Aires de Libertad

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    Mensaje por Maria Lua Vie 21 Abr 2023, 11:03

    De “Poesias” (seletas


    FLOR-DE-LÓTUS


    No dia em que a flor de lótus desabrochou
    A minha mente vagava, e eu não a percebi.
    Minha cesta estava vazia e a flor ficou esquecida.
    Somente agora e novamente, uma tristeza caiu sobre mim.
    Acordei do meu sonho sentindo o doce rastro
    De um perfume no vento sul.
    Essa vaga doçura fez o meu coração doer de saudade.
    Pareceu-me ser o sopro ardente no verão, procurando completar-se.
    Eu não sabia então que a flor estava tão perto de mim
    Que ela era minha, e que essa perfeita doçura
    Tinha desabrochado no fundo do meu coração.



    – Rabindranath Tagore, em “Poesia”.. [selecção e tradução de José Agostinho Baptista]. Coleção Documenta poética. Lisboa: Assírio e Alvim, 2004.



    §

    Prenda


    Ó meu amor, que prenda
    Devo dar-te quando amanhecer?
    Uma canção da manhã?
    Mas a manhã não dura sempre –
    O calor do sol
    Murcha como uma flor
    E as canções que cansam
    Estão feitas.

    Ó amigo, quando chegaste ao meu portão
    Ao crepúsculo
    Que perguntaste?
    Que hei-de trazer-te?
    Uma luz?
    Um candedeeiro de um canto secreto da minha casa silenciosa?
    Mas quererás levá-lo contigo
    Pela estrada povoada?
    Ah,
    O vento há-de apagá-lo.

    Sejam quais forem as prendas que te possa dar,
    Que sejam flores,
    Que sejam pérolas para o teu pescoço,
    E como te podem agradar
    Se com o tempo hão-de murchar,
    Desfazer-se, perder o brilho?
    Tudo o que as minhas mãos pudessem colocar nas tuas
    Deslizará entre os dedos
    E cairá esquecido no pó
    Para em pó se tornar.

    É melhor,
    Quando estiveres ociosa,
    Que deambules pelo meu jardim na primavera
    E deixes um aroma de flor desconhecido e oculto sobressaltar-te com súbito encanto –
    Deixar esse momento deslocado
    Ser a minha prenda.
    Ou se, quando perscrutares a sombria avenida por onde caminhas,
    De repente, enfeitiçada
    Pelas espessas tranças do anoitecer
    Um simples e trémulo reflexo da luz do poente te detiver,
    Transforma os teus sonhos em ouro,
    E deixa que a luz seja uma inocente
    Prenda.

    O mais autêntico tesouro desaparece;
    Brilha um instante, e depois vai-se.
    Não diz o seu nome; a sua melodia
    Barra-nos o caminho, a sua dança desaparece
    Com o estremecimneto de um tornozelo.
    Não conheço outra maneira –
    Nenhuma mão, nenhuma palavra o pode alcançar.
    Amiga, leves o que levares,
    Sozinha,
    Sem perguntar, sem saber, deixa que
    Seja tua.
    Qualquer coisa que eu te possa dar é insignificante –
    Seja uma flor, seja uma canção.



    – Rabindranath Tagore, em “Poesia”. [selecção e tradução de José Agostinho Baptista]. Coleção Documenta poética. Lisboa: Assírio e Alvim, 2004.


    §


    Julgamento


    Não julgues…
    Habitas num recanto mínimo desta terra.
    Os teus olhos chegam
    Até onde alcançam muito pouco…
    Ao pouco que ouves
    Acrescentas a tua própria voz.
    Mantém o bem e o mal, o branco e o negro,
    Cuidadosamente separados.
    Em vão traças uma linha
    Para estabelecer um limite.

    Se houver uma melodia escondida no teu interior,
    Desperta-a quando percorreres o caminho.
    Na canção não há argumento,
    Nem o apelo do trabalho…
    A quem lhe agradar responderá,
    A quem lhe agradar não ficará impassível.
    Que importa que uns homens sejam bons
    E outros não o sejam?
    São viajantes do mesmo caminho.
    Não julgues,
    Ah, o tempo voa
    E toda a discussão é inútil.

    Olha, as flores florescem à beira do bosque,
    Trazendo uma mensagem do céu,
    Porque é um amigo da terra;
    Com as chuvas de Julho
    A erva inunda a terra de verde,
    E enche a sua taça até à borda.
    Esquecendo a identidade,
    Enche o teu coração de simples alegria.
    Viajante,
    Disperso ao longo do caminho,
    O tesouro amontoa-se à medida que caminhas.


    – Rabindranath Tagore, em “Poesia”. [selecção e tradução de José Agostinho Baptista]. Coleção Documenta poética. Lisboa: Assírio e Alvim, 2004.

    §


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    Mensaje por Maria Lua Dom 23 Abr 2023, 17:58

    Dónde la mente está sin miedo

    Donde la mente está sin miedo,
    y la cabeza es sostenida en alto;
    Donde el conocimiento es libre;
    Donde el mundo no ha sido quebrado en fragmentos por estrechas paredes domésticas;
    Donde palabras salen desde la profundidad de la verdad;
    Donde el incansable esfuerzo extiende sus brazos hacia la perfección;
    Donde la clara corriente de la razón no ha perdido su camino en el yermo desierto de arena de los hábitos muertos.
    Donde la mente es dirigida hacia adelante por Él en pensamiento y acción cada vez más amplios.
    En ese cielo de libertad, Padre mío, deja a mi país despertar.



    ********************




    Onde a mente é livre de medo
    Onde a mente é livre de medo e a cabeça se mantém erguida
    Onde o conhecimento é livre
    Onde o mundo não foi retalhado em fragmentos
    por estreitas paredes domésticas
    Onde as palavras emergem das profundezas da verdade
    Onde o esforço incansável estende os braços em direção à perfeição
    Onde o claro rio da razão não perdeu o rumo
    nas tristes areias desertas dos hábitos estagnados;
    Onde a mente é impelida por ti
    rumo ao pensamento e à ação cada vez mais amplos
    Nesse paraíso de liberdade. Pai, permita que meu país desperte.


    – Rabindranath Tagore [tradução Cláudia Santana Martins]. em “100 Grandes poemas da Índia”. Cadernos de Literatura em tradução (USP), vol. 19, 2018.


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    Mensaje por Maria Lua Lun 24 Abr 2023, 22:23

    Pájaros perdidos de verano vienen a mi ventana, cantan,
    y se van volando.
    Y hojas amarillas de otoño, que no saben cantar,
    aletean y caen en ella, en un suspiro.


    ****************


    SERVIR

    «Dormía, y soñaba
    que la vida era alegría.

    Desperté, y vi
    que la vida era servicio.

    Serví, y vi
    que el servicio era alegría.



    ******************


    ¿Por qué estás ahí sentada, sonando tus pulseras vanamente? ¡Anda y llena tu cántaro, que es hora ya de que
    vuelvas a casa!
    ¿Por qué palmoteas el agua con tus manos, los ojos al camino, vanamente? ¡Anda y llena tu cántaro y vuélvete
    a casa!
    La mañana está pasando y el agua oscura se va. Y las olas se ríen y se hablan entre sí vanamente.
    Sobre el alcor, las nubes errantes se acumulan. Se paran, te miran la cara y se sonríen vanamente. ¡Anda y llena
    tu cántaro, y vuélvete a casa!




