vou durar
    além dos meus anos, que terei
    outra chance de reaver o que não fiz.
    Se perdoar é esquecer, me espera o pior:
    serei esquecido quando redimido.

    Não me perdoes, Deus. Não me esqueças.
    O esquecimento jamais devolve seus reféns.

    A claridade não se repete. A vida estala uma única vez.

    O fogo é uma noz que não se quebra com as mãos.
    A voz vem do fogo, que somente cresce se arremessado.
    Não há como recuar depois de arder alto.
    Fui lançado cedo demais às cinzas.

    Somos reacionários no trajeto de volta.
    Quando estava indo ao teu encontro,
    arrisquei atalhos e travessas desconhecidas.
    Acreditei que poderia sair pela entrada.
    Ao retornar, não improviso.

    Minha conversão é pelo medo,
    orando de joelhos diante do revólver,
    sem volver aos lados,
    na dúvida se é de brinquedo ou de verdade.

    O vento faz curva. Não mexo nos bolsos,
    na pasta e na consciência,
    nenhum gesto brusco de guitarra,
    a ciência de uma mira
    e o gatilho rodando próximo
    do tambor dos dentes.

    Derramado em Deus, junto meu desperdício.

    Vou te extraviando no ato de nomear.
    Melhor seria recuar no silêncio.

    Cantamos em coro como animais da escureza.
    Os cílios não germinaram.
    Falta plantio em nossas bocas, vegetação nas unhas,
    estampas e ervas no peito.
    Suplicamos graves e agudos, espasmos e espanto,
    compondo esquina com a noite.

    Cantar não é desabafo,
    mas puxar os sinos
    além do nosso peso,
    acordando a cúpula de pombas.

    Somos fumaça e cera,
    limo e telha,
    névoa e leme.
    O inverno nos inventou.

    Não importa se te escuto
    ou se explodes meus ouvidos de orvalho:
    morre aquilo que não posso conversar?

    Ficarei isolado e reduzido,
    uma fotografia esvaziada de datas.
    Os familiares tentarão decifrar quem fui
    e o que prosperou do legado.
    Haverei de ser um estranho no retrato
    de olhos vivos em papel velho.

    Escrevo para ser reescrito.
    Ando no armazém da neblina, tenso,
    sob ameaça do sol.
    Masco folhas, provando o ar, a terra lavada.
    Depois de morto, tudo pode ser lido.

    Vejo degraus até no vôo.
    Tua violência é a suavidade.
    Não há queda mais funda
    do que não ser o escolhido,
    amargar o fim da fila,
    ser o que fica para depois,
    o que enumera os amigos
    pelos obituários de jornal,
    o que enterra e se retrai no desterro,
    esfacela a rosa ao toque
    na palidez das pétalas e velas,
    vistoriando cada ruga
    e infiltração de heras entre as veias,
    nunca adulto para compreender.

    Não há nada de natural na morte natural.
    Divorciar-se do corpo, tremer ao segurar
    as pernas, acomodar-se no finito
    de uma cama e deitar com o tumulto
    que vem de um túmulo vazio.



    _________________



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    y en ese vuelo y en ese sueño
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    Mensaje por Maria Lua Mar 05 Nov 2024, 19:16

    Ser inteiro custa caro.
    Endividei-me por não me dividir.
    Atrás da aparência, há uma reserva de indigência,
    a volúpia dos restos.
    Parto em expedição às provas de que vivi.
    E escavo boletins, cartas e álbuns
    — o retrocesso da minha letra ao garrancho.
    O passado tem sentido se permanecer desorganizado.
    A verdade ordenada é uma mentira.


    *****************



    Ser íntegro cuesta caro.
    Me dividí por no dividirme.
    Atrás de la apariencia, hay una pizca de miseria,
    es el gusto por las sobras.
    Parto en expedición hacia las pruebas de que viví.
    Excavo boletines, cartas, álbumes
    —el gesto reaccionario de mi letra de gancho.
    EI pasado tiene sentido si permanece en desorden.
    La verdad organizada es una mentira.




    _________________



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    Fabricio Carpinejar (1972- - Página 8 Empty Re: Fabricio Carpinejar (1972-

    Mensaje por Maria Lua Sáb 09 Nov 2024, 08:30

    Não devo conselhos,
    não devo a franqueza
    das pausas,

    a serenidade dos escolhos,
    não devo a força
    de minha fraqueza.

