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    Mensaje por Maria Lua 24.01.23 7:20

    No ceso de hablar


    No ceso de hablar de la tenue diferencia entre las mujeres y los árboles,
    de la magia de la tierra, de un país cuyo sello no he visto en ningún pasaporte.
    Pregunto: señoras y señores de buena voluntad, ¿la tierra de los hombres es para todos los hombres
    como afirmáis? Entonces ¿dónde está mi choza, dónde estoy yo? La asamblea me aplaude.
    Otros tres minutos, tres minutos de libertad y reconocimiento… La asamblea acaba de aprobar
    nuestro derecho a volver, como todos los pollos, como todos los caballos, a un sueño de piedra.
    Les estrecho la mano, uno por uno, y les hago una reverencia… Y prosigo este viaje
    hacia otro país donde hablo sobre la diferencia entre espejismo y lluvia
    y pregunto: señoras y señores de buena voluntad, ¿la tierra de los hombres es para todos los hombres?







    Em português:



    Não me Canso de Falar

    Não me canso de falar sobre a diferença tênue
    entre as mulheres e as árvores,
    sobre a magia da terra, sobre um país cujo carimbo
    não encontrei em nenhum passaporte.
    Pergunto: Senhoras e senhores de bom coração,
    a terra dos homens é, como vós afirmais, de todos os homens?
    Onde está então o meu casebre? Onde estou eu?
    A assembléia aplaudiu-me durante três minutos,
    três minutos de liberdade e de reconhecimento…
    A assembleia acaba de aprovar
    o nosso direito ao regresso,
    como o de todas as galinhas e todos os cavalos,
    a um sonho de pedra.
    Aperto-lhes a mão, um a um, depois faço uma saudação,
    inclinando-me…
    e continuo a viagem para outro país,
    onde falarei sobre a diferença
    entre miragens e chuva.
    E perguntarei:
    Senhoras e senhores de bom coração,
    a terra dos homens
    é de todos os homens?


    Mahmoud Darwish
    (Poeta palestino, 1941-2008)


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    Mensaje por Maria Lua 24.01.23 7:25

    En português




    Se a oliveira se lembrasse de quem a plantou
    O azeite seria lágrimas!
    Sabedoria dos ancestrais,
    Se lhe ofertássemos de nossa carne um escudo!
    Mas a planície do vento
    Não oferta aos escravos do vento cereais!
    Arrancaremos com os cílios
    Os espinhos e as mágoas… arrancaremos!
    Para onde levaremos nossa desonra e nossa cruz!
    E o universo prossegue…
    Permaneceremos na oliveira em seu verdejar
    E ao redor da terra como escudo!!
    Nós amamos as rosas,
    Mas amamos o trigo ainda mais.
    Nós amamos a fragrância das rosas,
    Mas mais puras são as espigas de trigo.
    Protejam, pois, o trigo do tempo
    De peito cravado,
    Tragam a cerca vinda do centro…
    Dos corações, e como pode ela ser rompida??
    Segurem o gargalo das espigas
    Como a empunhar uma adaga!
    A terra, o camponês e a determinação
    Diga-me: como podem ser derrotados…
    Essa tríade
    Como pode ela ser derrotada?1





    1 DARWISH, Mahmoud. “Sobre a perseverança”. In: A terra nos é estreita e outros poemas. São Paulo: Edições Bibliaspa, 2012 (trad. Paulo Farah).


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    Mensaje por Maria Lua 26.01.23 9:17

    En português

    Efêmeros em palavras efêmeras




    1.
    Vocês que passam com palavras efêmeras,
    levem seus nomes e vão embora
    tirem suas horas do nosso tempo e vão embora
    roubem à vontade do azul do mar e das areias da lembrança
    tirem fotos à vontade, e assim vão saber
    que não hão de saber
    como uma pedra da nossa terra constrói o teto do céu.

    2.
    Vocês que passam com palavras efêmeras
    de vocês vem espada, de nós vem nosso sangue
    de vocês vêm fogo e aço, de nós vem nossa carne
    de vocês vem outro tanque, de nós vem pedra
    de vocês vem a bomba de gás, de nós vem chuva.
    Um mesmo céu e um mesmo ar nos cobre
    peguem seu quinhão do nosso sangue, mas vão embora
    entrem no jantar dançante, mas vão embora
    temos que zelar pela rosa dos mártires
    temos que viver como a gente quer!

    3.
    Vocês que passam com palavras efêmeras,
    como a poeira amarga, passem onde quiserem, mas
    não passem entre nós como insetos com asas
    temos o que fazer na nossa terra
    temos trigo a criar e regar com o orvalho do nosso corpo
    temos o que a vocês aqui não agrada:
    temos pedra... e perdiz!
    Levem o passado, se quiserem, ao mercado das quinquilharias
    devolvam, se quiserem, o esqueleto do passarinho ao prato de porcelana.
    Temos o que não lhes agrada: temos o futuro
    temos o que fazer na nossa terra.

    4.
    Vocês que passam com palavras efêmeras,
    soquem seus dramas num buraco abandonado e vão embora
    voltem atrás o ponteiro do tempo até o bezerro sagrado
    ou até o disparo ritmado do revólver!
    Temos o que a vocês aqui não agrada, então vão embora
    temos o que por dentro vocês não têm:
    uma pátria que jorra um povo que jorra uma pátria
    que combina com esquecer e lembrar.
    Vocês que passam com palavras efêmeras,
    é hora de irem embora
    de morarem onde quiserem, mas não entre nós
    é hora de irem embora
    de morrerem onde quiserem, mas não entre nós
    temos o que fazer na nossa terra
    aqui temos o passado
    temos a primeira voz de vida
    temos o presente, o presente e o que está por vir
    temos o mundo aqui e temos a outra vida
    saiam da nossa terra, do nosso deserto, do nosso mar
    saiam do nosso trigo, do nosso sal, da nossa ferida
    de tudo
    saiam das lembranças da nossa memória,
    vocês que passam com palavras efêmeras
    .




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    Mensaje por Maria Lua 28.01.23 18:24

    ONZE ASTROS

    INCIDINDO NA ÚLTIMA CENA ANDALUZINA




    I

    Na última noite

    nesta terra



    Na última noite nesta terra, arrancamos os dias

    das pequenas árvores, e contamos as costelas que levaremos junto

    e aquelas que deixaremos aqui, na última noite

    não diremos adeus, não teremos tempo para acabar.

    Tudo ficará como está, já que o lugar trocará os nossos sonhos

    e trocará os nossos hóspedes. De uma hora para outra, não saberemos mais brincar

    porque o lugar estará pronto para receber a poeira... Aqui, na última noite,

    contemplamos as montanhas rodeadas de nuvens: a conquista... a reconquista

    o tempo antigo a entregar ao tempo novo as chaves dos portões.

    Entrem, senhores conquistadores, entrem nas nossas casas, bebam do vinho

    das nossas doces “muachahat”. Seremos a noite e, finda a meia-noite,

    já não haverá mais auroras levadas em dorso de cavalo, ouvido o último muezim.

    O nosso chá é verde, é quente, bebam, o amendoim é fresco, comam,

    as camas são verdes, a madeira é de cedro, entreguem-se ao sono

    depois de tão longo cerco, durmam nas plumas dos nossos sonhos,

    os lençóis estão estendidos, os perfumes esperam por vocês à porta, há muitos espelhos, entrem, nós vamos sair de vez, e vamos depois procurar saber

    como era a nossa história frente à história de vocês na longínqua terra,

    vamos nos perguntar por fim: onde era o Alandalus

    aqui ou lá? nesta terra ou no poema?


    II

    Como devo escrever

    nas nuvens?



    Como devo escrever nas nuvens o testamento dos meus? se eles

    abandonam o tempo como abandonam os casacos nas casas, se eles

    a toda vez que erguem um forte o destroem para erguer em seu lugar

    uma tenda de saudades da primeira palmeira... Os meus traem os meus:

    nas guerras em defesa do sal. Mas Granada é toda ouro,

    seda de falas bordada com amêndoa, prata de lágrimas impressa nas

    cordas do alaúde. Granada é a grande ascensão a si mesma...

    Pode ser o que se deseja: saudade de

    qualquer coisa que passou ou que vai passar: a asa de uma andorinha

    roça o seio de uma mulher na cama, e ela grita: Granada é meu corpo.

    Alguém perde a gazela nos prados, e grita: Granada é minha terra.

    Eu sou de lá. E você, cante para que os rouxinóis façam destas costelas

    uma escada que leva ao céu nada distante. Cante o heroísmo de quem sobe o cortejo,

    lua após lua, pelo beco da amante. Cante as aves do jardim

    em cada pedra. Como eu o amo! Você, que pouco a pouco

    me quebrou a caminho da noite quente, cante!

    Não haverá mais a manhã para se sentir o cheiro do café, depois da sua partida. Cante, cante a minha saída.

    Deixei o arrulho das pombas nos seus joelhos, deixei o ninho da minha alma

    nas letras do seu doce nome, Granada do meu canto, cante!



    III

    Depois do céu

    tenho um céu...



    Depois do céu tenho um céu para voltar, mas

    ainda lustro o metal deste lugar, e vivo

    a hora que vê o oculto. Sei que o tempo

    não repete o nosso acordo, sei que sairei do

    meu estandarte como uma ave que não pousa nas árvores do jardim,

    sairei da minha pele, e da minha língua

    cairão palavras de amor como o amor da

    poesia de Lorca que habitará o meu quarto

    e verá o que eu vi da lua beduína. Sairei das

    amendoeiras como o algodão sai das espumas do mar. Um estranho passou

    levando setecentos anos de cavalos. Um estranho passou

    aqui, como passa também lá. Sairei em breve

    das rugas do meu tempo, como um estranho, rumo à Síria e ao Alandalus.

    Esta terra não cobre o meu céu, mas esta tarde é minha,

    as chaves são minhas, meus são os minaretes e os lampiões, eu

    também sou meu. Sou o Adão de dois paraísos, que perdi duas vezes.

    Expulsem-me, mas devagar,

    matem-me, mas devagar,

    debaixo da minha oliveira,

    com Lorca...



    IV

    Sou

    dos últimos reis



    Sou dos últimos reis... apeei da

    égua no último inverno, sou o último suspiro árabe.

    Não apareço no mirto por cima dos telhados, não

    olho ao redor para ver se alguém me vê, alguém que me conhecesse de antes,

    que soubesse que lapidei o mármore da fala para a minha mulher atravessar

    descalça as manchas de luz, não apareço na noite para

    não ver a lua que acendia os segredos de Granada

    em cada corpo. Deixo de olhar a sombra para não ver

    alguém carregando o meu nome e vindo atrás de mim:

    retire de mim o seu nome e dê-me

    a prata do álamo. Não me viro para trás para não

    lembrar que passei sobre este chão. Não há chão nesta

    terra desde que o tempo se partiu ao meu redor em mil fragmentos.