    **************


    Cuando llega mi amor y se sienta a mi lado, cuando tiembla mi cuerpo y se me cierran los párpados, la noche se ensombrece, el viento apaga la lámpara, y las nubes cubren con un velo las estrellas.
    Es la joya de mi pecho la que brilla y da luz. No sé cómo ocultarla.


    *************************


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    Mensaje por Maria Lua Miér 26 Abr 2023, 09:18

    Estás aquí, sí; te sentimos con nosotros...
    Pero ¿en dónde estás? Juegas en tu aldea,
    entre los lirios soleados, y te oímos hablando
    solo, cuando la brisa abre la retama de las
    playas, patrón de tus barquitos de papel; ¿o
    estás ya en el cielo, barquero de la luna,
    derramando un rayo azul en el desvelo de tu
    madre?

    Una infinita frescura, una terneza sin fin
    nos dicen, no sé cómo ni por qué, que existes.
    Pero ¿dónde? Te hemos conocido, sí; pero tú,
    ¿nos ignoras? Te vemos sin que tú nos veas,
    absorto en tus ensueños; ¿o nos habías tu visto
    ya por el borde blanco de una nube negra, una
    noche de estío, sin que nosotros lo supiéramos?


    Duerme. Sada no te ha olvidado, y el Rey
    viene está noche, Amal. Duerme tranquilo,
    duerme; que cuando despiertes, verán tus
    ojos las flores de Sada en tus manos, y el
    rostro del Rey en tu rostro. Duerme.
    Duerme bien. No te importe dormirte del
    todo... Duerme para siempre, niño, que vas
    a ver la Estrella polar en su gran palacio negro!
    Duerme en tu cuarto abierto ya de par en par
    a tu alma. Las mismas estrellas, que saben
    que eres Amal, te traerán, a la hora en que
    venga el Rey. Duerme... De tu jardín eterno
    sé que volverás, Amal, porque esperan tu
    despertar, en tus manos, las flores de Sada...
    Duerme...



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    Rabindranath Tagore (1861-1941) - Página 26 Empty Re: Rabindranath Tagore (1861-1941)

    Mensaje por Maria Lua Miér 26 Abr 2023, 22:40

    «En este mundo aquellos que me aman
    buscan por todos los medios
    tenerme atado a ellos.

    Tu amor es más grande que el suyo,
    y, sin embargo, me dejas libre.

    Por temor a que yo les olvide,
    no se atreven a dejarme solo.

    Pero los días pasan
    el uno detrás del otro
    y Tú no te dejas ver nunca.

    No te llamo en mis oraciones,
    no te tengo en mi corazón,
    y, sin embargo, tu amor por mí
    espera todavía el amor mío»






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    Mensaje por Maria Lua Jue 27 Abr 2023, 15:31

    EL HOGAR


    No se ha puesto el sol todavía
    y aún no ha empezado la feria
    que han montado en la ribera.
    Pensé que había perdido
    todo mi tiempo y mis monedas;
    pero no, hermano mío, algo me resta aún.
    La suerte no me lo ha quitado todo.
    He acabado mi negocio.
    Están hechas las cuentas
    y regreso a mi hogar.
    ¿Qué he de pagarte, guardián?
    Tranquilízate, algo me resta aún.
    La suerte no me lo ha quitado todo.
    Se ha detenido el viento
    y las nubes oscuras y bajas del crepúsculo
    no anuncian nada bueno.
    El agua espera callada el vendaval.
    Voy a pasar al otro lado del río
    pues tengo miedo de que caiga la noche.
    ¿Me pides el dinero de¡ viaje, barquero?
    Sí, hermano mío, algo me resta aún.
    La suerte no me lo ha quitado todo.
    Un mendigo se ha sentado
    a la vera del camino debajo de un árbol.
    Me mira esperando con timidez.
    Es muy posible que crea que llevo mucho dinero.
    Sí, hermano mío, algo me resta aún.
    La suerte no me lo ha quitado todo.
    Ya ha caído la noche
    y se ha desvanecido el camino desierto.
    Brillan las luciérnagas en medio de las frondas.
    ¿Quién me andará siguiendo en silencio,
    ocultándose si me vuelvo a mirar?
    ¿Quieres robarme, verdad?
    Pues no te marcharás con las manos vacías,
    pues algo me resta aún.
    La suerte no me lo ha quitado todo.
    Luego, cuando a medianoche llego a mi casa
    con la bolsa sin nada,
    tú me estas aguardando a la puerta,
    con un mirar ansioso,
    insomne y silenciosa; y te echas en mi regazo
    como un tímido pájaro, llena de amor.
    Sí, sí, ¡Dios mío! ¡Cuánto me resta aún!
    ¡La suerte no me lo ha quitado todo!


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    Mensaje por Maria Lua Vie 28 Abr 2023, 20:48

    El tesoro


    ¿Quién de nosotros se encargará de alimentar a los hambrientos?" -preguntó el señor Buddha a sus discípulos,
    cuando el hambre se abatía sobre Shravasti.
    Ratnakar, el banquero, inclinando la cabeza, dijo:
    -"Una fortuna mucho más grande que la mía sería necesaria para alimentar a los hambrientos."
    Jaysen, jefe de los ejércitos del rey, dijo:
    -"Gustoso daría mi sangre y mi vida, pero no hay alimento suficiente en mi casa."
    Dharmapal, que poseía grandes dehesas, musitó:
    -"El dios de los vientos arrasó mis campos y ni siquiera sé cómo podré pagar los impuestos
    del rey."
    Entonces Supriya, la hija del mendigo, se levantó:
    Humildemente se inclinó ante la asamblea, diciendo:
    -"Yo alimentaré a todos esos miserables."
    -"¿Y cómo? -exclamaron todos sorprendidos~. ¿Cómo esperas cumplir tu promesa?"
    -"Soy entre todos la más pobre -dijo Supriya-, y ésa es mi fuerza. Mi tesoro y mi abundancia los buscaré
    a vuestras puertas. Como nada tengo que abandonar, allí clamaré que se os ablanden las entrañas."


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    Mensaje por Maria Lua Dom 30 Abr 2023, 08:47

    ¡Cuánto tiempo dura mi viaje, y qué largo es mi camino!
    Salí en la carroza del primer albor, y caminé a través de los desiertos de los mundos,
    dejando mi rastro por las estrellas infinitas.
    La ruta más larga es la que sale más pronto a ti, y la más complicada enseñanza no lleva sino a la perfecta sencillez
    de una melodía.
    El viajero tiene que llamar, una tras otra, a todas las puertas extrañas para llegar a la suya; ha de vagar por todos
    los mundos de afuera, si quiere llegar al fin a su santuario interior.
    Mis ojos erraron por todos los confines antes de que yo los cerrara diciendo: "Aquí estás". Y el grito y la pregunta:
    "¡Ay!, ¿dónde?", se derriten en las lágrimas de mil raudales y ahogan el mundo con el desbordamiento de su "¡Yo soy!".