    Mergulho os calcanhares
    a empurrar
    a barca do ventre

    e circundas o vazio,
    os ciclos do som,
    conciliado com a verdade,

    pai maduro de minha escolha,
    navegando
    a paternidade das águas.



    ***************





    No debo consejos
    no debo la franqueza
    de pausas,

    la serenidad de los obstáculos,
    no debo la fuerza
    de mi debilidad.

    Buceo los talones
    a mover
    el barco del vientre

    y rodeas el vacío,
    los ciclos del sonido,
    conciliado con la verdad,

    padre maduro de mi elección,
    navegando
    la paternidad de las aguas.


    _________________



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    Fabricio Carpinejar (1972- - Página 8 Empty Re: Fabricio Carpinejar (1972-

    Mensaje por Maria Lua Mar 12 Nov 2024, 09:20

    As horas são amargas,
    derradeiras,
    os anjos perderam

    a escala dos teus ouvidos,
    O destino nos assemelha
    mais que o nascimento.

    Tuas passadas são curtas,
    o perfil, enviesado.
    Há uma parelha sendo

    levada nas costas.
    Fermentas o funcho,
    o fungo e o estrume.


    ************


    Las horas son amargas,
    finales,
    los angeles perdieron

    la escala de tus oídos,
    El destino se parece a nosotros.
    más que el nacimiento.

    Tus pasos son cortos,
    el perfil, torcido.
    hay una pareja siendo

    llevada en la espalda.
    Fermentas el hinojo,
    los hongos y el estiércol.


    _________________



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    Fabricio Carpinejar (1972- - Página 8 Empty Re: Fabricio Carpinejar (1972-

    Mensaje por Maria Lua Jue 14 Nov 2024, 09:51

    FALTA DE TEMPO

    Existe um único antídoto para a falta de tempo. Um único.
    Estar apaixonado.
    Esquecer de si para inventar o desejo.
    O desejo transforma-se no próprio tempo.
    Tudo é adiado.




    *********************

    FALTA DE TIEMPO

    Existe un único antídoto contra la falta de tiempo. Uno solo.
    Estar enamorado.
    Olvidarse de si mismo para inventar el deseo.
    El deseo se transforma en el tiempo.
    Todo está pospuesto.


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    Fabricio Carpinejar (1972- - Página 8 Empty Re: Fabricio Carpinejar (1972-

    Mensaje por Maria Lua Vie 15 Nov 2024, 11:20

    O mundo aparece demasiado explicado.


    Teu jeito calado indica esperança,

    mas quem diz que não é remorso?



    Sou fiel aos hábitos; tu, aos mistérios.

    Não coincidimos nossa lealdade.

    Suporto, sobrevives.



    O que adianta transbordar

    se não dás conta do mínimo?

    O que adianta me retrair

    se não percebo o invisível?




    ******************



    El mundo parece demasiado explicado.


    Tu manera callada indica esperanza,

    pero ¿quién dice que no es remordimiento?



    Soy fiel a los hábitos; tú, a los misterios.

    No coincidimos nuestras lealtades.

    Yo aguanto, tú sobrevives.



    ¿De qué sirve desbordarse?

    si no puedes con el mínimo?

    ¿De qué sirve retraerse

    si no percibo lo invisible?


    * * *





    http://www.antoniomiranda.com.br/poesia_brasis/rio_grade_sul/capinejar.html


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    Fabricio Carpinejar (1972- - Página 8 Empty Re: Fabricio Carpinejar (1972-

    Mensaje por Maria Lua Vie 15 Nov 2024, 11:51


    Não ter sido compreendido

    condenou-me a assumir verdades

    que desconhecia, filhos que

    não eram de minha boca,

    compromissos que não quis ir.



    Ao longo da fala,

    abri correspondências alheias.

    A ausência de clareza

    me perturbou a viver de favor

    em meu corpo.




    *****************



    No haber sido entendido

    Me condenó a asumir verdades.

    que no sabía, hijos que

    no fueron de mi boca,

    Citas a las que no quería ir.



    A lo largo del discurso,

    Abrí correspondencias ajenas

    La ausencia de claridad

    me molestó vivir como un favor

    en mi cuerpo.


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    Mensaje por Maria Lua Dom 17 Nov 2024, 20:31

    Tua respiração

    nos escombros,

    o pulso disciplinado,



    afinado como um plano.