    Não fui um apaixonado para acreditar que as águas fossem espelhos,

    como eu disse aos antigos amigos, nenhum amor intercede por mim,

    desde que aceitei o “acordo de paz” não tenho presente

    para passar perto a manhã do meu passado. Castela erguerá

    uma coroa sobre o minarete de Deus. Ouço o barulho das chaves na

    porta dourada da História, adeus à nossa história, serei eu

    que vai trancar a ultima porta do céu? Sou o último suspiro árabe.



    V

    Um dia, sentarei

    na calçada



    Um dia sentarei na calçada... na calçada de uma estranha.

    Não terei sido um narciso, embora eu defenda a minha imagem

    nos espelhos. Você já não esteve um dia aqui, estranho?

    Quinhentos anos se passaram, e a nossa separação ainda está incompleta,

    as nossas cartas não foram interrompidas, as guerras

    não modificaram os jardins de Granada. Um dia passarei por suas luas

    e roçarei o meu desejo num limão... Abrace-me para eu poder renascer

    dos aromas de um sol e de um rio sobre os seus ombros, e dos pés

    que arranham a tarde, e a tarde que chorará como leite para a noite do poema...

    Não terei sido um passante na palavra dos cantadores... eu seria

    a própria palavra dos cantadores, a paz de Atenas e Pérsia,

    um Oriente que abraça um Ocidente na partida rumo a uma essência única.

    Abrace-me para eu poder renascer das espadas damascenas nos mercados.

    Nada sobrou de mim além do escudo antigo e da cela dourada do meu cavalo.

    Nada sobrou de mim além de um manuscrito de Averróis, o Colar da Pomba, e as traduções...

    Eu costumava sentar na calçada da Praça Margarida

    e contava as pombas: uma, duas, trinta... contava as meninas

    que disputavam a sombra das árvores sobre o mármore,

    e as folhas da idade me abandonavam amarelas.

    O outono passou por mim, e eu não percebi,

    todo o outono passou, e a nossa história passou na calçada...

    e eu não percebi!



    VI

    A verdade tem duas caras

    e a neve é negra



    A verdade tem duas caras e a neve é negra na nossa cidade.

    Já não somos capazes de desespero como antes, e o fim caminha para

    a muralha, com passos firmes,

    sobre este azulejo molhado de lágrimas, com passos firmes.

    Quem baixará as nossas bandeiras: nós, ou eles? E quem

    nos lerá “o acordo de paz”, ó rei da agonia?

    Tudo está preparado, quem arrancará os nossos nomes

    da nossa identidade: você ou eles? E quem semeará em nós

    o discurso da arrogância: “Não conseguimos romper o cerco,

    entreguemos as chaves do paraíso para o ministro da paz, e salvemo-nos...”

    A verdade tem duas caras, o lema santo era uma espada para nós e

    sobre nós, e então o que você fez do nosso forte antes desse dia?

    Você não lutou porque temia a morte, mas o seu trono é um caixão,

    carregue então o seu caixão para salvar o trono, ó rei da espera.

    Esta paz fará de nós um punhado de pó....

    Quem vai nos enterrar os dias depois que tivermos ido: você ou eles? Quem

    levantará as bandeiras deles sobre as nossas muralhas: você ou

    um cavalheiro sem esperanças? Quem pendurará os sinos em cima da nossa partida:

    você ou um guarda miserável? Tudo está preparado para nós,

    então por que delonga a negociação, ó rei do agonia?



    VII

    Quem sou eu

    terminada a noite da estranha?



    Quem sou eu terminada a noite da estranha? Acordo do meu sonho

    com medo da ambigüidade do dia no mármore da casa, da

    penumbra do sol nas rosas, da água do meu chafariz,

    com medo do leite nos lábios do figo, com medo

    da minha língua, com medo do ar a pentear um salgueiro, com medo

    da obviedade do tempo denso, e de um presente que não é mais

    presente, com medo da minha passagem por um mundo que não é mais

    o meu mundo. Ó desespero, seja misericórdia. Ó morte, seja

    bênção para o estranho que vê o oculto mais claro

    que uma realidade que deixou de ser realidade. Cairei de uma estrela

    do céu numa tenda a caminho de onde?

    Onde está o caminho para qualquer coisa? Vejo o oculto mais evidente que

    uma rua que não é mais a minha. Quem sou eu terminada a noite da estranha?

    Eu caminhava até a essência nos outros, e aqui estou

    perdendo a essência e os outros. Meu cavalo desapareceu na costa atlântica,

    o meu cavalo na costa mediterrânea finca em mim a lança cruzada.

    Quem sou eu terminada a noite da estranha? Não consigo retornar aos

    meus irmãos perto da palmeira da velha casa, não consigo descer

    até o fundo do meu abismo. Ó oculto! Não há coração para o amor... não

    há coração para o amor onde eu possa morar, terminada a noite da estranha...


    VIII

    Seja a corda para a minha guitarra,

    ó água



    Seja a corda para a minha guitarra, ó água: os conquistadores chegaram,

    os antigos partiram. É difícil lembrar o meu rosto

    nos espelhos. Seja-me a memória para eu lembrar o que perdi...

    Quem sou eu depois da coletiva partida? Tenho uma rocha

    que carrega o meu nome sobre colinas que veem o que passou

    e acabou. Setecentos anos me acompanham atrás dos muros da cidade...

    Em vão o tempo gira para eu salvar o meu passado num instante

    que faz nascer agora a história do meu exílio em mim... e nos outros...

    Seja a corda para a minha guitarra, ó água, os conquistadores chegaram,

    os antigos partiram para o sul, povos restaurando os seus dias

    nos escolhos da transformação: sei quem fui ontem, mas o que serei

    amanhã sob as bandeiras atlânticas de Colombo? Seja a corda

    para a minha guitarra, ó água. Não há Egito no Egito, nem

    Fez em Fez, e Damasco está distante. Não há nenhum sacre

    na bandeira da minha gente. Não há rio ao leste do palmeiral cercado

    com os cavalos rápidos dos mongóis. Em que Alandalus vou terminar? Aqui

    ou lá? Saberei que morri e que deixei aqui

    o que há de melhor em mim: o meu passado. Nada me sobrou além da minha guitarra.

    Seja a corda para a minha guitarra, ó água. Os conquistadores se foram,

    os conquistadores chegaram...



    IX

    Na grande partida,

    eu te amo mais...



    Na grande partida eu a amo mais, e em breve

    você fechará a cidade. Não há um coração para mim na sua mão, nem

    um caminho que me leve. Na grande partida eu a amo mais.

    Não há leite para a romã na nossa varanda depois que você tiver ido. O palmeiral diminuiu,

    diminuiu o peso das colinas, nossas ruas diminuíram no crepúsculo,

    a terra diminuiu quando se despediu de sua terra. As palavras diminuíram,

    as histórias diminuíram na escada da noite. E o meu coração está carregado.

    Deixe-o aqui ao redor da sua casa a bater e chorar o tempo bom.

    Não tenho outra pátria além dele. Na partida eu a amo mais.

    Esvazio a alma das últimas palavras: eu a amo mais.

    Na partida, as borboletas guiam as nossas almas, na partida

    lembramos o botão da camisa que se despreendeu, e esquecemos

    a dança dos cavalos nas noites das nossas núpcias, na partida

    nos igualamos às aves, sentimos compaixão dos nossos dias, basta-nos o pouco,

    de você, basta-me a adaga dourada que faz dançar o meu coração assassinado.

    Mate-me, devagar, para que eu possa dizer: eu a amo mais do que

    eu disse antes da grande partida. Eu a amo. Nada dói em mim.

    Nem o ar, nem a água... a sua manhã é uma manhã sem manjericão, na sua tarde nenhum lírio dói em mim... depois da grande partida.


    X

    Do amor não quero nada

    além do início



    Do amor não quero nada além do início, nas praças da minha Granada

    as pombas remendam as vestes do dia.

    As jarras estão cheias de vinho para a festa depois da nossa partida.

    Sobram muitas janelas nas canções para explodir a flor de granada



    Deixo o jasmim no vaso, deixo o meu coração pequeno

    no armário da minha mãe, deixo o meu sonho rindo na água,

    deixo a aurora no mel do figo, deixo o meu dia e anoiteço

    na senda até a Praça da Laranja onde as pombas revoam.



    Teria sido eu quem desceu até os seus pés para erguer a fala?

    Lua branca no leite das suas noites... bate o vento

    e eu vejo a rua azul da flauta... bate a tarde

    e eu vejo como adoece entre nós o mármore.



    As janelas abandonaram os pomares do seu xale. Em outro

    tempo eu sabia muito sobre você, colhia gardênias

    dos seus dedos. Em outro tempo obtinha pérolas

    torneando o seu colo, e um nome num anel por onde iluminava o escuro.



    Do amor não quero nada além do início, as pombas voaram

    acima da última esfera do céu, as pombas voaram, revoaram.

    Restará muito vinho nas jarras, depois da nossa partida,

    basta bem pouca terra para nos encontrar e se dar a paz.



    XI

    Violinos



    Violinos choram: vão-se os ciganos a Alandalus.

    Violinos choram: vão-se os árabes de Alandalus.



    Violinos choram: o tempo ido é sem retorno.

    Violinos choram: a pátria ida terá retorno.



    Violinos queimam: a mata é escuridão distante.

    Violinos sangram: sentem pulsar o sangue.



    Violinos choram: vão-se os ciganos a Alandalus

    Violinos choram: vão-se os árabes de Alandalus.



    Violinos: cavalos nas cordas da miragem, na água gemente.

    Violinos: campo violáceo selvagem, longe, circundante.



    Violinos: fera fustigada, unha de mulher, o roçar do toque.

    Violinos: escala menor, sons de exército em cemitério de mármore.



    Violinos: loucos corações no rodopiar de pés da dançarina.
    Violinos: bando de aves a migrar da bandeira não erguida.



    Violinos: seda encrespada, queixas de mulher à noite sozinha.

    Violinos: voz de vinho distante a evocar o dia vencido.



    Violinos: me seguem, aqui, ali, para vingarem-se de mim.

    Violinos: para matarem-me, onde quer que eu termine.



    Violinos choram pelos árabes que se vão de Alandalus.

    Violinos choram com os ciganos que se vão a Alandalus.







    (Do livro Onze Astros, de 1992).






    Traduções de Michel Sleiman e Safa Jubran.