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    Mensaje por Maria Lua Mar 02 Mayo 2023, 13:41

    Si acaso piensas en mí, te cantaré cuando el anochecer lluvioso...



    Si acaso piensas en mí, te cantaré cuando el anochecer lluvioso
    suelta sus sombras por el río, arrastrando, lento, su luz vaga hacia el ocaso;
    cuando lo que queda del día es ya demasiado poco para trabajar o jugar.
    Te sentarás sola en el balcón que da al Sur, y yo me pondré a cantarte
    en el cuarto oscuro. El olor de las hojas mojadas entrará por la ventana,
    en el crepúsculo creciente, y los vientos tormentosos
    clamorearán en los cocoteros.
    Traerán la lámpara encendida al cuarto, y entonces me iré yo. Y tú, quizá, entonces, escucharás la noche,
    y oirás mi canción cuando esté yo callado.


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    Mensaje por Maria Lua Miér 03 Mayo 2023, 17:39

    Si quieres llenar tu cántaro, ven, ven a mi lago. Mi agua se cojerá a tus pies y te dirá tu secreto.
    …La tormenta se echa encima y oscurece el arenal, y las nubes bajas son, sobre la copa azul de los árboles, como tu pesada cabellera sobre tu frente. Conozco bien el ritmo de tus pasos, que me están latiendo en el corazón.
    Ven, ven a mi lago, si quieres llenar tu cántaro.

    Si no tienes ganas de llenar tu cántaro, si prefieres dejarlo flotando en el agua, ven, ven a sentar tu pereza a mi lago.
    La ladera está verde, y las flores de mi campo son tantas que no pueden contarse. Se te irán tus pensamientos por tus ojos negros, como pájaros que vuelan de sus nidos, y tu velo se te caerá a tus pies.
    Ven, ven a mi lago, si no tienes ganas de llenar tu cántaro.

    Si, harta de otros juegos, quieres jugar con el agua, ven, ven a mi lago.
    Deja tu manto azul en la orilla, que el agua azul te esconderá. Y las olas se pondrán de puntillas por besar tu cuello y suspirarte en los oídos.
    Ven, ven a mi lado si quieres jugar con el agua.

    Si te has vuelto loca, y quieres morir, ven, ven a mi lago.
    Mi lago es frío y no tiene fondo; oscuro como un sueño sin sueños. Allá abajo, noches y días son iguales, y toda canción es silencio.
    Ven, ven a mi lago, si te has vuelto loca y quieres morir.


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    y en ese vuelo y en ese sueño
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    siendo guardián en tu cielo
    y tren de tus ilusiones."
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    Mensaje por Maria Lua Jue 04 Mayo 2023, 16:35




    El amor no confesado es sagrado.
    Brilla como un diamante en la secreta sombra del corazón.
    A la luz del indiscreto día se oscurece feamente.
    Ay, rompiste el velo de mi corazón y arrancaste el misterio de mi amor,
    destruyendo para siempre la preciosa sombra donde escondía su nido.
    Mis compañeras siguen siendo las mismas.
    Nadie ha penetrado en su interior y ni siquiera ellas conocen su propio secreto.
    Sonríen y lloran a su capricho, parlotean y trabajan,
    van al templo cada día, encienden sus lámparas y sacan agua del río.
    Puse mi esperanza en que mi amor
    no sufriera la estremecedora vergüenza del abandono.


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    Mensaje por Maria Lua Lun 08 Mayo 2023, 07:50

    La ruta más larga es la que sale más pronto a ti, y la más complicada enseñanza no lleva sino a la perfecta sencillez
    de una melodía.


    El agua que rueda y canta, por el sol, por la luna, ¿qué boca sedienta busca?
    La luz que está como un ramo sobre la mesa en que escribo, ¿de qué corazón, de qué mirada
    enamorada viene?


    Mi canción será una luz en tus pupilas y adentrará tu corazón
    hasta las fronteras de lo desconocido.
    Será como la estrella fiel que brilla en lo alto,
    cuando la noche esconda tu camino.



    Si no puedes dormirte hasta muy tarde, pensando siempre en tu niño, te cantaré desde las estrellas: ‘Duerme, madre, duerme’.

    Me deslizaré a lo largo de los rayos de la luna hasta llegar a tu cama, y me echaré sobre tu pecho mientras duermas.


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    Mensaje por Maria Lua Miér 10 Mayo 2023, 13:33

    LA COSECHA

    RABINDRANATH TAGORE





    1.

    Dime que si...
    Entonces, en canastos desbordantes, recogeré todos mis frutos --los que pa, san de
    maduros y los que están verdea aún-, para volcarlos en tu morada. Por. que la estación ya está
    muy avanzada y; el pastor, en la sombra, deja escuchar el lamento de su flauta.
    El inquieto viento de marzo encrespa las aguas que hasta ayer estuvieron Eranquilas. La
    huerta ha dado todos sus frutos. Y en la placidez del crepúsculo, desde tu morada al otro lado
    del río, por el lado del poniente, llega hasta mí tu voz.
    Dime que sí.. .
    Y, entregando mi vela a la caricia del viento, cruzaré el río.


    2.


    Era yo joven y mi vida cual una flor,,, una flor a la cual no le importaba nada perder una
    hojita de su tesoro cuando la brisa de la primavera imploraba ante su puerta.
    Ahora, cuando se extingue mi juventud, mi vida es como fruto al cual nada le sobra y que,
    empero, quisiera darse todo de una vez con su entera dulzura.


    3.


    ¿Por ventura, la fiesta del estío no es también para las hojas secas y las flores mustias?...
    ¿Acaso es sólo para las flores frescas? ¿El canto del mar se ha hecho sólo para las olas que se
    agitan y levantan? ¿No lo es, también, para las que caen y las que yacen serenas!
    Mi rey pisa una alfombra tejida con joyas. Pero también el suelo humilde espera paciente
    el regaló de sus pisadas.
    Contado es el séquito de sabios y de grandes que rodea a mi Señor; mas El sólo ha acudido
    en busca del pobre de espíritu, lo ha tomado entre sus brazos y lo ha convertido para siempre
    en su esclavo



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    Mensaje por Maria Lua Jue 11 Mayo 2023, 22:53

    4.


    Al despertar, esta mañana, he encontrado su carta. Ignoro lo que dice, porque no sé leer. Y
    no molestaré al sabio, apartándole de la compañía de sus libros, porque es posible que
    tampoco él consiga entender lo que su carta dice.
    Déjame que la estreche contra mi pecho y que la lleve a mi frente. Una ves que llegue la
    noche, cuando en silencio vayan apareciendo, una a una, las estrellas, la abriré, desplegándola
    sobre mis faldas. Y las hojas me confiarán su secreto, y el arroyo me cantará su contenido, y
    desde el cielo me lo repetirán las siete estrellas.
    ¡No encuentro lo que con ansias busco! ¡No comprendo lo que quisiera! Mas esta carta
    que tengo aquí, sin leer, ha aliviado mi carga y ha trocado en canciones mis pensamientos.



    5.


