Não, não existe geração espontânea. Os (ainda) chamados modernistas, com
a sua livre poética, jamais teriam feito aquilo tudo se não se houvessem
grandemente impressionado, na incauta adolescência, com os espetáculos de
circo dos parnasianos.
Acontece que, por sua vez, fizeram eles questão de trabalhar mais
perigosamente, sem rede de segurança — coisa que os acrobatas antecessores
não podiam dispensar.
Quanto a estes, os seus severos jogos atléticos eram uma sadia reação contra
a languidez dos românticos.
E assim, sem querer, fomos uns aprendendo dos outros e acabando
realmente por herdar suas qualidades ou repudiar seus defeitos, o que não deixa
de ser uma maneira indireta de herdar.
Por essas e outras é que é mesmo um equívoco esta querela, ressuscitada a
cada geração, entre novos e velhos.
Quanto a mim, jamais fiz distinção entre uns e outros. Há uns que são
legítimos e outros que são falsificados. Tanto de um como de outro grupo etário.
Porque na verdade a sandice não constitui privilégio de ninguém, estando
equitativamente distribuída entre novos e velhos, em prol do equilíbrio universal.
E além de tudo, os novos significam muito mais do que simples herdeiros:
embora sem saber, embora sem querer, são por natureza os nossos filhos
naturais.
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