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    o un ciego soñando
    y en ese vuelo y en ese sueño
    compartir contigo sol y luna,
    siendo guardián en tu cielo
    y tren de tus ilusiones."
    (Hánjel)





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    Mahmud Darwish (1941-2008) - Página 11 Empty Re: Mahmud Darwish (1941-2008)

    Mensaje por Maria Lua 30.01.23 9:33

    MAHMUD DARWICH


    Poema da terra


    1

    Em março, no ano da Intifada, a terra nos disse seus segredos de sangue. Em março,
    cinco meninas passaram diante da violeta e do fuzil. Pararam à porta de uma escola
    primária e queimaram junto à rosa e o tomilho. Começaram o canto da terra e se
    entregaram ao abraço final. Março chega à terra vindo de dentro da terra e da dança das
    meninas - a violeta se curvou um pouco para a voz das meninas passar. Os pássaros
    esticaram os bicos em direção do canto e do meu coração.
    Eu sou a terra
    e a terra é você
    Ḫadīja! Não feche a porta
    não entre na ausência
    vamos expulsá-los do vaso de flores e do varal
    vamos expulsá-los das pedras deste caminho longo
    vamos expulsá-los do ar da Galileia.
    Em março, cinco meninas passaram diante da violeta, do fuzil. Caíram à porta de uma
    escola primária. Nos dedos o giz na cor dos pássaros. Em março a terra nos disse seus
    segredos.

    2

    A terra chamo de extensão da minha alma
    as mãos chamo de borda das feridas
    e chamo de asas o seixo
    e chamo de amêndoa e de figo os pássaros
    e chamo de árvore as costelas
    e da figueira em meu peito destaco um ramo,
    lanço como uma pedra
    e destruo o tanque dos invasores.

    3

    Em março, trinta anos e cinco guerras antes,
    nasci em cima de um monte de ervas reluzentes sobre as tumbas.
    Meu pai era prisioneiro dos ingleses enquanto minha mãe cuidava de suas tranças e do
    meu crescimento na relva. Eu adorava as feridas de amor2
    , flor que eu juntava nos
    bolsos, e elas murchavam ao meio-dia. Um tiro atravessou minha lua, e ela não quebrou,
    mas o tempo passou por ela e, sem querer, caiu.
    Em março nos estendemos na terra.
    Em março a terra se espalha em nós
    encontros obscuros,
    simples comemorações,
    descobrimos o mar debaixo das janelas
    e a lua triste no alto do cipreste.
    Em março entramos na primeira prisão e no primeiro amor
    as memórias precipitam sobre uma vila sitiada,
    nascemos lá e nunca ultrapassamos as sombras do marmeleiro.
    Como fogem dos meus caminhos, sombras do marmeleiro?
    Em março entramos no primeiro amor
    e na primeira prisão
    e as memórias iluminam um crepúsculo em língua árabe:
    O amor me diz um dia: Entrei sozinho em seu sonho, me perdi e o sonho se perdeu em
    mim. Eu disse: Multiplique-se! Talvez o rio corra até você.
    Em março a terra descobre seus rios.

    4

    Meu país, distante de mim como meu coração!
    Meu país, perto de mim como minha prisão!
    Por que cantar
    um lugar, se meu rosto é um lugar?
    Por que cantar
    a uma criança que dorme num montinho de açafrão
    se nas bordas do sonho há uma adaga
    se minha mãe me dá o seu peito
    e morre na minha frente
    numa bufada de âmbar?




    2 O termo jurḥ alḥabīb é o nome de um tipo de flor semelhante ao lírio do campo, ou lírio do vale.


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    Mensaje por Maria Lua 31.01.23 8:29

    5


    Em março despertam os cavalos
    senhora terra!
    Que canção percorrerá o seu ventre ondulante depois de mim?
    Que canção combina esse orvalho com o incenso
    como se os templos agora se questionassem sobre os profetas da Palestina em seu
    contínuo início.
    Verdeja a distância e avermelham as pedras -
    Esta é minha canção
    e como o Messias evade a ferida e o vento
    verde, como as plantas, ele recobre seus pregos e minhas correntes.
    Esta é minha canção.
    É como o jovem árabe ascende ao sonho e a Jerusalém.
    Em março despertam os cavalos.
    Senhora terra!
    Os cavalos fazem da espiral de picos um tapete de rezas
    oram as lanças e meu sangue
    fazem um arco da semiesfera
    e meu rosto e o teu rosto são Haifa e as bodas.
    Em março o mar se recolhe da nossa terra estendida como
    um cavalo para o sexo.
    Em março o sexo se ergue nas árvores da costa árabe.
    As ondas devem confinar as ondas... devem ondular... devem
    se casar... ou afundar no algodão.
    Eu lhe imploro, senhora terra, que me permita habitar o seu relincho.
    Eu imploro que me enterre com as pequenas meninas entre a violeta e o fuzil.
    Eu lhe imploro, senhora terra, que fertilize minha vida dividida entre duas questões:
    como? e onde?
    Esta é minha primavera primeira.
    Esta é minha primavera final.
    Em março a terra casou suas árvores.


    6
    É como se eu voltasse para o que passou
    e andasse sempre um passo à frente,
    e entre o azulejo e a satisfação
    recupero a harmonia.
    Sou o menino das palavras simples
    sou mártir do mapa
    sou a flor nos galhos do damasqueiro.
    Pois então, opressores ao limite do impossível
    desde o Sul até a Galileia,
    devolvam-me as minhas mãos
    devolvam-me a identidade!


    _________________



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    Mensaje por Maria Lua 31.01.23 8:30

    7


    Em março as sombras chegam sedosas e os invasores chegam sem sombras
    os pássaros vêm obscuros como a confissão das meninas
    às claras como os campos
    os pássaros são as sombras dos campos cobrindo o coração e as palavras.
    Ḫadīja!
    Onde estão suas netas que foram atrás do novo amor?
    Foram colher procurando pedras -
    disse Ḫadīja, enquanto chama por elas debaixo do orvalho.
    Em março a terra anda como um sangue fresco ao meio-dia. Cinco meninas escondem
    um campo de trigo debaixo da trança. Elas leem os primeiros versos de uma canção
    sobre o vinhedo de Hebron, escrevem cinco cartas:
    Viva meu país
    do Sul à Galileia
    elas sonham com Jerusalém depois das provas da primavera e da expulsão dos
    invasores.
    Ḫadīja! Não feche a porta
    e não vá nas nuvens
    hoje vai chover
    vai chover balas
    hoje vai chover!
    Em março, no ano da Intifada, a terra nos disse seus segredos de sangue. Cinco meninas
    paradas na porta da escola primária se depararam com os soldados. Brilha um verso
    verde... verde. Cinco meninas paradas na porta da escola primária se quebram como
    espelhos
    as meninas espelham o país no coração...
    Em março a terra queimou suas flor
    es.


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    Mensaje por Maria Lua 05.02.23 16:53

    CANCIÓN DE AMOR SOBRE LA CRUZ



    Ciudad de todas las heridas pequeñas,
    ¿no apagarás mi mano?
    ¿No podrás enviarme una gacela,
    y limpiarme la frente,
    y el pulmón,
    de ceniza?
    Añorarte es lo mismo que una ausencia.
    Llamo a todas las puertas,
    gritando,
    preguntando:
    ¿Cómo pueden trocarse
    en polvo
    las estrellas?
    Te amo… Sé mi cruz.
    Sé, como tú deseas, un palomar.
    Yo sé que si tus manos me fundieran
    se llenarían de nubes los desiertos.

    Te amo,
    ¡totalidad del corazón!
    ¡Oh tú sabor de uvas!
    ¡Gusto a sangre!
    Una luna ,en mi frente, no se extingue,
    y en mi boca se agita
    un fuego,
    una guitarra.
    Si muriera de amor, deja mi tumba
    expuesta a las pestañas de los vientos,
    y no me entierres, no.
    Para poder sembrar tu voz en todo el barro.

    Para poder alzar tu espada en todo el campo.
    Te amo… Sé mi cruz.
    Sé lo que tú desees.
    Dilúyete en mi alma,
    como el sol.
    !Y no me compadezcas!


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    Mensaje por Maria Lua 09.02.23 7:25

    If I Were Another


    BY MAHMOUD DARWISH
    TRANSLATED BY FADY JOUDAH



    If I were another on the road, I would not have looked
    back, I would have said what one traveler said
    to another: Stranger! awaken
    the guitar more! Delay our tomorrow so our road
    may extend and space may widen for us, and we may get rescued
    from our story together: you are so much yourself ... and I am
    so much other than myself right here before you!

    If I were another I would have belonged to the road,
    neither you nor I would return. Awaken the guitar
    and we might sense the unknown and the route that tempts
    the traveler to test gravity. I am only
    my steps, and you are both my compass and my chasm.
    If I were another on the road, I would have
    hidden my emotions in the suitcase, so my poem
    would be of water, diaphanous, white,
    abstract, and lightweight ... stronger than memory,
    and weaker than dewdrops, and I would have said:
    My identity is this expanse!

    If I were another on the road, I would have said
    to the guitar: Teach me an extra string!
    Because the house is farther, and the road to it prettier—
    that’s what my new song would say. Whenever
    the road lengthens the meaning renews, and I become two
    on this road: I ... and another!




    Mahmoud Darwish, "If I Were Another" from The Butterfly’s Burden. Copyright © 2008 by Mahmoud Darwish, English translation by Fady Joudah. Reprinted by permission of Copper Canyon Press. [Tienes que estar registrado y conectado para ver este vínculo]
    Source: The Butterfly’s Burden (Copper Canyon Press, 2007)





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    Mahmud Darwish (1941-2008) - Página 11 Empty Re: Mahmud Darwish (1941-2008)

    Mensaje por Maria Lua 09.02.23 7:27


    MURAL(2000)

    Éste es tu nombre /
    dijo una mujer,
    y desapareció en el pasillo espiral...

    Veo el cielo ahí, al alcance de la mano.
    El ala de una paloma blanca
    me lleva a otra infancia.
    No sueño que sueño.
    Todo es real. Noto que pierdo pie
    y alzo el vuelo. Seré lo que llegue a ser
    en el último firmamento.
    Todo es blanco,
    el mar que cuelga de los tejados
    de nubes blancas.
    La nada es blanca en el cielo
    blanco del absoluto.
    He sido y no he sido.
    Estoy solo en esta eternidad blanca.
    Me he adelantado a la cita
    y ni un ángel ha salido a decirme:
    «¿Qué has hecho allá, en el mundo?»
    No he escuchado los gritos de júbilo
    de los justos, ni los lamentos de los pecadores,
    estoy solo en lo blanco,
    solo...

    Nada me duele
    a las puertas de la resurrección.
    Ni el tiempo ni los afectos.
    No siento la ligereza de las cosas
    o la pesadez de las obsesiones.
    No he encontrado a quién preguntarle:
    ¿Dónde está mi dónde ahora?
    ¿Dónde la ciudad de los muertos, dónde yo?
    No hay nada aquí en el no aquí...
    en el no tiempo, en la no existencia.