    Un poco de polvo bastaba para ocultar tu huella cuando yo ignoraba su sentido. Ahora que
    te conozco, leo todo cuanto antes me ocultaba.
    Está pintada con hojas do flores; las espumas del mar préstanle brillo; los montes la
    repiten en sus cumbres.
    Como no te miraba, como no te conocía, las letras aparecían al revés y no me confiaban su
    secreto.


    6.


    Me pierdo por los caminos. En las aguas sin límite y en el azul del cielo, me ocultan la
    senda las alas de los pájaros, los rayos de las estrellas, las flores viajeras.
    Corazón... ¿Acaso, sólo tu sangre es la que sabe del camino invisible?




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    Mensaje por Maria Lua Sáb 13 Mayo 2023, 17:09

    7.


    Mi hogar, para mí, ya no lo es. ¡No puedo más! Ale marcho! El eterno Desconocido me
    llama desde el camino.
    ¡Duéleme su pisada, resonando en mi pecho!... Y el viento se levanta y comienza a
    lamentarse el mar.
    ¡Queden atrás mis dudas, mis preocupaciones e inquietudes! ¡Me marcho! Sigo la marea
    sin hogar. Porque el Desconocido me llama y ya ha echado a andar por el camino.


    8.


    Apréstate a partir, corazón, pues tu nombre ha sido pronunciado con el alba Que los otros,
    si quieren, se queden, ¡Tú no aguardes a nadie!
    Si el capullo necesita de la noche .Y, del rocío, la flor abierta clama por la luz.,.. ¡Libertad!
    ¡Revienta tu pecho, corazón! ¡Busca la luz!


    9.


    Igual que un gusano era yo cuando la molicie me tenía entre sus tesoros; era yo como el
    gusano que, en la sombra, se alimenta del fruto de donde nació.
    ¡No1 ¡Basta de cárcel! ¡No quiero re. volverme más en la podredumbre de mi quietud!
    ¡Fuera todo cuanto no es mío, mi propia vida¡ ¡Quiero ser leve coma mi risa y correr en pos
    de la eterna juventud!
    Así, días y días, voy corriendo, y mi Corazón retoza cantando y bailando.



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    Mensaje por Maria Lua Lun 15 Mayo 2023, 19:09

    10.


    Cogiéndome de la mano, contigo me arrastraste, sentándome en el trono a a vista de los
    hombres. Me hice tímido, incapaz, inútil para la acción y para emprender el camino. De todo
    dudaba y, a cada paso, recelaba de mí mismo, temeroso de pisar una espina y perder el favor
    humano.
    Mas volteó la piedra, estalló el insulto y mi silla rodó, humillada, por el suelo. ¡Estuve
    libre, al fin! Abriéronseme los caminos. y mis alas, ebrias de libertad, desplegáronse en el
    cielo. Me marché con las estrellas errantes a hundirme en la profundidad de la noche. Fui
    como la nube del verano en pleno huracán, que se despoja de su áurea corona y ciñe el rayo,
    cual una espada, en la cadena de relámpagos. ¡Con cuánta alegría corro por el polvoriento
    camino de los desdeñados en pos de mi anhelado fin!
    El niño recién conoce a su madre cuando sale de su vientre. Ahora que estoy lejos de ti,
    arrojado de tu morar da. ¡cómo veo de bien tu rostro!


    11.


    Esta cadena, en lugar de engalanar•. me, no es sino una burla para mí. Me lastima el cuello
    y, si quiero quitarme la, me ahorca. ¡Se agarra a mi garganta y estrangula mi corazón!
    ¡Qué libre quedaría, Señor, si pudiera depositarla en tus manos! ¡Arráncamela! Y, en su
    lugar, ponme una guirnalda florida. Que me avergüenza llegar hasta ti con el cuello enjoyado.


    12.


    Cristalino y ágil corre el Jumna en la hondonada. En lo alto, las ceñudas barrancas. Y,
    todo en torno, el oscuro verdor de los montes, agrupándose, separados sólo por el tajo de los
    torrentes.
    El venerable maestro Govida, sentado en una roca, leía las sagradas escrituras cuando
    hasta él Regó, orgullo y engreído por sus riquezas, el discípulo Daghunath e, inclinándose, le
    dijo: "Te traigo este mísero regalo, indigno de tu fama". Y le presentó un par de brazaletes de
    oro y piedras preciosas.
    El maestro tomó uno, haciéndolo girar en uno de sus dedos, y las piedras produjeron un
    luminoso chisporroteo. Mas de pronto, escapándosele, el brazalete cayó y, saltando de piedra
    en piedra, cayó al Jumna.
    Daghunath lanzó un grito y se arrojé al río. El maestro volvió a su libro. Y las aguas,
    prosiguiendo su curso, no de- volvieron el tesoro que habían arrebatado.
    Cuando, fatigado y chorreando agua, regresó el discípulo cabe su maestro, ya declinaba el
    día. Anhelante, le suplicó $ "Dime dónde cayó y quizá, pueda encontrar aún el brazalete".
    Pero Govida tomó el brazalete que le quedaba y, arrojándolo, sólo dijo: «"¡Allí!"»





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    Mensaje por Maria Lua Lun 15 Mayo 2023, 19:10

    13.


    Moverse equivale a encontrarse a cada paso. Es como cantar al compás de los pies.
    Hermano caminante, aquel que rozó tu aliento no se contenta caminando por la ribera sino
    que ha desplegado, intrépido-, las velas al viento y cabalga ya sobre las crestas de las
    turbulentas olas.
    Aquel que abre de par en par sus puertas, recibe al salir tu saludo. Y no se detiene a contar
    sus ganancias, ni a lamentar su miseria; sino que escucha el redoblar del latido de su corazón;
    puesto que, marchando, siempre va contigo, Hermano Caminante..
    .
    14.

    Me prometiste que de tus manos recibiría mi parte de felicidad en este mundo. Brilla por
    eso tu luz en mis lágrimas. Por eso temo ir en compañía de los otros, no sea que pase por el
    rincón donde me aguardas, para guiarme, y no te vea.
    Recorro el camino de un extremo a otro, hasta que mi loco anhelo me conduce hasta tu
    puerta; y es que me prometiste que de tus manos recibiría la parte de felicidad que en este
    mundo me corresponde.

    15.

    ¡Sencilla es la palabra, Maestro! No así la de aquellos que de ti hablan. ¡Con cuánta
    claridad percibo la voz de tus estrellas y cómo me conmueve el silencio de tus árboles! Mi
    corazón quisiera abrirse como una flor y mi vida se ha colmado en una escondida fuente.
    Como pájaros procedentes de un nevado y apartado país, hasta mí vienen volando tus
    canciones para anidar en mi corazón. ¡Cuán feliz me siento aguardando los cálidos días de
    abril y la alegre estación!
    1




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    Mensaje por Maria Lua Jue 18 Mayo 2023, 19:55

    16.


    Conocían el camino y, acudiendo en busca de ti, tomaron por el sendero estrecho. Yo, que
    lo ignoraba, me aparté de él y eché a vagar en medio de la noche.
    Sin saber cómo, me encontré, desprevenido, en el portal de tu morada. Aparecieron los
    sabios y, riñéndome por no haber seguido el estrecho sendero, me arrojaron.
    Yo me marchaba ya con mis dudas, cuando tú, apareciendo, me retuviste con firmeza.
    Pero, desde entonces, la disputa entre los sabios es cada vez más agria.