    Levanta do fino trato

    com os finados.



    A chama engana sua altura

    ao pavio que a sustenta.

    Viajas como o olhar do regresso,



    chegas com o olhar da despedida.

    O dia recusa a inocência,

    tem o gosto de sol nos cabelos



    ***************


    tu aliento

    en los escombros,

    el pulso disciplinado,



    afinado como un plan.

    Levanta del tracto gentil

    con los muertos.



    La llama engaña su altura.

    a la mecha que lo sostiene.

    Viajas como la mirada del retorno,



    Llegas con mirada de despedida.

    El día rechaza la inocencia,

    Sabe a sol en tu cabello


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    Mensaje por Maria Lua Sáb 23 Nov 2024, 15:11

    Adega do sono – poema 5


    Dividias os gomos da fruta
    em aposentos da casa.
    A cortina do sumo
    leveda o sol levantado.
    O zodíaco do molde
    supre o gérmen do quarto.
    E o bafio estala
    a lareira das esferas
    na sala de estar
    da semente.


    “As Solas do Sol”
    (Editora Bertrand Brasil, 1998)



    cont.
    http://www.jornaldepoesia.jor.br/carpinejar.html#poemas


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    Fabricio Carpinejar (1972- - Página 8 Empty Re: Fabricio Carpinejar (1972-

    Mensaje por Maria Lua Lun 25 Nov 2024, 08:47

    A chuva é a Única Chama


    A chuva é a única chama
    que caminha contra o vento.
    Refaço seu lastro
    com a insônia dos sapatos.

    Enlouqueço de ternura,
    indeciso entre o furor e o fulgor.
    Desperto amarrado em alguma estrela,
    servindo de referência
    para o alinhamento das esferas.



    ******************

    La lluvia es la única llama


    La lluvia es la única llama
    que camina contra el viento.
    Rehago su lastre
    con el insomnio de los zapatos.

    Me vuelvo loco de ternura,
    indeciso entre la furia y la brillantez.
    Despierto atado a alguna estrella,
    sirviendo de referencia
    para la alineación de las esferas.


    _________________



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    Mensaje por Maria Lua Lun 25 Nov 2024, 15:53

    Nenhuma ferida


    Nenhuma ferida
    separava teus pesadelos.
    Quando vagaste em meia-idade

    pela selva escura, fiquei
    a conversar com tuas camisas,
    aprumando boinas

    que afogavam os cabelos.
    Tinha sete anos ao certo
    e uma lua vadia disputando

    corridas comigo.
    Fiquei a entreter
    os tecidos alinhados,

    como um exército em revista,
    procurando convencer
    uma peça ao menos

    a delatar tua deserção.
    Quando vagaste em meia-idade
    pela selva escura, fiquei

    alimentando o aquário
    das gravatas.
    Pedia privacidade às traças.

    Vestia tua camisa,
    copiando o ritmo
    dos teus traços,

    a respiração copiosa,
    sendo meu próprio
    e definitivo pai.


    “Um Terno de Pássaros ao Sul” (Escrituras, 2000)


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    Fabricio Carpinejar (1972- - Página 8 Empty Re: Fabricio Carpinejar (1972-

    Mensaje por Maria Lua Mar 26 Nov 2024, 08:03

    O jogo é inventar a goleira
    mais do que a bola.

    Garagens são traves,
    lápides são traves,
    cercas são traves,
    chinelos são traves.

    O que pode ser levado
    com uma mão,
    adivinhado pelas pernas.

    Postes de luz são traves,
    placas são traves,
    lixeiras são traves,
    bancos são traves.

    Marcar o chão numa linha imaginária,
    daqui pra ali é o campo.
    E o mundo não existe mais
    fora do giz branco.

    Um quarto está pronto a céu aberto.
    Um quintal no meio da casa.
    Uma rua cortando a praça.

    Corra no jardim sonâmbulo,
    pise a grama com raiva, raízes
    são cadarços amarrados
    nos tornozelos das árvores.

    Há coices, quedas, uivos:
    nada termina a vida,
    essa explosão suspirada.

    É um transe, a trave;
    trânsito parado, feriado.
    O defensor descansa
    na tranca dos joelhos.
    O pássaro voa de cabeça a cabeça,
    descasca a chuva, espalha os cabelos.

    A trave é montinho, formigueiro,
    capuz de ciscos, ninhos.
    Formigas transportam alimento
    por dentro dos seus riscos.