    Como si hubiera muerto antes...
    conozco esta visión,
    y sé que voy a lo desconocido.
    Quizá siga vivo en algún lugar,
    consciente de lo que quiero...

    Un día seré lo que quiero.

    Un día seré idea.
    No habrá espada que la lleve a la tierra
    en ruinas, ni libro...
    Será como lluvia en el monte
    rota contra la hierba pujante,
    y no habrá fuerza bruta
    ni justicia errática.

    Un día seré lo que quiero.

    Un día seré pájaro,
    y extraeré de mi no siendo mi ser.
    Según ardan mis alas
    me acercaré a la verdad
    y renaceré de la ceniza.
    Soy la charla de los soñadores,
    he renegado de mi cuerpo y mi alma
    para consumar mi viaje primero
    al significado,
    que me ha abrasado y se ha ocultado.

    Soy lo oculto.
    Soy el celeste proscrito.
    Un día seré lo que quiero.
    Un día seré poeta,
    y el agua será rehén de como yo la vea.
    Mi lengua será metáfora de la metáfora,
    y no dirá o indicará lugar.
    Pues el lugar es mi pecado y mi pretexto.
    Soy de allí.
    Mi aquí da un salto de donde piso a mi fantasía...
    Soy quien fui o quien seré,
    me fragua o me derrumba
    el espacio que se extiende infinito.

    Un día seré lo que quiero.
    Un día seré viña,
    ¡que me prense el verano,
    y beba mi vino quien pase
    junto a las pléyades del lugar azucarado!
    Soy el mensaje y el mensajero,
    soy las pequeñas direcciones y el correo.
    Un día seré lo que quiero
    .

    Traducción del árabe:
    María Luisa Prieto



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    Mensaje por Maria Lua 12.02.23 8:08

    PENSE AUX AUTRES


    Quand tu prépares ton petit-déjeuner,
    pense aux autres.
    (N’oublie pas le grain aux colombes.)
    Quand tu mènes tes guerres, pense aux autres.
    (N’oublie pas ceux qui réclament la paix.)
    Quand tu règles la facture d’eau, pense aux autres.
    (Qui tètent les nuages.)
    Quand tu rentres à la maison, ta maison,
    pense aux autres.
    (N’oublie pas le peuple des tentes.)
    Quand tu comptes les étoiles pour dormir,
    pense aux autres.
    (Certains n’ont pas le loisir de rêver.)
    Quand tu te libères par la métonymie,
    pense aux autres.
    (Qui ont perdu le droit à la parole.)
    Extrait de la publication
    Quand tu penses aux autres lointains,
    pense à toi.
    (Dis-toi : Que ne suis-je une bougie dans le noir ?)





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    Mensaje por Maria Lua 12.02.23 8:09

    MAINTENANT… EN EXIL



    Maintenant, en exil… oui, à la maison,
    dans la soixantaine d’une vie brève,
    on allume pour toi les bougies.
    Sois joyeux, aussi calme que tu peux,
    une mort stupide s’est égarée sur les chemins
    encombrés et t’a laissé un répit.
    Sur les décombres, une lune indiscrète
    rit comme une idiote,
    ne crois pas qu’elle s’approche pour t’accueillir.
    Pareille au mois de mars nouveau, elle a,
    dans son éternelle besogne,
    restitué aux arbres les noms de la nostalgie
    et t’a négligé.
    Célèbre donc avec tes amis la brisure de la coupe.
    Dans la soixantaine, tu ne trouveras pas
    de reste de lendemain
    pour le porter sur l’épaule du chant…
    et qu’il te porte.
    Extrait de la publication
    Dis à la vie, comme il sied à un poète chevronné :
    Va doucement telles les femelles conscientes
    de leur magie
    et de leur ruse. A chacune, son appel secret :
    Me voici tienne ! Que tu es beau !
    O vie, va doucement que je te voie
    imparfaite. Je t’ai tant oubliée
    dans la tourmente de ma quête de moi et de toi.
    Et chaque fois que j’ai percé l’un de tes secrets,
    tu m’as dit, sévère : Oh l’ignorant !
    Dis à l’absence : Tu m’as laissé diminué
    et je suis venu… te parfaire !





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    Mensaje por Maria Lua 17.02.23 8:41

    LECCIONES DEL KAMASUTRA


    Con la copa engastada de lapislázuli
    la espero,
    junto al estanque, el agua de colonia y la tarde
    la espero,
    con la paciencia del caballo preparado para los senderos de la montaña
    la espero,
    con la elegancia del príncipe refinado y bello
    la espero,
    con siete almohadas rellenas de nubes ligeras
    la espero,
    con el fuego del penetrante incienso femenino
    la espero,
    con el perfume masculino del sándalo en el lomo de los caballos
    la espero.
    No te impacientes. Si llega tarde
    espérala
    y si llega antes de tiempo
    espérala,
    y no asustes al pájaro posado en sus trenzas.
    Espérala,
    para que se sienta tranquila, como el jardín en plena floración.
    Espérala
    para que respire este aire extraño en su corazón.
    Espérala
    para que se suba la falda y aparezcan sus piernas nube a nube.
    Espérala
    y llévala a una ventana para que vea una luna bañada en leche.
    Espérala
    y ofrécele el agua antes que el vino, no
    mires el par de perdices dormidas en su pecho.
    Espérala
    y roza suavemente su mano cuando
    poses la copa en el mármol,
    como si le quitaras el peso del rocío.
    Espérala
    y habla con ella como la flauta
    con la temerosa cuerda del violín,
    como si fuérais dos testigos de lo que os reserva el mañana.
    Espérala
    y pule su noche anillo a anillo.
    Espérala
    hasta que la noche te diga:
    no quedáis más que vosotros dos en el mundo.
    Entonces llévala con dulzura a tu muerte deseada
    y espérala...


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    o un ciego soñando
    y en ese vuelo y en ese sueño
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    siendo guardián en tu cielo
    y tren de tus ilusiones."
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    Mensaje por Maria Lua 17.02.23 8:59

    À ma mère


    J’ai la nostalgie du pain de ma mère,
    Du café de ma mère,
    Des caresses de ma mère…
    Et l’enfance grandit en moi,
    Jour après jour,
    Et je chéris ma vie, car
    Si je mourais,
    J’aurais honte des larmes de ma mère!

    Fais de moi, si je rentre un jour,
    Une ombrelle pour tes paupières.
    Recouvre mes os de cette herbe
    Baptisée sous tes talons innocents.
    Attache-moi
    Avec une mèche de tes cheveux,
    Un fil qui pend à l’ourlet de ta robe…
    Et je serai, peut-être, un dieu,
    Peut-être un dieu,
    Si j’effleurais ton cœur!

    Si je rentre, enfouis-moi,
    Bûche, dans ton âtre.
    Et suspends-moi,
    Corde à linge, sur le toit de ta maison.
    Je ne tiens pas debout
    Sans ta prière du jour.
    J’ai vieilli. Ramène les étoiles de l’enfance
    Et je partagerai avec les petits des oiseaux,
    Le chemin de retour…
    Au nid de ton attente!

    1966

    (Mahmoud Darwich, La terre nous est étroite et autres poèmes)






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    Mensaje por Maria Lua 17.02.23 9:01

    VIOLINOS

    Violinos choram: vão-se os ciganos a Alandalus.
    Violinos choram: vão-se os árabes de Alandalus.

    Violinos choram: o tempo ido é sem retorno.
    Violinos choram: a pátria ida terá retorno.

    Violinos queimam: a mata é escuridão distante.
    Violinos sangram: sentem pulsar o sangue.

    Violinos choram: vão-se os ciganos a Alandalus
    Violinos choram: vão-se os árabes de Alandalus.

    Violinos: cavalos nas cordas da miragem, na água gemente.
    Violinos: campo violáceo selvagem, longe, circundante.

    Violinos: fera fustigada, unha de mulher, o roçar do toque.
    Violinos: escala menor, sons de exército em cemitério de mármore.

    Violinos: loucos corações no rodopiar de pés da dançarina.
    Violinos: bando de aves a migrar da bandeira não erguida.

    Violinos: seda encrespada, queixas de mulher à noite sozinha.
    Violinos: voz de vinho distante a evocar o dia vencido.

    Violinos: me seguem, aqui, ali, para vingarem-se de mim.
    Violinos: para matarem-me, onde quer que eu termine.

    Violinos choram pelos árabes que se vão de Alandalus.
    Violinos choram com os ciganos que se vão a Alandalus.


    (Do livro Onze astros, de 1992).


    Tradução: Michel Sleiman e Safa Jubran.


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    Mensaje por Maria Lua 19.02.23 19:34

    Mural


    Es mío este mar,
    es mío este aire húmedo,
    esta acera
    y mis pasos y semen sobre ella… son míos.
    Y la vieja estación de autobuses es mía. Y mía es
    mi silueta y su dueño. La vasija de cobre,
    y la Aleya del Trono, y la llave,
    la puerta, los guardianes y los timbres son míos.
    La herradura del caballo
    que voló de los muros… y es mío
    aquello que fue mío. Las hojas
    arrancadas de La Biblia… mías,
    los restos de lágrimas saladas
    en la pared de casa… míos.
    Y mi nombre, incluso si fallo al pronunciarlo
    con sus seis letras dispuestas en la línea:
    “eme”: mano de aventurero, moribundo marchando
    hacia la muerte
    “a”: amigo de la vida, amante, amado, adiós
    “hache”: hermano, humano, huerto y huérfano de
    hambre
    “eme”: un manojo de rosas
    “u”: uno, único, unidad
    “de”: destierro, dirección, directriz que me dirige y
    me desangra,
    este nombre es el mío…
    y es de mis amigos allá donde se encuentren,
    y es mío, en presencia o ausencia, mi cuerpo prefijado…
    Me bastarían tan sólo dos metros de esta tierra
    (uno setenta y cinco para mí…
    y el resto para la flor de colores confusos
    que, despacio, me sorbe). Y es mío
    aquello que fue mío: mi ayer y lo que será mío,
    mi mañana lejano, la vuelta de mi espíritu errante.
    Como si nada hubiera sido.
    Como si nada hubiera sido,
    una pequeña herida en brazos del frívolo presente…
    mientras se ríe la Historia de sus víctimas
    y sus héroes…
    a quienes mira de reojo, y se va…
    Este mar, mío,
    Este aire húmedo, mío
    y mi nombre
    —incluso si fallo al pronunciarlo sobre el ataúd—
    es mío.
    Mas ahora, tras haberme llenado
    de todos los motivos de la marcha,
    no soy mío.
    Yo no soy mío,
    no soy mío.