    17.

    Con mi lámpara de barro, salí de mi morada y grité: "¡Venid conmigo, hijos míos, que yo
    alumbraré vuestro camino!"
    Todavía no había amanecido y yo, por el silencioso camino, regresé clamando: "¡Fuego,
    alúmbrame, que mi lámpara cayó y se hizo añicos!”


    18.


    No, no sabes abrir los capullos para convertirlos en flores. Los sacudes, los golpeas, los
    lastimas. No posees el don de hacerlos florecer. Tus manos los mancillan; les rompen las
    tiernas hojas; los convierten en polvo.... Y no logran de ellos color alguno, mi extraen ningún
    aroma.
    No... ¡Tú no sabes abrir el capullo ni convertirlo en flor!...
    Aquel que tiene la virtud de abrir los capullos, ¡lo hace con tanta sencillez) Nada más que
    con mirarlos logra que la savia de la vida circule por las hojas. Su aliento los roza y la flor,
    desplegando sus alas, revolotea en el aire. Y, cual ansias del corazón, colorados, brotan los
    capullos, y su perfume delata su dulce secreto.
    ¡Ah! ¡ Aquel que tiene la virtud dé abrir los capullos lo hace con tanta sencillez!




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    Mensaje por Maria Lua Dom 21 Mayo 2023, 18:28

    19.


    El jardinero salvó del estanque el último loto que restaba del desastre del invierno y, por si
    el rey quería comprarlo, acudió a la puerta del palacio.
    En el camino encontróse con un viajero que le dijo: "¿Cuánto pides por tu último loto,
    pues quisiera ofrendarlo a Buda, Nuestro Señora".
    Sudas, el jardinero, le replicó:lo daré por una masha de oro". Y el viajero se la prometió.
    El rey, en aquel instante, salía del palacio para adorar a Buda, Nuestro Señor, y pensó:
    ¡Cuán hermoso sería de- positar a sus pies este último loto!
    Queriendo comprar la flor se dirigió a Sudas, y, como el jardinero le dijera que ya la tenía
    comprometida por una masha de oro, él le ofreció diez. Pero, el caminante dobló, entonces,
    su promesa.
    Codicioso, Sudas, pensó que aquel pa- ra quien querían el loto. el viajero y el rey, le daría.
    más por la flor; de manera que, inclinándose, le dijo: "No puedo vender la flor".
    Sudas, en la penumbra del bosque, estaba de pie ante la estatua de Buda, Nuestro Señor,
    cuyos labios son el templo silencioso del amor y de cuyas pupilas salen destellos de paz que
    son como el destello de la estrella matutina en el otoño.
    Luego de colocar el loto a los pies de Buda, Nuestro Señor, Sudas humilló su frente hasta
    hundirla en el polvo.
    Buda sonrió, y le preguntó: "¿Qué quieres por tu loto, hijo mío ?". contestó Sudas: "Sólo la
    caricia más leve de tus pies''

    20.


    ¡Noche ! ¡ Noche tenebrosa! ! Conviérteme en tu poeta! Permíteme entonar las canciones
    de aquellos que, durante siglos, reposaron en el silencio de tu sombra. Permíteme subir a tu
    carroza sin ruedas para vagar silencioso de un mundo a otro mundo... ! Noche! Reina en la
    morada del tiempo, tan divina en tu oscuridad!
    Afanaso y mudo he penetrado en tú morada y vagado por las estancias, sin lámpara,
    interrogándote. ¿Cuántos corazones, que la mano del desconocido armó con la flecha de la
    alegría, han prorrumpido en cánticos sacudiendo tu sombra hasta los cimientos?...
    ¡Noche! ¡Conviérteme, noche, en eI poeta de las almas vigilantes que, a. la luz de las
    estrellas, contemplan el tesoro que, inesperadamente hallaron! ¡Que sea yo, noche tenebrosa,
    el poeta de tu silencio insondable!


    21.


    Por más que el polvo de los días trastorne mi camino, he de encontrar mi vida interior, con
    esa alegría que se oculta dentro de ella misma. Alguna vez he columbrado sus destellos; algo
    de su aliento, por un Instante, ha dado fragan. cia a mis pensamientos.
    Encontraré esa alegría que me oculta el velo de la luz. ¡Y he de erguirme también en la
    soledad inmensa donde las cosas todas se ven con los ojos del Creador.




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    Mensaje por Maria Lua Miér 24 Mayo 2023, 15:33

    22.

    La excesiva luz ha fatigado a esta mañana de otoño. Si ya no quieres tañer tu flauta,
    déjame, para que con ella jue. gue a mi antojo. La abandonaré sobre mis rodillas, la rozaré
    con mis labias, la abandonaré entre las yerbas...
    Después, en la imponente serenidad nocturna, he de recoger flores para ella. La engalanaré
    con guirnaldas, la col- maré con mi lámpara. Y luego volveré hacia ti para devolvértela.
    Entonces, cuando la luna nueva vague solitaria entre las estrellas, tú tocarás melodías de
    medianoche.

    23.

    Flota sobre las olas, entre el rumor, de las aguas y del viento, el pensamiento del poeta.
    El sol se ha puesto... El cielo ensombrecido se vuelca sobre el mar como las pestañas de
    un párpado cansado. Es el instante para despojar de su pluma al poeta, para que sus
    pensamientos se hundan en el abismo insondable y alcancen el eterno secreto del silencio.

    24.

    Negra está la noche. Tu sueño se confunde con el silencio de mi vida... ¡Despierta, oh
    dolor de amar! Estoy fuera, aguardando, y no sé abrir tu puerta.
    Las horas aguardan; acechan las estrellas; ha callado el viento. El silencio, plúmbeo,
    abruma mi corazón. ¡Ay, amor!
    Despierta, calma mi vacío cáliz y acaricia la noche con el suave soplo de tu canción.

    25.

    Ya ha empezado a cantar el pájaro matutino. ¿Quién le habrá traído noticias del día antes
    de rayar el alba, cuando todavía las garras del dragón de la noche tienen cogido al cielo?
    Di, pajarillo de la mañana, ¿cómo encontró tu sendero, a través de la noche del cielo y de
    las hojas, el mensajero que llegó de Orientes... Nadie quería creerte cuando anunciaste: "¡Se
    marchó la, noche! ¡Ya llega el sol!"
    ¡Despierta, dormido amigo! Presenta tu frente al beso bendito de la luz del alba...
    embriagado de fe, con el pajarillo de la mañana.




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    Mensaje por Maria Lua Vie 26 Mayo 2023, 20:17

    26.


    Hacia el cielo sin estrellas elevé, implorante, mis resecas manos, y con famélica voz grité
    al oído de la noche. Mi imploración era para la sombra ciega, cual un dios vencido; yacía
    bajo el cielo despejado de las ilusiones perdidas. El lamento del deseo volaba en torno del
    abismo de la desesperanza cual pájaro junto al vacío nido.
    Mas, al anclar la mañana en la ribera oriental, ¡mísero de mí!, di un salto y, exclamé: "¡
    Dichoso yo, que la noche traicionera me negó su cofre de pecados!".
    Y exclamé: "¡Luz! ¡Vida! ¡Vosotras sí que sois preciosas, como preciosa es la dicha del
    que al fin os conoció"!