    Que seja capacete de moto,
    um tijolo, um toco,
    qualquer troco de mato e entulho.

    Dez passos ao lado e uma altura infinita,
    fazer endereço para receber cartas,
    desenhar gol de letra.

    Trave é o quadro-negro dos pés.
    Caroço de brilho, queimadura de cometa.
    Na praia, no calçadão, no descampado.
    Tudo o que foi costurado pelo invisível
    entre o corpo e uma porta.

    Pedras são traves,
    bambus são traves,
    frutas são traves.
    Até crianças são traves
    para o adulto passar
    de volta à infância.


    Publicado na Revista Serafina
    Folha de São Paulo



    ************************



    El juego se trata de inventar al portero
    más que al balón.

    Los garajes son vigas,
    las lápidas son vigas,
    las vallas son vigas,
    las chanclas son vigas.

    Lo que se puede coger
    con una mano,
    se adivina con las piernas.

    Los postes de luz son vigas,
    los letreros son vigas,
    los contenedores de basura son vigas,
    los bancos son vigas.

    Marca el suelo sobre una línea imaginaria,
    de aquí para allá está el campo.
    Y el mundo ya no existe
    fuera de la tiza blanca.

    Una habitación está lista al aire libre.
    Un patio en medio de la casa.
    Una calle que atraviesa la plaza.

    Correr por el jardín sonámbulo,
    pisar la hierba con ira, las raíces
    son cordones de zapatos atados
    a los tobillos de los árboles.

    Hay patadas, caídas, aullidos:
    nada acaba con la vida,
    esta explosión suspirada.

    Es un trance, el rayo;
    Tráfico detenido, vacaciones.
    El defensor se apoya
    en la rodillera.
    El pájaro vuela de cabeza a cabeza,
    se quita la lluvia, esparce el pelo.

    La viga es un montículo, un hormiguero,
    una caperuza de motas, nidos.
    Las hormigas transportan comida
    a través de sus surcos.

    Que sea un casco de moto,
    un ladrillo, un muñón,
    cualquier tipo de maleza y escombros.

    Diez pasos a un lado y una altura infinita,
    haciendo una dirección para recibir cartas,
    dibujando una meta de letras.

    La viga es la pizarra de los pies.
    Trozo de brillo, ardor de cometa.
    En la playa, en el malecón, al aire libre.
    Todo lo que fue cosido por lo invisible
    entre el cuerpo y una puerta.

    Las piedras son vigas,
    los bambúes son vigas,
    los frutos son vigas.
    Incluso los niños son obstáculos
    para que los adultos
    regresen a la infancia.




    ( traducción de internet)


    _________________



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    "Ser como un verso volando
    o un ciego soñando
    y en ese vuelo y en ese sueño
    compartir contigo sol y luna,
    siendo guardián en tu cielo
    y tren de tus ilusiones."
    (Hánjel)





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    Mensaje por Maria Lua Miér 27 Nov 2024, 08:40



    Sem a saudade, não há amor.
    Sem a saudade, você jamais descobriria que alguém é importante para você.
    Sem a saudade, você não seria capaz de perdoar qualquer pessoa.
    Sem a saudade, você acharia que a sua biografia é pequena, que o seu universo é banal, e nada teria graça.
    Sem a saudade, você seria engolido pela pressa e não existiria sequer um lugar para retornar. A viagem seria somente ir, num desapego veemente. A saudade é ter um destino.
    Mais do que voltar ao passado, corresponde a renovar o futuro. Você quer aperfeiçoar o que o alegrou um dia.


    Sin nostalgia no hay amor.
    Sin nostalgia, nunca descubrirías que alguien es importante para ti.
    Sin nostalgia no serías capaz de perdonar a nadie.
    Sin nostalgia pensarías que tu biografía es pequeña, que tu universo es banal y que nada tendría gracia.
    Sin nostalgia, la prisa te tragaría y ni siquiera habría un lugar al que regresar. El viaje seía simplemente ir, con vehemente desapego. Nostalgia es tener un destino.
    Más que volver al pasado, corresponde renovar el futuro. Quieres perfeccionar lo que alguna vez te trajo alegría.


    _________________



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    Mensaje por Maria Lua Vie 29 Nov 2024, 07:22

    FALTA DE TEMPO

    Existe um único antídoto para a falta de tempo. Um único.
    Estar apaixonado.
    Esquecer de si para inventar o desejo.
    O desejo transforma-se no próprio tempo.
    Tudo é adiado.