    *************

    MUral


    Here is your name
    said the woman
    and vanished in the corridor

    A hand’s reach away I see heaven
    a dove’s white wing transporting me to another childhood
    and I don’t dream that I’m dreaming
    Everything is real
    I meet myself at my side
    And fly

    I will become what will be in the final circuit
    Everything is white
    The sea hanging above a roof of white clouds
    in the sky of the absolute white nothingness
    I was and was not
    Here alone at the white frontier of eternity.

    I came before my hour so no angel approaches to ask:
    what did you do over there in the world?

    I don’t hear the chorus of the righteous or wailing of
    sinners
    I’m alone in whiteness
    alone...

    At the gate of resurrection nothing hurts
    neither time past nor any feeling
    I don’t sense the lightness of things nor the weight of
    apprehension
    There’s no one to ask:
    where now is my where?
    Where is the city of death
    Where am I?
    In this no-here...
    no-time and nothingness

    As if I had died already
    I know this story
    I know that I go towards what I don’t know
    Perhaps I’m still alive somewhere
    Aware of what I want...

    One day I’ll become what I want
    One day I will become a thought
    that no sword or book can dispatch to the wasteland
    A thought equal to rain on the mountain split open by a
    blade of grass
    where power will not triumph
    and justice is not fugitive

    One day I’ll become what I want
    One day I’ll become a bird
    that plucks my being from nothingness.
    As my wings burn I approach the truth
    and rise from the ashes
    I am the dialogue of dreamers
    I shunned body and self to complete the fi rst journey
    towards meaning
    but it consumed me then vanished
    I am that absence
    The fugitive from heaven


    One day I’ll become what I want
    One day I’ll become a poet
    Water obedient to my vision
    My language a metaphor for metaphors
    I don’t speak or indicate a place
    Place is my sin and subterfuge
    I am from there
    My here leaps from my footstep to my imagination...
    I am from what was or will beI was created and destroyed in the expanse of the endless
    Void

    One day I’ll become what I want
    One day I’ll become a vine
    Let summer distill from me now
    so passers-by beneath the chandeliers of this most sugared
    place
    may drink my wine!

    I am the message and the messenger
    The small addresses and the post

    One day I’ll become what I want

    Here is your name
    said the woman
    and vanished in the corridor of her whiteness
    Here is your name, memorize it well!

    Don’t quibble over a letter of the alphabet
    Ignore the tribal banners
    Be friendly to your name which doesn’t stand but lies
    across the page
    Test it out with the living and the dead
    Train it in its proper pronunciation with strangers
    Write it on a rock in the empty cave
    O my name: you will grow as I do
    You will carry me as I carry you
    for strangers are brothers to strangers
    We’ll entice the feminine with a vowel devoted to flutes
    Oh my name: where are we now?
    Speak out: what is now what is tomorrow?
    What is time and place?
    What’s old what’s new?

    One day we’ll become what we want
    The journey hasn’t begun and the path hasn’t ended
    The wise haven’t reached their exile
    nor the exiles their wisdom
    The only flower we know is the red anemone

    Come let’s go towards the highest mural:
    The land of my poem is green and high
    God’s words at dawn are the land of my poem
    and I’m the faraway
    far away

    In every breeze a woman mocks her poet:
    Collect the woman you saw in me
    who was shattered
    and give me back my femininity
    for I have nothing left to do but contemplate the lake’s
    wrinkles
    Get rid of my tomorrow
    Return my yesterday
    and leave us alone together
    After you
    nothing leaves and nothing returns

    Take back the poem if you want
    for me there’s only you in it
    Take back your “I”
    The exile will be complete with what’s left of handwriting
    written for the carrier pigeons
    At the end which me am I in us?
    Of the two of us
    let me be the last
    A star will fall between the written and the said
    A memory will lay out its thoughts: we were born in the
    time of the sword and the trumpet
    between the fig and the cactus

    Death was slower then more clear there was a truce across
    the mouth of the river
    Now the electronic button works alone
    the killer doesn’t hear his victims
    and the martyrs don’t read out a testament

    What breeze brought you here?
    Tell me the name of your wound and I’ll tell you the road
    where we’ll lose ourselves twice!
    Your heartbeats hurt me for they lead to the time of legends
    My blood hurts me
    Salt hurts me...
    and my jugular vein

    In the broken jug the women of the Syrian plains lament
    the length of the journey
    and are scorched by the August sun
    I saw them on the road to the well before my birth
    and I heard the water in the clay weeping for them:
    Return to the clouds and bring the carefree days


    _________________



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    Mensaje por Maria Lua 25.02.23 9:48

    A MENINA/O GRITO
    (português/español)



    Na praia tem uma menina, a menina tem uma família
    E a família uma casa.
    A casa tem duas janelas e uma porta...
    No mar, um encouraçado se diverte caçando os que caminham
    Na praia: quatro, cinco, sete
    Caem na areia. A menina se salva por pouco,
    Graças a uma mão de neblina,
    Uma mão não divina que a ajuda. Grita: Pai!
    Pai! Levante-se, vamos voltar: o mar não é como nós.
    O pai, amortalhado sobre sua sombra, à mercê do invisível,
    Não responde.
    Sangue nas palmeiras, sangue nas nuvens.
    Leva-a rapidamente a voz mais alta e distante da
    Praia. Grita na noite deserta.
    Não há eco no eco.
    Converte-se o grito eterno em notícia
    Rápido deixa de ser notícia quando
    Aviões regressam para bombardear uma casa
    Com duas janelas e uma porta.


    ***********************************************************************
    LA NIÑA / EL GRITO


    En la playa hay una niña, la niña tiene familia
    Y la familia una casa.
    La casa tiene dos ventanas y una puerta...
    En el mar, un acorazado se divierte cazando a los que caminan
    Por la playa: cuatro, cinco, siete
    Caen sobre la arena. La niña se salva por poco,
    Gracias a una mano de niebla,
    Una mano no divina que la ayuda. Grita: ¡Padre!
    ¡Padre! Levántate, regresemos: el mar no es como nosotros.
    El padre, amortajado sobre su sombra, a merced de lo invisible,
    No responde.
    Sangre en las palmeras, sangre en las nubes.
    La lleva en volandas la voz más alta y más lejana de
    La playa. Grita en la noche desierta.
    No hay eco en el eco.
    Convierte el grito eterno en noticia
    Rápida que deja de ser noticia cuando
    Los aviones regresan para bombardear una casa
    Con dos ventanas y una puerta.


    _________________



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    Mahmud Darwish (1941-2008) - Página 11 Empty Re: Mahmud Darwish (1941-2008)

    Mensaje por Maria Lua 05.03.23 8:35

    La estupenda serie "La chica del Tambor" me ha regalado el conocimiento del poeta Mahmud Darwish (o Darwix), poeta nacional palestino. Hay un plano donde aparece la protagonista (Florence Pogh) leyendo un libro de poesía de MAHMUD DARWISH. Los versos comienzan diciendo "Now, as awken..." y habla de amor. La serie está muy cuidada y este plano da a entender que no puedes entender al pueblo palestino y su sufrimiento, si no conoces a su poeta mayor.

    Wole Soyinka fue testigo de uno de sus recitales: "Se hizo el silencio. Mahmud Darwix empezó a leer. No sabíamos ni una palabra de árabe, pero oímos su voz alzarse y sumergirse para tañer las cuerdas del alma palestina. Fue una noche mágica en Ramala. Y el mago, Mahmud Darwix, lanzó su conjuro como se ha hecho durante siglos: siendo, sencillamente, ese elusivo arquetipo, tan envidiado y temido por el poder: un poeta que está a gusto entre su gente porque sintoniza con ella”.

    Mahmud Darwish es uno de los más célebres literatos árabes contemporáneos. Nació en Birwa, una pequeña aldea de Galilea, situada a nueve kilómetros de Acre, donde sus padres poseían unas tierras que cultivaban para poder vivir. En 1948, tras la retirada de las tropas británicas de Palestina y la implantación del Estado de Israel, su familia –como miles de familias palestinas- se vio obligada a huir de su casa para salvar la vida. Permanecieron un año en el Líbano y al regresar a Palestina se encontraron con que Birwa había sido completamente destruida por el ejército israelí, al igual que otras muchas aldeas. Tuvieron que instalarse en Dair Al Asad aunque de forma clandestina porque durante el año que habían permanecido refugiados en el Líbano, las autoridades israelíes habían elaborado unos censos, y los que no figuraban en los mismos, no tenían derecho a vivir en el nuevo Estado de Israel.Clandestino en su propio país y posteriormente ciudadano de segunda categoría en un Estado que le rechaza, el adolescente se refugia en los libros y plasma su identidad con lo único que le queda: el lenguaje.

    En 1961, después de abandonar el país residió sucesivamente en El Cairo, Beirut, Túnez, Moscú, Paris y Londres. En los años ’90 regresó a su tierra, ingresando en la OLP. Ocupó cargos importantes en el Departamento de Cultura y fundó la revista Al-Karmel. Hombre laico y moderno, refinado y elegante, Darwish fue un palestino de diálogo, aunque nunca estuvo dispuesto a hacer concesiones humillantes.

    En su obra, Palestina se convierte en una metáfora de la pérdida del Edén, del nacimiento y la resurrección, así como de la angustia por el despojo y el exilio. En sus textos se conjuga la proclama política, la situación social de guerra constante y el riquísimo simbolismo de oriente. Su poesía está influenciada por poetas como Nazim Hikmet, Louis Aragon, Pablo Neruda, García Lorca y T. S. Eliot.

    En una primera etapa, que abarca de 1966 a 1986, su obra responde de una manera inmediata a las acuciantes necesidades de denuncia de la tragedia palestina, si bien la búsqueda formal y la renovación de los modos poéticos árabes están siempre presentes en su obra. A partir de 1995 Darwish se afianza en la escritura de una poesía de introspección metafísica que ya venía ensayando desde el fin del anterior periodo. Para ello se inspira en su más profunda intimidad, aunque no podrá desgajar elementos míticos o históricos.


    Los poemarios El lecho de una extraña, de 1999, y Mural, del 2000, están concebidos como obras arquitectónicas, con una estructura sólida y proporciones calculadas con gran precisión. El resultado son unos poemas de gran sobriedad expresiva y a la vez extraordinaria finura, gracia y armonía, compuestos no sólo para ser recitados en su lengua original sino también para ser visualizados.
    Ambos poemarios están inspirados, sin duda, en experiencias vitales del poeta, especialmente Mural, en el que el Darwish muestra una gran maestría técnica, al tratarse de un largo poema en el que logra mantener continuamente una estructura y un ritmo armónicos, siendo asimismo admirable por la economía y la pureza de la composición.

    El poema está basado en visiones y sensaciones que le embargaron durante el breve periodo de tiempo que permaneció clínicamente muerto. Por ello, está concebido como una especie de fresco donde aparecen yuxtapuestas de forma impresionista diversas escenas que constituyen lo esencial de su trayectoria humana, salpicadas de diálogos y monólogos interiores.