    27.


    Satanás, sentado junto al Ganges, desgranaba su rosario cuando se le aproximó un astroso
    Bramín, suplicándole "¡Una caridad para este pobrecito!".
    "He dado cuanto tenía -le repuso Satanás-: Lo único que me queda es mi platillo".
    "Siva, Nuestro Señor, me visitó en sueños, diciéndome que viniera", insistió el Bramín.
    Satanás, entonces, recordó que entre los guijarros de la ribera había ocultado una piedra
    preciosa.
    De manera que le dijo al pordiosero dónde estaba y éste no tardó en hallarla, sentándose
    luego en el suelo y entregándose a la meditación, hasta que el sol se ocultó bajo los árboles y
    los pastores retornaron a los hogares con sus ganados.
    Entonces se levantó y aproximándose con cautela a Satanás, le dijo: "Maestro... lo que
    quiero es un pedacito de esa riqueza que nos hace desdeñar todos los bienes del mundo...".
    Y arrojó la piedra preciosa al río.


    28.


    Un día y otro día tendí hasta tus puertas mis manos, implorando, implorando. Tú me diste
    y me diste, a veces poco, otras veces mucho. Yo recibía a mi antojo. Algunas cosas me
    pesaban mucho; otras las rompía cuando me cansaba; otras las dejé para jugar... El montón de
    cosas olvidadas y desdeñadas tornóse tan grande que llegó a ocultarte. Y mi corazón, fatigado
    de esperar y esperar, cayó rendido.
    Ahora soy yo el que te digo: "¡Toma!
    ¡Destroza cuanto hay aquí, en este platillo de limosnas! ¡Extingue la lámpara de tu
    importuno guardián! ¡ Y, tomándome por las manos, levántame por encima del cúmulo de tus
    limosnas hasta la infinita desnudez de tu solitaria presencia!



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    Mensaje por Maria Lua Jue 01 Jun 2023, 15:29

    29.


    Ya estoy entre los vencidos.
    Bien sé que ya no ganaré, que no puedo ganar la partida. Aunque sólo sea para irme al
    fondo, me arrojaré a la charca. ¡Jugaré la partida de mi propia ruina!
    Apartaré cuanto poseo; y, cuando ya nada me quede, me pondré yo mismo. Y entonces,
    definitivamente arruinado, irremisiblemente vencido, ¡habré ganado!


    30.

    Alegre fue como ninguna otra la sonrisa de mi corazón cuando, harapiento, lo arrojaste a
    mendigar al camino.
    De puerta en puerta fue mi corazón, y cada vez que su platillo estuvo colmado, lo robaron.
    Al declinar el día, fatigado, llegó mi corazón al portal de tu palacio y, como en otras
    partes, presentó implorante su platillo.
    Y tú, saliendo, le tendiste la mano y arrastrándolo hacia adentro, lo sentaste a tu vera en el
    trono.


    31.


    Cuando el hambre dominaba a Shravasti, Buda, Nuestro Señor, preguntóles a los que le
    seguían: "¿Quién de vosotros sería capaz de dar de comer a los hambrientos ? ".
    El acaudalado Ratnakar, humillando la frente, dijo: "¿Alcanzarían mis riquezas para
    alimentar a tanta gente?"
    El jefe de los ejércitos del rey, Jaysen, alegó: "Yo lo único que puedo darles es la sanee de
    mis venas. Otro bien no poseo”.
    "El demonio ha resecado mis tierras... ignoro aún con qué pagaré mis tributos al rey", dijo
    el que era propietario do tierras inconmensurables.
    Fue entonces cuando, levantándose y, luego de saludar a todos, Supriya, la hija del
    mendigo, dijo resuelta: "Yo me encargaré de alimentar a los hambrientos".
    "¿Estás loca?", exclamaron todos asombrados.
    Pero ella dijo:
    "Como soy la más pobre de todos, soy también la más poderosa ... Mi arca S mi pan están
    en vuestras casas".





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    Mensaje por Maria Lua Dom 04 Jun 2023, 08:47

    32.


    Como no conocía aún a mi rey, atrevido, creí que podría esconderme y no pagar mi
    tributo.
    Luego de mi diaria labor y tras el sueño de cada noche, huía y huía. Mas, en cuanto me
    detenía para tomar aliento, veía su mano amenazadora. Así llegué a comprender que él me
    conocía y que no había en el mundo un rincón donde pudiera ocultarme.
    Ahora, en cambio, no anhelo sino depositar a sus pies cuanto poseo y conquistar mi
    derecho a disfrutar de paz en un lugar de su reino.

    33.


    Te entregué mis cenizas, mis deseos, mis sueños, mis ilusiones, mis coloradas fantasías
    para forjar, con mi vida toda, tu imagen y lograr que los hombres la adoraran.
    Luego, al pedirte que, en mi vida, forjaras la imagen de tu corazón, para que tú lo amaras,
    me entregaste tu fuego y tu hierro, tu talento y tu verdad, tu paz y tu belleza.


    34.


    El siervo, dijo al rey: "Mi señor, Narottam, el santo, jamás se digna visitar tu templo. En
    cambio, si salieras al camino lo verías colmado de gente, cual enjambre de abejas en torno del
    blanco loto, deseosa de escuchar las alabanzas que a Dios entona. ¡Por eso, mi rey, tu templo
    se encuentra vacío y sin servidores el áureo recipiente de la miel!".
    Mortificado y herido en su corazón, el rey salió al camino donde Narottam oraba sentado
    en la yerba, y le dijo: 'Padre, ¿por qué te sientas en el polvo ¡el camino y no acudes a mi
    templo para predicar el amor a Dios bajo su cúpula de oro?".
    Narottam, dijo: "Dios no está en tu templo".
    Ceñudo, el rey replicó: "¿Acaso ignoras que en su construcción gasté veinte millones y
    que su consagración se realizó con las más magníficas ceremonias? ".
    "Lo sé", replicó Narottam. "Recuerdo que fue aquel año trágico en que el fuego destruyó
    tu ciudad y millares de desamparados acudieron a tu palacio en demanda de ayuda. F, como
    nada recibieron de tus manos, también recuerdo que Dios les ha dicho: "¡Mil veces miserable
    aquel que no queriendo levantar la casa de sus hermanos pretende erigir la mía!". "Por eso
    Dios se marchó conos desamparados y prefirió el techo que le brindaban las copas de los
    árboles. De manera que esa pompa que tú mencionas no tiene más que el vaho cálido de tu
    orgullo", concluyó Narottam.
    El rey se indignó, gritándole: "¡ Márchate de mi reino! ".
    Pero, el santo, sereno, le repuso:
    "Lo sé... Ale arrojas adonde desterraste a mi Dios".





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    Mensaje por Maria Lua Miér 07 Jun 2023, 17:03

    35.