    ****************

    FALTA DE TIEMPO

    Existe un único antídoto contra la falta de tiempo. Uno solo.
    Estar enamorado.
    Olvidarse de si mismo para inventar el deseo.
    El deseo se transforma en tiempo.
    Todo lo demás esta pospuesto.


    _________________



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    Mensaje por Maria Lua Dom 01 Dic 2024, 09:26

    Não há quem não feche os olhos ao cantar a música favorita.
    Não há quem não feche os olhos ao beijar, não há quem não feche os olhos ao abraçar.
    Fechamos os olhos para garantir a memória da memória.
    É ali que a vida entra e perdura, naquela escuridão mínima, no avesso das pálpebras.
    Concentramo-nos para segurar a dispersão, para segurar a barca ao calor do remo.
    O rosto é uma estrutura perfeita do silêncio. Os cílios se mexem como pedais da memória.
    Experimenta-se uma vez mais aquilo que não era possível.
    Viver é boiar, recordar é nadar.






    *****************





    No hay nadie que no cierre los ojos mientras canta su canción favorita.
    No hay quien no cierre los ojos al besar, no hay quien no cierre los ojos al abrazar.
    Cerramos los ojos para asegurar la memoria de la memoria.
    Es allí donde entra y perdura la vida, en aquella mínima oscuridad, al revés de los párpados.
    Nos concentramos para aguantar la dispersión, para aguantar la barca al calor del remo.
    El rostro es una estructura perfecta de silencio. Las pestañas se mueven como pedales de memoria.
    Experimenta una vez más lo que no era posible.
    Vivir es flotar, recordar es nadar.


    _________________



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    Mensaje por Maria Lua Mar 03 Dic 2024, 15:28

    Domingo


    As garças capinavam
    as águas.

    A saliva das aves
    movia o motor
    do riacho.


    “As Solas do Sol”
    (Editora Bertrand Brasil, 1998)



    ********************



    Domingo


    Las garzas desyerbaron
    las aguas.

    La saliva de las aves
    movia el motor
    del arroyo.





    http://www.jornaldepoesia.jor.br/carpinejar.html#poemas


    _________________



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    Mensaje por Maria Lua Miér 04 Dic 2024, 06:35

    Oitava colina – poema 1


    As laranjas prematuras,
    lâmpadas queimadas,
    boiavam no esgoto
    do pátio,
    com o suco parado,
    isoladas da eletricidade.






    Do livro: "As Solas do Sol", Editora Bertrand Brasil, 1998, RJ



    **************



    Octava colina – poema 1


    Las naranjas prematuras,
    bombillas quemadas,
    flotavan en la alcantarilla
    del patio,
    con el jugo parado,
    aislado de la electricidad.



    _________________



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    Mensaje por Maria Lua Miér 04 Dic 2024, 10:04

    Adega do sono


    Dividias os gomos da fruta
    em aposentos da casa.
    A cortina do sumo
    leveda o sol levantado.
    O zodíaco do molde
    supre o gérmen do quarto.
    E o bafio estala
    a lareira das esferas
    na sala de estar
    da semente.


    “As Solas do Sol”


    *****************


    Bodega del sueño


    Dividias los gajos de la fruta.
    en habitaciones de la casa.
    La cortina del zumo
    fermenta el sol naciente.
    El zodíaco del molde
    suministra el germen de la habitación.
    Y el humo crepita
    la chimenea de las esferas
    en la sala de estar
    de la semilla.


    _________________



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    Mensaje por Maria Lua Ayer a las 08:57

    As horas são amargas,
    derradeiras,
    os anjos perderam

    a escala dos teus ouvidos,
    O destino nos assemelha
    mais que o nascimento.

    Tuas passadas são curtas,
    o perfil, enviesado.
    Há uma parelha sendo

    levada nas costas.
    Fermentas o funcho,
    o fungo e o estrume.



    **************


    Las horas son amargas,
    definitivas,
    los angeles perdieron

    la escala de tus oídos,
    El destino se parece a nosotros.
    más que el nacimiento.

    Tus pasos son cortos,
    el perfil, torcido.
    hay una pareja siendo

    llevada en la espalda.
    Fermentas el hinojo,
    los hongos y el estiércol.


    _________________



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