    El lecho de una extraña, por el contrario, está compuesto íntegramente por poemas de amor en todas sus facetas, entremezclando, como ya lo había hecho anteriormente, la realidad con el mito y estableciendo numerosas relaciones intertextuales, tanto con la tradición clásica árabe como con el mundo contemporáneo, suprimiendo de este modo las barreras culturales del arte.


    En Estado de sitio, Darwish rememora los medievales cercos de las fortalezas mediterráneas, el sitio de una ciudad simbólica y las pone en contexto con las modernas tácticas de destrucción y asedio. Mahmud Darwix ha sido testigo de modernos asedios como el de Beirut en 1982 y el actual de Ramala. «Estado de sitio» es un poema extenso, fechado en enero de 2002, que explora en tono metafísico y con un potente sesgo dialógico, la vivencia del sitio de la ciudad cisjordana durante el invierno 2001-2002. Sorprende en este poema la capacidad de Darwix para escribir excelente poesía, a partir de un hecho prosaico, terrible y aparentemente apoético.




    Resalta la gran austeridad poética de Darwish: las imágenes quedan reducidas al mínimo para dar un mayor protagonismo a la palabra, auténtico elemento estructural de los poemas.
    En La huella de la mariposa (2007), escribía sobre el verso esencial: "
    "Lo que le falta al poema, y no sabemos qué es, es su secreto más radiante. A eso, a lo que le falta, le llamamos «el verso esencial».
    Cuando el poema, antes de escribirse, está claro en la mente del poeta del primer al último verso, el poeta se convierte en cartero, y la imaginación en bicicleta.
    El camino al significado, por largo y laberíntico que sea, es el viaje del poeta"
    En líneas generales, su poesía ha sido relacionada con el denominado `realismo metafísico`, que incluye a poetas como Seamus Heaney, Derek Walcott, Czeslaw Milosz, Zbigniew Herbert, Joseph Brodsky y Wislawa Szymborska.
    Entre los árabes, está considerado un clásico. Darwish no sólo es uno de los más grandes poetas árabes sino también una leyenda viva: sus libros circulan a millares por todos los países árabes y los estadios se llenaban para escuchar sus recitales poéticos, acontecimientos irrepetibles que nadie quería perderse.


    Toda esta entrada es deudora de Mª Luisa Prieto, su traductora,
    que ha plasmado en la web PoesíaÁrabe.com una completa
    introducción biobibliográfica y una amplia selección de su poesía.
    También Luz Gómez García está realizando una encomiable
    labor de divulgación a través de la web: [Tienes que estar registrado y conectado para ver este vínculo]





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    Mensaje por Maria Lua 05.03.23 8:37



    ¿QUIÉN SOY YO, SIN EXILIO?

    Extraño como el río al borde del río...El agua
    me ata a tu nombre. Nada me retorna de mi lejanía
    a mi palmera: ni la paz ni la guerra.
    Nada me incorpora a los Evangelios.
    Nada... nada relumbra desde la costa del flujo
    y el reflujo entre el Tigris y el Nilo.
    Nada me desembarca de los navíos del faraón.
    Nada me porta o me hace portar una idea: ni la nostalgia
    ni la promesa. ¿Qué hacer? ¿Qué
    hacer sin exilio y sin una larga noche
    que escrute el agua?
    El agua
    me ata
    a tu nombre.
    Nada me lleva de las mariposas de mi sueño
    a mi realidad: ni la tierra ni el fuego. ¿Qué
    hacer sin las rosas de Samarcanda? ¿Qué
    hacer en un lugar que pule los cantos con sus piedras
    lunares? Ambos somos ligeros, como nuestras casas,
    en los vientos lejanos. Somos amigos de los seres
    extraños entre las nubes... dos restos de
    la gravitación de la tierra de identidad. ¿Qué haremos? ¿Qué
    haremos sin exilio y sin una larga noche
    que escrute el agua?

    El agua
    me ata
    a tu nombre.
    No queda de mí más que tú, y no queda de ti
    más que yo, un extraño que acaricia el muslo de su extraña. ¡Oh,
    extraña! ¿Qué haremos con la tranquilidad que
    nos queda y con una siesta entre dos mitos?
    Nada nos lleva: ni el camino ni la casa.
    ¿Este camino ha sido siempre igual,
    o nuestros sueños lo han cambiado
    tras hallar, entre los mongoles, un caballo
    en la colina?
    ¿Qué haremos?
    ¿Qué
    haremos
    sin
    exilio?

    traducción María Luisa Prieto






    من أنا، دون منفى؟

    غريبٌ على ضفة النهر، كالنهر... يربطني
    باسمك الماءُ. لا شيءَ يُرْجعُني من بعيدي
    إلى نخلتي: لا السلامُ ولا الحربُ. لا
    شيء يُدْخلني في كتاب الأناجيل. لا
    شيء... لا شيء يُومِضُ من ساحل الجَزْر
    والمدّ ما بين دجلة والنيل. لا
    شيء يُنزلني من مراكب فرعون. لا
    شيء يَحملني أو يُحَمِّلني فكرة: لا الحنينُ
    ولا الوَعْدُ. ماذا سأفعل؟ ماذا
    سأفعل من دون منفي، وليلٍ طويلٍ
    يُحَدِّقُ في الماء؟
    يربطُني
    باسمكِ
    الماءُ ...
    لا شيء يأخذني من فراشات حلمي
    إلى واقعي: لا الترابُ ولا النارُ. ماذا
    سأفعل من دون وَرْدِ سَمَرقندَ؟ ماذا
    سأفعل في ساحةٍ تصقلُ المُنشدين بأحجارها
    القمريَّةِ؟ صِرْنا خَفِيفَيْنِ مثلَ منازلنا
    في الرياح البعيدةِ. صرنا صَديقيْنِ للكائنات
    الغريبةِ بين الغيوم ... وصرنا طليقيْن من
    جاذبيَّة أرضِ الهُويَّةِ. ماذا سنفعل ... ماذا
    سنفعل من دون منفى، وليلٍ طويلٍ
    يُحَدِّقُ في الماء؟
    يربطني
    باسمك
    الماءُ ...
    لم يبقَ منِّي سواكِ، ولم يبق منك
    سوايَ غريبا يُمَسِّدُ فخْذ غريبته: يا
    غريبة! ماذا سنصنع في ما تبقى لنا
    من هُدُوءٍ ... وقَيْلولةٍ بين أسطورتين؟
    ولا شيء يحملنا: لا الطريقُ ولا البيتُ.
    هل كان هذا الطريق كما هُوَ، منذ البداية،
    أم أنَّ أحلامنا وَجَدَتْ فرسا من خيول
    المَغُول على التلِّ فاسْتبْدَلتنا؟
    وماذا سنفعلُ؟
    ماذا
    سنفعلُ
    من
    دون
    منفى؟


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    o un ciego soñando
    y en ese vuelo y en ese sueño
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    siendo guardián en tu cielo
    y tren de tus ilusiones."
    (Hánjel)





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    Mensaje por Maria Lua 11.03.23 7:34

    Não me Canso de Falar

    Não me canso de falar sobre a diferença tênue
    entre as mulheres e as árvores,
    sobre a magia da terra, sobre um país cujo carimbo
    não encontrei em nenhum passaporte.
    Pergunto: Senhoras e senhores de bom coração,
    a terra dos homens é, como vós afirmais, de todos os homens?
    Onde está então o meu casebre? Onde estou eu?
    A assembléia aplaudiu-me durante três minutos,
    três minutos de liberdade e de reconhecimento…
    A assembleia acaba de aprovar
    o nosso direito ao regresso,
    como o de todas as galinhas e todos os cavalos,
    a um sonho de pedra.
    Aperto-lhes a mão, um a um, depois faço uma saudação,
    inclinando-me…
    e continuo a viagem para outro país,
    onde falarei sobre a diferença
    entre miragens e chuva.
    E perguntarei:
    Senhoras e senhores de bom coração,
    a terra dos homens
    é de todos os homens?

    Mahmoud Darwish
    (Poeta palestino, 1941-2008)




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    Mensaje por Maria Lua 11.03.23 7:39

    Con la copa engastada de lapislázuli
    la espero,
    junto al estanque, el agua de colonia y la tarde
    la espero,
    con la paciencia del caballo preparado para los senderos de la montaña
    la espero,
    con la elegancia del príncipe refinado y bello
    la espero,
    con siete almohadas rellenas de nubes ligeras
    la espero,
    con el fuego del penetrante incienso femenino
    la espero,
    con el perfume masculino del sándalo en el lomo de los caballos
    la espero.
    No te impacientes. Si llega tarde
    espérala
    y si llega antes de tiempo
    espérala,
    y no asustes al pájaro posado en sus trenzas.
    Espérala,
    para que se sienta tranquila, como el jardín en plena floración.
    Espérala
    para que respire este aire extraño en su corazón.
    Espérala
    para que se suba la falda y aparezcan sus piernas nube a nube.
    Espérala
    y llévala a una ventana para que vea una luna bañada en leche.
    Espérala
    y ofrécele el agua antes que el vino, no
    mires el par de perdices dormidas en su pecho.
    Espérala
    y roza suavemente su mano cuando
    poses la copa en el mármol,
    como si le quitaras el peso del rocío.
    Espérala
    y habla con ella como la flauta
    con la temerosa cuerda del violín,
    como si fuérais dos testigos de lo que os reserva el mañana.
    Espérala
    y pule su noche anillo a anillo.
    Espérala
    hasta que la noche te diga:
    no quedáis más que vosotros dos en el mundo.
    Entonces llévala con dulzura a tu muerte deseada
    y espérala...


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    Mensaje por Maria Lua 11.03.23 7:42

    Asiento en un tren

    No teníamos pañuelo.
    Eran amantes del último segundo.
    La luz de la estación.
    Una rosa simulaba un corazón al hurgar
    el manto de la ternura.
    Lágrimas que abandonan el andén.
    No teníamos una historia.
    Por eso viajaban,
    ¿habría que alegrarse de la llegada?
    No teníamos una azucena que los raíles se llevaran.
    Viajábamos buscando el vacío
    pero sin gustarnos los trenes,
    mientras las estaciones eran un nuevo exilio,
    sin luz para ver nuestro amor de pie
    con el humo de la espera.
    Un tren veloz que recortaría los lagos,
    y llevaría las llaves de una casa en cada pecho
    y una foto de familia,
    todos renunciando a todos
    y nosotros sin renunciar a ninguna casa.
    Viajábamos buscando el vacío
    para recuperar la conciencia del lecho.
    No teníamos ventanas
    ni saludos en ningún idioma.
    ¿Era el mundo mas claro
    cuando subíamos a los viejos caballos?
    ¿Dónde estaban los caballos,
    dónde el coro
    y dónde las habituales canciones?
    Extraño soy de mi lejanía.
    ¡Lo que se aleja el amor,
    cómo las muchachas apresuran
    su caza igual que ladrones,
    cómo olvidamos la dirección
    sobre el cristal de los trenes!
    Nosotros los que aman por diez minutos
    no podremos volver a ninguna casa
    en la que entramos,
    no podremos cruzar el eco dos vece
    s.