    Aciago día! El clarín yace en el polvo. Fatigado está el viento. ¡Muerta la luz!
    ¡Acudid, guerreros, con vuestros estandartes! ¡Entonad, cantores, el himno marcial!
    ¡Allegaos, peregrinos, desde todos los caminos! ¡Apresurad la marcha! Que el clarín
    aguardándoos yace en el polvo.
    Iba yo, camino del templo, con mis ofrendas, en procura de descanso, luego de la sucia
    jornada. Deseaba restañar la sangre de mis heridas y borrar las manchas de mis ropas.
    ¡Cuando vi el clarín, que yacía en el polvo!
    ¿Acaso no era ya hora de que encendiera la lámpara de mi tienda?
    ¿Por ventura no había ya arrullado la noche a las estrellas? ¡Rosa, rosa roja como la
    sangre! Las amapolas de mi sueño palidecieron y se marchitaron. Creía que mis andanzas
    habían terminado y que, por fin, tenía todas mis deudas saldadas. ¡Cuando vi el clarín, qué
    yacía en el polvo!
    ¡Vida! ¡Golpea otra vez mi corazón adormecido de tu juventud! ¡Que mi regocijo se
    reanime en tu inextinguible fuego! ¡Rayos de la aurora, remontaos sobre el corazón de la
    noche! ¡ Conmoved de espanto al paralítico, arrebatad al ciego!
    ¡Estoy aquí para recoger del polvo tu clarín!
    ¡Apártese de mí el sueño! ¡Quiero desafiar el diluvio de flechas!... Me seguirán aquellos
    que abandonen presurosos sus hogares. Otros llorarán. Y estarán los que, impotentes, se
    retuercen en sus lechos, entre pesadillas y terribles lamentaciones.
    ¡Es que esta noche sonará tu clarín!
    Si imploré reposo sólo fue para vergüenza mía. ¡Aquí me tienes! ¡Ayúdame a cubrirme
    con mis armaduras, para que los rudos golpes del mal saquen chispas de mi vida. ¡Y que en
    mi corazón redoble el tambor de la victoria!
    Libres están mis manos. ¡Puedo, con, ellas, recoger el clarín!


    36.


    En medio de su regocijo, manchaban de lodo tu túnica. Y, padeciendo mi corazón al verlo,
    exclamé: "¡Castígalos! ¡Hermoso mío! ¡ Empuña tu vara justiciera!
    La luz purísima de la mañana hizo parpadear sus ojos enrojecidos por la orgía de aquella
    noche. El blanco lirio exhaló su febril aliento. Las postreras estrellas atisbaron, desde lo más
    profundo de la sagrada oscuridad, la algarabía de los que mancillaron tu túnica con el lodo de
    su locura. ¡Hermoso mío!



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    11


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    Mensaje por Maria Lua Dom 11 Jun 2023, 13:35

    37.


    I


    Al pie de las murallas de Mathura, Upagupta, el discípulo de Buda, echado en el suelo,
    dormía profundamente, Ya estaban extinguidas todas las lámparas y cerradas todas las
    puertas de los hogares. Y el sucio cielo de agosto ocultaba el fulgor de todas las estrellas
    De repente, Upagupta sintió sobre su pecho unos pies que, ágiles, hacían repicar sus
    ajorcas. Asustado, se incorporó, y a la luz de una lámpara contempló los ojos de una mujer
    que perdonaban.
    Era la bailarina, constelada de joyas, envuelta como por una nube, por su manto azul
    pálido y ebria de juventud.
    Hizo descender la lámpara y entonces contempló el rostro mozo de Upagupta y su austera
    belleza. Por lo que le dijo: 'Perdóname si te he despertado, hermoso. ¡Vamos! ¡Vente
    conmigo! Acompáñame a mi casa, que la tierra sucia no debe ser lecho para ti".
    Upagupta le repuso: "Sigue tu camino, mujer; que ya acudiré a ti cuando sea tiempo"
    En eso, el lobo de la noche enseñó sus dientes entre el fulgor de un relámpago. El trueno,
    desde un rincón del cielo, dejó escuchar su gruñido. Y la mujer, espantada, comenzó a
    temblar.

    II

    Tantas eran las flores que, agobiados, quebrábanse los árboles del camino. Alegres flautas
    llegaban desde lejos, traídas por el cálido soplo primaveral. Ira la fiesta de las flores. Y el
    pueblo íntegro habíase volcado en los campos. Desde lo alto del cielo la luna llena contemplaba las sombras del pueblo silencioso.
    Upagupta marchaba por la solitaria calleja. En las ramas del mango, sobre su cabeza, los
    encelados cucos repetían su desesperada súplica. Transpuso las puertas de la ciudad. Llegó
    junto al torreón y se detuvo. Una mujer al pie del muro, perdíase en su sombra. Su cuerpo
    estaba llagado por la peste negra, y era evidente que la habían arrojado do la ciudad.
    Upagupta se sentó a su vera. Hízola apoyar la cabeza sobre su pecho y la humedeció con
    agua los labios. Después cubrió con bálsamo el amoratado pecho. "¿Quién eres ?", preguntó
    la mujer. Y Upagupta contestó
    "Llegó la hora en que había de visitarte, y aquí me tienes contigo".





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    Mensaje por Maria Lua Lun 12 Jun 2023, 20:59

    38.


    Pida mía, este amor nuestro nada tiene de juego.
    ¡Por la noche, cuántas veces el huracán se ha echado sobre mi lámpara extinguiéndola con
    su soplo terrible!
    ¡Las veces que las negras dudas se agolparon sobre mi cabeza e impidieron que
    contemplara las estrellas de mi cielo!
    ¡Cuántas veces, el diluvio y las aguas rompieron su riberas arrasaron mis cosechas! ¡Y mi
    desesperación, en un lamento, desgarró entonces mi cielo desde el norte al sur!
    ¡Vida mía¡ El dolor golpea y lacera este amor nuestro. ¡Qué esperanza! No es ni apático ni
    es frío como la muerte...


    39.


    Por la grieta del muro penetra el tajo de luz.
    ¡Luz victoriosa! ¡Has atravesado el corazón de la noche!
    ¡Atraviesa, también, con tu espada refulgente, este mi laberinto de dudas y vanos anhelos!
    ¡Victoria! Acude, tú, Implacable, tú que tienes la más terrible de las blancuras.
    ¡Oh, luz! ¡Cómo redobla tu tambor marcial sobre el fuego! Tu roja antorcha se agita en lo
    alto y, en un esplendoroso concierto, da muerte a la muerte.


    40.


    Para ti mi canto de victoria, ¡hermano Fuego
    Eres la imagen fulgurante de la medrosa libertad. Paseas por el cielo tus brazos múltiples y
    deslizas tus dedos por las cuerdas tensas del arpa. ¡Cuán hermosa es, hermano Fuego, la
    música de tu danza!
    Cuando suene mi postrera hora y se abran a mi espíritu las puertas, serás tú quien
    convierta en cenizas esta traba de mis manos y mis pies. Mi cuerpo se confundirá contigo,
    Fuego. En tu frenético torbellino envolverás mi corazón. Y lo que tuvo de luciente ardor mi
    vida, estallando, en un último destello, se confundirá con tu llamarada redentora.





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    Mensaje por Maria Lua Mar 13 Jun 2023, 20:55

    41.