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    Mensaje por Maria Lua 11.03.23 7:43

    Salmos

    Cuando mis palabras eran tierra...
    era amigo de las espigas.
    Cuando mis palabras eran indignadas...
    era amigo de las cadenas.
    Cuando mis palabras eran piedra...
    era amigo de los arroyos.
    Cuando mis palabras eran estallido...
    era amigo de los terremotos.
    Cuando mis palabras eran revulsivo...
    era amigo del optimista.
    Cuando mis palabras se convirtieron en miel
    las moscas cubrieron mis labios.


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    Mensaje por Maria Lua 11.03.23 7:44

    De los deseos

    No me digas:
    ¡Ojalá fuera panadero en Argelia
    para ser rico con la revolución!

    No me digas:
    ¡Ojalá fuera pastor en Yemen
    para ser rico con las agitaciones del tiempo!

    No me digas:
    ¡Ojalá fuera cafetero en La Habana
    para ser rico con las ayudas de la tristeza!

    No me digas:
    ¡Ojalá trabajara de cargador en Asuán
    para ser rico con las rocas!

    ¡Amigo!
    No desemboca el Nilo en el Volga,
    ni el Congo, ni el Jordán, en el Eúfrates.
    ¡Cada río tiene una fuente... un cauce... una vida!
    ¡Amigo!
    ¡...No es nuestra tierra estéril!
    Cada tierra tiene su fecha de nacimiento,
    cada alba su aniversario de revolución!




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    Mensaje por Maria Lua 11.03.23 7:50

    Antología poética; Cuatro poemas de Mahmud Darwish


    Mi desprecio por los sionistas no me impedirá decir
    que también fui un judío al que expulsaron de Andalucía
    y que todavía le encuentro sentido a la luz de aquel ocaso
    Najwan Darwish o Darwish el joven

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    n la tradición mística chiita del Islam, muy posiblemente influenciada por las doctrinas que con los objetos traían las caravanas venidas de Afganistán e India y sobretodo por el pensamiento sufí, existe la idea de que el Oriente está arriba, detrás de los ojos. No es un Oriente físico sino espiritual. Para llegar a él, a ese Edén, el camino es la devoción... devoción por un amor, por una tierra, por una palabra. Siguiendo esta tradición, para Mahmud Darwish el Oriente místico es una su Palestina. Una tierra pérdida, despojada, condenada al exilio como el hombre que la canta; el poeta más leído del mundo árabe.

    Nacido en el pueblo palestino de Birwa en 1941, muy cerca de Acre, crece a caballo entre retazos de Palestina, Ramalla y Beirut. A su manera lucha por Palestina, aunque reconoce que no hay pasado ni presente sólo una continuidad. Un hilo tejido y destejido que va de Esquilo a la mujer amada y se anuda con la poesía; la búsqueda de una poesía pura. Murió en agosto y 2008, tras una operación a corazón abierto, en Houston. Murió así, llanamente, porque los palestinos también mueren viejos y arrugados y sus funerales se acompañan con flores y poemas; no sólo los matan.




    O DESEO DEL AMOR SINO EL COMIENZO
    Traducción María Luisa Prieto
    Editorial Hiperión 2002

    No deseo del amor sino el comienzo. Sobre las plazas
    de mi Granada las palomas remiendan el vestido de este día.
    En las jarras hay vino abundante para la fiesta que nos sucederá,
    en las canciones hay ventanas suficientes para que eclosionen las flores de granado.
    Dejo el jazmín en su maceta y mi pequeño corazón
    en la alacena de mi madre. Dejo mi sueño riendo en el agua
    y al alba en la miel de los higos. Dejo mi hoy y mi ayer
    en el pasaje hacia la plaza de la naranja donde vuelan las palomas.
    ¿Soy yo ese que ha descendido a tus pies para que asciendan las palabras
    cual luna blanca en la leche de tus noches? Golpea al aire
    para que yo vea, azul, la calle de mi flauta. Golpea a la tarde
    para que yo vea como entre tú y yo languidece este mármol.
    Las ventanas están vacías de los jardines de tu chal. En otro
    tiempo sabía mucho de ti y recogía la gardenia
    de tus diez dedos. En otro tiempo poseía perlas
    en torno a tu cuello y un nombre grabado en un anillo del que surgía la noche.
    No deseo del amor sino el comienzo. Las palomas han volado
    sobre el techo del último cielo. Han volado y volado.
    Quedará después de nosotros abundante vino en las jarras
    y un poco de tierra es suficiente para que nos encontremos y la paz arraigue.


    SOBRE ESTA TIERRA
    (Traducción María Luisa Prieto Hiperión)

    Sobre esta tierra hay algo que merece vivir: la indecisión de abril, el olor del pan
    al alba, las opiniones de una mujer sobre los hombres, los escritos de Esquilo, las primicias del amor, la hierba
    sobre las piedras, las madres erguidas sobre un hilo de flauta y el miedo que los recuerdos inspiran a los invasores.
    Sobre esta tierra hay algo que merece vivir: el fin de septiembre, una dama que entra,
    con toda su lozanía, en la cuarentena, la hora del sol en la cárcel, una nube que imita un grupo de
    seres, las aclamaciones de un pueblo a quienes ascienden a la muerte sonriendo y el miedo que las canciones
    inspiran a los tiranos.
    Sobre esta tierra hay algo que merece vivir: sobre esta tierra está la señora de
    la tierra, la madre de los comienzos, la madre de los finales. Se llamaba Palestina. Se sigue llamando
    Palestina. Señora: yo merezco, porque tú eres mi dama, yo merezco vivir.


    ¿QUIÉN SOY YO, SIN EXILIO?  

    Extraño como el río al borde del río...El agua
    me ata a tu nombre. Nada me retorna de mi lejanía
    a mi palmera: ni la paz ni la guerra.
    Nada me incorpora a los Evangelios.
    Nada... nada relumbra desde la costa del flujo
    y el reflujo entre el Tigris y el Nilo.
    Nada me desembarca de los navíos del faraón.
    Nada me porta o me hace portar una idea: ni la nostalgia
    ni la promesa. ¿Qué hacer? ¿Qué
    hacer sin exilio y sin una larga noche
    que escrute el agua?
    El agua
    me ata
    a tu nombre.
    Nada me lleva de las mariposas de mi sueño
    a mi realidad: ni la tierra ni el fuego. ¿Qué
    hacer sin las rosas de Samarcanda? ¿Qué
    hacer en un lugar que pule los cantos con sus piedras
    lunares? Ambos somos ligeros, como nuestras casas,
    en los vientos lejanos. Somos amigos de los seres
    extraños entre las nubes... dos restos de
    la gravitación de la tierra de identidad. ¿Qué haremos? ¿Qué
    haremos sin exilio y sin una larga noche
    que escrute el agua?

    El agua
    me ata
    a tu nombre.
    No queda de mí más que tú, y no queda de ti
    más que yo, un extraño que acaricia el muslo de su extraña. ¡Oh,
    extraña! ¿Qué haremos con la tranquilidad que
    nos queda y con una siesta entre dos mitos?
    Nada nos lleva: ni el camino ni la casa.
    ¿Este camino ha sido siempre igual,
    o nuestros sueños lo han cambiado
    tras hallar, entre los mongoles, un caballo
    en la colina?
    ¿Qué haremos?
    ¿Qué
    haremos
    sin
    exilio?
    traducción María Luisa Prieto
    من أنا، دون منفى؟

    غريبٌ على ضفة النهر، كالنهر... يربطني
    باسمك الماءُ. لا شيءَ يُرْجعُني من بعيدي
    إلى نخلتي: لا السلامُ ولا الحربُ. لا
    شيء يُدْخلني في كتاب الأناجيل. لا
    شيء... لا شيء يُومِضُ من ساحل الجَزْر
    والمدّ ما بين دجلة والنيل. لا
    شيء يُنزلني من مراكب فرعون. لا
    شيء يَحملني أو يُحَمِّلني فكرة: لا الحنينُ
    ولا الوَعْدُ. ماذا سأفعل؟ ماذا
    سأفعل من دون منفي، وليلٍ طويلٍ
    يُحَدِّقُ في الماء؟
    يربطُني
    باسمكِ
    الماءُ ...
    لا شيء يأخذني من فراشات حلمي
    إلى واقعي: لا الترابُ ولا النارُ. ماذا
    سأفعل من دون وَرْدِ سَمَرقندَ؟ ماذا
    سأفعل في ساحةٍ تصقلُ المُنشدين بأحجارها
    القمريَّةِ؟ صِرْنا خَفِيفَيْنِ مثلَ منازلنا
    في الرياح البعيدةِ. صرنا صَديقيْنِ للكائنات
    الغريبةِ بين الغيوم ... وصرنا طليقيْن من
    جاذبيَّة أرضِ الهُويَّةِ. ماذا سنفعل ... ماذا
    سنفعل من دون منفى، وليلٍ طويلٍ
    يُحَدِّقُ في الماء؟
    يربطني
    باسمك
    الماءُ ...
    لم يبقَ منِّي سواكِ، ولم يبق منك
    سوايَ غريبا يُمَسِّدُ فخْذ غريبته: يا
    غريبة! ماذا سنصنع في ما تبقى لنا
    من هُدُوءٍ ... وقَيْلولةٍ بين أسطورتين؟
    ولا شيء يحملنا: لا الطريقُ ولا البيتُ.
    هل كان هذا الطريق كما هُوَ، منذ البداية،
    أم أنَّ أحلامنا وَجَدَتْ فرسا من خيول
    المَغُول على التلِّ فاسْتبْدَلتنا؟
    وماذا سنفعلُ؟
    ماذا
    سنفعلُ
    من
    دون
    منفى؟



    ESTADO DE SITIO (Fragmento)

    Traducido del árabe por Luz Gómez García
    Editorial Cátedra -2002


    Aquí, en la falda de las colinas, ante el ocaso
    y las fauces del tiempo,
    junto a huertos de sombras arrancadas,
    hacemos lo que hacen los prisioneros,
    lo que hacen los desempleados:
    alimentamos la esperanza.
    Un país preparado para el alba.
    Nuestra obsesión por la victoria
    nos ha entontecido:
    no hay noche en nuestra noche que con la artillería refulge;
    el enemigo vela,
    el enemigo nos alumbra
    en el sótano oscuro.
    Aquí, tras los versos de Job, a nadie esperamos.
    Aquí no hay yo,
    aquí Adán recuerda su arcilla...
    Este sitio durará hasta que enseñemos al enemigo
    algún poema de la yahiliya.*
    El cielo es gris plomizo a media mañana,
    anaranjado por las noches. Los corazones
    son neutros, como las rosas en el seto.
    Bajo sitio, la vida se torna tiempo:
    memoria del principio,
    olvido del final.
    La vida.
    La vida plena,
    la vida a medias,
    acoge una estrella cercana
    atemporal,
    y una nube emigrada
    aespacial.
    Y la vida aquí
    se pregunta:
    ¿Cómo resucitar a la vida?
    Él dice al borde de la muerte:
    No me queda un rincón que perder,
    libre soy a un palmo de mi libertad,
    el mañana al alcance de mi mano...
    Pronto, me adentraré en mi vida,
    naceré libre, sin padres,
    y tomaré por nombre letras de lapislázuli...
    Aquí, en los altos del humo, en la escalera de casa,
    no hay tiempo para el tiempo,
    hacemos lo que hace quien se eleva hacia Dios:
    olvidamos el dolor.
    El dolor:
    que la señora de la casa no tienda la colada
    por la mañana, que se conforme con lavar esta bandera.
    Nada de ecos homéricos aquí.
    Los mitos llaman a la puerta cuando los necesitamos.
    Nada de ecos homéricos...
    Aquí un general excava un Estado dormido
    bajo las ruinas de una Troya inminente.
    Los soldados calculan la distancia entre el ser
    y la nada
    con la mirilla del tanque.
    Calculamos la distancia entre el propio cuerpo
    y las bombas... con un sexto sentido.
    Vosotros, los apostados en el umbral, pasad,
    tomaos con nosotros un café árabe
    —acaso os sintáis seres humanos como nosotros—.
    Vosotros, los apostados en el umbral de las casas,
    largaos de nuestras mañanas,
    necesitamos creernos
    seres humanos como vosotros.
    [...]



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    Mensaje por Maria Lua 14.03.23 19:12

    PENSE AUX AUTRES



    Quand tu prépares ton petit-déjeuner,
    pense aux autres.
    (N’oublie pas le grain aux colombes.)
    Quand tu mènes tes guerres, pense aux autres.
    (N’oublie pas ceux qui réclament la paix.)
    Quand tu règles la facture d’eau, pense aux autres.
    (Qui tètent les nuages.)
    Quand tu rentres à la maison, ta maison,
    pense aux autres.
    (N’oublie pas le peuple des tentes.)
    Quand tu comptes les étoiles pour dormir,
    pense aux autres.
    (Certains n’ont pas le loisir de rêver.)
    Quand tu te libères par la métonymie,
    pense aux autres.
    (Qui ont perdu le droit à la parole.)
    Extrait de la publication
    Quand tu penses aux autres lointains,
    pense à toi.
    (Dis-toi : Que ne suis-je une bougie dans le noir ?)


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    Mahmud Darwish (1941-2008) - Página 11 Empty Re: Mahmud Darwish (1941-2008)

    Mensaje por Maria Lua 14.03.23 19:13

    MAINTENANT… EN EXIL


    Maintenant, en exil… oui, à la maison,
    dans la soixantaine d’une vie brève,
    on allume pour toi les bougies.
    Sois joyeux, aussi calme que tu peux,
    une mort stupide s’est égarée sur les chemins
    encombrés et t’a laissé un répit.
    Sur les décombres, une lune indiscrète
    rit comme une idiote,
    ne crois pas qu’elle s’approche pour t’accueillir.
    Pareille au mois de mars nouveau, elle a,
    dans son éternelle besogne,
    restitué aux arbres les noms de la nostalgie
    et t’a négligé.
    Célèbre donc avec tes amis la brisure de la coupe.
    Dans la soixantaine, tu ne trouveras pas
    de reste de lendemain
    pour le porter sur l’épaule du chant…
    et qu’il te porte.
    Extrait de la publication
    Dis à la vie, comme il sied à un poète chevronné :
    Va doucement telles les femelles conscientes
    de leur magie
    et de leur ruse. A chacune, son appel secret :
    Me voici tienne ! Que tu es beau !
    O vie, va doucement que je te voie
    imparfaite. Je t’ai tant oubliée
    dans la tourmente de ma quête de moi et de toi.
    Et chaque fois que j’ai percé l’un de tes secrets,
    tu m’as dit, sévère : Oh l’ignorant !
    Dis à l’absence : Tu m’as laissé diminué
    et je suis venu… te parfaire !


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    o un ciego soñando
    y en ese vuelo y en ese sueño
    compartir contigo sol y luna,
    siendo guardián en tu cielo
    y tren de tus ilusiones."
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    Mahmud Darwish (1941-2008) - Página 11 Empty Re: Mahmud Darwish (1941-2008)

    Mensaje por Maria Lua 14.03.23 19:13

    QUAND TU CONTEMPLES


    Quand tu contemples une rose
    qui a blessé un mur et que tu te dis :
    J’ai bon espoir de guérir du sable,
    ton cœur verdit…
    Quand, par une journée belle comme une icône,
    tu accompagnes une femme au cirque
    et que tu es convié à la danse des chevaux,
    ton cœur rougit…
    Quand tu comptes les étoiles, que tu te trompes
    après la treizième et que tu t’assoupis
    comme l’enfant
    dans la bleuité de la nuit,
    ton cœur blanchit…
    Quand tu marches et que tu ne trouves pas
    le songe
    allant devant toi comme l’ombre,
    ton cœur jaunit…


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    Mensaje por Maria Lua 14.03.23 19:14

    SI TU MARCHES DANS UNE RUE


    Si tu marches dans une rue qui ne mène pas
    à un précipice,
    dis aux éboueurs : Merci !
    Si tu reviens vivant à la maison,
    comme revient la rime,
    sans défaut, dis-toi : Merci !
    Si tu as un pressentiment et que ton intuition
    te trahit, pars demain voir où tu étais
    et dis au papillon : Merci !
    Si tu cries de toutes tes forces
    et que l’écho te répond :
    “Qui est là ?”,
    dis à ton identité : Merci !
    Si tu regardes une rose sans qu’elle te fasse mal,
    si elle te rend joyeux,
    dis à ton cœur : Merci !
    Si tu te réveilles sans trouver les autres près de toi
    qui te frottent les paupières,
    Extrait de la publication
    Si tu te souviens d’une lettre de ton nom,
    du nom de ton pays,
    sois un bon fils,
    que le Seigneur te dise : Merci !





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    Mensaje por Maria Lua 17.03.23 10:54

    ENAMORADO DE PALESTINA


    Tus ojos son una adorada
    y dolorosa espina en el corazón.
    Que preservo del viento,
    y que clavo muy hondo,
    más allá del dolor y de la noche.
    Con cuya luz alumbran los candiles
    y se hace mañana mi presente.
    Y yo olvido al instante
    -al encontrarse el ojo con el ojo-
    que una vez fuimos dos
    tras de la puerta.

    * * *

    Cantabas al hablar.
    Yo intentaba también, mas la miseria
    había puesto cerco a los labios primaverales.
    Tus palabras, como una golondrina,
    volaron de mi casa,
    y nuestra puerta,
    y nuestros escalones otoñales,
    se fueron tras de ti,
    donde quiso el deseo.

    Rompiéronse también nuestros espejos,
    y nacieron mil penas.
    Juntamos las cenizas de la voz,
    y cantamos tan solo la elegía del país.
    Para sembrarla juntos
    en el pecho de una guitarra,
    y tocar a unas almas deformes, a unas piedras,
    sobre las azoteas.
    Pero yo me olvidé...
    ¡Oh Tú, la de la voz desconocida!
    ¿Fue tal vez tu partida,
    o mi silencio,
    lo que había oxidado la guitarra?

    * * *

    Te vi ayer, en el puerto,
    viajera sin familia ni viático.
    Y corrí hacia ti igual que un huérfano,
    buscando la prudencia de los viejos:
    “¿Por qué el naranjal verde
    se encierra en una cárcel o en un puerto,
    se esconde en el destierro,
    y sigue siempre verde,
    a pesar de su marcha,
    a pesar de sus sales y el deseo?”...
    Y lo anoto en mi agenda:
    Me detuve en el puerto...
    El mundo era unos ojos invernales,
    y pieles de naranjas teníamos en las manos.
    Detrás de mí, estaban los desiertos.

    * * *

    Te vi en el monte abrupto,
    pastora de corderos, perseguida.
    En las ruinas, tú eras mi jardín,
    y yo, extraño a la casa,
    golpeaba la puerta, ¡corazón!.
    Sobre mi corazón alzábase la puerta,
    la ventana, las piedras y el cemento.

    * * *

    Te vi en los cántaros de agua,
    y el trigo,
    destruida.
    Servir en los nocturnos cafetuchos.
    En los rayos del llanto y las heridas.
    Y Tú eras el pulmón que me faltaba.
    La voz para mis labios sólo Tú.
    Tú el agua... Tú el fuego.
    Te vi junto a la puerta de la cueva,
    junto al laurel,
    tendiendo los vestidos de los huérfanos.
    En las calles te vi... En las hogueras.
    En la sangre del sol...
    En los corrales...
    Te vi en la plenitud de las sales del mar.
    En las arenas...
    Buena, como la tierra,
    el jazmín,
    y los niños.

    * * *

    Y juro:
    Que he de hacer un pañuelo de pestañas,
    donde grabar poemas a tus ojos,
    y escribir una frase
    más dulce que la miel y que los besos:
    “¡Que Palestina era... Y sigue siendo!”

    * * *

    Palestina de ojos y tatuajes.
    Palestina de nombre.
    Palestina de sueños y de penas.
    Palestina de pies, de cuerpo y de pañuelo.
    Palestina en palabras y en silencio.
    Palestina de voz.
    Palestina de muerte y nacimiento.
    Te llevé, como fuego de mis versos,
    en mis viejas carpetas.
    Te llevé de alimento en mis viajes.
    Y te llamé, gritando , por los valles.

    Conozco los caballos de los bárbaros,
    aunque cambien los campos.
    Pero, tened cuidado...
    Del rayo que sacó mi canción del granito.
    Porque soy el ornato de los mozos
    y el mejor caballero.
    Yo destruyo los ídolos
    y siembro las fronteras de Siria de poemas
    que vencen a las águilas.
    Con tu nombre grité a los enemigos:
    ¡Comeos, oh gusanos, mi carne si me muero!
    Porque no nacen águilas
    del huevo de la hormiga;
    porque el de la serpiente oculta víboras.
    Conozco los caballos de los bárbaros.
    Pero también
    -y antes –
    que yo soy el ornato de los mozos,
    y el mejor caballero.



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