    Vaga esta noche por el mar el marino, y el mar está enloquecido.
    El mástil se lamenta, con el velamen inflado por el huracán. Envenenado de terror, el cielo
    ha sido devorado por las fauces de la noche. Las olas rompen sus cabezas contra los arrecifes
    de lo desconocido. Vaga el marino por el mar enloquecido...
    ¿Para qué ha ido al mar el marino? ¿Por qué espanta a la negra noche con la fúlgida
    blancura de su velamen? Ignoro dónde desembarcará; no sé si des- embarcará; si llegará otra
    vez al hogar silencioso, donde ella le aguarda, a la luz de la lámpara, sentada en tierra...
    ¿Qué busca el marino que arriesga su embarcación librándola a la tormenta y a las
    sombras? ¿Va cargada, acaso, de perlas y diamantes?
    ¡No, no! Sólo sé que el marino lleva una blanca rosa en la mano y que en sus labios
    florece una canción para aquella que lo aguarda, a la luz de la lámpara, sentada en tierra.
    En la choza que está a la vera del sendero vive ella. Tiene suelta al viento su cabellera; y la
    cabellera, revuelta, le oculta los ojos.
    En las resquebrajadas maderas de su puerta aúlla la tempestad. La luz de la lámpara alarga
    y encoge las sombras de los muros. Y ella, entre los bramidos del vendaval, oye que la
    llaman por su nombre desconocido.
    ¿Cuánto dura el viaje del marino por mar? ¿Cuánto tiempo pasará hasta que brille el alba y
    llame a la puerta de la choza de ellas Nadie lo sabrá. Tampoco redoblarán los alegres
    tambores. Pero la luz colmará la choza, y su suelo será bendito, y habrá alegría en los
    corazones.
    ¡Sí! Cuando pise la playa el marino, en silencio, se disiparán las dudas como sombras






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    Mensaje por Maria Lua Jue 15 Jun 2023, 17:29

    42.


    Aferrado estoy a mi pobre cuerpo, que es como tabla viva entregada a la correntada de mis
    años terrenales. Una vez que fine la travesía, lo abandonaré. ¿Entonces? ¿Será la misma luz?
    ¿Habrá la misma oscuridad?
    La eterna libertad está en lo Ignoto? que es impío con sus amores y se complace en
    aplastar la perla muda dentro de su cárcel de sombras.
    ¡Corazón, corazón mío! No llores más, no pienses en los días que pasaron. ¡Regocíjate!
    otros días están por llegar. Pronto llegará tu hora, peregrino. ¡Es tiempo ya de que tomes por
    el nuevo sendero!
    Una vez más el velo caerá de su rostro y podrás contemplarlo con tus propios ojos...:




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    Mensaje por Maria Lua Sáb 17 Jun 2023, 19:47

    43.



    Sobre las sagradas reliquias de Buda, Nuestro Señor, erigió un blanco santuario el rey
    Bimbisar. Era todo de mármol y parecía una oración. Y al atardecer, todos los días, hasta él
    acudían las doncellas de la corte para depositar sus ofrendas.
    Después, muerto Bimbisar y convertido su hijo en rey, borró con sangre la religión y
    alimentó el fuego de los sacrificios con los libros sagrados.
    Iba cayendo la tarde otoñal la hora de la oración vespertina.
    La doncella de la reina, la pequeña Shrimati, devota de Buda, nuestro señor, se bañó en
    agua bendita, adornó con luces v flores frescas el altar, v luego, presentándose ante su señora,
    la miró silenciosamente con sus oscuros ojos,
    La reina, estremecida, le reprochó: "¿Acaso Ignoras, necia, que es voluntad del rey que
    todo aquel que adore a Buda sea condenado a muerte"?
    La pequeña Shrimati se inclinó ante la reina y acudió a Amita, la esposa del hijo del rey.
    Estaba ésta trenzando su larga cabellera negra, ante un espejo de oro bruñido que sostenía en
    sus fallas, y se disponía a colocar en el nacimiento de la raya de su peinado el lunar rojo de la
    buena suerte.
    Cuando vio a la doncellita, la apartó con sus manos temblorosas y le reprochó:
    "¡Márchate! ¿Qué maleficio quieres traerme?"
    La princesa Shukla, junto a su ventana, a la luz del poniente, leía un romance. Cuando vio
    llegar a la doncellita con las sagradas ofrendas, dejando caer el libro, la llamó y susurró al
    oído: "¡Qué atrevidas eres l ¿Por qué provocas así a la muerte!"
    Shrimati, de puerta en puerta, continuó llamando: "¡Acudid, acudid, mujeres de la casa del
    rey, que ha llegado la hora de la oración de Buda, Nuestro Señor!"
    Pero, unas le cerraron las puertas y otras la insultaron soezmente.
    Ya casi no había luz en lo alto de la torre del palacio. Las sombras se guarecían en las
    sombras de las calles. No hubo más movimiento en las calles de la ciudad. El gong del
    templo de Siva comenzó a llamar para las oraciones vespertinas. Y en el límpido lago del
    atardecer de aquella noche otoñal, comenzaron a palpitar las luciérnagas de las estrellas.
    Los guardianes del parque del palacio vieron entonces, con sobresalto, que una hilera de
    lámparas ardía en el santuario de Buda. Y, desenvainando las espadas, acudieron, gritando:
    "¿Quién eres, desventurado, que acudes en busca de la muerte?"
    "Soy Shrimati", respondió una suave voz: " Soy la esclava de Buda, Nuestro Señor",
    La sangre de su ardiente corazón tiñó de grana el mármol frío y blanco. Y con la última
    luciérnaga del cielo se extinguió la postrera lámpara del suntuario.





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    "Ser como un verso volando
    o un ciego soñando
    y en ese vuelo y en ese sueño
    compartir contigo sol y luna,
    siendo guardián en tu cielo
    y tren de tus ilusiones."
    (Hánjel)





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    Rabindranath Tagore (1861-1941) - Página 26 Empty Re: Rabindranath Tagore (1861-1941)

    Mensaje por Maria Lua Miér 21 Jun 2023, 22:31

    44.


    Por última vez este día que nos separa, nos saluda a los dos. La noche arroja su pesado
    velo y oculta la única lámpara que arde en mi alcoba.
    Llega tu negra esclava y tiende el tapiz nupcial. Y tú, sola conmigo, hasta que muere la
    noche, en silencio, te sien-tas a mi lado.


    45.


    La pesadumbre me ha servido de lecho, y los ojos parece que se me cayeran. Tengo el
    corazón de plomo, sin fuerzas aún para afrontar la atropella- da alegría matinal.
    ¡Echa un velo sobre esta luz demasiado violenta y desnuda! ¡Aparta de mí tan crudo
    resplandor y esta vida que marea! Para que sólo me ampare la suave sombra de tu manto y
    preserve mi dolor de las arremetidas del mundo.

    46.


    ¡No podré retribuirlo a ella cuanto ¡no dio! Su noche tiene ya mañana, y en tus brazos tú te
    la llevas. ¡Toma, pues, estos presentes y este agradecimiento que eran para ella!
    ¡Perdón por todo cuanto pudo dañarla y ofenderla en mí 1 Toma y convierte en tus
    esclavas estas flores de mi amor, que no llegaron a florecer cuando ella aguardaba que
    florecieran





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